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argila industrial

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22. ARGILAS INDUSTRIAIS
Fonte 1: SYVIO FROES DE ABREU, Recursos Minerais do Brasil, Volume I, Editora 
 Edgard Blucher Ltda/Instituto Nacional de Tecnologia, 1973.
 ARGILAS NO BRASIL, p. 114-128, do Capítulo 7 – MATERIAIS PARA 
 CONSTRUÇÃO, CERÂMICA E REFRATÁRIOS.
ARGILAS NO BRASIL
Caolim
	O caolim é um material branco, de fórmula Al2O32SiO22H2O, que se apresenta em partículas pequenas com formas hexagonais ou em tubos.
	A caolinita, mineral formador do caolim, tem peso específico entre 2,60 e 2,63 e ponto de fusão de 1650 a 1775oC (conex 26 a 32), apresentando-se em partículas brancas de diâmetro de um a várias micra.
	Apresenta-se em jazidas primárias nos diques de pegmatito decomposto (caolinizado) e nos depósitos secundários em camadas sedimentares de diversas idades geológicas.
	Nas jazidas primárias encontra-se juntamente com o quartzo, a mica e o feldspato incompletamente alterado, representando apenas de 40 a 60% do material da jazida, enquanto que, nos depósitos secundários, ele se acha geralmente em maior grau de pureza porque já foi decantado naturalmente, embora algumas vezes contenha elevada proporção de areia fina depositada conjuntamente.
	As áreas produtoras de caolim acham-se no Estado do Rio de Janeiro (Valença, Sapucaia, Sumidouro, Magé, Barra do Piraí), em Minas Gerais (Juiz de Fora, Bicas, Mar de Espanha, Rio Preto, etc.), em São Paulo, (municípios da capital, Guarulhos, Franco da Rocha, Santo Amaro, Parnaíba, Cotia, Itapecerica da Serra e outros), no Paraná (Campo Largo) e no Rio Grande do Sul, onde é explorado nos municípios de Rio Pardo, Encruzilhada do Sul e Guaíba, sendo, na maior parte, em jazidas sedimentares.
	Os caolins dos pegmatitos do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo são beneficiados nos locais das jazidas, donde se exporta o produto já puro.
Tabela – Análise de caolins
xxxxx
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Umidade
-
0,4
-
0,3
-
-
1,7
-
3,2
Perda ao fogo
13,9
12,5
13,5
12,6
11,1
14,8
13,1
14,0
15,8
14,4
SiO2
46,3
45,0
46,8
42,8
47,5
46,0
48,6
45,0
44,3
43,3
Al2O3
39,8
38,8
38,9
40,0
41,3
39,7
38,1
39,4
38,0
38,0
Fe2O3
-
1,8
0,1
2,2
0,1
0,04
0,2
0,05
0,6
0,1
TiO2
-
0,2
-
Tr.
Tr.
Tr.
0,1
-
-
-
CaO
-
0,3
0,2
0,3
Tr.
Tr.
Tr.
nada
0,2
0,2
MgO
-
0,5
-
0,2
Tr.
Tr.
Tr.
nada
0,9
0,5
K2O
-
0,5
*
0,8
-
-
-
-
-
-
Na2O
-
0,2
0,5*
0,1
-
-
-
-
-
-
1. Caolinita, composição teórica.
2. Caolim lavado extra. Parnaíba, SP. Dosados ainda FeO(0,15), P2O5(0,03) e MnO(0,01)
3. Caolim de Marquês de Valença, RJ (INT).
4. Caolim Industrial. Via Anhanguera, km 30, SP.
5. Caolim de Linhares, Juiz de For a, MG (INT)
6. Caolim de Matias Barbosa, MG (INT)
7. Caolim de Magé, RJ (INT)
8. Caolim de Belo Monte, Mar de Espanha, MG(INT)
9. Caolim do Morro da Onça, Governador Valadares, MG (LPM).
10. Caolim de Muriaé, MG (INT).
* (K2O + Na2O)
	Y. Visconti verificou que a maior parte dos caolins das jazidas primárias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais apresenta-se em tubos e não em placas hexagonais; esse material embora tenha o aspecto de halloysita tem na verdade estrutura de caolim comprovada por diagrama de difração dos raios X.
	Os permatitos produtores de mica e pedras coradas nas bacias dos rios Doce e Jequitinhonha (MG), contêm grandes quantidades de caolim que ainda não são aproveitadas dada a distância a que se acham dos centros de consumo.
	Na zona de Buenópolis e na encosta oriental da Serra do Cabral (MG), há grandes depósitos de argilas brancas que devem ser caolins originados de filitos, segundo Luciano Jacques de Moraes; também ocorrem materiais semelhantes nas zonas de Tiradentes e Águas Santas, próximo a São João del Rei, MG.
	O uso do caolim distribui-se, usualmente assim: 55% para a indústria do papel (sendo 29% empregados para cobertura e 26% para enchimento); 12% para a indústria de artefatos de borracha; 11% para refratários; 7% para cerâmica e 15% para dispersão de inseticidas, tintas e outras aplicações diversas.
	A maior parte do caolim usado entre nós destina-se à cerâmica (fabricação de porcelana e louça doméstica, isoladores elétricos e azulejos). As reservas de caolim são alentadas, a julgar pelo grande número de pegmatitos caolinizados ainda não explorados. Das jazidas em exploração poucas são vultuosas como a de Belo Monte, em Mar de Espanha, MG, avaliada em 300.000t. Na parte sudeste, leste e nordeste de Minas Gerais ha inúmeros diques de pegmatito caolinizados, ainda não explorados. 
Figura 4. Zonas de ocorrência do caolim nos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
	Os depósitos secundários são também extensos, embora muitas vezes contaminados por areia, impureza facilmente eliminável, e por óxido de ferro hidratado, que constitui a impureza mais nociva..
Tabela – Reservas de caolim (em t)
Estado
Medida
Indicada
Inferida
Pará
19.000
102.000
137.000
Amapá
44.506.000
10.323.000
-
Rio Grande do Norte
12.000
75.000
131.000
Pernambuco
813.000
3.061.000
233.000
Bahia
527.000
-
-
Minas Gerais
8.747.000
2.208.000
1.203.000
Rio de Janeiro
605.000
64.000
115.000
São Paulo
3.822.000
2.902.000
2.602.000
Paraná
88.000
74.000
65.667.000
Santa Catarina
40.000
305.000
-
Rio Grande do Sul
-
474.000
-
Total
59.179.000
19.588.000
70.088.000
As reservas de caolim são suficientes para o mercado interno. Os valores relativos à exportação e a importação são quase desprezíveis. Os quadros seguintes dão uma idéia das reservas disponíveis, da produção e do comércio exterior.
Tabela – Produção (em t)
1965
139.852
1966
230.411
1967
233.490
1968
291.506
1969
339.108
1970
400.037
1971
227.694
Tabela – Comércio exterior (em t)
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Exportação
Importação
1965
1.405
94
1966
700
480
1967
960
919
1968
1425
1751
1969
800
2364
1970
1503
6235
1971
2180
6947
Taguás*
	Taguá é o nome dado a certas argilas de natureza sedimentar que contêm em geral, muito pouca impureza de granulação grossa, usadas para fabricar materiais de cerâmica vermelha.
	Essa designação é peculiar a São Paulo, onde são explorados barreiros de taguá na bacia terciária da capital no vale do Paraíba e nas formações permianas e carboníferas do centro do Estado.
	Taguás terciários, formados de argilas sedimentares nas antigas bacias de água doce, são explorados nas proximidades da capital em São Caetano e Sacomã, e no Vale do Paraíba, em Pindamonhangaba e Taubaté. Nas camadas permianas da Formação Corumbataí (equivalente à designação Estrada Nova, da nomenclatura original de I.C. White), os folhelhos decompõem-se em taguás explorados pela indústria cerâmica. Nas camadas carboníferas de fácies flúvio-glacial, em Campinas e Mogi-Guaçu, também ocorrem taguás vermelhos ou róseos relativamente puros, utilizados nas principais cerâmicas.
	Os estudos de Paiva Neto e Nascimento indicam que os taguás são formados por misturas de argilas caolínicas e montmorilloníticas, como sugerem as relações sílica para alumina e as formas das curvas de análise térmico-diferencial. Estas assinalam, além dos picos característicos do caolim, também picos indicadores de montmorillonita.
* Segundo Teodoro Sampaio ( O Tupi na Geografia Nacional), taguá é contração de taguaba, barreiro. Pode ainda proceder, segundo esse grande mestre, de itaguá ou itágua, o barro branco, ou barreiro de argila branca.
Ainda segundo Sampaio, a toda argila branca e pura davam os indígenas do grupo Tupi o nome de tobatinga ou tabatinga; à amarela, tauá ou taguá; à vermelha ou corada, tapitanga
	Os índices de trocas iônicas determinados por Paiva Neto e Nascimento indicam para os taguás capacidade de troca de bases da ordem de 10 a 30 miliequivalentes por 100g, quando esse índice para os caolins é muito pequeno (inferior a 8).
	Algumas argilas da bacia terciária do Vale do Paraíba acusaram 40,4 e 41,7 miliequivalentes, o que sugere elevada proporção de argila montmorillonítica, que se traduz praticamente por uma dequabilidadepara uso como terra descorante (“terra fuller”).
	Os taguás de São Paulo estudados pelos autores mencionados mostraram conter teores relativamente elevados de álcalis, com predominância de potássio (cerca de 2% de K2O e 0,5% de Na2O) o que os torna sinterizáveis em temperaturas relativamente baixas apropriados para certos usos em cerâmica.
	Os taguás têm geralmente maior teor de água hidrométrica que os caolins; estes, depois de secos, absorvem cerca de 1 a 2% de água da atmosfera, enquanto que os taguás chegam a absorver até 5% ou mais. Essa tendência para alta higroscopicidade é peculiar às argilas montmorilloníticas.
	No quadro a seguir, são reproduzidas algumas análises de taguás feitas por Paiva Neto e Nascimento.
Tabela – Análises de taguás
xxxxxxxxxxx
1
2
3
4
5
SiO2
46,4
46,0
50,4
49,0
58,0
Al2O3
28,1
28,4
18,8
23,2
20,2
Fe2O3
8,6
7,2
10,4
9,7
6,4
FeO
0,6
0,7
0,4
0,8
0,4
MgO
0,5
1,4
0,25
0,75
0,7
CaO
0,15
0,15
0,35
0,45
0,6
K2O
2,3
1,23
2,6
4,8
2,8
Na2O
0,4
0,25
0,3
0,55
0,4
H2O+
3,0
9,8
8,0
5,9
5,4
H2O-
6,0
3,7
6,4
4,0
4,9
TiO2
2,4
1,5
1,2
2,1
2,0
P2O5
0,07
0,08
0,1
0,15
0,09
MnO
Tr.
