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1 Universidade Salvador – UNIFACS Cursos de Engenharia – Métodos Matemáticos Aplicados / Cálculo Avançado / Cálculo IV Profa: Ilka Rebouças Freire Série de Fourier Texto 02: Definição. Cálculo dos coeficientes Definição: Uma série de funções da forma ...x3senbx3cosax2senbx2cosasenxbxcosa 2 a 332211 0 +++++++ = ∑ ++ ∞ 1 nn o )sennxbnxcosa( 2 a é chamada de série trigonométrica e as constantes a0, an e bn são chamadas de coeficientes da série trigonométrica Suponhamos que: 1º ) Uma função periódica de período 2pi seja tal que se pode representá-la como uma série trigonométrica, que converge para a função dada, no intervalo ]−pi, pi[, ou seja, ∑ ++= ∞ 1 nn o )sennxbnxcosa( 2 a)x(f 2º ) A integral da função f(x) seja igual à soma das integrais dos termos da série. Isto acontece se supusermos que a série numérica formada pelos coeficientes é absolutamente convergente. Neste caso, a série trigonométrica converge pois é majorada por uma série convergente. De fato: nnnnnnnn basennxbnxcosasennxbnxcosasennxbnxcosa +≤+≤+≤+ Assumindo as hipóteses acima, vamos calcular os coeficientes da série trigonométrica. 1. Cálculo de a0. Suponhamos que ∑ ++= ∞ 1 nn o )sennxbnxcosa( 2 a)x(f . Integrando termo a termo obtemos: ∑ ∫+∑ ∫+∫=∫ +∞ − +∞ −−− 1 pi pi n 1 pi pi n pi pi 0pi pi sennxdxbnxdxcosadx 2 adx)x(f . Temos que: i) 0] n sennx[2nxdxcos2nxdxcos pi0 pi 0 pi pi ==∫=∫ − ; ii) 0sennxdxpi pi =∫ − ( função ímpar) Logo, 00 pi pi 0 pi pi 0 pi pi api]pipi[ 2 a 2 xadx 2 adx)x(f =+= =∫=∫ − −− e, portanto: 2 ∫= − pi pi 0 dx)x(f pi 1 a Observação: O termo constante 2 a 0 corresponde ao valor médio de f(x) em um período: ∫= − pi pi 0 dx)x(f pi2 1 2 a o que justifica escrevermos, por conveniência, o primeiro termo como 2 a 0 . 2. Cálculo de ak. Multipliquemos ∑ ++= ∞ 1 nn o )sennxbnxcosa( 2 a)x(f por coskx: ∑ ++= ∞ 1 nn o )kxcossennxbkxcosnxcosa( 2 kxcosa kxcos)x(f . Integrando termo a termo no intervalo [−pi, pi] ∑ ∫+∑ ∫+∫=∫ +∞ − +∞ −−− 1 pi pi n 1 pi pi n pi pi 0pi pi kxdxcossennxbkxdxcosnxcosadx 2 kxcosa kxdxcos)x(f De resultados já obtidos anteriormente ( Texto 01 ) temos que :. i) 0 k senkxakxdxcosa pi pi 0 pi pi 0 = =∫ − − ii) = ≠ =∫ − k n se ;pi k n se ;0 kxdxcosnxcos pi pi iii) 0kxdxcossennxpi pi =∫ − Ficamos então com ∫ = − pi pi kpiakxdxcos)x(f . Logo, ∫= − pi pi k kxdxcos)x(f pi 1 a 3. Cálculo de bk. Multipliquemos ∑ ++= ∞ 1 nn o )sennxbnxcosa( 2 a)x(f por senkx: 3 ∑ ++= ∞ 1 nn o )sennxsenkxbnxsenkxcosa( 2 senkxa senkx)x(f . Integrando termo a termo no intervalo [−pi, pi] ∑ ∫+∑ ∫+∫=∫ +∞ − +∞ −−− 1 pi pi n 1 pi pi n pi pi 0pi pi dxsennxsenkxbnxsenkxdxcosadx 2 senkxa senkxdx)x(f De resultados já obtidos anteriormente ( Texto 01 ) temos que :. i) 0senkxdxapi pi 0 =∫ − ( função ímpar ) ii) 0nxsenkxdxcospi pi =∫ − ( função ímpar ) iii) = ≠ =∫ − k n se ;pi kn se ;0 dxsennxsenkx pi pi Ficamos então com ∫ = − pi pi kpibsenkxdx)x(f . Logo, ∫= − pi pi k senkxdx)x(f pi 1b Os coeficientes a0, ak e bk determinados pelas fórmulas deduzidas acima são chamados de coeficientes de Fourier e as fórmulas correspondentes de fórmulas de Euler. A série trigonométrica formada com esses coeficientes se chama série de Fourier. Observações: • Devido à periodicidade dos integrandos, no cálculo dos coeficientes a0, ak e bk o intrvalo de integração pode ser substituído por qualquer outro de comprimento 2pi. ... pi4 pi2 pi2 0 pi pi =∫=∫=∫ − • De acordo com a definição de integral definida, se f(x) for contínua ou simplesmente contínua em intervalos ( ou seja, contínua exceto num número finito de pontos ) as integrais para o cálculo dos coeficientes existem. A questão pendente é saber se a série de Fourier assim obtida converge e possui soma f(x). Vamos então enunciar um resultado que nos dá uma condição suficiente para que uma função seja representada por sua série de Fourier. 