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MEP-PT 80h final 2014.2

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1 
 
 
 
ALUNO: ________________________________________________ RA: _____________ 
 
CURSO _______________________________________________ SALA ____________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
METODOLOGIA DE PESQUISA E PRODUÇÃO DE TEXTO 
 
Material organizado pelos professores: 
Adriana Ap. de Oliveira, Chafiha Maria Suiti Laszkiewicz, Jacy do Nascimento Floriano, Lígia Ramo de Souza, Maria Aparecida S. Salim, 
Silvana Boscolo, Werr Lucilaine Nunes de Assis 
 
 
 
 
 
2º SEMESTRE DE 2014 
2 
 
 
 
1. LÍNGUA, LINGUAGEM E FALA 
A Língua pode ser definida como um código formado por signos (palavras) e leis 
combinatórias usados por uma mesma comunidade. 
 
 
 
Por sua vez, a linguagem serve como instrumento de comunicação que faz uso de um 
código, permitindo, assim, a interação entre as pessoas - é a atividade comunicativa. 
As linguagens apresentam características próprias de composição para adequarem-se 
aos veículos específicos, aos receptores, às épocas e às situações determinadas - são os 
diversos tipos de linguagem: linguagem de teatro, linguagem de programação, linguagem de 
cinema, linguagem popular. 
Há inúmeros tipos de linguagem: a fala, os gestos, o desenho, a pintura, a música, a 
dança, o código Morse, o código de trânsito. 
 As linguagens podem ser organizadas em dois grupos: a linguagem verbal, modelo de 
todas as outras, e as linguagens não verbais. A linguagem verbal é aquela que tem por unidade 
a palavra; as linguagens não verbais têm outros tipos de unidade, como o gesto, o movimento, 
a imagem. 
Cada indivíduo pode fazer uso próprio e personalizado da língua, dando origem à fala, 
embora esta prática deva estar sempre condicionada às regras socialmente estabelecidas da 
língua. 
Nesse sentido convém ressaltar que a colocação das palavras na frase e a mudança de 
relação entre elas são fatores de mudança de significado. Além disso, a leitura dos sinais de 
pontuação é também significativa, influenciando todo o significado de um enunciado. 
 
 
 
 
 
2. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E NORMA 
Quanto maior o domínio que temos da língua, maior é a possibilidade de um 
desempenho linguístico eficiente. 
Língua: sistema de signos, pertencente a toda uma comunidade de falantes. 
Linguagem: é a faculdade humana através da qual o homem se comunica. 
Fala: é o uso que cada indivíduo faz da língua comunitária. 
 
(NICOLA, de José & INFANTE, Ulisses. Gramática Contemporânea da Língua Portuguesa.. 15. ed. 
São Paulo, Scipione, 2003.) 
3 
 
 
Como falantes da Língua Portuguesa, percebemos que existem situações em que a 
língua apresenta-se sob uma forma bastante diferente daquela que nos habituamos a ouvir em 
casa ou nos meios de comunicação. Essa diferença pode manifestar-se tanto pelo vocabulário 
utilizado, como pela pronúncia ou organização da frase. 
Nas relações sociais, observamos que nem todos falam da mesma forma. Isso ocorre 
porque as línguas naturais são sistemas dinâmicos e extremamente sensíveis a fatores como, 
por exemplo, a região geográfica, o sexo, a idade, a classe social dos falantes e o grau de 
formalidade do contexto. Essas diferenças constituem as variações linguísticas. 
Entre as variedades da língua, há uma que tem maior prestígio: a variedade padrão 
conhecida também como língua padrão e norma culta. Essa variedade é utilizada nos livros, 
jornais, textos científicos e didáticos e é ensinada na escola. As outras variedades linguísticas 
são chamadas de variedades não padrão. 
Observe no quadro abaixo as especificidades de cada variação: 
P
ro
fi
s
s
i
o
n
a
l 
No exercício de algumas atividades profissionais, o domínio de certas formas 
de línguas técnicas é essencial. As variações profissionais são abundantes em 
termos específicos e têm seu uso restrito ao intercâmbio técnico. 
S
it
u
a
c
io
n
a
l As diferentes situações comunicativas exigem de um mesmo indivíduo 
diferentes modalidades da língua. Empregam-se, em situações formais, 
modalidades diferentes das usadas em situações informais, com o objetivo de 
adequar o nível vocabular e sintático ao ambiente linguístico em que se está. 
G
e
o
g
rá
fi
c
a
 
Há variações entre as formas que a língua portuguesa assume nas diferentes 
regiões em que é falada. Basta prestar atenção na expressão de um gaúcho 
em contraste com a de um amazonense. Essas variações regionais constituem 
os falares e os dialetos. Não há motivo linguístico algum para que se considere 
qualquer uma dessas formas superior ou inferior às outras. 
S
o
c
ia
l 
O português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios 
de instrução difere do português empregado pelas pessoas privadas de 
escolaridade. Algumas classes sociais, assim, dominam uma forma de língua 
que goza prestígio, enquanto outras são vitimas de preconceito por 
empregarem estilos menos prestigiados. Cria-se, dessa maneira, uma 
modalidade de língua - a norma culta -, que deve ser adquirida durante a vida 
escolar e cujo domínio é solicitado como modo de ascensão profissional e 
social. 
4 
 
 
Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns 
grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão por aqueles que não 
fazem parte do grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o 
reconhecimento fácil dos integrantes de uma comunidade restrita. Assim se 
formam, por exemplo, as gírias, as línguas técnicas. Pode-se citar ainda a 
variante de acordo com a faixa etária e o sexo. 
 
Do ponto de vista estritamente linguístico, não há nada nas variedades linguísticas que 
permita considerá-las boas ou ruins, melhores ou piores, feias ou bonitas, primitivas ou 
elaboradas. 
Dino Preti, autor e professor da PUC-SP, em reportagem na Folha de S. Paulo, afirma 
não haver mais linguagens puras ou padrões melhores ou piores. “O que existem são 
variações. A linguagem culta é ideal em certas condições e, em outras, não. Até palavrão é 
ideal algumas vezes.” O falante culto, afirma, não é o que conhece a gramática, mas o que 
sabe se adaptar às variações de linguagem, de acordo com cada situação. “Uma coisa é o 
especialista usar ‘deletar’ entre colegas, outra é ostentar o fato de ser um técnico em 
computação” (Folha de S. Paulo, 24 jun. de 2003.). 
Seja na fala seja na escrita, a linguagem de uma pessoa pode variar, ou seja, passar de 
culta ou padrão à coloquial ou até mesmo à vulgar. O gramático Evanildo Bechara ensina que é 
preciso ser “poliglota de nossa língua”. Poliglota é a pessoa que fala várias línguas. No caso, 
ser poliglota do português significa ter domínio do maior número possível de variedades 
linguísticas e saber utilizá-las nas mais diferentes situações. 
A linguagem culta é aquela utilizada pelas pessoas de instrução, niveladas pela escola. 
Ela é mais restrita, pois constitui privilégio e conquista cultural de um número reduzido de 
falantes. 
Já a linguagem coloquial pode ser considerada um tipo de linguagem espontânea, ou 
seja, utilizada para satisfazer as necessidades vitais do falante sem muita preocupação com as 
formas linguísticas. É a língua cotidiana, que comete pequenos – mas perdoáveis – deslizes 
gramaticais. 
A linguagem vulgar, porém, é própria das pessoas sem instrução. É natural, expressiva, 
livre de convenções sociais. 
5 
 
 
 
OBSERVE: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sapassado, era sessetembro, 
 
 taveu na cuzinha tomando uma 
 
 pincumel e cuzinhando um 
 
 kidicare cumastumate pra fazeruma macarronada cum 
 
 galinhassada. Quascaí de susto 
 
 quanduvi um barui vinde 
 
 denduforno parecenum tidiguerra. 
 
 A receita mandopô midipipoca 
 
 denda galinha prassá, 
 
 O forno isquentô,o mistorô e o 
 
 fiofó da g alinhispludiu! 
 
 Nossinhora! Fiquei brando quinein 
 
 um lidileite. Foi um trem doidimais! 
 
 Quascaí dendapia! Fiquei 
 
 sensabê doncovim, noncotô, 
 
 proncovô. Ópceve quilocura! 
 
 Grazadeus ninguem semaxucô! 
 
 
 
 
6 
 
 
 
La Vie en Rose 
 
Adão Iturrusgarai Folha de São Paulo, 11 de agosto de 2007. 
 
Identifique a região em que cada um dos assaltos teria ocorrido: 
 
Ei, bichim. Isso é um assalto. Arriba os braços e num se bula ....e num faça munganga. 
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim se não enfio a peixeira no teu bucho e boto teu 
fato pra fora. Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia. 
 