Tr.
0,1
0,03
0,04
SiO2/[Al2O3 + SiO2]
2,3
2,3
3,3
2,8
4,0
SiO2/Al2O3
2,8
2,7
4,5
3,6
4,8
SiO2/[K2O + Na2O]
24,9
44,9
26,1
13,6
25,9
1. Taguá róseo, Sacomã, SP
2. Taguá creme-esverdeado, Vale do Paraíba, SP.
3. Taguá crème-amarelado, Sumaré, Campinas, SP
4. Taguá vermelho, Jundiaí,SP
5. Taguá vermelho, Mogi-Guaçu, SP.
Barro granítico
	Deriva da decomposição, pelo intemperismo dos granitos, gnaisses e xistos cristalinos que contêm, predominantemente, os minerais quartzo, feldspato e micas.
	Apresenta-se diversamente colorido, conforme a quantidade e o grau de oxidação e hidratação do ferro presente; contém proporções variáveis dos detritos da rocha-máter. Frequentemente, o barro granítico contém apenas de 20 a 50% deargila e silte, consistindo a maior porporção de partículas graúdas de quartzo, feldspato, mica e limonita.
	O barro granítico está longe de ser uma argila pura. É apenas um material argiloso, cuja plasticidade é função do grau de alteração e da composição da rocha-máter. Seu campo de emprego é nas argamassas de construção, adobe ou em cerâmica vermelha, no preparo de tijolos maciços, etc.
	As partículas graúdas de quartzo e feldspato moderam o excesso de contração da parte argilosa, emagrecendo-os, como se diz na prática, e tornando-os mais adequados ao emprego no fabrico de tijolos.
Argilas das Barreiras
	A formação geológica denominada Formação Barreiras, de idade pliocênica, constitui-se em camadas de arenitos pouco consolidados e argilas, variando desde muito puras até altamente arenosas, de cor branca, rósea até o vermelho, passando por muitas tonalidades de roxo, verde e amarelo. Esses materiais são as “argilas variegadas”, referidas frequentemente pelos geólogos e geógrafos nas descrições do litoral brasileiro e do vale amazônico.
	Material de deposição em geral subaquosa e geralmente pouco perturbado foi depositdo em alguns pontos em águas mais profundas e tranquilas, do que resultou certos depósitos argilosos de senível interesse para a indústria cerâmica.
	Essa formação cobre grande parte do vale amazônico e se estende pela costa Norte e Nordeste, penetrando para o interior, na área do Recôncavo Baiano, e vidno extinguir-se como formação extensa na região de Campos, com últimos pequenos testemunhos em Macaé e no Estado da Guanabara. Essas camadas formam imponentes falésias no litoral da Paraíba, Alagoas, Bahia e Espírito Santo, assinalando, nesses dois últimos Estados, os trechos detentores de areis monazíticas.
	As argilas das Barreiras são de natureza caolínica e, em alguns pontos, já se tm explorado caolim sedimentar. Algumas camadas esverdeadas já têm sido utilizadas na Paraíba, como “terra fuller”, aliás sem êxito.
	Argilas dessa formação já foram exploradas como “gesso cré” constituindo isso uma contrafação porque se trata de argila e não de carbonato de cálcio, que é o material de que se compõe o chamado “gesso cré”.
	O estudo das bolsas de argilas puras dentro da formação Barreiras é um programa que poderá ser de grande valia para a indústria cerâmica.
Tabela – Análise das Barreiras
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
Perda ao Fogo
14,2
SiO2
44,9
Al2O3
40,1
Fe2O3
1,0
CaO
Tr.
MgO
Tr.
Álcalis
Tr.
1. Argila das Barreiras, Olinda, é um caolim. Análise de SG.
Tabatingas
	Esse nome é aplicado às argilas sedimentares quaternárias e atuais, das baixadas litorâneas e das várzeas dos rios do interior. Consistem em argilas caolínicas dispostas em leitos, algumas contendo muita areia e outras bastante puras, frequentemente escurecidas pela presença de matéria orgânica. São produtos da meteorização de rochas granito-gnáissicas e xistos cristalinos e outras rochas, depositados nos vales e libertados de grande parte do ferro, em decorrência de solubilização por águas ricas em anidrido carbônico. Essas águas retiram o ferro das argilas sob a forma de bicarbonato ferroso. Argilas brancas, recebendo águas carregadas de bicarbonato ferroso, ficam manchadas com a precipitação de hidróxido de ferro.
	Algumas vezes encontram-se camadas de tabatinga pura, de elevada plasticidade quase sem areia, com tão pequenas quantidades de matéria orgânica que se apresentam com coloração cinza-clara ou mesmo brancas.
	Alumas tabatingas escuras, carregadas de húmus, quando não estão contaminadas pelas soluções ferruginosas, apresentam alta plasticidade, dão produtos de queima brancos como os bons caolins e servem para a fabricação de louça e porcelana.
	Os teores de areia nas tabatingas arenosas podem chegar a 70%, mas geralmente se colocam entre 20 e 40%, tendo as camadas mais puras teor geralmente em torno de 5 a 10% de areia fina.
	O material levigado das tabatingas arenosas é uma argila do tipo caolínico, conforme tem sido demonstrado pelas análises químicas, pelas análises térmicas e diagramas de difração. De ordinário, as tabatingas pouco arenosas são boas argilas refratárias, com ponto de fusão acima do cone 26; têm alto grau de plasticidade e teor moderado de ferro, no estado ferroso.
	As tabatingas formam depósitos nas baixadas litorâneas e nos vales dos rios das zonas das serras do Mar e da Mantiqueira.
	Em Caeté, MG, a Cerâmica João Pinheiro utiliza, há muitos anos, tabatinga derivada do gnaisse regional.
Tabela – Análise de tabatingas
xxxxxxxxxx
1
2
3
4
5
Umidade
2,5
-
2,4
2,4
2,0
Perda ao Fogo
7,6
12,2
9,4
14,9
13,6
SiO2
61,5
59,2
53,6
39,7
42,6
Al2O3
20,9
24,6
25,0
36,2
38,0
Fe2O3
4,8
1,7
2,6
2,9
1,7
TiO2
0,7
1,5
2,2
1,9
-
CaO
0,3
0,1
Tr.
Tr.
Tr.
MgO
0,4
0,1
Tr.
Tr.
Tr.
K2O
*
0,4
-
*
*
Na2O
1,4*
0,1
-
1,0*
2,1*
1. Tabatinga de São Gonçalo, RJ. Em estado natural, com aproximadamente 30% de areia 
 (INT).
2. Tabatinga arenosa da Baixa Fluminense, próximo a Estrela (INT).
3. Tabatinga de Nova Iguaçu, RJ; bruta, arenosa (INT)
4. A mesma, lavada para eliminação de areia (INT).
5. Argila de baixada, Estrela, RJ; lavada (INT).
* Por diferença, (K2O + Na2O).
Argilas da Bacia Terciária do Vale do Paraíba
	As argilas da bacia terciária do rio Paraíba, em certo trecho nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro foram depositadas num lago que, em certa época, represou as águas entre as encostas das serras da Mantiqueira e do Mar. Isso permitiu a sedimentação ali dos detritos finos resultantes da classificação dos produtos da alteração das rochas circunvizinhas, constituídas principalmente de granitos, gnaisses, sienitos, filitos e quartzitos. Parte do material depositado foi constituído de matéria orgânica na forma de colônias de algas que proliferam nas águas tranquilas daquela represa natural e se juntaram periodicamente às lamas do fundo, dando origem às camadas pirobetuminosas.
Tabela – Análises de argilas do Vale do Paraíba (SP)
xxxxxxxxxxxx
1
2
3
4
H2O+
10,4
10,09,9
4,4
H2O-
5,3
5,0
5,1
7,5
SiO2
42,6
43,0
45,5
47,8
Al2O3
28,9
29,7
28,3
18,7
Fe2O3
7,1
6,2
6,0
7,5
FeO
0,1
0,5
0,4
2,0
TiO2
1,0
1,1
1,3
1,2
P2O5
0,5
0,2
0,6
Tr.
CaO
0,7
0,5
0,2
1,4
MgO
1,8
2,1
1,3
2,9
K2O
1,3
1,8
1,2
2,3
Na2O
0,2
0,1
0,2
0,1
1. Taguá creme (Paiva Neto e Nascimento)
2. Taguá creme-esverdeado (Paiva Neto e Nascimento)
3. Taguá róseo-violáceo (Paiva Neto e Nascimento)
4. Argila verde, Tremembé (Blanche Nicot, INT)
	Entre os horizontes argilosos com elevada proporção de querogênio, encontram-se argilas de fraca porcentagem de matéria orgânica e até mesmo camadas de argila pura que se apresentam de colorações creme, verde, cinza ou rósea.
	Sabe-se que esse produto é constituído por material argiloso isento de areia grossa, com apreciável tendência higrófila, contendo certa proporção de potássio e revelando propriedades inerentes às argilas montmorilloníticas. São mencionadas como taguás, segundo a nomenclatura paulista, e já vem sendo usadas há muito em cerâmica. Alguns horizontes têm argilas com elevada capacidade de troca de base e, por isso, já estão sendo usadas como “terra fuller”, para clarificação de óleos vegetais.
	Os taguás no Vale do Paraíba, segundo as análises de Paiva Neto e Nascimento, mostram um teor de material insolúvel em ácido sulfúrico (areia fina e feldspato fino), da ordem de 20% (variando de 12 a 30%), de 1 a 2% de álcalis, predominando o potássio e uma relação molecular de sílica para alumina entre 2 e 3.
Massapês
Essa denominação abrange diversos tipos de solos argilosos de sensível plasticidade. Em São Paulo, é chamado assim o solo argiloso plástico resultante da decomposição in situ de rochas ricas em feldspato. Na Bahia, massapê é o material resultante da alteração dos folhelhos argilosos e sílticos da bacia cretácea do recôncavo.
	Em Minas Gerais, a famosa terra “massa pé” do médio Paraopeba é proveniente da decomposição de eruptivas básicas instrusivas em rochas do Pré-cambriano.
	Segundo Pimental Godoy, é um laterito anfibólico ou diabásico, de cor vermelha-escura, caracterizada por alto índice de fertilidade e maior resistência ao esgotamento do que o solo derivado do gnaisse.
	O solo de massapê no Recôncavo Baiano é afamado pela fertilidade; nele se pratica a cultura da cana há quatro séculos, obtendo-se ainda rendimentos compensadores, sem emprego de adubos químicos.