4 Definição: Uma função f(x) é chamada de seccionalmente monótona ( ou monótona por partes) em [a, b], se este intervalo puder ser dividido por um número finito de pontos x1, x2, ...xn-1, em subintervalos ]a, x1[, ]x1, x2[,....,]xn-1, b[ de modo que f(x) seja monótona ( crescente ou decrescente) em cada subintervalo. Desta definição segue que se uma função é monótona por partes e limitada em [a,b], então ela possui apenas pontos de descontinuidades de 1ª espécie, isto é, se x0 é ponto de descontinuidade de f, então os limites laterais em x0 existem: )x(flim 0xx −→ ∃ e )x(flim 0xx +→ ∃ . Teorema de Fourier: Se f é uma função de período 2pi, monótona por partes e limitada em ]−pi, pi[, então a série de Fourier de f(x) converge em cada ponto x. A soma da série resultante s(x) é igual f(x) se f é contínua em x. Nos pontos de descontinuidade de f a soma é igual à média aritmética dos limites laterais de f. Ou seja, se x = x0 é descontinuidade de f, então 2 )x(f)x(f)x(s 000 +− + = , sendo )x(flim)x(f 0xx 0 −→ − = e )x(flim)x(f 0xx 0 +→ + = Deste Teorema vemos que a classe de funções que podem ser representadas por uma série de Fourier é muito grande. Desta maneira as séries de Fourier têm encontrado grandes aplicações nos diversos ramos da matemática e das engenharias. Exemplo: Dê o desenvolvimento em série de Fourier das seguintes funções esboçando os gráficos correspondentes. 1) << <<−− = pix0 ;1 0xpi ;1)x(f f periódica de período 2pi. Esta função pode representar, por exemplo, uma força externa aplicada a um sistema mecânico ou uma força eletromotriz num circuito elétrico Observemos, inicialmente, que f é limitada e monótona em ]−pi, pi[ , logo satisfaz ao Teorema de Fourier. 5 i) ∫= − pi pi 0 dx)x(f pi 1 a . Uma vez que f é ímpar temos que a0 = 0 ii) ∫= − pi pi k kxdxcos)x(f pi 1 a . Uma vez que f é ímpar e coskx é par o integrando é ímpar, logo ak = 0 iii) ∫= − pi pi k senkxdx)x(f pi 1b = [ ] [ ]1pikcos pik 2kxcos pik 2 senkxdx pi 2 senkxdx)x(f pi 1 pi 0 pi 0 pi pi − − =−=∫=∫ − Usando que − = ímpar ék se ;1 par ék se ;1 pikcos , podemos escrever de forma compacta coskpi = ( −1)k. Logo, [ ] =−− − = ímpar ék se ; pik 4 par ék se ;0 1)1( pik 2b kk Temos assim que +++=∑ − − = +∞ ... 5 x5sen 3 x3sen senx pi 4 )1n2( x)1n2(sen pi 4)x(f 1 Vejamos as somas parciais de f(x) e a representação gráfica correspondente: ................................................... ) 5 x5sen 3 x3sen senx( pi 4)x(s ) 3 x3sen senx( pi 4)x(s ;senx pi 4)x(s 3 2 1 ++= += = Observemos que o gráficos das somas parciais se aproxima, a medidaque n aumenta, do gráfico de f(x). Nos pontos de descontinuidade de f, que são da forma x0 = kpi temos que 0 2 11 2 )x(f)x(f)x(s 000 = − = + = +− Observemos que a função é ímpar e portanto sua série de Fourier é de senos. 