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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal Fluminense Curso de Licenciatura em Letras – UFF / CEDERJ Disciplina: Português IV Coordenador: Prof. Dr Ronaldo Amorim AP2 – 2018. 1 GABARITO Diminutivos Sempre pensei que ninguém batia o brasileiro no uso do diminutivo, essa nossa mania de reduzir tudo à mesma dimensão, seja um cafezinho, um cineminha, uma vidinha. Só o que varia é a inflexão da voz. Se alguém diz, por exemplo, “Ó vidinha!” você sabe que ele está se referindo a uma vida com todas as mordomias, com tudo o que é de primeira linha. Nem é uma vida; é um comercial de cigarro com longa metragem. Um vidão. Mas se disser “Ah vidinha...” o coitado está se queixando dela e com toda a razão. Há anos que seu único divertimento é tirar sapatos e fazer xixi. Mas nos dois casos o diminutivo é usado com o mesmo carinho. O francês tem o seu tout petit peu, que não é um diminutivo, é um exagero. Um “pouco todo pequeno” é muita explicação para tão pouco. Os mexicanos usam o poco, o poquito e o potequim! Mas ninguém bate o brasileiro. *** O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o agradável, o que é bom, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida também porque o usamos para desarmar certas palavras que, na sua forma original, são ameaçadoras demais. Operação, por exemplo. É uma palavra assustadora. Pior do que intervenção cirúrgica, porque promete uma intromissão muito mais radical nos intestinos. Uma operação certamente durará horas e os resultados são incertos. Suas chances de sobreviver a uma operação... sei não. Melhor se preparar para o pior. Já uma operaçãozinha é uma mera formalidade. Anestesia local e duas aspirinas depois. Uma coisa tão banal que quase dispensa a presença do paciente. – Alô, doutor? Olha, aquele meu quisto no braço direito que nós íamos tirar hoje? A operaçãozinha? – Sim. – Não vou poder ir, mas o Asdrúbal vai no meu lugar. – O Asdrúbal? – Meu assistente direto aqui na firma. Homem de confiança. – Mas ele vai fazer a operaçãozinha por você? – Ele é meu braço-direito, doutor. Se alguém disser que precisa ter uma conversa com você, cuidado. É coisa da maior importância. Os próprios destinos da OTAN* podem estar em jogo. Uma conversa é sempre com hora marcada. Já uma conversinha raramente passa do nível da mais cândida inconsequência. E geralmente é fofoca. A hora para uma conversinha é sempre qualquer hora dessas. Num jogo você arrisca tudo, até a hora. Num joguinho aceita-se até o cheque frio. Entre ter um caso e ter um casinho a diferença, às vezes, é a tragédia passional. No Brasil, usa-se o diminutivo principalmente em relação à comida. Nada nos desperta sentimentos tão carinhosos quanto uma boa comidinha. – Mais um feijãozinho? O feijãozinho passou dois dias borbulhando num daqueles caldeirões de antropófagos com capacidade para três missionários. Leva porcos inteiros, todos os miúdos e temperos conhecidos e, parece, um missionário. Mas a dona da casa o trata como um mingau de todos os dias. – Mais um feijãozinho? – Um pouquinho. – E uma farofinha? – Ao lado do arrozinho? – Isso. – E quem sabe mais uma cervejinha? – Obrigadinho. O diminutivo é também uma forma de disfarçar o nosso entusiasmo pelas grandes porções. E tem um efeito psicológico inegável. Você pode passar horas tomando uma “cervejinha” sem nenhum dos efeitos que sofreria depois de apenas duas cervejas. – E agora, um docinho. E surge um tacho de ambrosia que é um porta-aviões. Veríssimo, L. F. In: Revista de Domingo, Jornal do Brasil, outubro/1977 * Organização do Tratado do Atlântico Norte 1) Denomine e explique os processos de formação das palavras destacadas do texto. a) porta-aviões – justaposição – processo de composição em que duas palavras que têm seus respectivos sentidos se unem, sem perder nenhum elemento, para ganhar um outro sentido. b) cafezinho – sufixação - processo derivacional em que um sufixo se une a uma base para formar uma nova