	O massapê do Recôncavo Baiano é uma argila avermelhada, cinza ou escura, altamente plástica, que forma atoleiros no tempo chuvoso e, no tempo seco, transforma-se em crostas duras que se desagregam por fendilhamento.
	Contendo argilo-minerais dos grupos caolinita, ilita e montmorillonita, o massapê tem capacidade de troca de bases relativamente alta, o que certamente se liga à sua comprovada fertilidade.
	Alguns ensaios realizados no INT por Yvonne Visconti mostraram que o massapê pode ser ativado tornando-se uma boa argila descorante.
	O massapê do Recôncavo Baiano não é refratário. Funde a cerca de 1400oC (cones 13-14) e tem sido encarado somente como solo de boa qualidade para fins agrícolas. Por suas propriedades coloidais, o massapê tem produzido boas lamas de sondagens, nas perfurações para petróleo feitas no próprio recôncavo.
	Sua capacidade de ativação, em consequência da constituição física, permite encará-lo também como matéria prima par argilas descorantes ativadas artificialmente.
Tabela – Análises de massapês
xxxxxxxxxxxxxxxxx
1
2
3
Umidade
12,8
8,2
13,1
Perda ao fogo
7,5
7,2
13,1
SiO2
46,0
44,2
58,0
Al2O3
17,6
15,2
14,4
Fe2O3
9,6
7,6
9,0
FeO
0,3
1,2
-
MnO
Tr.
Tr.
-
TiO2
1,0
0,9
0,6
P2O5
0,1
0,2
CaO
1,5
5,3
0,7
MgO
2,1
4,5
1,5
K2O
1,2
*
*
Na2O
0,3
2,0(dif)*
2,7(dif)*
CO2
3,5
1. Massapê avermelhado, de D.João, BA (INT)
2. Massapê dolomítico, Recôncavo Baiano (INT)
3. Massapê de Aratu, BA (INT)
* (K2O + Na2O)
Bentonitas
	São argilas montmorilloníticas dotadas de alto teor de matéria coloidal. O nome abrange um grupo de argilas de propriedades semelhantes de grande capacidade de absorção, mas não uma espécie definida.
	A denominação provém do Fort Benton, no Wyoming, E.U.A., onde esse material foi descoberto em 1888. A argila dessa procedência, como toda bentonita sódica, revela grande poder de absorção de água, aumentando seu volume de quinze a trinta vezes, o que constitui um teste facilmente realizável.
	As bentonitas cálcicas não entumescem consideravelmente como as sódicas; crescem de volume pela absorção de água, na proporção duma argila comum.
	As bentonitas apresentam aspecto de cera e podem ser cortadas em finas fatias; molhadas, adquirem uma untuosidade semelhante à do sabão molhado. As bentonitas são originadas pela decomposição de cinzas vulcânicas (Wymoning, Califórnia, Argentina) ou alteração especial dos feldspatos de outras rochas por ações hidrotermais.
	As argilas bentoníticas possuem alta capacidade de adsorção e alto teor de matéria coloidal ou, ainda, grande possibilidade de ativação e apresentam algumas propriedades encontradas nas “terras-fuller”. 
	A composição química das bentonitas é muito variável e suas aplicações são numerosas, distinguindo-se como mais importantes: o uso em lamas de sondagem (pelas propriedades coloidais), no preparo de moldes para fundição e na refinação de petróleo.
	As bentonitas cálcicas, convenientemente tratadas, tornam-se boas terras descorantes, suportes para inseticidas, bases para tintas e suportes para produtos cosméticos e farmacêuticos, pela viscosidade das suspensões e pelas propriedades tixotrópicas.
	
Tabela – Análise de bentonitas
xxxxxxxxxxxxx
1
2
3
4
Umidade
9,4
15,7
11,0
17,0
Perda ao fogo
8,8
9,4
6,5
7,4
SiO2
54,3
60,0
66,4
50,3
Al2O3
14,8
18,5
13,2
15,3
Fe2O3
3,9
4,7
5,5
1,4
FeO
-
-
-
0,4
MnO
0,2
-
-
0,4
TiO2
0,7
0,4
1,0
0,1
P2O5
Tr.
-
-
0,1
CaO
1,6
Tr.
1,0
3,2
MgO
5,6
6,6
4,5
4,7
K2O
-
0,3
1,6
0,2
Na2O
0,1
0,4
0,6
0,1
1. Bentonita de Uberaba (INT). B. Nicot, analista.
2 e 3. Idem, Amostras colhidas por J. Felicíssimo e E. Pichler. Dados referidos a material 
seco a 110oC.
4. Bentonita de São Gabriel, RS (INT).
Por tratamento com carbonato de sódio, conferem-se às bentonitas cálcicas algumas propriedades desejadas encontradas nas variedades sódicas.
	No Brasil tem sido encontradas amostras de montmorillonita pura em alguns pegmatitos do Nordeste, em diques de fonólito decomposto, no município de Barra do Piraí, RJ; em Carlópolis, SP, em camadas; em São Gabriel, RS; e em Uberaba, MG, cobrindo o calcário das camadas cretáceas da Formação Bauru. Essa última ocorrência, que já vem sendo explorada, poderá se repetir noutros pontos do Triângulo Mineiro, onde a bentonita deve provir dos leitos de cineritos relacionados com o vulcanismo eo-jurássico do magma alcalino.
	A importancia industrial da bentonita e sua versatilidade de aplicações aconselham a intensificação das pesquisas desse tipo de argila no País.
	Atualmente, importam-se produtos para condicionamento de lamas para sondagem de petróleo preparados à base de bentonita, de modo que há todo interesse em descobrir jazidas exploráveis de argilas desse tipo.
	O estudo da bentonita de Uberaba e das possibilidades de utilização para descoramento de óleos vegetais e minerais e como aglomerante de areias para fundição foi objeto dum estudo por Pérsio de Souza Santos.
	Em Sacramento, MG, instalou-se uma usina para beneficiamento de argila montmorillonítica, tipo de bentonita.
Nontronita
	É uma argila do grupo da montmorillonita, que se apresenta, em São Paulo, associada a camadas de filitos claros, utilizados em pó como suporte de inseticidas. Ocorre também em Sacramento e Juiz de For a, MG, segundo Pérsio de Souza Santos, que estudou esse material (microscopia eletrônica, análise térmica diferencial, raio-X e composição química).
Tabela – Análise da montronita
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
Perda ao fogo
26,8
SiO229,2
Al2O3
31,0
Fe2O3
10,4
CaO
Tr.
MgO
2,5
K2O
Tr.
Na2O
Tr.
1. Nontronita de Piedade (SP), segundo P.Souza Santos.
Halloysita
	Em São Paulo, ocorre incluída no caolim e vem sendo experimentada como carga de borracha vulcanizada, bem como na fabricação de louça.
Tabela – Análise de halloysita
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
2
Perda ao fogo
13,2
15,4
SiO2
48,0
45,0
Al2O3
37,6
40,1
Fe2O3
nada
0,7
CaO
nada
Tr.
MgO
0,3
Tr.
1. Halloysita de Milagres, CE(SG)
2. Halloysita de Sorocaba, SP (segundo P. Souza Santos).
Attapulgita
	Essa argila de estrutura fibrosa, explorada ativamente em Attapulgos, Geórgia, E.U.A., já foi identificada e estudada por Pérsio de Souza Santos em Ponte Alta, Uberaba, MG, próximo à jazida de bentonita. Ocorre intimamente associada à calcita e ao quartzo.
	Esse material é industrializado em Sorocaba, SP, e lançado no comércio com o nome de Attapol.
Tabela – Análise da attapulgita.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
Perda ao fogo
6,8
SiO2
64,5
Al2O3
10,2
Fe2O3
3,8
TiO2
0,8
CaO
1,4
MgO
5,2
1. Ponte Alta, Uberaba, MG. Análise de P.Souza Santos.
Barro Branco
	Na bacia carbonífera em Santa Catarina encontra-se uma camada de material sílico-argiloso a que se deu o nome de “barro branco”, pela coloração cinza-clara, em contraste com o negro das camadas de carvão. Essa camada, de espessura entre 20 e 40 cm, separa os leitos de carvão do “Forro” e do “Banco”, na linguagem dos mineiros.
	O “barro branco” deu o nome às camadas de carvão em torno dele para distingui-las das outras situadas mais abaixo, como Itapuá e Bonito.
	Esse material, retirado obrigatoriamente na exploração do carvão, foi aproveitado por Henrique Lage numa cerâmica montada em Imbituba. A vantagem do Barro Branco é ser um material altamente aluminoso e de custo desprezível por ser um descarte da mineração. Provavelmente sofrerá sensíveis variações de composição nos diferentes pontos da bacia carbonífera.
	O Barro Branco tem equivalentes nas outras áreas carboníferas do Sul, mas não encontra ainda aplicações. As análises a seguir indicam a composição do material proveniente da zona carbonífera de Santa Catarina.
Tabela – Análise do “barro branco”
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
Perda ao fogo
10,5
SiO2
49,0
Al2O3
36,6
Fe2O3
3,5
CaO
0,1
MgO
Tr.
1. Análise do SG. “Barro Branco”de Lauro Muller, SC.
Terra roxa
	É o produto da decomposição dos basaltos e diabásicos, formando o solo de extensas áreas do Sul do Brasil. É constituído predominantemente de hidróxidos de ferro e de alumínio, ou seja, um material laterítico. Tem cor vermelho-carregada, textura solta, pequena plasticidade, não devendo ser considerada propriamente um tipo de argila, mas um material argilo-laterítico. Os minerais fêmicos da rocha dão origem ao laterito, enquanto os plagioclásios contribuem para a formação da porção argilosa, que muitas vezes vem acompanhada por areias resultantes da desagregação de arenitos em contato com os diabásicos e basaltos.
Tabela – Análises de terra-roxa
xxxxxxxxxxxxxxx
1
2
3
Umidade
6,3
5,3
4,5
Perda ao fogo
11,6
8,8
12,8
SiO2
35,8
37,2
48,2
Al2O3
14,0
16,7
19,6
Fe2O3
27,9
26,5
14,1
TiO2
2,9
4,3
-
MnO
0,2
0,3
0,2
P2O5
0,1
0,2
0,3
CaO
Tr.
0,4
0,2
MgO
1,3
0,4
0,1
1. Terra-roxa de Getúlio Vargas, PR (INT)
2. Terra-roxa de São Manuel, SP (INT)
3. Terra-roxa de Serra dos Bodes, território do Rio Branco (INT)
Filitos
	Entre os ceramistas vem sendo adotado o nome de filito para designar um material fundente, de aspecto argiloso, queimando claro, resultante da alteração de rochas metamórficas do Grupo Minas, do Grupo São Roque e análogas.