Ô sô, prestenção: isso é um assarto, uai: Levanta os braço e fica quetin quesse trem na minha 
mão tá cheio de bala . Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! 
Ta esperando o que , uai! 
 
O gurí, ficas atento: Báh, isso é um assalto: Levantas os braços e te aquieta, tchê ! Não tentes 
nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas prá cá ! E te 
manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala. 
 
Seguiiiinnte, bicho: Tu te. Isso é um assalto... Passa a grana e levanta os braços rapá. Não fica 
de bobeira que eu atiro bem .... Vai andando e se olhar pra traz vira presunto. 
 
Ô meu rei. (longa pausa) Isso é um assalto. (longa pausa) Levanta os braços, mas não se 
avexe não. (longa pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado: Vai 
passando a grana, bem devagarinho (longa pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas 
é pra não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho (longa pausa) Vou deixar teus 
documentos na encruzilhada. 
 
7 
 
 
Ôrra, meu: Isso é um assalto, meu. Alevanta os braços, meu: Passa a grana logo, meu! Mais 
rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do 
Curintia, meu: Pô, se manda, meu: 
 
Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, 
aumentaremos as seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, IPTU, 
IPVA, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, Imposto de Renda, IPI, 
CMS, PIS, COFINS, mas não se preocupe, somos PENTA!!!! 
(http://www.osvigaristas.com.br/textos/listas/84.html) 
 
3. TEXTO VERBAL E NÃO-VERBAL 
A capacidade humana ligada ao pensamento que se manifesta por meio de palavras (verbum, 
em latim) de uma determinada língua caracteriza o texto ou linguagem verbal. 
Existem, porém, outras formas de linguagem de que o homem lança mão para representar o 
mundo, expressar-se, comunicar-se: os gestos, a música, a pintura, a mímica, as cores. Trata-se da 
linguagem ou do texto não-verbal. 
É possível apontar semelhanças e diferenças entre os dois tipos de textos. A análise criteriosa 
(leitura) dos signos utilizados nos textos não-verbais permite que o sentido seja apreendido e que se 
estabeleça comunicação, mesmo que a correspondência não seja absoluta e um mesmo tipo de 
mecanismo assuma contornos específicos em cada tipo de linguagem. 
A utilização de recursos não-verbais na comunicação é frequente e exige que o leitor esteja 
atento a essas formas de interação que, muitas vezes tomam o lugar dos textos verbais -ou a eles se 
associam -com o objetivo de produzir sentido de maneira mais rápida e eficiente – é o caso das tabelas, 
dos gráficos, dos sinais de trânsito, charges. 
Observe a mensagem transmitida com pelas charges abaixo: 
 
 
http://www.outrafrequencia.org/2012/04/charge-evolucao.html 
8 
 
 
EXERCÍCIO 
A capa da revista Veja, apresentada abaixo, associa a linguagem verbal e a linguagem não-verbal. 
Analise-a e, a seguir, indique e comente a mensagem transmitida. 
22/06/2005. 
 
(http://veja.abril.com.br/busca/resultadoCapas) 
 
http://veja.abril.com.br/161209/sumario.shtml 
 
9 
 
 
Gráficos de colunas 
Em gráficos de colunas, as categorias são geralmente organizadas ao longo do eixo horizontal, 
e os valores ao longo do eixo vertical. 
Exemplo: 
 
Gráficos de pizza 
Dados que estejam organizados apenas em uma coluna ou linha em uma planilha podem ser 
plotados em um gráfico de pizza. Gráficos de pizza mostram o tamanho de itens em uma série 
de dados, de modo proporcional à soma dos itens. Os pontos de dados em um gráfico de pizza 
são exibidos como um percentual de toda a pizza. 
Exemplo: 
 
http://office.microsoft.com/pt-br/excel-help/tipos-de-graficos-disponiveis-HA001233737.aspx#BMcolumncharts 
 
Infográficos 
 
Recentemente nos deparamos com inúmeros infográficos expostos na TV, nas mídias 
eletrônicas, revistas, jornais entre outros. A Infografia ou infográficos são representações 
visuais de informação. Esses gráficos são usados onde a informação precisa ser explicada de 
forma mais dinâmica, como em mapas, jornalismo e manuais técnicos, educativos ou 
científicos. 
10 
 
 
 
 
Infográfico - Evolução 2011/2013 da atitude e da percepção de motoristas e pedestres 
 
http://www.cetsp.com.br/consultas/zona-de-maxima-protecao-ao-pedestre-zmpp/infografico-evolucao-2011-2013-da-atitude-e-da-percepcao-
de-motoristas-e-pedestres.aspx 
 
As raízes da infografia têm sua origem na 
pré-história. Os primeiros mapas foram 
criados milênios antes da escrita. Os mapas 
mais antigos que se conhece foram 
encontrados na antiquíssima cidade de Çatal 
Hüyük, na Turquia, e datam de cerca de 
6200 a.C., estando pintados numa parede. 
Em 1626, Christoph Scheiner publicou Rosa 
Ursina sive Sol, contendo uma variedade de 
gráficos para mostrar sua pesquisa 
astronômica sobre o sol. Ele usou uma série 
de imagens para explicar a rotação do sol no 
tempo (por manchas solares). 
http://galileo.rice.edu/sci/scheiner.html 
 
11 
 
 
 
4. ESTRATÉGIAS DE LEITURA II – INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS 
Segundo Fiorin & Platão (1995), um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a 
verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações 
explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar 
uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. 
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Caso contrário, ele pode passar por 
cima de significados importantes ou decisivos ou – o que é pior – pode concordar com coisas que 
rejeitaria se as percebesse. 
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com intenções falaciosas, 
esses aspectos subentendidos e pressupostos. 
Pressupostos são aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que o leitor pode 
perceber a partir de certas palavras ou expressões contidas na frase. 
 
Observe: 
Fiz faculdade, mas aprendi alguma coisa. 
 
Nessa frase, há duas informações explícitas: 
a) Ele frequentou um curso superior; 
b) Ele aprendeu algumas coisas. 
Porém ao ligar essas duas informações com um “mas” comunica também de modo implícito sua 
crítica ao sistema de ensino superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades não 
se aprende nada. 
Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante detectar os pressupostos, pois seu uso 
é um dos recursos argumentativos utilizados com a intenção de levar o leitor aaceitar o que está sendo 
comunicado. 
Pressupostos – são ideias expressas de maneira explícita (clara), que surgem a partir do 
sentido de certa palavra. 
Ex.: “O aluno ganhou o seu terceiro notebook na prova do SAERJ”. 
# O que a palavra “terceiro” pressupõe? 
Resposta: Que o aluno já ganhara outros 2 antes. 
 
12 
 
 
Subentendidos – são insinuações, não marcadas no texto, em que o sentido só é observado no 
contexto, isto é, “nas entrelinhas”. 
Ex.: “O aluno ganhou notebook na prova do SAERJ de novo!” 
# O que está subentendido nesta fala dita em tom de indignação? 
Resposta: Que este aluno continua invencível 
 Que a pessoa sente uma certa inveja com a conquista do outro. 
Observe: o subentendido serve para o falante proteger-se, para não se comprometer, com sua 
opinião, o que pode ser tratado também como ironia. 
 
 
5. O PROCESSO DA ESCRITA 
 
É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de textos. Esse 
problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e também de técnica. 
 Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha o que dizer e sem que se 
possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar os fatos, analisá-los, criar ideias sobre eles, ou seja, 
pensar. 
 Como falantes, somos produtores diários de comunicação e, na vida profissional, cada vez mais faz-se 
necessário dominar técnicas de produção de textos tanto orais como escritos. Em função disso, é preciso conhecer 
os modos fundamentais de redação: narração, descrição e dissertação. 
 
6. ASSUNTO, TEMA, RECORTE, TESE, TÍTULO 
 
 Para alcançar um bom texto, é necessário relembrar alguns pontos fundamentais que favorecem a 
organização daquilo que se pretende comunicar. 
Observe: 
 Assunto é algo amplo, genérico. 
 Tema é o assunto já delimitado. 
 Recorte é o que interessa ao autor discutir no texto. 
 Tese é o ponto de vista a ser defendido sobre um determinado tema. 
 Título é o nome dado ao texto, visa a atrair o leitor para a leitura, fazendo referência ao tema abordado. 
 
 Veja, agora, alguns exemplos: 
 
1. Assunto: Centros urbanos. 
Tema: O desenvolvimento dos grandes centros urbanos. 
Recorte: A violência em São Paulo. 
 Tese: A cidade de São Paulo enfrenta sérios problemas em relação à segurança da população. 
13 
 
 
 Título: O desenvolvimento urbano e violência. 
 
