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👃 Fisiologia respiratória • Funções do sistema respiratório - Trocas gasosas - Defesas do organismo (contra elementos que estão em suspensão no ar e atravessam a membrana respiratória com muita facilidade, uma vez que essa membrana é muito fina para permitir as trocas gasosas) - Manutenção do pH plasmático (agudo = sistema respiratório/crônico = sistema renal) (pares acido/base conjugados, níveis de CO2 no organismo - controle neural -, - Síntese e metabolismo de diversos compostos (ex: angiotensina I é transformada em angiotensina II quando passa pelos pulmões - ECA) - Fonação - Pontos importantes - Mecânica respiratória Expansão e retração da caixa torácica (mecânica da respiração) - impacto nas estruturas alveolares - necessidade de garantir sua integralidade - surfactante (predomínio de lipídeos + um pouco de proteinas) mantém a estrutura alveolar pois diminui a tensão superficial (forças de superficie) e estabilizas alvéolos, diminuindo o trabalho da respiração > Síndrome da angústia respiratória do recém nascido Obs: Cortisol = maturação da função pulmonar - transição da vida intra-uterina para a vida pós- natal Transição alvéolos-sangue Nervo frênico: contração do diafragma - forças de expansão pulmonar Forças intrínsecas naturais de retração elástica do pulmão que o mantém compactado (rede elástica que tende a contrair) Briga de forças que geram uma pressão negativa no espaço pleural > Pneumotórax Relação ventilação-perfusão Necessidade da integridade circulatória para os alvéolos (rede vascular) - controle do aporte sangüíneo diferenciado - a diminuição da disponibilidade de oxigenio no interior de determinado alvéolo leva a vasoconstricao da rede capilar que chega nele, melhorando o aporte sangüíneo para os outros alvéolos que estão sendo bem ventilados Regionalização da perfusão - há diferença entre quais regiões do pulmão são mais bem perfundidas em determinados momentos Transporte dos gases no sangue Oxigênio - ligado a hemoglobinas - no interior de hemácias - efeito bohr e haldane (afinidades a ligação hemoglobina - O2) Controle respiratório Principal controlador da respiração = CO2 (receptores químicos na periferia e no SNC) Controle voluntário: a voluntariedade respiratória existe, mas não é isso que governa a inspiração e expiração diárias, pois ela é um processo automático, dependente dos níveis de CO2 no sangue Controle mecânico: reflexo de insuflação (receptores sensíveis ao estiramento) Controle químico: quimiorreceptores André Realce André Realce André Realce André Realce André Realce 👃 Organização morfofuncional do sistema respiratório Zona condutora: passagem do ar (aquecimento, filtração e umidificacao) Zona respiratória: trocas gasosas Obs: aumento da resistência das vias aéreas = acumulo de secreção e contração do músculo liso 👃 Inervação das vias aéreas • Estimulação do SNP (ação mais localizada) - sistema protetor acionado, por exemplo, por uma irritação do sistema respiratório (poeira, frio, ar muito seco, etc) > constrição de vias aéreas > dilatação dos vasos sangüíneos > aumento da secreção glandular • Estimulação do SNS (a influência do simpático ocorre principalmente pela adrenalina circulante decorrente da estimulação da medula suprarrenal, e não tanto diretamente pela inervação direta das vias aéreas por essa divisão autônoma) > relaxamento das vias aéreas (diminuição da resistência para que o ar flua com maior facilidade e vigorosidade) > constrição dos vasos sangüíneos (vasos responsáveis pela nutrição desse sistema como um todo e pelo controle da atividade glandular, diminuindo a sua atividade) > inibição da secreção glandular (diminui a secreção de muco para que não haja resistência a passagem do ar) Obs: para oportunizar a chegada de oxigenio as células, o simpático, que aumenta a freqüência cardíaca, vai causar um relaxamento das vias aéreas 👃 Resistência pulmonar Segundo a lei de Poiseuille, o principal local de resistência das vias aéreas fica localizado naquelas de menor calibre. Por que então os brônquios de grande calibre representam o principal local de resistência ao longo da árvore bronquica? Traqueia -> Brônquios principais -> Brônquios segmentares -> Brônquios subsegmentares O numero de ramificações das vias aéreas aumenta a medida que cada divisão diminui. A resistência oferecida por cada via aérea aumenta com a diminuição do diâmetro, mas o