6 2) << <<−− = pix0 ;x 0xpi ;x)x(f ; f periódica de período 2pi. Observemos, inicialmente, que f é limitada e monótona em ]−pi, pi[ , logo satisfaz ao Teorema de Fourier. i) ∫= − pi pi 0 dx)x(f pi 1 a . Uma vez que f é par temos que [ ] pix pi 1 xdx pi 2 a pi 0 2pi 0 0 ==∫= ii) ∫= − pi pi k kxdxcos)x(f pi 1 a = ∫ pi 0 kxdxcosx pi 2 . Usando partes: =⇒= =⇒= k senkx vdvkxdxcos dudxux kxcos k 1 senkx k x senkxdx k 1 senkx k x vduuv 2+=∫−=∫− . Logo, ak = ∫ pi 0 kxdxcosx pi 2 = −= + 22 pi 0 2 k 1 pikcos k 1 pi 2kxcos k 1 senkx k x pi 2 = [ ]1pikcos kpi 2 2 − . ak = [ ] − =−− ímpar ék se ; kpi 4 par ék se ;0 1)1( kpi 2 2 k 2 iii) ∫= − pi pi k senkxdx)x(f pi 1b = 0senkxdx)x(f pi 1 pi pi =∫ − ( o integrando é o produto de uma função par por uma ímpar, logo é ímpar e portanto a integral é zero ) Temos assim que +++−=∑ − − −= +∞ ... 5 x5cos 3 x3cos xcos pi 4 2 pi )1n2( x)1n2cos( pi 4 2 pi)x(f 221 2 Observemos que a função é par e portanto sua série de Fourier é de cossenos. 7 3) f(x) = x, se 0 < x < 2pi; f periódica de período 2pi Observemos, inicialmente, que f é limitada e monótona em ]0, 2pi[, logo satisfaz ao Teorema de Fourier. i) pi2 pi2 pi4 2 x pi 1 xdx pi 1dx)x(f pi 1 a 2pi2 0 2pi2 0 pi pi 0 == =∫=∫= − Usamos o fato que ∫ ∫= − pi pi pi2 0 dx)x(fdx)x(f , ou seja, a integral de uma função periódica é a mesma em qualquer intervalo de comprimento igual ao período. ii) 0 k 1 k pik2cos pi 1kxcos k 1 senkx k x pi 1kxdxcosx pi 1kxdxcos)x(f pi 1 a 22 pi2 0 2 pi2 0 pi pi k = −= +=∫=∫= − Observação: A integral ∫ kxdxcosx foi resolvida no exemplo anterior iii) ∫=∫= − pi2 0 pi pi k xsenkxdx pi 1 senkxdx)x(f pi 1b . Usando partes: − =⇒= =⇒= k kxcos vdvsenkxdx dudxux senkx k 1kxcos k xkxdxcos k 1kxcos k x vduuv 2+−=∫+ − =∫− . Logo, bk= ∫ pi2 0 xsenkxdx pi 1 = = −++−= +− 00pik2sen k 1 pik2cos k pi2 pi 1 senkx k 1kxcos k x pi 1 2 pi2 0 2 k 2 − Temos assim que ∑−= +∞ 1 n sennx2pi)x(f = +++− ... 3 x3sen 2 x2sen senx2pi . Para os pontos da forma 2kpi (pontos de descontinuidade), temos que 0)x(flim e pi2)x(flim pik2xpik2x == +→−→ . Assim, nesses pontos, pi 2 0pi2 2 )x(f)x(f)x(s =+=+= +− 8 As somas parciais são: ...................................................... x3sen)3/2(x2sensenx2pi)x(s x2sensenx2pi)x(s senx2pi)x(s pi)x(s 3 2 1 0 −−−= −−= −= = 4) << <<− = pix0 ;x 0xpi ;0)x(f ; f periódica de período 2pi. Observemos, inicialmente, que f é limitada e monótona em ] −pi, pi[, logo satisfaz ao Teorema de Fourier. i) 2 pi pi2 pi 2 x pi 1 xdx pi 1dx)x(f pi 1 a 2pi 0 2pi 0 pi pi 0 == =∫=∫= − ii) = −= +=∫=∫= − 22 pi 0 2 pi 0 pi pi k k 1 k pikcos pi 1kxcos k 1 senkx k x pi 1kxdxcosx pi 1kxdxcos)x(f pi 1 a = [ ] − =−− ímpar ék se ; pik 2 par ék se ;0 1)1( pik 1 2 k 2 9 iii) bk = ∫ pi 0 xsenkxdx pi 1 = k )1( k )1)(1( pikcos k pi pi 1 senkx k 1kxcos k x pi 1 1kkpi 0 2 + − = −− = −= +− −+−+ +++−=∑ − +∑ − − −= ∞+ +∞+ ... 3 x3sen 2 x2sen senx... 25 x5cos 9 x3cos xcos pi 2 4 pi n sennx)1( )1n2( x)1n2cos(2 4 pi)x(f 1 1n 1 2 Para os pontos de descontinuidade que são da forma x = (2k+1)pi, temos que 0)x(flim e pi)x(flim pi)1k2(xpi)1k2(x == ++→−+→ . Assim, nesses pontos, 2 pi 2 0pi 2 )x(f)x(f)x(s =+=+= +− As somas parciais são ................................................... 3 x3sen x5cos pi25 2 2 x2sen x3cos pi9 2 senxxcos pi 2 4 pi)x(s 2 x2sen x3cos pi9 2 senxxcos pi 2 4 pi)x(s senxxcos pi 2 4 pi)x(s 4 pi)x(s 3 2 1 0 +−−−+−= −−+−= +−= = Referências Bibliográficas: 1. Boyce/ Di Prima – Equações Diferenciais Elementares LTC 2. Dennis Zill/ Michael Cullen - Equações Diferenciais vol 2 Makron Books 3. George B. Thomas – Cálculo vol 2 Pearson 4. Marivaldo P Matos – Séries e Equações Diferenciais Prentice Hall 10
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