2. Assunto: Tecnologia. 
Tema: O avanço tecnológico no século 21. 
Recorte: Os meios de comunicação e as relações sociais. 
 Tese: Na era da comunicação, o homem contemporâneo encontra-se cada vez mais sozinho. 
 Título: O paradoxo da era da comunicação. 
 
EXERCÍCIOS 
 
1 – Delimite três temas para cada assunto que segue: 
 
a. Política: 
 
 
 
 
 
b. Educação: 
 
 
 
 
2 - Leia com atenção o texto abaixo. A seguir, identifique o assunto, o tema, o recorte e a tese. 
Depois, faça uma reflexão acerca do que foi lido e produza um parágrafo, com no máximo 8 linhas, fazendo uso do 
tópico frasal do texto. 
 
 Como planejar uma carreira de sucesso? 
 
 A incerteza é algo comum no pensamento de profissionais em início de carreira. É que se, de um 
lado, há uma considerável disposição para enfrentar os desafios do dia a dia, do outro, há a falta de 
referência sobre quais são os passos que devem seguir. Um bom exemplo é o considerável número de 
recém-formados que encontram dificuldades para ingressar no mercado de trabalho. 
 Aliás, para que servem as desculpas e argumentos senão para separar os profissionais que são 
determinados daqueles que preferem acreditar que as coisas estão cada vez mais difíceis e que todas as 
oportunidades aconteceram apenas até ontem? Trata-se de um interessante dilema: por que algumas 
pessoas conseguem desenvolver suas carreiras imediatamente após a formatura, enquanto que outros 
sofrem e acabam desistindo de atuar na profissão para a qual estudaram? 
 A resposta está na capacidade que cada pessoa tem de fazer conexões entre seus objetivos pessoais e 
a realidade à sua volta. Explico. Algumas pessoas são competentes apenas para desperdiçar 
oportunidades pela completa falta de visão sobre o futuro e carreira. Em vez de aproveitar as chances 
14 
 
 
que surgem no di a dia, como quando clientes de uma farmácia, de um posto de gasolina ou qualquer 
coisa do gênero, esses recém-formados preferem se resignar ao papel de mero consumidor. 
 Logo, o primeiro passo para quem quer construir uma carreira de sucesso é aprender a fazer 
conexões entre seus objetivos e o mercado de trabalho. Às vezes, por exemplo, o dono da panificadora 
aonde você vai todo dia pode conhecer alguém que tem interesse no seu trabalho. Mas, para isso, você 
precisa interagir com as pessoas dividindo expectativas e partilhando seus objetivos. Resumindo: você 
precisa desenvolver a habilidade de estabelecer conexões produtivas para sua carreira. 
 (Luciano Salamacha) http://www.sinproorp.br/Clipping/visaoempresarial/034.htm) 
 
 
 
7. PARAGRAFAÇÃO E ARTICULAÇÃO ENTRE OS PARÁGRAFOS DO TEXTO 
A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO - PARÁGRAFO-PADRÃO 
 O parágrafo é uma unidade de composição do texto em que é desenvolvida uma ideia central a 
que se agregam outras secundárias, estabelecendo entre si sentido e lógica. 
 Muito comum em textos dissertativos, o parágrafo-padrão estrutura-se em tópico frasal, 
desenvolvimento e conclusão. 
Introdução, também conhecida denominada tópico frasal, é formada de uma ou de duas frases curtas 
que expressam, de maneira sucinta, a ideia principal do parágrafo, definindo seu objetivo. 
Desenvolvimento: corresponde à ampliação do tópico frasal, à sua fundamentação ou que o 
esclarecem (exemplos, detalhes, demonstração e fatos, comparações, referências históricas ou 
científicas). 
Conclusão: nem sempre presente, especialmente em parágrafos mais simples e curtos, a conclusão 
retoma a ideia central, levando em consideração os diversos aspectos selecionados no 
desenvolvimento. 
OBSERVAÇÃO: Cada um dos parágrafos do texto deve apresentar necessariamente 
um tópico frasal. 
Observe o parágrafo a seguir em que estão destacados cada um dos elementos que constituem 
o parágrafo. 
 
 
 
 
A comunicação por computador ameniza as distâncias - físicas ou de hierarquias. 
Um jornalista americano surpreendeu-se ao descobrir que o mais humilde empregado de 
 Tópico frasal 
Desenvolvimento 
15 
 
 
Bill Gates, o mitológico criador e presidente da Microsoft, empresa que domina o 
Mercado mundial de programas de computador, pode facilmente comunicar-se com ele 
apenas enviando uma mensagem para o endereço eletrônico. A tendência é cada vez mais 
empresas terem as próprias redes internas de comunicação eletrônica. Desse modo, pode-
se prever que haverá uma revolução nos sistemas de administração baseados em níveis 
hierárquicos. 
 
 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. Desenvolva os seguintes tópicos frasais. 
a) Dois são os principais motivos que contribuem para o empobrecimento acelerado da sociedade... 
b) Nos últimos dez anos, a internet tornou-se necessária a todas as pessoas que desejam 
ser bem sucedidas ... 
2. Elabore, para a conclusão apresentada a seguir, o tópico frasal e o desenvolvimento do período. 
a) ... É por isso que a sociedade se encontra nessas condições. 
 
 
Vejamos no texto a seguir, extraído de VIANA, 1998, como os tópicos frasais podem ser identificados. 
 
 
 Trapalhadas do Fisco 
 
O contribuinte brasileiro precisa receber um melhor tratamento das autoridadesfiscais. Ele é 
vítima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida. Não há ano em que se sinta a salvo. É 
sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso. 
 A Receita Federal precisa urgentemente estabelecer regras constantes que facilitem a vida do 
brasileiro. Essas regras não podem variar ao sabor da troca de ministros. Cada um que entra se acha no 
direito de alterar o que foi feito anteriormente. 
 Agindo assim, a única coisa que se faz de concreto é perpetuar dois tipos de contribuintes. O que paga 
em dia seus tributos e o que sonega de tudo quanto é forma. Enquanto este continua livre de qualquer 
punição, aquele é vítima de impostos cada vez maiores. A impressão que se tem é de que mais vale ser 
desonesto que honesto. 
16 
 
 
 Se o brasileiro é empurrado para sonegação é porque há razões muito fortes para isso. Ninguém sabe 
para onde vai o dinheiro arrecadado. O que deveria ser aplicado na educação e saúde some como por 
milagre e ninguém sabe onde. Há muitos anos que não se fazem investimentos em transportes. Grande 
parte da população continua sofrendo por falta de moradia. Paga-se muito imposto em troca de nada. 
 Vale a pena lembrar o ano de 1991 quando, além das complicações costumeiras, os contribuintes 
foram surpreendidos com a suspensão da entrega da declaração na data prevista. Um deputado entrou na 
Justiça alegando inconstitucionalidade no fator multiplicador do imposto a pagar e a receber. Todos 
sentiram um alívio, mesmo que temporário. 
 O texto nos mostra como se pode desenvolver um tema de forma bem objetiva. Cada parágrafo foi 
escrito obedecendo a uma estrutura. 
 
Formas de desenvolvimento de parágrafos 
 Há várias formas para desenvolver um parágrafo. No texto estudado, temos: 
 
Primeiro parágrafo (retomada da palavra-chave): 
a) O contribuinte brasileiro precisa receber um melhor tratamento das autoridades fiscais. 
b) Ele é vítima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida. 
c) Não há ano em que se sinta a salvo. 
d) É sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso. 
 A expressão-chave deste parágrafo é contribuinte brasileiro (frase a). Ela é retomada nas frases 
seguintes através dos mecanismos de coesão. 
 Na frase b, contribuinte brasileiro é substituído pelo pronome ele. Nas frases c e d, aparece como 
sujeito oculto de se sinta e de é sempre surpreendido. 
 O termo contribuinte brasileiro está presente em todos os enunciados. Como podemos observar, basta 
retomar a expressão-chave a cada frase (de preferência sem repeti-la), acrescentando sempre uma 
informação nova a seu respeito. 
 
Segundo parágrafo (por encadeamento): 
a) A Receita Federal precisa urgentemente estabelecer regras constantes que facilitem a vida do brasileiro. 
b) Essas regras não podem variar ao sabor da troca de ministros. 
c) Cada um que entra se acha no direito de alterar o que foi feito anteriormente. 
 Aqui a estrutura já é bem diferente da anterior. A frase b retoma a palavra regras da frase a, e a frase c 
retoma ministro (cada um) da frase b, num encadeamento de frase para frase. 
 No primeiro exemplo, todo o parágrafo está amarrado a uma só palavra. Neste parágrafo, é como se 
houvesse uma corrida de revezamento, em que o segundo enunciado leva adiante uma palavra do 
17 
 
 
primeiro, o terceiro do segundo e assim sucessivamente. Por esse método, o parágrafo pode prolongar-se 
até onde acharmos conveniente. 
 