grande aumento nas vias aéreas dispostas em paralelo reduz a resistência em cada nova geração de ramificações (o fato dos alvéolos estarem dispostos de maneira agrupada, sua resistência é a mais baixa do sistema respiratórios - a disposição alveolar confere a eles, em conjunto, menor resistência) Condições fisiológicas: brônquios adjacentes à traqueia e bronquiolos maiores são os locais de maior resistência ao fluxo aéreo Condições patológicas: bronquiolos menores são locais de fácil oclusão pela contração muscular e pelo acumulo de liquido em suas paredes (acumulo de muco na luz) 👃 Fluxo laminar e fluxo turbulento - Fluxo turbulento: vias aéreas de grande calibre (nariz, boca, glote e brônquios) - Fluxo laminar: vias aéreas periféricas Obs: padrão laminar como um todo, mas áreas de turbulência podem ser geradas, por exemplo, por acumulo de secreções 👃 Fatores que contribuem para a resistência e regulação neuro-humoral da resistência das vias aéreas - A resistência ao fluxo aéreo é aumentada pela presença de muco, edema das vias aéreas, contração do músculo liso brônquico; - O aumento da densidade do gás (mergulho) eleva a resistência das vias aéreas - A estimulação de fibras vagais eferentes aumenta a resistência das vias aéreas - A estimulação dos nervos simpáticos e a liberação de noradrenalina inibem a constrição das vias aéreas. - Inalação de fumaça, poeira e ar frio estimulam reflexa do nervo vago causando tosse e constrição das vias aéreas. - Histamina, acetilcolina, prostaglandinas, leucotrienos promovem constrição e aumento da resistência do músculo liso 👃 Células das vias aéreas André Realce André Realce 1. Células produtoras de muco a) Células secretoras de superfície ou células caliciformes): o número destas vai diminuindo ao longo das divisões pulmonares. Elas aumentam em numero e espalham-se pelos bronquiolos em resposta ao tabagismo e a poluentes ambientais b) Glândulas submucosa: aumentam em volume e tamanho na bronquite crônica e estendem-se aos bronquíolos nas doenças pulmonares c) Células de Clara – presentes nos bronquíolos ❗ ️Fibrose cística Condição clinica genética que aparece em vários sistemas Problema central: anormalidade em um canal de cloreto, que leva a produção de uma secreção com viscosidade anormal e que se acumula na região da mucosa, contribuindo para a destruição das células epiteliais. A bomba de sódio e potassio (localização baso-lateral) influencia o co- transportador sodio/cloreto, trazendo o cloreto para dentro da celula. Na outra membrana (apical) existem canais de cloreto que retiram esse íon da célula, íon que compõe as secreções do sistema respiratório conferindo a elas maior fluidez (secreções que permitem o escoamento de substancias aprisionadas). Quando esses canais estão comprometidos, as propriedades químicas da secreção são alteradas e elas se tornam secreções bastante viscosas, de difícil remoção, comprometendo a integralidade das células epiteliais 2. Fibroblastos: responsáveis pela síntese e secreção de colágeno (limita a distensibilidade dos pulmões) e elastina (responsável pela retração elástica pulmonar) 3. Células alveolares a) Tipo 1: células achatadas, alongadas, responsáveis pelas trocas gasosas b) Tipo 2: células responsáveis pela produção de surfactante pulmonar (adesividade = afinidadequímica com a membrana das células alveolares) e pela regeneração da estrutura alveolar normal após as lesões c) Pneumócitos tipo 3: células em escova encontrada por todo o pulmão 👃 Surfactante - Mistura complexa de fosfolipideos, lipídeos neutros, acidos graxos e proteinas - Vantagens fisiológicas: > diminuição do trabalho respiratório (reducao das forças de tensão superficial) > evitar o colapso e a aderência dos alvéolos na expiração (propriedades anti-adesivas) > estabilização dos alvéolos • Relação surfactante x afogamento (ex: agua do mar - entrada de liquido nas vias respiratórias, "lavando" o surfactante - desequilíbrio na osmolaridade local levando a perda de agua para a superfície cheia de sal) • Recem nascido - amadurecimento do sistema pulmonar - capacidade de secretar condições adequadas de surfactante - cortisol acelera o amadurecimento Obs: agonista beta-adrenérgicos, ativadores da proteína cinase C, leucotrienos, entre outros, estimulam a secreção de surfactante 👃 Circulação pulmonar 👃 Controle central da respiração “A respiração é um processo automático, rítmico, e centralmente regulado com