	Esse material pouco coerente é facilmente pulverizável dando pó finíssimo, compõe-se de moscovita alterada, sericita, caolinita e quartzo, raramente contendo feldspato.
	Tabela – Análise de filito (cerâmico)
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
1
Perda ao fogo
4,8
SiO2
49,7
Al2O3
38,1
Fe2O3
0,9
CaO
Tr.
MgO
Tr.
Na2O
0,1
K2O
6,4
1. Divinópolis, MG (IPT).
O filito dos ceramistas nada mais é do que um produto da degradação das rochas metamórficas pré-cambrianas que têm a mesma denominação entre os geólogos e que, na nomenclatura francesa, corresponde aos schistes phylladiens, phylites ou phyllades, rochas metamórficas de acentuada xistosidade, compostas essencialmente de mica e quartzo.
BIBLIOGRAFIA
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FURIA, A – Material refratário e argila. Bol. Do Inst. Geográfico e Geológico,No.27, São Paulo, 1940.
BARZAGHI, L. – Características de caulins nacionais. Associação Química do Brasil, Vol. VII, No. 1, Rio de Janeiro, 1947.
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SANTOS, P.S. e I.B. KAPEL e SANTOS, H.S. – Característicos físico-químicos e cerâmicos de argilas e caolins do Nordeste usados na indústria de cerâmica branca de Pernambuco, Cerâmica, vol. 8, No.31, p.2, São Paulo, 1962.
OooooooooooooooooooooooooOOOOOOOOOOOOOOOoooooooooooooooooooooooooo
Fonte 2: PÉRSIO DE SOUZA SANTOS, Tecnologia das Argilas, Vol. 1, Cap. 8 – ARGILAS 
INDUSTRIAIS, p. 126-152, Editora Edgard Blucher Ltda, 1975.
INTRODUÇÃO
	As principais argilas industriais, isto é,argilas que existem em quantidades economicamente suficientes para a exploração industrial, são as seguintes: caulim; ball clay; fire-clay; bentonita; terra fuler; argilas para finalidades diversas. Essa é a classificação para fins estatísticos de extração, produção e consumo usada pelo United States Bureau of Mines e que se encontra nos livros Mineral Facts and Problems e Mineral Yearbook, de onde foi compilada a maioria das tabelas apresentadas neste livro para argilas industriais estrangeiras (Cooper, 1970; Wells, 1969).
	As argilas costumam ser consideradas, literalmente, um verdadeiro resíduo ou um refugo geológico, uma vez que são rochas provenientes da decomposição de outras rochas ou minerais; elas são mistura de todas as espécies de resíduos, incluindo não somente os argilominerais, mas também uma grande variedade de impurezas orgânicas e inorgânicas; no processo de decomposição das rochas para a formação de argilas, formam-se argilominerais; uma vez formados os depósitos (residuais ou sedimentares) de argilas, transformações podem ocorrer nesses argilominerais, formando-se novos argilominerais ou outros minerais (diagênese). Afortunadamente, existem muitos depósitos de argilas que podem ser considerados “argilas puras ou quase puras”, devido à natureza da rocha ou dos minerais dos quais as argilas se formaram ou, algumas vezes, devido às reações químicas havidas, aos processos de transporte, de lixiviação e de separação. Esses depósitos podem conter um argilomineral como componente predominante, com pequenos teores de outros argilominerais, bem como de outras impurezas minerais, tais como areia de quartzo, micas, minerais de ferro e titânio, e rochas não decompostas. Frequentemente, a maior parte dessas impurezas, especialmente a areia e a mica, pode ser separada completamente das argilas por lavagem e por operações de separação, tais como sedimentação, centrifugação, ciclonagem e flutuação (flotacão).
	Algumas argilas, especialmente as bentonitas, possuem uma pequena, porém importante, quantidade de cátions trocáveis que conferem características industrialmente desejáveis, por exemplo: na bentonita sódica, a de “inchar” (swell) muitas vezes o volume original da argila na presença de água e formar um gel tixotrópico; muitas argilas, mas especialmente as terras fuler, são muito adsorventes e outras podem ser ativadas por tratamentos ácidos para se tornarem adsorventes eficientes.
	Nos Estados Unidos, a maior quantidade de argilas industriais é usada em produtos acabados, queimados em temperaturas elevadas, tais como materiais cerâmicos, cimento Portland e agregados leves de argilas piroexpandidas: esses usos compreendem 90% do total das argilas consumidas (cerca de 56% em produtos cerâmicos formados, isto é, moldados, e 34% em cimento Portland e agregado leve). Os restantes 10% consistem de cargas ou enchimento de alto preço (high cost fillers) para papel, borracha e tinta, e de argilas para finalidade especiais, tais como, ligantes de areias para fundição, ligantes para pelotização de minérios de ferro, agentes tixotrópicos em lamas para perfuração rotatória, adsorventes, catalisadores e produtos químicos; entretanto, esses 10% representam ¾ do valor das argilas comercializadas nos Estados Unidos no ano de 1968.
	A quantidade total de argila consumida nos EUA em 1968 foi de 55,8 milhões de tc* (908 kg cada). Uma previsão para o ano 2000 (baseada em taxas de crescimento de 2,8% e de 4,1%) está entre 136,5 e 203,5 milhões de tc. A demanda acumulada prevista para os EUA para o período de 1968-2000 está entre 2,8 e 3,1 bilhões de tc; para o restante do mundo, a demanda acumulada para esse mesmo período é de 12,65 a 15,45 bilhões de tc.
	Deficiências de argilas industriais, se ocorrerem, serão sempre de natureza local, causadas pela falta de suprimentos adequados de argilas para finalidades específicas nas regiões em que forem necessárias; isso porque as argilas de elevada qualidade e alto preço podem suportar custos de transporte (fretes) elevados.
	Assim, as deficiências que existirem serão para argilas classificadas industrialmente para “usos diversos”, isto é, para fabricação de agregado leve, de cimento portland e, talvez, de tijolos, telhas e manilhas. Nesse caso, se houver falta de argilas, essa falha será devida principalmente à inexistência de um planejamento governamental adequado a longo prazo, para identificar e proteger do envolvimento, causado pelo crescimento urbano (exemplificado pelo caso dos barreiros e jazidas de caulim do bairro do Sacomã, na entrada da via Anchieta, na Grande São Paulo), os depósitos estrategicamente localizados de argilas adequadas para a fabricação dos diversos materiais de construção. Por outro lado, as argilas de alta qualidade (isto é, os 10% reponsáveis pelos ¾ do valor das argilas negociáveis nos EUA), estando localizadas, na sua maioria, em locais afastados (por exemplo, bentonitas em Wyoming e caulim secundários na Geórgia, no caso dos EUA), provavelmente não serão severamente afetadas quer por problemas de litígios de terras governamentais, quer por medidas para controle da poluição e outras consequências semelhantes do crescimento urbano rápido.
	Muitos estudos e pesquisas são prementes no momento, especialmente no Brasil, para assegurar um suprimento de matérias-primas minerais não-metálicas, principalmente para a fabricação de materiais de construção habitacional e de infra-estrutura (por exemplo, materiais de construção locais para canais de irrigação)** para atender à demanda da explosão demográfica e, consequentemente, de necessidades habitacionais.
	Os preços das argilas atuais, espera-se, serão aumentados levemente nos EUA devido, principalmente, ao fato de as argilas atuais, de um modo geral, serem melhores do que as produzidas até 1968-1970. Etapas de processamento de caulins, tais como delaminações*** e calcinação****, são caras, porém permitem produzir caulins de melhores características, como o poder de cobertura para papel cuchê ou a rigidez dielétrica em isolantes elétricos. A Tabela 8.1 apresenta a quantidade de argilas industriais vendidas ou consumidas nos EUA em 1972 (Ampian, 1972). A Tabela 8.2 lista as reservas mundiais de argilas industriais.
* tc = tonelada curta.
** Ver, por exemplo, os projetos do DNPM e do Ministério do Interior para utilização de materiais locais para irrigação na Escola Politécnica de Campina Grande (PB).
***Stanczyk, M.H. e Feld, I.L. – Continuus attrition grinding of coarse kaolins, U.S. Bur. Of Mines RI 6327-6 694-7 168 (1968).
**** Por exemplo, para produzir feldspato e caulim calcinados (tipo iceberg clay) para plásticos e isolantes elétricos.
	Os fatores econômicos que influenciam os preços das argilas variam com o tipo, a forma comercializada, a qualidade da argila e o uso final previsto para o qual foi processado. Os custos de transporte são críticos para as “Argilas para usos diversos” e muito importantes para as “Argilas refratárias”. As outras argilas industriais, sendo menos abundantes e de custo unitário mais alto, podem ser comercializadas a distâncias maiores dos centros de produção.