palavra. c) assustadora – parassíntese - processo derivacional em que um prefixo e um sufixo se juntam, simultaneamente, a uma base, dando origem a uma nova palavra. d) desarmar – prefixação – processo derivacional em que um prefixo se une a uma palavra já existente e dá origem a uma nova palavra. e) OTAN – sigla – é o resultado da reunião das letras iniciais de uma instituição. f) conversa – regressão – processo derivacional em que um verbo dá origem a um substantivo abstrato, por meio da retirada das desinências verbais e acréscimo de uma vogal temática nominal. g) agradável – conversão – processo sintático em que uma palavra de determinada classe assume a função específica de outra classe gramatical. 2) As classes de palavras são definidas pelas gramáticas por meio de critério semântico, critério funcional e/ou critério morfológico. Informe o critério por meio do qual as classes de palavras a seguir encontram-se definidas. Adjetivo – “É essencialmente um modificador do substantivo...” (CUNHA; CINTRA, 2008) FUNC Advérbio – “Modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio...” (TERRA; NICOLA, 2000) FUNC Artigo – Dá aos seres um sentido determinado e indeterminado. (CEGALLA, 1997) SEM Conjunção – Palavra que não apresenta flexão. MORF Numeral – “Denota o número exato de coisas, seres ou conceitos, ou indicam a posição que ocupam numa determinada ordem.” (CIPRO NETO; INFANTE, 2003) SEM Preposição – “... une termos de uma oração, subordinando um ao outro.” (TERRA; NICOLA, 2000) FUNC Pronomes – “São palavras que representam os nomes dos seres ou os determinam...” (CEGALLA, 1997) FUNC / SEM Substantivo – “tem gênero próprio (masculino ou feminino) e varia em número (singular ou plural)...” (AZEREDO, 2013) MORF Verbo – “Pode indicar ação, estado, fenômeno natural, ocorrência, desejo e outros processos.” (CIPRO NETO; INFANTE, 2003) SEM 3) Relacione as palavras da coluna da direita com suas respectivas classes gramaticais. (1) adjetivos ( 3 ) o (1ª linha do texto) – uma (2ª linha do texto) (2) advérbios ( 5 ) primeira – três (3) artigos ( 8 ) confiança – diferença – docinho (4) conjunções ( 2 ) simples – geralmente – demais (5) numerais ( 7 ) se (4ª linha do texto) – que (última linha) – nada (6) preposições ( 1 ) afetuosa – precavida – grandes (7) pronomes ( 9 ) sabem – disser – deixam (8) substantivos ( 6 ) em – com – de (9) verbo ( 4 ) se (3ª linha do texto) – mas – e 4) Faça a conjugação dos verbos tratar, fazer e reduzir no pretérito imperfeito do modo indicativo, compare os elementos mórficos e faça comentários sobre o que você observou. tratava fazia reduzia tratavas fazias reduzias tratava fazia reduzia tratávamos fazíamos reduzíamos tratáveis fazíeis reduzíeis tratavam faziam reduziam os radicais se mantêm inalterados. A desinência modo-temporal da primeira conjugação é –va/–ve, na primeira conugação, e –a/–e, na segunda e na terceira conjugações. a vogal temática do verbo “fazer” é representada pelo alomorfe “i”, igualando- se à vogal temática da terceira conjugação. As desinências número-pessoais são iguais. 5) Explique a regularidade e a irregularidade verbal, utilizando como exemplo flexões dos verbos despertar, estar e fazer. Verbos regulares são aqueles que mantêm seu radical inalterado em todas suas flexões, seguindo fielmente o paradigma ou modelo de sua conjutação. O verbo “despertar” é regular porque assim se comporta em todos os seus tempos e pessoas, isto é, seu radical despert- nunca se altera. Verbos irregulares podem apresentar alterações tanto em seus radicais quanto em suas desinências, não seguindo, dessa forma, o paradigma de suas respectivas conjugações. O verbo “estar”, embora mantenha seu radical inalterado, apresenta irregularidades em suas desinências (estou, estão, estive etc.). Já o verbo “fazer”, além de sofrer alterações em seu radical (faço, fez, fiz, farei), também apresenta irregularidades em suas desinências (faz-, fez-, fiz-).
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