controle voluntário.” O córtex cerebral determina o movimento voluntário da respiração. No entanto, existem receptores químicos e mecânicos que controlam automaticamente esse sistema André Realce André Realce 👃 Mecânica da ventilação pulmonar a) Expansão e contração pulmonar - Movimento do diafragma (a atuação do nervo frênico coincide com a atuação do sistema nervoso simpático, que promove broncodilatacao, diminuição da resistência das vias aéreas e aceleração da atividade cardiovascular, possibilitando a chegada de oxigenio suficiente as células) - Elevação e abaixamento das costelas Além da contração do diafragma e da expansão da caixa torácica (fatores mecânicos), há que se falar na presença de alvéolos íntegros, o que depende continuamente da secreção de surfactante (impedir o colapso de alvéolos na expiração) e da integridade alveolar propriamente dita (algumas patologias podem comprometer esses alvéolos, tais como tampão mucoso, atelectasia - destruição/colapso dos alvéolos - enfizema, etc - fatores que interferem diretamente nas trocas que ocorrem na interface alvéolo-sangue b) Outros fatores b.1) Pressão pleural: pressão do liquido no espaço estreito entre a pleura visceral e a pleura parietal - no inicio da inspiração: -5 cm H2O - durante a inspiração: -7,5 cm H2O A drenagem constante desse liquido pelo sistema linfático ocorre por uma ligeira sucção que mantém a pressão pleural negativa. Além disso, as forças de retração elástica do pulmão, que mantém o seu formato, justificam um tracionamento em sentido contrário, que também mantém a integridade desse espaço, pois ajuda a manter a pressão negativa nesse espaço b.2) Pressão alveolar Com a expansão pulmonar, como há expansão do volume alveolar, a pressão alveolar cai no inicio e depois começa a aumentar. Na expiração, a pressão nos alvéolos aumenta até se normalizar com valores iguais aos da pressão atmosférica -> A diferença entre essas pressões é a pressão transpulmonar Pressão transpulmonar = Pressão alveolar - Pressão pleural Pressão transtoracica = Pressão pleural - Pressão barométrica (pressão atmosférica) Pressão através do sistema respiratório = Pressão transpulmonar + Pressão transtoracica Pneumotórax: entrada de ar entre as pleuras parietal e visceral por trauma, cirurgia ou ruptura de um grupo de alvéolos. A pressão intrapleural passa a ser igual à pressão atmosférica, os pulmões colapsam e a parede torácica se expande 👃 Volume pulmonar - Propriedades de retração elástica - Propriedades dos músculos da parede torácica Complacência pulmonar: medida das propriedades elásticas do pulmão que se refere a alteração no volume pulmonar provocada pela variação de 1 cm de H2O na pressão de distensão pulmonar. Ou seja, um pulmão complacente se expande bastante, mas isso não significa que a capacidade respiratória vai ser melhor, pois não adianta ter pressões favoráveis a captação de ar se não houver área disponível para a troca (no enfisema - porque os alvéolos aumentam - e na asma - porque a resistência das vias aéreas está aumentada - por exemplo, o pulmão consegue se expandir mais, se torna mais complacente, mas a capacidade de troca é ineficiente, e inclusive, a própria redução de áreas de trocas pode causar um aumento do volume pulmonar como na enfisema) 👃 Trabalho respiratório Trabalho necessário para sobrepujar as propriedades mecânicas inerentes ao pulmão (forças elásticas e fluxos resistentes) e movimentar a parede torácica Trabalho respiratório (W) = Pressão (P) x Alterações no volume (^V) Patologias - Pneumopatias restritivas (ex: fibrose pulmonar): diminuição na complacência pulmonar -> aumento do trabalho respiratório (inspiração é mais afetada) - Pneumopatias obstrutivas (ex: asma, bronquite crônica): aumento da resistência das vias aéreas -> aumento do trabalho respiratório (expiração é mais afetada) - Inspirações profundas ou aumento da freqüência respiratória - aumento do trabalho respiratório 👃 Ventilação - Ventilação por minuto (Ve): volume de ar que entra e sai do pulmão por minuto - Espaço morto anatômico: locais do sistema respiratório nos quais o ar flui, mas a passagem de ar por esses locais não implica em trocas gasosas = porção condutora. Tem como função minimizar variações na composição do ar que chega aos alvéolos, resistindo a variações bruscas na atmosfera - Espaço morto fisiológico: é o espaço morto anatômico e o espaço morto secundário aos alvéolos