Tabela 8.1 – Argilas vendidas ou consumidas por indústrias nos EUA em 1972 pelo tipo e 
 pela utilização (AMPIAN, 1972) (em tc)
Utiliza-ção
Ball-clay
Bentonita
Argilas comuns e folhe-lhos argilo-sos
Argila refratá-ria
Terra fuler
Caulim
Outras
Total
1.Adesi-vos
-
-
-
-
-
73417
-
73417
2. Sulfato e outros compos-tos de alumínio
-
-
-
-
-
111005
24483
135468
3. Rações animais
-
100590
-
-
-
9452
-
110042
4. Rejeitos de animais
-
3862
-
-
138921
-
-
242603
5. Emul-sões e pisos de asfalto
-
-
-
-
-
-
11110
11110
6. Freios e antifric-ção
-
-
874
-
-
-
-
874
Tijolos
de
alvena
Ria
7. Comum
-
-
3607901
-
-
-
-
3607901
8. Reves-timento externo
-
-
16575310
30000
-
285268
-
16890578
9. Catali-sadores (refina-ção de petróleo)
150
-
-
-
-
67990
3406
71546
10. Ci-mento portland
-
-
12539953-
-
75698
-
12615651
11. Cerâ-mica ar-tística
-
-
1221
-
-
5
-
1221
12. Louça de mesa
-
-
-
-
-
50801
-
50801
13. Cerâ-mica uti-litária ( earthen ware)
-
-
5118
-
-
19995
9484
34597
Utiliza-ção
Ball-clay
Bentonita
Argilas comuns e folhelhos argilosos
Argila refratária
Terra fuler
Caulim
Outras*
Total
14. Flui-dos para perfura-ção rota-tiva
-
537357
200
-
58623
-
-
596180
15. Por-celana e-létrica
-
-
-
-
-
5938
-
5938
16. Ferti-lizantes
-
2608
-
-
42006
75969
-
120583
17. Fiber glass
-
-
-
-
-
153788
-
153788
Filtração,
clarifica-
ção e
decora-
ção
18. Óleos animais
-
-
-
-
-
-
31432
31432
19. Óleos minerais
-
51240
-
-
37984
-
-
89224
20. Óleos vegetais
-
74556
-
-
-
-
-
74556
21. Tijo-los e pe-ças refra-tárias
40851
6956
-
2231914
-
337347
-
2616708
22. Ad-sorventes para lim-peza de soalhos
-
-
-
-
343693
-
-
343693
24. Li-gante pa-ra areias de fundi-
ção
-
711534
-
273900
-
-
-
985434
25. Vi-dros, es-maltados e vidra-dos
1555
-
-
-
-
27126
-
28681
27. Cha-motas pa-ra refratá-rios
-
-
-
244035
-
153541
-
397576
28. Pro-dutos à base de gesso
-
-
-
-
-
16101
-
16101
29. Re-frat'ários alumino-sos (mais de 50% Al2O3)
-
-
-
223487
-
-
-
223487
Utiliza-ção
Ball-clay
Bentonita
Argilas comuns e folhelhos argilosos
Argila refratária
Terra fuler
Caulim
Outras*
Total
30. Peças refratá-rias para os fornos e cadinhos
-
-
-
-
-
-
22543
22543
31. Agre-gado leve
-
-
10750217
-
-
-
-
10750217
32. Linó-leo
-
-
874
-
-
-
-
874
33. Usos médicos, cosméti-cos e far-macêuti-cos
-
-
-
-
-
-
2734
2734
34. Ci-mentos e argamas-sas refra-tárias
-
-
-
257553
-
-
58582
316135
35. Tintas
-
-
96
-
-
141035*
3419
145010
36. Papel couché (coating)
-
-
-
-
-
1433916
-
1433916
37. Carga para papel
-
-
-
-
765138
-
765138
38. Pelo-tização de minério de ferro
-
707187
-
-
-
-
-
707187
39. Peste-cidas e insetici-das
-
40208
-
-
144380
28402
-
213030
40. Plás-ticos
-
-
-
-
-
71844
-
71844
41. Argi-las para tampões e vedação de fornos
-
-
-
7499
-
-
-
7499
42. Cerâmica unitária (louça domésti-ca)
182471
-
13267
-
-
23743
12152
231633
43. Bor-rachas
-
-
-
-
-
376099
-
376099
44. Louça Sanitária
173431
`-
-
-
-
146063
-
319484
Utiliza-ção
Ball-clay
Bentonita
Argilas comuns e folhelhos argilosos
Argila refratária
Terra fuler
 Caulim
Outras*
Total
45. Manilhas vitrifica-das
-
-
1828830
183557
-
-
-
2012387
Telhas e 
ladrilhos
de piso:
46. Te-lhas (dryin)
-
-
410684
-
-
-
-
410684
47. Pisos e revesti-mentos para azu-lejos
137772
-
141588
4000
-
43415
-
326795
48. Lajo-tas (quarry)
-
-
125219
-
-
-
-
125219
49. Cober-tura (roofing)
-
-
52544
-
-
-
-
52544
50. Estru-tural (structu-ral)
-
-
132148
-
-
-
-
132148
51. Ou-tros
-
-
32223
-
-
-
-
32223
52. Im-permeabi-lização e revesti-mento
-
39350
-
-
-
-
-
39350
53. Di-versos
36880
27286
123376
4174
75935
66840
-
223531
*Outros
66490
41710
24000
92925
7876
9019
-
54. Ex-portações
35685
423094
40370
27591
39120
748192
-
1313952
Totais
675285
2766998
46487593
3580635
988538
5317617
-
59816686
Tabela 8.2 - Reservas mundiais conhecidas de argilas industriais* em milhões de toneladas 
 (Wells 1969).
Argila
Caulim
"Ball Clay"
Argila refratária
Bentonita
Terra fuller
Estados Unidos
3350
870
11000
800
3700
Grã-Bretanha
2000
240
15000
-
500
Europa
1500
-
-
75
-
Ásia
1500
-
10000
-
-
África
750
-
5000
50
150
Austrália
500
-
5000
50
-
América do Sul
200
-
5000
25
-
Outros países norte-americanos
200
-
10000
-
100
URSS
2200
-
15000
250
-
Outros
-
-
-
150
100
Total
12200
1110
76000
1400
4550
* As argilas para usos diversos têm reservas praticamente ilimitadas
Nota: O traço significa que não há dados conhecidos.
	Por exemplo, em 1968, nos EUA, o caulim para papel foi produzido somente na Geórgia, paligorsquita na Flórida e Geórgia, e bentonita em Wyoming e Montana; por isso, os consumidores tinham poucas alternativas quanto à escolha dessas argilas, muito embora, em muitos casos, tivessem de pagar preços de transporte muito maiores que o preço da argila nas minas ou nas usinas de processamento do produto acabado. As argilas, sendo de baixo preço na forma bruta, os custos de mineração devem ser mantidos os mais baixos possíveis. 
	De um modo geral, nos EUA em 1968, o custo de mineração por tonelada foi de 1 dólar para as “Argilas para usos diversos” até valores superiores de 10 dólares para as argilas para usos mais especializados. Os custos de processamento variaram de alguns centavos de dólar para as “Argilas para usos diversos”até cerca de 40 dólares por tonelada para caulins para cobertura e para carga ativa para borracha e plástico para o caulim da Gerórgia.
	Em 1968, a produção de argilas nos EUA foi de 57,233 milhões de toneladas, valendo US$246.898.000 (valor médio US$4,30/t de argila); a demanda foi de 55,81 milhões de t a US$226.435.000 (valor médio US$4,05/t de argila). Comparativamente no Brasil, segundo o 1o. Anuário Mineral Brasileiro 1972, MME-DNPM, existem os seguintes dados (em 1973, US$1 = Cr$6): 
1) Argila (1971) – Produção: 663.640t; vendas + transferências 685.782t a Cr$7562943; valor médio = Cr$1,12/t. Importação 230t a US$29383; valor médio US$127/t.
2) Caulins (1971) – Produção: 227000t; vendas + transferência 199230t a Cr$13.796.388; valor médio = Cr$6,95/t. Importação: 6947t a US$736.455; valor médio US$116/t.
3) Bentonita (1971) – Produção: vendas: 27.773t a Cr$181.526; valor médio: Cr$6,70/t
Importação: 12916 a US$825.946; valor médio = US$64,00/t.
	Totalizando: a produção brasileira (da ordem de vendas + transferência) foi em 1971 de 912.785t, valendo Cr$21.540.857 (valor médio: Cr$2,15/t). A importação foi de 20.093t a US$1.611.774 (valor médio US$80,60/t).
	A Figura 8.1 mostra a variação dos preços de “Argilas industriais” com o tempo nos EUA, com a extrapolação prevista para o ano 2000. A Tabela 8.3 apresenta os preços correntes de “Argilas industriais” nos EUA em 1963; a Tab. 8.4 apresenta os preços médios das argilas importadas pelo Canadá em 1968-1969.
Tabela 8.3 - Preços de argilas industriais nos EUA em dezembro de a1963 relacionados na 
 revista "Oil, Paint and Drug Reporter" (Cooper,1965).
1. Caulim
 1.1 - Norte-americano (moído e seco; calcinado, flutuado com ar, sacos, vagões), FOB
 Geórgia, por tonelada curta (908 quilos) - US$42 e 68.
 1.2 - Norte-americano (moído e seco,flutuado com ar, 99%, menor que 325 meshes, sacos,
 vagões). FOB Geórgia, por tonelada curta - US$11-17 (em 1969: US$42,50).
 1.3 - Norte-americano (moído a úmido, lavado, sacos, vagões), FOB Geórgia, por tonelada
 curta - US$21-50 (em 1969: US$60,00)
 1.4 - Inglês (branco e granel (bulk), vagões), no porto de Filadélfia, por tonelada longa
 (1016 quilos) - US$23-35.
 1.5 - Inglês (pulverizado, sacos, vagões), no porto de Filadélfia, por tonelada curta - US$50
2. "Ball-clay"
 2.1 - Norte-americano (flutuada com ar, sacos,vagões). FOB Tennessee, por tonelada curta 
 - US$18-22 (em1969,nos portos do Atlântico (?): US$49,00-50,75.
 2.2 - Norte-americano (desagregado, sem umidade, a granel, vagões), FOB. Tennessee, por 
 tonelada curta - US$8-11 (em 1969: US$8,00-11,25).
 2.3 - Inglêsa (flutuada com ar, sacos, vagões), nos portos do Atlântico, por tonelada - US$ 
 43-17 (em 1969: US$49,50-50,75).
 2.4 - Inglesa (fragmentos, a granel, vagões), nos portos do Atlântico, por tonelada - US$31 
 - 38 (em 1969: US$31,50-37,50).
3. Bentonita
 3.1 - Norte-americana - Menor que 200 meshes (sacos, vagões). FOB Wyoming, por 
 toneladacurta - US$14 (em 1968: US$14,00)
 3.2 - Italiana, branca high-gel (sacos), em lotes de 5t, nos depósitos - US$91
4. Terras fuler
 4.1 - Norte-americana:inseticida (seca, pulverizada, sacos, vagões), FOB Flóridaou 
 Geórgia, por tonelada curta US$17.
 4.2 - Norte-americana, descoramento de óleos (menor que 100 meshes (sacos, vagões), 
 Flórida ou Texas) por tonelada curta - US$ 16-17.
 4.3 - Norte-americana, descoramento de óleos, menos que 200 meshes, Flórida ou Texas, 
 por tonelada curta - US$17-18.
Observação: Os preços foram bastante estáveisem 1953. O valor do dólar americano é o do 
 ano.
Tabela 8.4 - Preços médios* de argilas importadas pelo Canadá segundo o Canada Minerals 
 Yearbook 1969 (Canada Dept. of Mines,1971).
Argila Industrial
1968
1969
Caulim
23,80
23,20
Ball-clay
16,50
13,70
Argila refratária
14,90
13,70
Bentonita
11,70
15,00
Terras fuler ativadas com ácido
160,00
163,00
* Em dólares canadenses
por tonelada
Consumo canadense 
de caulins (em tc)
Uso
1967
1968
Produtos Cerâmicos
14,354
15,633
Tintas e Vernizes
2848
3183
Papel
122475
121768
Borracha e plástico
9992
8796
Outros produtos**
18384
14861
Total
168053
164247
**Produtos químicos, farmacêuticos e medicinais, detergentes, sabões sapólio e outros.
Figura 8.1 – Relação preço-tempo para argilas industriais nos EUA (adaptada de Cooper, 1970).