Terceiro parágrafo (por divisão): 
a) Agindo assim, a única coisa que se faz de concreto é perpetuar dois tipos de contribuintes que bem 
conhecemos. 
b) O que paga em dia seus tributos e o que sonega a torto e a direito. 
c) Enquanto este continua livre de qualquer punição, aquele é vítima de impostos cada vez maiores. 
d) A impressão que se tem é de que mais vale ser desonesto que honesto. 
 Temos agora um terceiro tipo de estrutura de parágrafo. A frase inicial delimita o nosso campo 
exploratório do dividir os contribuintes em dois tipos. Quando isso acontece, o desenvolvimento do 
parágrafo restringe-se a explicar os componentes dessa divisão. A frase b esclarece quais são esses dois 
tipos de contribuintes. A frase c explica o que acontece com cada um deles. E a frase d conclui o assunto. 
 
Quarto parágrafo (por recorte): 
a) Se o brasileiro é empurrado para a sonegação é porque há razões muito fortes para isso. 
b) Ninguém sabe para onde vai o dinheiro arrecadado. 
c) O que deveria ser aplicado na educação e na saúde some como por milagre ninguém sabe onde. 
d) Há muitos anos que não se fazem investimentos em transportes. 
e) Grande parte da população continua sofrendo por falta de moradia. 
f) Paga-se muito imposto em troca de nada. 
 Ao contrário da frase delimitadora do início do terceiro parágrafo, aparece aqui uma de sentido muito 
amplo. A palavra razões leva-nos a pensar muita coisa de uma só vez. Quando isso acontece, devemos 
fazer um recorte nas ideias que ela suscita, escolher apenas um ângulo para ser explorado, fazendo uma 
enumeração dos exemplos mais pertinentes. 
 Que razões seriam essas para o brasileiro driblar o fisco? Entre as muitas que existem, escolhemos a 
malversação do dinheiro arrecadado pelo governo (frase b). As frases c,d e e exemplificam as áreas para 
as quais deveria convergir o imposto, se não fosse tão mal aplicado. A frase f conclui, dizendo por que há 
tanta sonegação. 
 
Quinto parágrafo (por salto): 
a) Vale a pena lembrar o ano de 1991 quando, além das complicações costumeiras, os contribuintes foram 
surpreendidos com a suspensão da entrega da declaração na data prevista. 
b) Um deputado entrou na Justiça alegando inconstitucionalidade no fator multiplicador do imposto a 
pagar e receber. 
18 
 
 
c) Todos sentiram um alívio, mesmo que temporário. 
 Diferentemente do que aconteceu nos parágrafos anteriores, aqui não se retoma nenhum termo da 
frase de abertura. À primeira vista, parece não haver um elo entre a primeira e a segunda frase, pois não 
existe um fator de coesão explicito inter-relacionando-as. O vínculo que existe é mental, por isso 
precisamos reconstituí-lo com nosso raciocínio. Por que houve tal suspensão? Porque o fator 
multiplicador do imposto a pagar e a receber era inconstitucional, daí o deputado ter entrado na justiça. 
 
EXERCÍCIO 
 
1. Leia atentamente o texto abaixo, divida-o em parágrafos e, a seguir, responda ao que se pede: 
 
Viver em sociedade 
 
A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a 
fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos. Sem vida em 
sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de 
outros para conseguir alimentação e abrigo. E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas 
morando na cidade, com hábitos que tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há 
quem não necessite dos outros muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são 
apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados 
de saúde. Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, 
precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além 
disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças. Os 
seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida; 
mas porque a vida em sociedadeé uma necessidade da natureza humana. Assim, por exemplo, se 
dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde 
tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo 
falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem falar e trocar 
ideias,(sic) necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse sozinha 
por muito tempo. Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer 
suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse 
fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana 
ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em 
que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas necessidades, é aquela em 
que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios 
19 
 
 
e encargos são repartidos igualmente entre todos. Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso 
que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados, como também devem 
conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabilidades sociais. 
 (DALLARI, Dalmo de D Viver em sociedade. São Paulo: Moderna, 1985. p. 5-6) 
 
a) Que ideia Dalmo de Abreu Dallari defende em seu texto? 
b) No texto, o autor nos apresenta uma série de argumentos, ordenados logicamente, a fim de 
convencer o leitor. Quais são esses argumentos e como eles nos são apresentados? 
c) Qual a função do último parágrafo? Que ideias são agora apresentadas? 
 
8. PALAVRAS-CHAVE 
 
São palavras que resumem o tema principal de um texto. É um termo que identifica ideias de 
especial importância para servir de referência a pesquisas. 
EXERCÍCIO 
O texto abaixo deve ser lido e as palavras-chave evidenciadas: 
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________ 
 
A ENGENHARIA E O MEIO AMBIENTE 
 
Há muitos anos, era mais fácil construir em lugares com mata virgem do que hoje em dia, pois para isso, 
bastava simplesmente destruir tudo que tivesse pela frente, e ninguém se importava, pois no Brasil, natureza 
era o que não faltava, nunca iriam acabar todas as árvores, secar ou poluir todos os rios, etc... 
Porém, a ocupação desenfreada fez com que, ao passar dos anos, foi se criando uma preocupação e uma 
consciência ambiental, a fim de proteger o pouco que ainda resta. 
O ser humano para se desenvolver precisa construir, e toda a construção acaba afetando o meio ambiente 
de alguma forma, por isso, qualquer projeto deve ter permissão ambiental para ser executado. 
A escolha do local a ser explorado já merece cuidados, ou seja, para se poupar tempo e recursos o 
construtor deve, antes de detalhar e submeter qualquer projeto a órgãos públicos, conhecer as características da 
área e suas restrições legais. 
 
Luciano Lopes Bertaco 
http://pet.ecv.ufsc.br/download/Reuni%F5es%20culturais/Reuni%F5es%20em%20PDF/Agosto-
04%20Meio%20Amb%20luciano.pdf 
 
1. Transcreva as expressões que nos remetam à temática do meio ambiente. 
 
_______________________________________________________________________ 
 
 
 
20 
 
 
2. A partir da leitura do texto, elabore um parágrafo que deverá ser exposto em uma reunião com a 
diretoria da empresa. Não se esqueça de utilizar a linguagem adequada à situação. 
_______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________ 
 
 
9. IMPESSOALIDADE E A ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM 
 
 Todos os textos podem trazer marcas de pessoalidade ou impessoalidade. Um texto que apresenta 
claramente o autor como locutor é pessoal e, portanto, subjetivo. Esse tipo de texto é geralmente marcado pela 
presença de pronomes pessoais e verbos conjugados em primeira pessoa. Já o texto em que o autor trata 
objetivamente os fatos, distanciando-se do assunto abordado, é impessoal e objetivo. 
 No caso de textos dissertativos, acadêmicos, científicos o que deve prevalecer é o objeto do estudo, a ideia 
e não os autores. Desse modo, a impessoalização dos textos, além de atender às normas, confere maior 
credibilidade, levando o leitor a sentir-se diante de verdades universais e indiscutíveis. 
 www.artigonal.com./ Educação/ Línguas. 
 
 Gramaticalmente, há muitas maneiras de conseguir esse objetivo. Vejamos algumas delas. 
 
a - Generalizar o sujeito, colocando-o no plural 
 Uma forma de se distanciar relativamente da subjetividade é pluralizar o sujeito agente. O uso da primeira e 
terceira pessoa do plural é a estratégia recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira 
pessoa, sem adotar a neutralidade. 
 
Exemplos: Procuramos demonstrar..., os pesquisadores reconhecem..., nossas conclusões... (Note que essas 
formas são menos subjetivas do que Procurei demonstrar..., reconheço..., minhas conclusões...) 
 
b – Ocultar o agente. 
 As expressões é preciso, é necessário, é urgente, é indispensável são utilizadas para ocultar o agente. Dessa 
forma, a afirmação passa a ser geral, universal, como se não houvesse um sujeito. 
 
c – Usar um agente inanimado. 
 Pode ser uma palavra que represente um ser, uma organização, um fenômeno, um ser inanimado. 
 Exemplos: O Ministério autorizou..., A diretoria adiou..., A gerência autorizou... 
 A responsabilidade em relação à ação está diluída e não se pode identificar claramente quem realizou a ação. 
Este é um recurso muito utilizado na administração pública, na política, na imprensa e nas empresas. 
d – Uso gramatical do sujeito indeterminado. 
 
 Como o próprio nome indica não se pode determinar com precisão quem realizou a ação quando é usada a 
estrutura do sujeito indeterminado. Ela é muito útil quando se deseja inserir uma informação da qual não se sabe a 
procedência exata. 
 Exemplos: Vive-se propagando a necessidade de preservar a natureza. 
 Acreditava-se no empreendimento de turismo sustentável. 
 Fala-se muito em sustentabilidade. 
 
21 
 
 
 
 
e – Utilizar a voz passiva. 
 Em vez de O analista cometeu um erro. (voz ativa, muito acusativa), escreva Um erro foi cometido pelo 
analista. 
 Outros exemplos: Essa matéria será explicada pelo professor amanhã. 
 As flores são regadas pelo jardineiro. 
 Os exercícios foram feitos por mim. 
 
 EXERCÍCIOS 
 
1. Reescreva os trechos a seguir, buscando a impessoalização, a clareza e a precisão vocabular. 
 
 a- Durante este semestre os estudantes de engenharia realizarão mais um projeto integrador. O projeto integrador 
tem por objetivo levar os estudantes de engenharia a realizar projetos integradores que relacionem as disciplinas 
estudadas no semestre, a fim de que os alunos percebam como os conteúdos estão inter-relacionados e são 
importantes para projetos integradores que, na verdade, são ensaios de projetos reais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
b- Com a pesquisa, pudemos perceber que procedimentos sistemáticos de controle não são utilizados sempre e 
quando eles são usados, muitas vezes ficam só nos produtos ( em geral, código) que tem um nível bem baixo deabstração, e ainda ignoram o controle das especificações dos requisitos ou sobre o projeto (design). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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c - Com esse programa temos o objetivo geral de desenvolver e aperfeiçoar tecnologias nas áreas de águas de 
abastecimento, águas residuárias e resíduos sólidos que sejam fáceis de aplicar, que tenham baixo custo na sua 
implantação, na sua operação e também na manutenção e que resultem numa grande melhoria em termos de 
qualidade de vida da nossa população carente aqui do Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10. DISSERTAÇÃO 
 Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto de vista, 
desenvolver argumentos. 
Existem dois tipos de dissertação: o texto dissertativo expositivo e o dissertativo argumentativo. 
O primeiro tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar ideias e pode ser 
identificado como demonstrativo: não se dirige a um interlocutor definido e se constitui de provas as 
mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa – texto argumentativo, além do interlocutor 
não definido e da utilização de provas impessoais, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor 
ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco. 
 Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de 
provas. O raciocínio consistente é aquele que se apoia nos princípios da lógica, que não se perde em 
especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumentos. 
Os tipos mais comuns de provas são: os fatos exemplos, os dados estatísticos e o testemunho. 
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e conclusão. 
23 
 
 
 
10.1 SÃO OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO: 
 
 - convencer alguém de que determinado ponto de vista é inquestionável; 
 - dar a conhecer ou explicar qualquer assunto com a intenção informativa ou pedagógica 
 - discutir um assunto, conferindo-lhe tom polêmico de debate, levando o leitor a tomar posição perante o 
problema. 
 
A dissertação, comumente, apresenta três partes: 
 1- Introdução → É a apresentação do assunto. O parágrafo introdutório caracteriza-se por apresentar uma 
ideia central (tese) através de uma afirmação, definição, citação etc. 
 2 - Desenvolvimento → É a análise crítica da ideia central. Pode ocupar vários parágrafos, nos quais se expõem 
juízos, raciocínios, provas, exemplos, testemunhos e justificativas que argumentam a ideia central proposta no 
primeiro parágrafo. 
 3 - Conclusão → É a parte final do texto, na qual se condensa a essência do conteúdo desenvolvido, reafirma-
se o posicionamento exposto na introdução (tese) ou lança uma perspectiva sobre o assunto. 
 Assim, na dissertação argumentativa, a introdução apresenta a tese (ideia central) a ser discutida nos 
parágrafos seguintes; o desenvolvimento, a argumentação, ou seja, a discussão das ideias que comprovam e 
fundamentam a tese; e a conclusão é a retomada da tese ou dos juízos discutidos e justificados na argumentação. 
 
10.2. O PLANEJAMENTO DO TEXTO I : elaboração de argumentos a partir da tese. 
 
 Outra possibilidade de planejamento de texto é a utilização da técnica do “POR QUÊ?” 
 Considere a seguinte estrutura textual: 
 
 INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3 
 DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+ argumento 3 
 CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final 
 
Vejamos, agora, os passos para este tipo de planejamento textual: 
 
Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO 
 
Pergunta-se: POR QUÊ? O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO? 
Responde-se: (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais. 
 (argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico. 
 (argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. 
 
 É necessário que se considerem argumentos 
acerca dos quais se possa oferecer exemplos, dados, 
ou seja, sobre os quais se possa e saiba discorrer. 
24 
 
 
Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução do problema. 
 
 Com esse esquema preparado, basta desenvolver as ideias selecionadas, articulando os parágrafos de 
maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente que faça referência ao tema abordado no texto. 
Observe como isso pode dar um excelente resultado: 
 
Destruição: a ameaça constante 
O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros conflitos 
internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico e, além do mais, 
permanece o perigo de uma catástrofe nuclear. 
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que 
se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram 
grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, 
poderiam conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis. 
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que 
promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em 
virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em um local inabitável... 
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer pelos 
acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer por um 
eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante do poder 
avassalador desses sofisticados armamentos. 
Isso posto ( sendo assim/ desse modo/ assim/ portanto) somos levados a acreditar na possibilidade de 
estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo possa ser feito no sentido de 
conter essas diversas forças destrutivas, para podermos sobreviver às adversidades e construir um mundo que, 
por ser pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações futuras. 
 (Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo: Scipione, 1988) 
 
 
11. O TEXTO ARGUMENTATIVO 
O texto argumentativo tem como meta principal a defesa de uma tese, pressupondo a existência 
de um “auditório” (interlocutor) definido, isto é, um interlocutor específico, adequando-se a ele com a 
intenção de convencê-lo, persuadi-lo (levá-lo a crer no ponto de vista defendido, de tal forma que passe 
a aceitá-lo como verdadeiro). Nesse tipo de discurso, o enunciador almeja a adesão total do interlocutor. 
Ao elaborar um texto argumentativo visando a conseguir a adesão de determinado(s) 
interlocutor(es), o enunciador precisa escolher os argumentos, conhecer a dimensão deles e 
estabelecer uma ordem de apresentação dos mesmos. Em outras palavras, deve ter consciência da 
25 
 
 
pertinência e da força dos argumentos. Sem esse conhecimento prévio, toda argumentação pode ser 
contemplada com seu inimigo fatal: o fracasso. 
Os argumentos são, portanto, as “provas” (raciocínio, dados, fatos) apresentadas para 
demonstrar que a ideia que você pretende defender é correta. Como diz Aristóteles, os argumentos 
servem quando se tem de escolher entre duas ou mais coisas. 
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma desvantajosa, como a saúde e a 
doença, não precisamos argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas 
coisas igualmente vantajosas, a riquezae a saúde. Nesse caso, precisamos argumentar sobre qual das 
duas é mais desejável. O argumento pode, então, ser definido como qualquer recurso que torna uma 
coisa mais vantajosa que a outra. 
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de um fato, mas levar o ouvinte a 
admitir como verdadeiro o que o enunciador está propondo. 
Sendo assim, podemos dizer que todo texto é argumentativo, porque todos são persuasivos, mais ou menos 
explicitamente, uma vez que “ toda a ação comunicativa é dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia e, 
portanto, caracterizada pela argumentatividade”. 
"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do 
outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não 
contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do outro". A origem dessa palavra está ligada 
à preposição ‘per, 'por meio de, e a 'Suada, deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se diferencia 
de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a 
pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. “Quando 
persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize". 
 (Antônio Suarez Abreu, A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. São Paulo. Ateliê, 1999) 
 
É comum utilizarem-se indistintamente os termos "convencer" e "persuadir" como sinônimos. Na teoria da 
argumentação, entretanto, eles adquirem sentidos específicos, associando-se o primeiro conceito mais à razão, e o 
segundo, à emoção. Koch (1984) adota essa distinção: "Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, 
através de um raciocínio estritamente lógico e por meio de provas objetivas (... ), o ato de persuadir, por sua vez, 
26 
 
 
procura atingir a vontade, o sentimento do(s) interlocutor(es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis, e 
tem caráter ideológico, subjetivo, temporal". 
 