	Um dado econômico adicional interessante especialmente para o projeto é o número de empregos e a produtividade respectiva nas fábricas de “Argilas industriais” dos EUA em 1968:
Tabela – Número de Empregos e Produtividade em fábrica de argilas nos EUA.
Argila industrial
Número de empregados
Toneladas curtas por empregado
Caulim
6000
610
Ball-clay
700
835
Argila refratária (fire clay)
3500
2220
Bentonita
1400
1390
Terra fuler
1350
635
Argilas para os usos diversos
6450
6340
	Infelizmente não conhecemos dados análogos para o Brasil; provavelmente os números para a produtividade (em toneladas produzidas por empregado) sejam menores devido à menor automação de nossas indústrias de beneficiamento e processamento das argilas industriais.
	A Tabela 8.5 apresenta os principais métodos de processamento industrial das "Argilas industriais" nos quais estão baseadas as especificações ou normalizações oficiais e privadas, e os preços correntes respectivos. A Tabela 8.6 lista as formas comerciais das argilas industriais nos EUA em 1968; quase todas essas formas podem ser encontradas nas "Argilas industriais"fabricadas correntemente no Brasil em 1973.
Tabela 8.5 - Principais métodos de processamento industrial de argilas industriais, nos quais estão baseados as especificações e preços (Cooper, 1970)
Caulim
Fragmentação ou tributação (crushing)
Desagregação ou dispersão com deflocutante (blunging with dispersant)
Sedimentação grosseira (rough sedimentation)
Fracionamento em água (water fractionation)
Ultraflutuação (ultra flotation)
Alvejamento (acid treatment)
Calcinação (calcination)
Flutuação com ar (air flotation)
Delaminação (attrition griding)
Terras fuler
Desagregação ou dispersão
Extrusão (extruding)
Secagem
Trituração (crushing)
Moagem (grinding)
Classificação granulométrica
"Ball-clay"
Secagem (drying)
Fragmentação úmida (shredding)
Pulverização (pulverizing)
Flutuação com ar
Artila refratária ("fire-clay")
Fragmentação ou trituração
Calcinação
Misturada dosada (blending)
Bentonita
Exposição ao tempo
Maturação; cura (weathering)
Secagem
Moagem (grinding0
Classificação granulométrica (sizing)
Granulação (granulation)
Aditivos para troca de cátions (additives for cation exchange)
Argilas para usos diversos
Trituração
Desagregação ou dispersão
Extrusão
Secagem
	Os dados abaixo representam uma tentativa de síntese da quantificação da fabricação de produtos acabados cerâmicos no Brasil, por ano:
Produto
1964
1970
1972
Azulejos
13,6 x 106 m2
26,4 x 106 m2
33,8 x 106 m2
Pisos
490000 m2
14,4 x 106 m2
15,0 x 106 m2
Refratários
25000 t
168000t
185000t
Sanitários
2,7 x 106 peças
3,0 x 106 peças
3,8 x 106 peças
Cimento
6,6 x 106t
9,8 x 106t
11,4 x 106t
xxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxx
xxxxxxxxxxxxxxxxx
Produto
Julho de 1973
 Até dezembro 1973
Azulejos
3,0 x 106 m2/mês
3,4 x 106 m2/mês
Pisos esmaltados
1,0 x 106 m2/mês
1,0 x 106 m2/mês
Sanitários
461000 peças/mês
500000 peças/mês
Pastilhas
434000 m2/mês
434000 m2/mês
Tabela 8.6 - Forma e principais usos de argilas industriais norte-americanas em1968 (Cooper, 
 1970).
Forma da argila industrial
Quantidade (em x 103t)
Usos industriais
Bruta, triturada
49000
Agregado leve; tijolos, telhas, manilhas, pisos, cimento, refratários
Moída, seca
2500
Louça; cargas, fluido de perfuração; pelotização de minérios de ferro, ligante de areias de fundição
Moída, lavada, seca
300
Carga; papel; louça
Moída, lavada, barbotina
200
Papel
Moída, purificada quimicamente, seca
1000
Papel; produtos químicos
Moída, modificada quimicamente
1000
Fluido de perfuração,ligante de areais de fundição; pelotização de minérios de ferro
Calcinada, granulada
200
Adsorventes, catalisadores, cargas
Moída, lavada, calcinada
600
Borracha, tinta, outras cargas
	O valor da produção cerâmica total nos EUA em 1972 foi de 14,631 bilhões de dólares; do total, os materiais cerâmicos brancos, vermelhos e refratários perfazem 7,9 bilhões de dólares; no Brasil, em 1972, a produção cerâmica foi de 500 milhões de dólares, nessa área, sendo considerada a quarta do mundo, excluídos os países socialistas. Mais dados sobre a produção de argilas no Brasil e respectivos preços encontram-se no Anuário Mineral e no Boletim de Preços do Ministério de Minas e Energia (1972, 1973).
	Será apresentada a seguir uma descrição desses principais tipos de argilas industriais; existe sempre um certo grau de superposição ou gradaçãoentreos vários tipos de argila; além disso, argilas podem parecer semelhantes entre si superficialmente, mas serem de tipos bem diferentes quanto à utilização industrial. Quanto à origem geológica e/ou à procedência geográfica de uma argila industrial é bem conhecida e bastante possível uma boa classificação dentro desses tipos industriais.
CAULINS OU "CHINA CLAYS":
	Na Inglaterra é feita uma distinção entre esses dois termos: a argila proveniente dosgranitos de Devon eCornwall é chamada china clay ou argila chinesa (Howe, 1954); argilas semelhantes, provenientes de outras localidades, são chamadas "caulins". Nos outros países da Europa somente o termo caulim é usado. Nos Estados Unidos, os dois termos são usados como sinônimos um do outro. No Brasil, apenas o termo "caulim"é usado (às vezes caolim; em Portugal é usado caolino - Serrano, 1973). São usados em cerâmica branca, papel, borracha, catalisadores, zeólitas e outros usos.
	Os caulins são o produto resultante da ação do intemperismo ou hidrotérmica sobre rochas feldspáticas; os que se encontram in situ, isto é, no lugar em que estava a rocha original são chamados "residuais"ou "principais", apesar de serem produtos de decomposição de rochas e conter grandes quantidades de restos da rocha matriz, tai como quartzo, mica e feldspato. Os caulins primários podem ser facilmente distinguidos dos caulins secundários ou transportados pelo teor de TiO2; às vezes, o teor de argilomineral é de apenas 10% a 15% no caulim primário. Se a argila for transportada por correntes fluviais e depois sedimentada, o material grosseiro da rocha matriz será eliminado e o caulim sedimentar tornar-se-á muito rico em argilominerais, atingindo teores superiores a 90% em argilominerais. Os argilominerais presentes nos caulins primários da caulinita e/ou haloisita, isolados ou de mistura em diversas proporções; nos caulins secundários, o argilomineral presente é geralmente a caulinita. Muito embora muitos caulins, primários ou secundários, sejam suficientementepuros para diversos usos industriais no estado bruto, a maioria deles deve ser refinada ou purificada por lavagem ou por outros processos (Huber, 1955; Agnello; Morris e Gunn, 1960; Murray, 1961; Souza Santos e Souza Santos, (1969).
	Existe uma certa variação nas cores dos caulins naturais: branca, creme, amarela, rosa; os caulins estrangeiros após o beneficiamento industrial (Huber, 1949; Agnello, 1960), que envolve tratamentos químicos para eliminar metais pesados, apresentam cores branca ou creme muito clara; no Brasil, as cores dos caulins beneficiados são geralmente as mesmas cores naturais, não sendo ainda de uso geral o branqueamento químico. Após queima em temperaturas superiores a 1000oC, os caulins beneficiados apresentam cores branca ou claras e ficam duros, sem vitrificarem totalmente; o cone pirométrico equivalente ou refratariedade é da ordem de CO ou refratariedade 33 (1743oC) a 35 (1785oC).
	O maior consumo dos caulins nos países industrializados estrangeiros é na indústria de papel, seguindo-se as indústrias de borrachae a cerâmica. Outros usos menores existem, como carga para plástico e linóleo, na indústria química, farmacêutica e de cosméticos. A Figura 8.2 apresenta dados sobre o consumo de caulins nos EUA para diversas finalidades. A Tabela 8.7 apresenta os preços dos diversos tipos de caulins nos EUA em 1969.
Figura 8.2 - Caulim vendido ou usado por produtores norte-americanos para usos específicos (adaptada de Wells, 1970).
Tabela 8.7 - Preços dos caulins nos EUA em dezembro de 1969, relacionados na revista "Oil, Paint and Drug Reporter" (29 de dezembro de 1969; Wells, 1970).
Caulim
1. Lavada e úmido, totalmente calcinado (a granel, vagões), FOB Geórgia, por tonelada, 
 US$60,00.
2. Parcialmente calcinado, mesma base, por tonelada US$50,00
3. Tipo para papel, não-calcinado, mesma base, por tonelada:
 Cobertura Nr.1 US$38,00-38,50
 Cobertura Nr.2 US$30,00-30,50
 Cobertura Nr.3 US$29,00-29,50
4. Carga, para fins gerais, mesma base, por tonelada, US$17,50-18,00
5. Delaminado, lavado a úmido, não calcinado, tipo para tintas 1 m de diâmetro médio, 
 mesma base, por tonelada, US$ 62,00.
6. Moído a seco, flutuado com ar, mesma base, por tonelada, US$12,50
7. Farmacêutico (U.S. National Formulary), em pó, sacos de 50 lb. em lotes de 5000 lb, posto na fábrica, por libra, US$0,06-0,75.
8. Farmacêutico (U.S.National Formulary), coloidal, tambores de 150 lb. na fábrica, por libra, US$0,16-0,50.
	No Brasil, o maior uso de caulim é ainda em cerâmica. A Figura 8.3 apresenta dados sobre a produção de caulim no Brasil, reproduzidos no 1o. Anuário Mineral Brasileiro, 1972 (MME-DNPM).
Figura 8.3 - Produção de caulim no Brasil (do 1o. Anuário Mineral Brasileiro, 1972, pp. 20-21 - MME-DNPM).
	Os maiores produtores de caulins do mundo são: Inglaterra (Devon e Cornwall); Tchecoslováquia (Zettlitz e Pilsen); Alemanha (Kemmlitz, Halle, Dresden e Baviera); China (Chimem, Kiangsi, Anhevei); Estados Unidos (Carolina do Sul e do Norte, Virginia, Geórgia); França (Allier, Drôme, Bretagne, Drodogne), Índia e URSS. A Tabela 8.8 apresenta os dados da produção mundial de caulins entre 1967 e 1969; pode-se verificar nessa tabela que a produção do Brasil é bastante próxima da Tchescoslováquia, situando-se como oitavo produtor de caulim do mundo.