11.1 FORMAS DE ARGUMENTAÇÃO 
Os argumentos são recursos linguísticos que utilizamos para tornar nosso discurso mais persuasivo e 
conquistar a adesão do auditório. 
Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase impossível, tantas são as formas de 
que nos valemos para fazer as pessoas preferirem uma coisa à outra. 
Qualquer recurso linguístico destinado a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador 
é um argumento. Os argumentos mais utilizados são: 
 
a)Argumento de autoridade 
 
É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas pelo auditório como autoridades em 
certos domínios do saber, para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Isso confere ao 
texto maior credibilidade, pois o ancora no depoimento de um especialista. Para o auditório, o efeito é 
positivo, uma vez que se acredita que as considerações de um expert são verdadeiras. 
A estratégia é adquirir respeitabilidade, fazendo valer sua tese com o peso da consideração de que goza a 
autoridade citada. Se considerarmos que por meio da argumentação se constrói um determinado objeto de saber, o 
discurso como um todo, podemos dizer que a autoridade auxilia-nos a construir esse objeto. 
Observe: 
Administrar é dirigir uma organização, utilizando técnicas de gestão para que alcance seus 
objetivos de forma eficiente, eficaz e com responsabilidade social e ambiental. 
27 
 
 
Lacombe (2003, p.4) diz que a essência do trabalho do administrador é obter resultados por 
meio das pessoas que ele coordena. 
A partir desse raciocínio de Lacombe, temos o papel do "Gestor Administrativo" que com sua 
capacidade de gestão com as pessoas, consegue obter os resultados esperados. 
Drucker (1998, p. 2) diz que administrar é manter as organizações coesas, fazendo-as funcionar. 
As principais funções administrativas são: 
 Fixar objetivos (planejar) 
 Analisar: conhecer os problemas. 
 Solucionar problemas 
 Organizar e alocar recursos (recursos financeiros e tecnológicos e as pessoas). 
 Comunicar, dirigir e motivar as pessoas (liderar) 
 Negociar 
 Tomar as decisões. 
 Mensurar e avaliar (controlar). 
 Fayol foi o primeiro a definir as funções básicas do Administrador: Planejar, Organizar, Controlar, 
Coordenar e Comandar - POCCC. Destas funções a que sofreu maior evolução foi o "comandar" que 
hoje chamamos de Liderança. 
 
 
b)Argumento baseado no consenso 
 
É aquele que corresponde a valores em circulação na sociedade sobre os quais não pairam dúvidas: trata-se 
de ideias aceitas como verdadeiras por determinado grupo social, razão pela qual o consenso dispensa a 
demonstração (o que é considerado óbvio não precisa ser comprovado para ser aceito). De certa maneira, os dados 
consensuais produzem efeito semelhante ao que chamamos anteriormente de "evidência" (no discurso científico): 
criam a impressão de que não há o que argumentar. De fato, só se argumenta para chegar a um consenso, a um 
ponto comum (na verdade, o ponto de vista do enunciador). 
É preciso cautela no uso desse recurso argumentativo, uma vez que o consenso é o que todos sabem, e o 
texto que fala só do que todos já sabem torna-se desnecessário, perde sua razão de ser. Não há o que argumentar, 
por exemplo, diante de dados consensuais como a ideia de que o homem é mortal, a AIDS é uma doença 
contagiosa, homens não podem engravidar etc. Observe, por exemplo, o seguinte argumento em se tratando da 
questão da escassez de água: 
28 
 
 
A escassez e o uso abusivo da água doce constituem, hoje, uma ameaça crescente ao 
desenvolvimento das nações e à proteção ao meio ambiente. A saúde e o bem estar de milhões de 
pessoas, a alimentação, o desenvolvimento sustentável e os ecossistemas estão em perigo. 
A luta pela água poderá levar o mundo a outra grande guerra. Alguns economistas preveem que, 
por sua importância estratégica, a água será a moeda do futuro. Mais do que o petróleo e o ouro, ela é 
valiosa para a humanidade. Sem ouro ou sem petróleo o homem vive; sem água não. 
 (adaptado de http://www.uniagua.org.br. 06/08/2007) 
 
c) Argumento baseado em provas concretas 
 
Trata-se da apresentação de dados que servem para comprovar a nossa tese, criando também efeito de 
sentido de evidência, de realidade. Esses dados concretos, isto é, extraídos da experiência "real", são obtidos de 
levantamentos estatísticos, relatórios, pesquisas etc., em geral divulgados por fontes consideradas "fidedignas", ou 
seja, que gozam de credibilidade - por exemplo, os números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística), os índices da FGV (Faculdade Getúlio Vargas) etc. Do ponto de vista do poder persuasivo, esse é um 
tipo de argumento forte, uma vez que cria a impressão de realidade, o efeito de verdade (embora se saiba que 
números podem ser desmentidos por números). 
Vejamos um exemplo de uso desse recurso argumentativo extraído do texto "Uma revolução silenciosa" 
(Folha de S. Paulo, 29/12/1996), do então presidente Fernando Henrique Cardoso: 
 
" ( .. ) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E diminuíram 17%, e as classes 
A e B cresceram 21 %. O rendimento dos 1 0% mais pobres da população dobrou. ( .. ) Carne bovina, ovos, 
congelados, iogurte e conservas passaram a frequentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E são 
responsáveis por 30% de produtos como biscoitos, iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número 
de residências com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos (... ). As vendas de 
cimento cresceram 12% em1995 e 21,5% no primeiro semestre deste ano. (... ) Nestes dois anos de governo, 100 
mil novas famílias tiveram acesso à terra. ( ... ). Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares (... ). Na 
Previdência Social, o aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 (... ). Conseguimos reduzir, de 
maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (... )" 
 
Como se vê, o enunciador constrói uma imagem positiva de si, como o "salvador da pátria" que 
resgatou o país da situação caótica em que se encontrava (antes do Plano Real), devolvendo ao povo a 
29 
 
 
esperança de transformações, a partir das realizações "demonstradas" por meio das provas concretas. 
Produz, assim, a impressão de comprometimento com os rumos da nação, de seriedade no exercício da 
função presidencial. É importante dizer que se trata de uma estratégia: o discurso não diz a verdade (o que 
é a verdade?); cria efeitos de verdade, ou seja, faz o auditório crer que aquilo que parece verdadeiro de 
fato é verdadeiro. 
 
d)Argumento baseado no raciocínio lógico 
 
O texto é um todo coeso, organizado, coerente - o que pressupõe que nele exista uma progressão lógica das 
ideias. Utilizar satisfatoriamente esse recurso argumentativo, então, significa estabelecer relações adequadas entre 
as passagens do texto, respeitando, por exemplo, as relações de causa e consequência (entre o que provoca dado 
evento e o resultado produzido). Tudo aquilo que afeta a maneira habitual de as pessoas raciocinarem, associarem 
ideias, relacionarem proposições, afeta a lógica, logo prejudica o sentido (e, como ocorre via de regra, a 
argumentatividade do texto, seu poder persuasivo). 
Para ser coerente, o texto precisa, entre outras coisas, respeitar princípios lógicos fundamentais, como o "princípio 
da não-contradição", por exemplo. Quer dizer que não pode afirmar "A" e o contrário de "A": suas passagens têm 
de ser compatíveis entre si. Esta carta publicada no Painel do Leitor da Folha de S. Paulo (712/2003) ilustra a 
questão: 
 
"Se não punir Heloísa Helena, por quem tenho o maior apreço, o PT passará a ser mais uma sigla que, um dia, já 
foi um partido político. Não estará tolhendo o direito a opinião divergente, mas estará zelando pela unidade do 
partido”. 
(Fábio P. Marques, São Bernardo do Campo, São Paulo) 
 
De modo como está posto no enunciado, o que se depreende é que a não punição da deputada implicaria o 
desaparecimento do PT ("A") e a preservação da unidade do PT (o contrário de "A"). 
 
Em matéria de problemas envolvendo o raciocínio lógico, é importante também ficarmos atentos às formas 
de ligar orações nas composições dos períodos e aos mecanismos de relação entre eles. Expressões tais como ‘por 
exemplo’, "dessa forma", "por outro lado" - que são exemplos de "articuladores lógicos do discurso" , só servem à 
coerência se usadas, respectivamente, para explicar o que foi dito anteriormente, recuperar a "forma" em questão (o 
que se falou antes) e apresentar um outro aspecto do tema tratado. 
Outros recursos linguísticos que merecem igual atenção são as conjunções que estabelecem relações temporais, 
marcando “anterioridade" e "posterioridade" entre os fatos apresentados, as conjunções que estabelecem noções de 
causa e consequência, condição, oposição, etc. 
 
e) Argumento de competência linguística 
 
30 
 
 
O que interessa, aqui, não é tanto "o que dizer", mas "como dizer": grosso modo, pode-se pensar que a 
competência linguística está mais ligada à forma do que ao conteúdo. Por melhores que sejam os argumentos do 
ponto de vista do conteúdo, a forma como são expostos pode pôr tudo a perder. 
Se considerarmos que a linguagem utilizada pelo é o "cartão de apresentação" do texto, criando já de início 
uma boa ou uma má impressão no auditório, a competência linguística, isto é, o manejo linguístico hábil, adequado, 
tem força persuasiva. Problemas de concordância, regência, crase, pontuação, ortografia etc, por outro lado, são 
comprometedores na medida em que desautorizam o enunciador, enquanto uma dissertação produzida em 
obediência aos padrões linguísticos formais colabora para que dele se construa uma imagem positiva. O texto 
abaixo ilustra exemplarmente o quanto à competência linguística interfere na persuasão, afetando a imagem do 
enunciador. Vejamos um trecho: 
 