	No Brasil, existem depósitos de caulim de origem pegmatítica ou granítica no nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco - primários), Bahia (secundários), Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, todos em exploração comercial, geralmente para cerâmica, borracha, papel e outros usos menores (Souza Santos e Souza Santos, 1969).
	As especificações de uso dos caulins são baseadas no método de preparação ou purificação industrial e em características físicas e químicas específicas das indústrias a que se destinam (Huber, 1949; Agnello e colaboradores, 1960; Murray, 1961).
	Os caulins constituidos quase que exclusivamente por caulinita são empregados largamente nas indústrias químicas. Seu maior uso é como cobertura e material de carga na indústria de papel e nas indústrias cerâmicas de alta especialização. Elas encontram ainda usos em muitos outros produtos, tais como: tintas, borracha e plásticos. Para cada um desses usos há especificações muito rígidas. O produtor de caulim bem sabe que nem todos os caulins cobrem as especificações para todas as aplicações.
	Os caulins usados para dar cobertura ao papel devem produzir uma camada lisa, branca e alto brilho: foi demonstrado por Murray e Lyons (1956, 1959), que a cristalinidade da caulinita e sua capacidade emse fragmentar em unidades de determinados tamanhos são fatores determinantes dessas propriedades.
Tabela 8.8 - Produção mundial de caulim por países (em x 103tc) (adaptada de Wells, 1970)
País
1967
1968
1969
América do Norte
 México
87
83
99
 Estados Unidos
3973
4201
4739
América do Sul
 Argentina
71
80
Não Acc.
 Brasil
260
324
384
 Chile
32
29
46
 Colômbia
12
93
97
 Equador
-
1
N.A.
 Peru
-
1
N.A.
Europa
 Áustria
108
106
110
 Bélgica
109
110
N.A.
 Bulgária
138
140
148
 Tchecoslováquia
360
376
390
 Dinamarca (bruto)
17
17
17
 Dinamarca (lavado)
3
3
3
 Fraça
483
374
490
 Alemanha Oriental
445
451
480
 Grécia
77
77
66
 Hungria
73
73
70
 Itália (bruto)
97
90
106
 Itália (argia caulinítica)
17
10
N.A.
 Portugal
41
45
45
 Romênia
55
55
55
 Espanha
238
250
250
 Suécia
32
31
30
 URSS
1900
1900
2000
 Grã-Bretanha
2901
3094
3000
África
 Etiópia
8
14
14
 Quênia
2
1
2
 Moçambique
1
N.A.
1
 Nigéria
N.A.
N.A.
1
 República da África do Sul
36
36
37
 Swazilândia
2
2
2
 Tanzânia
N.A. 
1
1
 Egito
35
34
N.A.
Ásia
 Ceilão
3
3
3
 Hong Kong
9
6
5
 Índia
565
558
621
 Japão
166
187
208
País
1967
1968
1969
Ásia - continuação
 Coréia do Sul
113
133
150
 Líbano
3
N.A.
3
 Malásia
2
2
2
 Paquistão
3
3
3
 Formosa
68
N.A.
12
Oceania
 Austrália
73
66
70
Total
12627
13160
13747
	É prática comum na indústria do caulim (Huber, 1949) o branqueamento químico (ditionito de sódio e hidrossulfito de zinco) das argilas por um processo que reduz o ferro e, parcialmente, o dissolve até o branqueamento exigido. É sabido que existem grandes depositos dos chamados caulins cinzas da Geórgia nos Estados Unidos, os quais não se adaptam a este processo pela presença de óxido de titânio em forma de partículas extremamente pequenas de anatásio, o que lhes restringe a alvura e o brilho que costumam ser conseguidos pelo processo usual de lixiviação química. Anatásio é encontrado frequentemente nos caulins secundários em quantidades de alguns por cento. Greene, Duke e Hunter (1961) idealizaram um processo de ultraflutuação para a separação de anatásio extremamente fino. Neste processo, a barbotina de caulins em suspensão aquosa é tratada com um reagente capaz de seletivamente envolver com óleo a caulinita e um determinado mineral auxiliar, tal como a calcita, também é enolvida pelo óleo e seletivamente promove a flutuação e a separação da caulinita do anatásio; o mineral auxiliar pode ser facilmente separado da argila e recirculado. Estes mesmos pesquisadores patentearam uma modificação do seu processo de ultraflutuação para a lixiviação de certos caulins cinzas: neste processo o caulim cinza é inicialmente tratado com gás sulfídrico, que transforma o componente corante em unidades removíveis pelo processo de ultraflutuação.
	As máquinas modernas de fabricação de papel operam a uma alta velocidade e, em consequência, a operação de cobertura exige uma suspensão (tinta) de caulim da mais alta concentração, a mais baixa viscosidade e a menor abrasividade possíveis. Alguns caulins contém pequenas quantidadesde montmorilonita, a qual aumenta substancialmente a viscosidade e restringe seu uso como material de cobertura de papel. Há, contudo, exemplos de caulinitas puras que apresentam grandes variações nas características de viscosidade de suas suspensões aquosas, que não conseguem ser detectads pelas técnicas analíticas usuais, isto é, a análise química, difração de raios-X, microscopia eletrônica, distribuição granulométrica, análise termodiferencial e espectroscopia no infravermelho.
	Millman (1951) demonstrou que o tratamento mecânico (delaminação) de alguns caulins brutos de alta viscosidade com suficiente adição de água para fornecer uma massa pastosa para passar em maromba ou aparelho semelhante tendia a reduzir a viscosidade dos mesmos; segundo Millman, tal operação tenderia a separar as partículas por cisalhamento ao longo do seu plano de crivagem, reduzindo, assim, o tamanho das partículas e a viscosidade. Esta operação foi colocada em escala piloto pelo U.S.Bureau of Mines e é, atualmente, usada para produzir industrialmente o "caulim delaminado para papel".
	A explicação para as variações de viscosidade das argilas constituídas por caulinita pura deve residir em agluns fenômenos de superfície ou, mais provavelmente, na morfologia das partículas de caulinita, que até agora escaparam à observação. Foi proposta a teoria de que os caulins de alta viscosidade contêm partículas com arestas irregulares ou ásperas, as quais se prestama reter pequena, mas importante quantidade de água rígida ou presa, que não servirá como separadora das partículas de caulinita. O efeito direto resultante é o de que uma parte de água adicionada para produzir o sistema de água + caulim torna-se um processo segundo o qual o caulim é, ao mesmo tempo, autoclavado e trabalhado numa condição plástica visando à eliminação das arestas franjadas (Grim, 1963).
	Foi demonstrado que as variações fundamentais nas características cristalográficas das partículas de caulinita são importantes na sua utilização industrial: Murray e Lyons (1959) demonstraram que as partículas de caulinita bem cristalizadas desenvolvemagulhas de mulita de tamanho intermediário que tendem a refletir opefil hexagonal dos cristais de caulinita. Por outro lado, caulinitas mal cristalizadas, quando submetidas a temperaturas bastante altas, formam grandes cristais de mulita que não reproduzem o reticulado hexagonal da estrutura cristalina. Infere-se daí que essas variações apresentam importância nas propriedades refratárias de tais argilas. Lyons (1960) demonstrou que certas propriedades cerâmicas dos caulins são consequência do tamanho dos empilhamentos ou livros (booklets) de caulinita e de sua tendência a expandir quando aquecidos a determinadas temperaturas; Lyons sugere que pode ser conseguido um caulim de propriedades cerâmicas superiores pelo fracionamento do mesmo acima e abaixo de 2m. A fração grossa é aquecida entre 600 e 1000oC para provocar o máximo de expansão dos livros de caulinita, sendo as duas frações recombinadas a seguir e misturadas em proporções que podem variar dependendo das propriedades cerâmicas específicas desejadas.
"BALL-CLAYS"
	As ball-clays são usadas em cerâmica branca onde conferem elevada plasticidade e resistência mecânica à "massa cerâmica", isto é, caulim + ball-clay + feldspato + quartzo em partes aproximadamente iguais. O termo ball-clay ou argila "bola" teve origem na plasticidade extremamente elevada dessas argilas que permite que as mesmas sejam facilmente roladas em bolas: na mineração manual, em degraus, a céu-aberto, cubos de argilas eram rolados por gravidade a partir dos degraus de onde eram cortados até serem carregados em vagões; as ball-clays são também chamadas "argilas plásticas para cerâmica branca"; contudo, nem todas as argilas plásticas para cerâmica branca são ball-clays; as argilas para louça (stoneware clays) descritas no ítem seguinte são argilas plásticas para cerâmica branca, mas não têm todas as propriedades das ball-clays, especialmente as relativas à defloculação e barbotinas. Segundo nossa opinião, as ball-clays e as stoneware clays poderiam constituir um único grupo: argilas plásticas para cerâmica branca com essas duas subdivisões.
	As argilas sedimentares do tipo ball-clays típicas são compostas essencialmente por caulinita lamelar, de perfil hexagonal, muito fina, isto é, a espessura das placas hexagonais, com teores variáveis de ilita, mica, quartzo e montmorilonita, contém também teores apreciáveis de matéria orgânica. São geralmente de granulometria mais fina do que os caulins secundários transportados, tendo geralmente mais de 70% em massa de partículas de diâmetro equivalente inferior a 2 m: e são geralmente tomadas como padrões de elevada plasticidade e de resistência mecânica a cru.
	As ball-clays, no estado natural, variam da cor creme-escura ou rosada até várias tonalidades de cinza e preto: as ball-clays mais exploradas comercialmente na Grã-Bretanha e nos EUA são as de cor preta e azulada (blue ball-clays). Após queima acima de 1000oC, apresentam cores claras, porém mais escuras que as dos caulins, após queima na faixa 1000oC-1250oC, as ball-clays tornam-se bastante densas e vitrificadas; o cone pirométrico equivalente está entre CO 30 e 34, o que lhes permite ser classificadas também como argilas refratárias, como serávisto mais adiante.
	Os usos principais são em cerâmica branca e como carga; as especificações estão baseadas nos métodos de beneficiamento (argila bruta; argila fragmentada; argila moída; argila beneficiada em ciclones de ar) e em propriedades cerâmicas específicas, como os caulins.
	O maior produtor de ball-clays é a Inglaterra (Devon e Dorset), que as exporta para todo o mundo, inclusive Estados Unidos; os Estados Unidos possuem depósitos de ball-clays em Tennessee, Kentucky,Missouri e Mississipi. O Brasil não importa ball-clays; essas argilas aqui recebem o nome genérico de "argilas plásticas para cerâmica branca"; o depósito que supre toda a indústria de cerâmica branca do sul do Brasil está nas margens do Rio Tamanduá no município de São Simão (SP) e a argila é constituída por placas de espessura fina e placas de diâmetro muito menor, ambas de caulinita; outros depósitos existem em Oeiras (PI), que suprem Recife (PE), (Souza Santos, Kapel e Souza Santos, 1962). As argilas plásticvas de Suzano, Ribeirão Pires, Santo Ângelo, Itaquaquecetuba (SP), de Magé (RJ), de Bugre (PR) e de Dias d'Ávila e Camaçari (BA), usadas na cerâmica branca, não têm todas as propriedades tecnológicas na cerâmica para sanitários das ball-clays típicas, apesar da baixa granulometria; provavelmente seja devido à distribuição granulométrica inadequada comparada com a argila de São Simão.
ARGILAS REFRATÁRIAS
	As argilas refratárias são usadas na fabricação de materiais refratários sílico-aluminosos e aluminosos, e como ligantes em outros produtos refratários. A classificação do Bureau of Mines inclui no mesmo item argilas refratárias (fire clays) e argilas para louça doméstica (stoneware clays); argilas para louça são argilas que podem ser usadas, isoladamente, na fabricação de utensílios domésticos, como vasos, panelas, jarros, xícaras e canecas. As argilas para louça doméstica não representam uma classe bem definida porque os produtos cerâmicos que são fabricados com elas são muito diversos, indo desde utensílios para cozinha e para uso doméstico até cerâmica ornamental; os produtos são feitos em queima única, às vezes recobertos com um vidrado de argila de baixo ponto de fusão (slip clay) ou por salga com cloreto de sódio, como no caso de manilhas; a cor da argila após a queima a 900oC-1000oC é geralmente cinza, creme-escura ou mesmo branca; algumas ball-clays podem ser também incluídas nesse grupo. São argilas geralmente secundárias, essencialmente cauliníticas,com teores apreciáveis de quartzo, mica e matéria orgânica e, às vezes, de montmorilonitas e/ou ilitas, inclusive emcamadas interestratificadas.
	Segundo as normas técnicas brasileiras (ABNT, 1961), sãorefratárias as argilas que apresentam refratariedade ou cone pirométrico equivalente, igual ou superior ao CO 15 (1430oC).O termo fire clay é considerado sinônimo de refractory clay e é traduzido como argila refratária; nos Estados Unidos e Inglaterra, existe uma tendência a aplicar o termo fire clay às argilas refratárias associadas ou intercaladas entre camadas de carvão (coal messures) e o termo refractory clay às argilas refratárias de outras origens geológicas, especialmente as altamente aluminosas, isto é, argilas cauliníticas nodulares ricas em hidróxido de alumínio. Especialmente nos Estados Unidos, as argilas refratárias são classificadas comercialmente em: a) plástica; b) semiflint ; c) flint nodular; a classificação é baseada na plasticidade e dureza relativas, e, por coincidência, dá uma boa indicação do cone pirométrico Orton equivalente; flint entre CO 35 e 38; semiflint entre CO 30 e 35; e as plásticas entre CO 26 e 30. As diferenças básicas entre vários tipos dependemda presença e das proporções relativas de argilominerais, como caulinita, ilita, montmorilonita (inclusive em camadas mistas), haloisita, diquita e hidróxidos de alumínio, como gibsita, boemita, diásporo e cliaquita, além de quartzo, sílica coloidal e matéria orgânica. As cores após queima a 1250oC-1450oC são diversas, indo do rosa, creme até o cinza.
	Para uso na fabricação de refratários, as argilas devem ter um cone pirométrico equivalente aceitável, mas também devem satisfazer a características químicas e cerâmicas específicas. Nos Estados Unidos, as argilas para a fabricação de refratários classificam-se, segundo o U.S.Bureau of Mines (Cooper, 1970), em função do cone pirométrico equivalente, o qual é também o do refratário que se quer fabricar, usando unicamente essa argila: a) superduty - CO superior a 33 (1743oC); high-duty - entre CO 31,5 e 33 (1699oC e 1743oC); medium duty - entre CO 25 e 31,5; e low-duty - CO entre 15 (1430oC) e 25; o termo duty dessa classificação pode ser traduzido como "para emprego em condições", que podem ser leves, médias, elevadas ou superelevadas.
	A American Society for Testing and Materials (ASTM, 1969) classifica os refratários sílico-aluminosos e aluminosos em classes, em função de propriedades químicas e físicas; nessa classificação, o cone pirométrico Orton equivalene mínimo é o seguinte para cada classe: low-duty - CO 15; medium duty - CO 29; high duty - CO 31,5; superduty CO 33; 50% de alumina - CO 34; 60% de alumina - CO 35; 70% de alumina - CO 36; e 80% de alumina - CO 37. A classificação da ASTM de argilas refratárias para assentamento de tijolos refratários (C-105-47) é a seguinte, em função do cone pirométrico equivalente mínimo de cada classe, superduty - CO31; high-duty - CO 27 a 29; medium-duty - CO 26; e low-duty - CO 16. Dessa forma, pode-se ver que não existe uma uniformidade de classificação entre os norte-americanos, muito embora a ordem de grandeza do cone pirométrico mínimo associado aos termos low, mediu, high e superduty não varie mais do que 2 a 3 conex pirométricos Orton.
	As argilas refratárias não são geralmente exportadas e sim os materiais refratários delas produzidos. Os depósitos mais importantes dos Estados Unidos acham-se nos Estados de Ohio, Pensilvânia, Missouri, Kentucky, Califórnia, Indiana e Illinois (Norton, 1973).
	O Brasil tem jazimentos* de argilas refratárias em São Paulo (Guarulhos, Ribeirão Pires, Suzano, Mogi das Cruzes), Minas Geais (Caeté, Poços de Caldas, Uberaba e Montes Claros), Paraná (Figueiras) e Santa Catarina (Criciúma) (Menezes e Bittencourt, 1966). A Figura 8.4 apresenta a produção de argilas (não especificadas) no Brasil reproduzida do 1o. Anuário Mineral Brasileiro, 1972 (MME-DNPM).
*Jazimento mineral é toda massa mineral suscetível de ser explorada economicamente. Jazida é o jazimento já sendo minerado.
Figura 8.4 - Produção de argila (não especificada) no Brasil (1o. Anuário Mineral Brasileiro, 1972, po. 20-21 - MME-DNPM).
	Muitas argilas com nomes comerciais são argilas refratárias - wad, sagger, crucible, retort, glass-pot são exemplos; a argila Grossalmerode é uma argila refratária especial alemã exportada para todo o mundo, para a construção de cadinhos ou panelas para a fabricação de vidros especiais (glass pot clay).
BENTONITAS
	O nome "bentonita" foi dado em função do depósito descoberto em folhelhos argilosos do Fort Benton, Wyoming (EUA), onde essa argila foi pela primeira vez caracterizada como um tipo especial de argila. Todos os tipos de bentonita têm algum ou vários argilominerais do grupo da montmorilonita ou esmectita, com argilomineral predominante. As argilas que contém a maior porcentagem de montmorilonita são as bentonitas e as terras fuler. Nos Estados Unidos, especialmente em função da definição de Ross e Shannon (1926), considera-se como bentonita as montmorilonitas que são provenientes da alteração in situ de cinzas vulcânicas; as terras fuler podem ou não provir de alteração de cinzas vulcânicas.
	De uma maneira geral, existemdois tipos de bentonitas segundo a conceituação norte-americana: bentonitas que incham (swelling bentonite) e bentonitas que não incham (non-swelling bentonites); não confundir o termo "inchamento"(swelling), que é uma propriedade macroscópica em meio aquoso com o termo "expansão basal" (layer expansion), que é uma propriedade cristalina estrutural do plano basal (001) específica dos argilominerais montmoriloníticos. As bentonitas que não incham compreendem argilas que costumam ser chamadas meta ou sub-bentonitas, que, além de montmorilonita,costumam conter argilominerais decamadas mistas ilita-montmorilonita.
Bentonitas que incham ("swelling")
	Essas argilas são caracterizadas por sua propriedade específica de inchar até vinte vezes o volume da argila seca, quando imersas em águas; uma vez colocada em água e expandida, a argila entra em suspensão formando espontaneamente um sol ou gel tixotrópico, permanecendo em suspensão estável por meses. Esse é um ensaio que é específico para identificar esse tipo de argila, pois nenhuma outra apresenta essa propriedade.
	A cor das bentonitas na natureza varia da branca ao creme, sendo geralmente creme-esverdeada; cores cinza, verde e rosa podem também ser encontradas. O cone pirométrico equivalente é geralmente inferior a CO 12. Analisada quimicamente, as bentonitas apresentam teores apreciáveis de metais alcalinos e alcalino-terrosos; o sódio é o cátions trocável predominante na bentonita de Wyoming. Essas bentonitas sódicas formaram-se pela alteração in situ de cinzas vulcânicas ácidas depositadas em ambiente lacustre, rico principalmente em sais sódicos. As bentonitas sódicas possuem maior número de usos individuais e diversos do que qualquer outro tipo de argila; são usadas em cerâmica, em metalurgia, em indústrias químicas, de petróleo e farmacêuticas.
	A maior produção de bentonita sódica provém de Wyoming, Dakota do Sul e Montana, nos EUA; no Canadá há depósitos semelhantes emSaskatchewan, próximo a Dakota do Norte e Montana. No Brasil, não se conhece até o presente depósito de bentonita essencialmente sódica; a montmorilonita de Boa Vista (PB) é policatiônica, contendo porcentagem apreciável de sódio trocável.
Bentonitas que não incham
	São idênticas em composição mineralógica às bentonitas que incham, diferindo nos cátions trocáveis, que são predominantemente cálcio e magnésio neste tipo que não incha ou um grau elevado de magnésio ou ferro em uma bentonita sódica destrói a propriedade de inchar e dispensar espontaneamente em água, além da tixotropia; a argila sedimenta e permanece precipitada ou "floculada", não formando géis tixotrópicos (isto é, não mais defloculam espontaneamente em água). Se o cálcio e o magnésio forem trocados totalmente pelo sódio, a propriedade de inchamento e de dispersão espontânea em água é adquirida se o magnésio e o ferro em substituição isomórfica forem em baixa proporção. Muito embora haja usos que são comuns a ambos os tipos de bentonitas, existe umuso que é específico

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