"Tropecei num jota muçulmano na semana passada. Caí de cara no chão. Pra quem não leu a crônica da semana 
passada vou logo confessando que escrevi 'atinjiu' com jota e não com ge de jeito (esta dói mais). Mas eu explico. 
O que eu estava dizendo que atingiu foi jato. Jato com jota. Devo ter esquecido o dedo na tecla. A quantidade de 
cartas foi assustadora. Ninguém comentou nada sobre as torres atingidas. O que doeu mesmo no leitor foi aquele 
jota de jato. Bem nos alvos. 
Como se não bastasse o jota, no lugar de muçulmano, escrevi mulçumano. Aqui eu poderia mentir e dizer que foi 
de propósito, pois não queria atingir os muçulmanos que não tinham nada com o atingido. Então, teria inventado a 
palavra 'mulçumano. E mais, que teria escrito errado para facilitar a rima com humano. Tudo mentira. Errei 
mesmo. Talvez por nunca ter visto um ' muçulmano pela frente. Aliás, nem por trás, como o Bush anda vendo ( .. ) 
". 
(O jota muçulmano, Mário Prata, O Estado de S. Paulo, 3/10/2001) 
 
De forma bem-humorada, o enunciador confessa que cometeu deslizes de ortografia na crônica anterior, 
chamando a atenção para o fato curioso de que os erros ganharam destaque sobre o próprio assunto de que ele 
falava. As cartas dos leitores são uma prova disso: enquanto Mário Prata tratava do atentado terrorista, as cartas 
acusavam-no de "atentados à língua". Apesar do tom de brincadeira do texto, trata-se de uma questão tão 
importante que sua discussão mereceu uma crônica inteira. 
 
f) Argumento de exemplificação. 
 São argumentos criados a partir de exemplos. Esses exemplos podem se originar de citações de 
autoridades ou dados concretos. O importante é que tenham validade perante o assunto, não 
reproduzindo senso comum nem invenção. 
31 
 
 
 “... uma das mais formidáveis consequências morais do crescimento econômico, e talvez, um de 
seus motores, é justamente a retirada da carga de culpa dos ombros de quem se empenha em 
acumular riqueza. O exemplo mais clássico disso vem da China, que, depois de sobreviver por milênios 
no nível mínimo de subsistência, foi tocada pela palavra de ordem ‘enriquecer é glorioso’, criada pelo 
líder Deng Xiaoping, morto em 1997”. (Veja, 19 de maio, 2010 – www.mairusprete.blogspot.com / 2010- 
adaptado) 
 
g) Argumento baseado na emoção. 
 São argumentos pautados em dados concretos ou em exemplificações que mexem com o 
emocional. Assim como o consenso, dependem da cultura para terem validade. Argumentos de cunho 
emocional não são bem vistos em textos mais sérios, mas são excelentes recursos persuasivos. 
 “ Tenho certeza de que um mendigo morto na beira da praia não causaria menos comoção do que 
uma baleia. Nenhum Greenpeace defensor de seres humanos se moveria. Nenhuma manchete seria 
estampada. Uma ambulância talvez levasse horas para chegar, o corpo coberto por um jornal, quem 
sabe uma vela acessa.” (Veja,11 de abril de 2005 -www.mairusprete.blogspot.com / 2010- adaptado) 
 
 
TEXTOS PARA ANÁLISE E DISCUSSÃO 
O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas de argumentação. Leia-o e, a seguir, 
faça os exercícios solicitados. 
 
32 
 
 
 Texto I 
 Apagão de engenheiros no Brasil 
 
Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideial de 
engenheiros em torno de 25 miltrabalhadores; hoje estamos com 6 por mil. 
 
A necessidade de investimento em infraestrutura nas áreas como as de construção civil, da 
energia, do gás e do petróleo, devido ao aquecimento da economia, tornou aguda a demanda por 
engenheiros experientes. A falta se dá em virtude dos inúmeros projetos para atender à exploração da 
camada pré-sal, da infraestrutura necessária para a realização da Copa do Mundo em 2014 e também 
para a Olimpíada prevista para 2016. 
O apagão de engenheiros se explica pelo fato de que os anos de 1980 e 1990 foram voltados 
às necessidades financeiras das empresas durante o longo período inflacionário. Nesses anos os 
engenheiros dedicaram-se a atividades pouco ligadas à sua especialidade, ainda que se necessitasse de 
suas habilidades para o cálculo matemático, a visão analítica e a capacidade de modelar e resolver 
problemas. Por isso hoje há um déficit espantoso de profissionais de engenharia. De acordo com a 
Confederação Nacional da Indústria, faltarão até 2012 aproximadamente 150 mil engenheiros. No 
Brasil ingressam nas escolas de engenharias, todos os anos, 130 mil e formam-se 30 mil engenheiros, 
dos quais, se avalia que 20 mil deles têm formação insuficiente. 
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes) está 
desenvolvendo um programa que pretende em cinco anos dobrar o número de engenheiros. Fixou 
como meta principal a redução da evasão dos cursos de engenharia, pois 60% dos alunos 
matriculados não chegam ao final do c urso. O plano Nacional Pró-Engenharia terá começo em 2011 
e a sua estratégia prevê a bolsa permanência para estudantes e incentivos ao contato, no início do 
curso, com as questões práticas mais motivadoras ao ambiente tecnológico. 
Outra dificuldade para assegurar a continuidade dos estudantes nos cursos de engenharia é a 
precariedade dos ensinos fundamental e médio do país, acumulando apagões nas habilidades para o 
pensamento abstrato, pela deficiência de aprendizagem da matemática e física. O próprio diretor de 
Relações Internacionais do Capes, Sandoval Carneiro Júnior, diagnostica que “muitos alunos fogem 
da engenharia porque tiveram péssimos professores de matemática.” 
Para se atender à demanda de crescimento do país é necessário que haja um número ideal de 
engenheiros em torno de 25 por mil trabalhadores; hoje estamos com 6 por mil. Nos EUA, China e 
Coreia esse número e de 25, e na Índia, 22. 
Por outro lado, o almejado crescimento de 7% anual do PIB, que supera a média de 4% 
histórica do período republicano recente, exigirá, além do aumento e aprimoramento dos cursos de 
engenharia, o investimento forte em qualidade de ensino, especialmente nas fases iniciais do 
letramento. A baixa qualidade da nossa educação é o obstáculo decisivo para o crescimento na 
melhoria do capital humano nas universidades. 
De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, “o número de doutores tem 
crescido de forma acelerada no Brasil, em grande parte motivada pela demanda de quadros para 
atender às necessidades da própria pós-graduação, assim como do crescimento do sistema 
universitário em geral. O crescimento de ml por centro no número de doutores titulados anualmente 
entre 1987 e 2008 evidencia esse fato, o que se reduz a diferença entre o Brasil e outros países”. 
Mesmo tendo em conta o aspecto positivo desses números, “no Brasil, em 2008, foram titulados mais 
de 10 mil doutores em todos os programas de doutorado, públicos ou privados. O número total de 
doutores existentes no país no ano de 2008 era de 132 mil. Ainda assim, a proporção de doutores na 
população total é de apenas 1,4 por mil habitantes. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 8,4 doutores 
33 
 
 
por mil habitantes e a Alemanha, 15,4”. 
A questão, que necessita um olhar acurado, é a da formação de doutores em engenharia, já 
que apenas 6% do total dos formados ao ano são dessa área, comparados, por exemplo, com os 27% 
na China e 31% na Coreia. Esse dado é significativo em virtude da questão da inovação como fator de 
competitividade, pois esta exige a capacidade de desenvolver pesquisas em engenharia que redundem 
em melhorias de produtividade e modos de lidar com problemas tecnológicos. 
O apagão de engenheiros graduados e de doutores é um desafio para o próximo presidente, 
pois sem isso não há como ser competitivos internacionalmente. 
 Paulo Sertek, doutor em Educação, é professor da UniFae (Centro Universitário) e autor de livros: Responsabilidade Social e 
Competência Interpessoal; Empreendedorismo e Administração e Planejamento Estratégico. Consultor da Bellatrix Gestão em 
Planejamento e Marketing. Extraído do jornal Gazeta do Povo, Opinião, 01.10.2010. 
 
1. Qual é o ponto de vista defendido pelo autor? 
 
 
 
 
2.Quais são os argumentos utilizados por ele para defender seu ponto de vista e como se classificam? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
3. Qual a conclusão a que chega o autor? 
 
 
 
 
 
4. Você considera o texto convincente e persuasivo? Por quê? 
 
 
 
 
 
 
 Texto II 
 O texto a seguir, de autoria de Drauzio Varella, apresenta a defesa do ponto de vista do médico 
a respeito da polêmica que foi gerada por um projeto de lei que proíbe a propaganda de cigarros no 
país. O estudo desse texto nos levará a perceber várias formas de argumentação. Leia-o e responda às 
questões propostas: 
 
Droga pesada 
35 
 
 
Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda adolescente, porque não sabia o 
que fazer com as mãos quando chegava às festas. Era início dos anos 60, e o cigarro estava em toda 
parte: televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a fumar em público, de 
minissaia, com as bocas pintadas assoprando a fumaça para o alto. O jovem que não fumasse estava 
por fora. 
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro que fiquei meio tonto, mas 
saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí na mão do fornecedor por duas décadas; 20 cigarros por 
dia, às vezes mais. 
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a aparecer os primeiros estudos 
sobre os efeitos do cigarro no organismo, mas a indústria tinha equipes de médicos encarregados de 
contestar sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação prejudicial do fumo. 
Esses cientistas de aluguei negavam até que a nicotina provocasse dependência química, 
desqualificando o sofrimento da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem. 
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo. Nesse tempo, a literatura 
científica já havia deixado clara a relação entre o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão, esôfago, 
estômago, rim, bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada três casos de 
câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar do conhecimento teórico e da convivência 
diária com os doentes, continuei fumando. 
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na frente dos doentes a quem 
recomendava abandonar o cigarro. Fumei em ambientes fechados diante de pessoas de idade, 
mulheres grávidas e crianças pequenas. Como professor de cursinho durante quase 20 anos, fumei nas 
salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício. Quando me perguntavam: Mas você é 
cancerologista e fuma?', eu ficava sem graça e dizia que ia parar. Só que esse dia nunca chegava. A 
droga quebra o caráter do dependente. 
A nicotina é um alcaloide. Fumada, é absorvida rapidamente nos pulmões, vai para o coração e 
através do sangue arterial se espalha pelo corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, 
age em receptores ligados às sensações de prazer.Esses, uma vez estimulados, comunicam-se com 
os circuitos de neurônios responsáveis pelo comportamento associado à busca do prazer. De todas as 
drogas conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais do que álcool, cocaína e 
36 
 
 
morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes que experimentam o cigarro quatro vezes, seis se 
tornam dependentes para o resto da vida. 
A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o dependente entra num quadro 
de ansiedade crescente, que só passa com uma tragada. Enquanto as demais drogas dão trégua de 
dias, ou pelo menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina se sucedem em 
intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa ter o maço ao alcance da mão; sem ele, parece 
que está faltando uma parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece sua excreção por 
aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência se repetem em intervalos tão 
curtos que ele mal acaba de fumar um, já acende outro. 
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes demonstrações do domínio que a nicotina 
exerce sobre o usuário. O doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre a vida e a 
morte e não para de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas implorem. Sofre um derrame 
cerebral, sai pela rua de bengala arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca. Na 
vizinhança do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por câncer, levantarem 
a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no pescoço, aspirarem e soltarem a fumaça por ali. 
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte obliterante, que obstrui as 
artérias das extremidades e provoca necrose dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a perna, uma 
coxa, depois a outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho pelo amor de 
Deus. 
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos 25 anos, a faixa etária mais 
vulnerável às adições. A imensa maioria comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas, 
compulsivamente. Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na promoção do 
fumo para os jovens: imagens de homens de sucesso, mulheres maravilhosas, esportes radicais e a 
ânsia de liberdade. Depois, com ar de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não têm 
culpa se tantos adolescentes decidem fumar. 
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim como não admitimos que os 
comerciantes de maconha, crack ou heroína façam propaganda para os nossos filhos na TV, todas as 
formas de publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os desobedientes, 
cadeia. 
37 
 
 
(VARELLA, Drauzio. ln: Folha de S.Paulo, 20 maio 2000.) 
 
 
1. Qual é o ponto de vista defendido por Dráuzio Varella a respeito da proibição da propaganda de 
cigarros? 
2. Grife os argumentos utilizados pelo autor para defender seu ponto de vista e classifique-os em seu 
caderno. 
3. O autor inicia seu texto apresentando-se como um “ex-dependente de nicotina”, apenas no decorrer 
do texto é que se toma conhecimento de que ele é médico. Reflita sobre isso e responda às seguintes 
questões: Qual é sua intenção com essa apresentação inicial? Que importância tem esse fato para a 
argumentação que constrói? 
 
12. VERBOS DE COMANDO 
Material organizado pelos professores: Patrícia Quel e Jorge Luís Torresan 
 Para medir o nível do aproveitamento e o desenvolvimento dos alunos em sala de aula, o professor pode 
utilizar vários instrumentos de avaliação. Entre esses instrumentos, é muito comum o emprego de provas e/ou 
testes dissertativos nos quais os alunos têm um espaço para mostrar, sobre algum assunto determinado, a sua 
capacidade de análise, criação, comparação, identificação, conceituação etc. É muito comum nas discussões 
entre professores comentários sobre a dificuldade que os alunos têm diante do momento de dissertar numa prova, 
mesmo que ela seja composta por questões breves. Essa dificuldade pode ocorrer, muitas vezes, porque eles não 
conseguem compreender exatamente o que é pedido numa questão. Se observarmos com atenção, todas as 
questões geralmente se iniciam ou se desenvolvem tendo como base um verbo-comando (quase sempre na forma 
do imperativo) que especifica para o aluno a forma como ele deve responder a uma questão. A tabela abaixo 
demonstra alguns dos verbos-comando mais utilizados. 
Verbos-
comando 
Definição dos verbos (com base no Moderno 
Dicionário da Língua Portuguesa de Michaelis) 
Especificação dos procedimentos 
Analise Determinar os componentes ou elementos 
fundamentais de alguma ideia, teoria, fato etc.; 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. 
38 
 
 
determinar por discernimento a natureza, os aspectos 
do que está sendo examinado. 
Justifique Explicar ou demonstrar a veracidade ou não de algum 
fato ou ocorrência por meio de elementos/argumentos 
plausíveis. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. 
Transcreva Reproduzir, extrair, copiar algum trecho de algum 
texto sem qualquer tipo de modificação. 
A resposta não pode ser elaborada e 
sim apenas recortada utilizando-se 
sinais adequados com as aspas 
Compare Examinar, simultaneamente, as particularidades de 
duas ou mais ideias, fatos, ocorrências. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. 
Explique Tornar claro, fazer entender de forma coerente 
particularidades de fatos, ideias ou ocorrências. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. 
Diferencie Estabelecer características que não sejam semelhantes 
entre dois ou mais fatos, ideias ou ocorrências. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. Diferenciar 
não é o mesmo que definir. 
Defina Expor com precisão características ou 
particularidades de algum fato, ideia ou ocorrência. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. 
Conceitue Formar uma ideia, noção ou entendimento de forma 
clara sobre algum fato ou ocorrência. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. Conceituar 
não é o mesmo que justificar. 
Destaque Separar, de dentro de um todo (de um texto por 
exemplo), uma ou mais informações, ideias ou 
conceitos mais relevantes ou não. 
Pode ser apenas uma transcrição de 
um trecho de um texto ou a exposição 
de um trecho seguido de um texto-
comentário. 
Cite Transcrever ou apontar fatos, ideias, ocorrências ou 
características de algum elemento. 
Pode ser apenas uma transcrição de 
um trecho de um texto ou a exposição 
de um trecho seguido de um texto-
comentário. 
Confronte Observar o comportamento, atitude, opinião de duas 
ou mais pessoas, teorias ou posicionamentos a fim de 
se estabelecer alguns juízos e/ou relações como por 
exemplo de igualdades, de diferenças etc. 
Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. Confrontar 
está intimamente ligado ao ato de 
comparar. 
Critique Examinar com muito critério alguma ideia, noção ou 
entendimento tentando perceber qualidades e ou 
defeitos, pontos negativos e/ou positivos etc. 
 Exige a elaboração de um texto 
próprio como resposta. Importante 
observar que criticar não é somente 
levantar aspectos negativos do que se 
está observando – a crítica pode ser 
também de caráter 
positivo/construtivo. 
 
1. Leia com atenção o texto abaixo e, em seguida, responda ao que se pede. Procure responder 
exatamente o que foi solicitado nos enunciados. 
CONSUMO JOVEM 
 
Como abordar um público afluente, mas avesso às mensagens comerciais. 
 
39

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