ventilados, porém não perfundidos, ou insuficientemente perfundidos, descontinuidade da perfusão para os alvéolos (anomalias que acometem a perfusão sanguinea) - Ventilação alveolar (Va): é a ventilação por minuto corrigida para o espaço morto fisiológico 👃 Distribuição do fluxo sangüíneo pelos pulmões Em geral, os vasos pulmonares funcionam como tubos distensiveis, cujo calibre aumenta ou diminui de acordo com a pressão. No entanto, a diminuição do oxigenio alveolar vai gerar a constrição do vasos que chegam nele, reduzindo o fluxo sangüíneo (controle automático da distribuição do fluxo sangüíneo pulmonar). Isso garante a oxigenação adequada de sangue, visto que assegura a sua distribuição para segmentos pulmonares que estão melhor oxigenados * Receptores específicos para o oxigenio - quando detectam uma baixa na pO2 causam vasoconstricao garantindo uma melhor perfusão sanguinea para alvéolos bem ventilados * Receptores da drenalina - distribuição desigual de receptores (contração e vasodilatacao) 👃 Difusão dos gases - Os gases respiratório são muito lipossolúveis, mas o CO2 é muito mais solúvel do que o O2 - A difusão de um gás em determinada direção depende do gradiente de concentração - A pressão parcial de um gás em uma mistura de gases é diretamente proporcional a concentração - A pressão parcial de um gás em uma solução é diretamente proporcional à concentração e inversamente proporcional ao coeficiente de solubilidade do gás Quanto maior a solubilidade menor será a pressão = CO2 👃 Ar atmosférico - Ar umidificado - Ar alveolar Pressão do vapor d'água: como moléculas de agua escapam da superficie para alcançar o lumen, umidificando o ar que entra nas vias de condução, a concentração de oxigenio, nitrogênio e dióxido de carbono nessas vias vai diminuir (pressão diminui). Logo, a composição do ar atmosférico será diferente da composição do ar confinado nas vias aéreas “Quando o ar não-umidificado penetra nas vias aéreas, a evaporação de água da superfície dessas vias umidifica o ar. A pressão de vapor de água corresponde à pressão exercida pelas moléculasde água para escapar através da superfície. “Quanto maior a temperatura, maior a atividade cinética das moléculas e, portanto, maior a probabilidade das moléculas de água escaparem da superfície da água para a fase gasosa.” Já no ar alveolar, a concentração de oxigenio diminui, em razão da sua difusão imediata para o sangue, e a concentração de dióxido de carbono aumenta pelo motivo contrário 👃 Eficiência da respiração - O volume de ar alveolar substituído por ar atmosférico fresco a cada respiração é de apenas 1/7 do total. Essa lenta substituição do ar alveolar é importante para evitar alterações súbitas das concentrações de gases no sangue - Eficiência da ventilação Quanto maior a ventilação maior a eficiência das trocas gasosas - Características da membrana respiratória: quanto mais fina e mais ampla, maior a eficiência das trocas gasosas 👃 Relação ventilação-perfusão - A circulação pulmonar sofre influência significativa da gravidade, dada a baixa pressão e baixa resistência - A relação ventilação alveolar (4 L/min) x perfusão total (5 L/min) no pulmão normal é de ~0,8 - A relação V/Q no ápice pulmonar é alta e na base pulmonar é muito baixa. Isso ocorre porque, na base, o fluxo sangüíneo é muito maior do que no ápice (aumenta do o denominador, diminui- se o resultado). Além disso, na base há uma maior quantidade de alvéolos a serem ventilados. Por isso, o processo de trocas gasosas é favorecido na base Obs: uma relação ventilação x perfusão normal não significa que a ventilação e a perfusão para uma determinada unidade pulmonar estejam dentro da normalidade 👃 Patologias - Hipoventilação: diminuição da PaO2 e aumento da PaCO2 - Hipoxemia (não precisa estar relacionada com a ventilação): PaO2 abaixo da faixa de normalidade (80 mmHg) - Hipercapnia: PaCO2 acima da normalidade (40 +- 2 mmHg) - Hipocapnia: PaCO2 anormalmente reduzida (< 35 mmHg) (ambas as "capnias" estão necessariamente relacionadas com a respiração) * variações da pressão parcial desses gases no sangue em decorrência de alterações na ventilação (hipercapnia decorre apenas da hipoventilacao) * a hiperventilacao leva a uma hipocapnia e vice versa * hipoxemia x hipoxia: a hipoxemia se relaciona com uma baixa de oxigenio no sangue arterial, enquanto uma hipoxia (tecidual) corresponde a falta de oxigenio para sustentar a atividade celular (pouco oxigênio nas células) * a hipoventilacao leva tanto a hipoxemia quanto a hipercapnia 👃 Desvios: - Shunt anatômico: ocorre frequentemente dentro do coração quando o sangue desoxigenado do átrio ou ventrículo direito atravessa o septo mistura-se com o sangue do átrio ou ventrículo esquerdo -> grau variável de hipoxemia arterial - Shunt fisiológico: ocorre diante da descontinuidade da ventilação para uma das unidades pulmonares (Ex: atelectasia, tampão mucoso, edema das vias aéreas) 👃 Doenças relacionadas - Tetralogia de Fallot: caracteriza-se pela estenose da válvula pulmonar e defeito no septo ventricular. Como a pressão no ventrículo direito aumenta, o sangue desoxigenado é desviado do ventrículo direito para o esquerdo (shunt anatômico) e não passa pelo pulmão - hipoxemia - Síndrome Guillain-Barré: doença neuromuscular aguda associada à fraqueza muscular ascendente. O comprometimento do diafragma diminui a ventilação-minuto e a PaO2 e a PaCO2 aumenta - hipoventilacao = hipoxemia + hipercapnia 👃 Captação de oxigênio pelo sangue pulmonar Em razão da circulação bronquica, quando o sangue sai da aorta, parte dele é desviada para o parênquima pulmonar, fazendo a vascularização desse órgão (zona condutora). Por isso, na extremidade venosa do capilar pulmonar a pO2 no sangue encontra-se igual a pO2 no espaço alveolar (104 mmHg), mas no sangue arterial ela cai para 95 mmHg - Zona condutora: passagem do ar (aquecimento, filtração e umidificacao) - circulação bronquial (sangue da artéria aorta para a nutrição do parênquima pulmonar) - Zona respiratória: trocas gasosas - circulação pulmonar (sangue do ventrículo direito para as unidades responsáveis pelas trocas gasosas) No sangue venosos essa pressão de O2 cai para 40 mmHg, na extremidade venosa do capilar tecidual, e segue com essa pressão pelo sistema venoso Para o CO2 a variação da pressão parcial no sangue arterial e no sangue venoso é muito menor, ficando entre 40 e 45 mmHg, uma vez que seu coeficiente de difusão desse gás é muito maior 👃 Transporte de oxigenio no sangue Hemoglobina: 4 sítios potenciais para a ligação de uma molécula de oxigênio em cada sítio Formada por 4 cadeias polipeptídicas, duas alfa e duas beta. Cada uma dessas cadeias concentra um ferro e é a esse ferro que molécula de oxigênio se liga. Portanto, em uma molécula de hemoglobina se ligam 4 moléculas de oxigênio • Afinidade da ligação oxigênio x hemoglobina - Quantidade máxima de oxigênio capaz de se combinar a hemoglobina no sangue > Sangue do indivíduo normal: 15 g Hb/100 mL sangue > 1 g Hb/1,34 mL O2 > A hemoglobina contida em 100 mL sangue pode combinar-se com o total de aproximadamente 20 mL de oxigênio, quando a hemoglobina está 100% saturada > 5000 mL (débito cardíaco) = 1000 mL de oxigenio Essa condição de saturação total não é uma condição normal. Em 95 mmhg (pressão parcial de referência do oxigenio no sangue), a saturação da hemoglobina é de aproximadamente 97%. Portanto, a quantidade de oxigenio carreada pela hemoglobina e disponibilizado aos tecidos não é de 20 mL, mas sim de 19,4 mL. Obs: o oxigênio que chega as células precisa estar ligado a hemoglobina. O oxigênio livre no sangue não consegue passar para a célula, ou seja, não atende a demanda tecidual • Hemoglobina como um tampão de oxigenio (variação de oxigênio atmosférico) A hemoglobina possui uma zona de saturação que permite que ela segure ou libere o oxigenio com maior ou menor facilidade, dependendo do estado geral do organismo - depende de condições gerais no organismo que modifiquem a afinidade dessa ligação • Funcionamento do sistema tamponante A hemoglobina mantém a pO2 nos tecidos aproximadamente constante mesmo diante de modificações da concentração de oxigenio atmosférico. - Em altas concentrações de oxigênio atmosférico, a hemoglobina ainda tem 3% de "espaço livre" antes de se tornar saturada, conseguindo "segurar" esse excesso de oxigenio que seria tóxico para as células - Em baixas concentrações de oxigenio atmosférico, a hemoglobina consegue manter sua saturação ainda elevada para que possa descarregar muito rapidamente uma maior quantidade de oxigênio para as células, sem que a circulação sangüínea tenha que ser modificada, aumentando a atividade cardíaca No entanto, se há uma baixa oxigenação tecidual que o poder tamponante não consiga manter o equilíbrio, os rins notam que os níveis de oxigenio estão baixo e secretam um hormônio (eritropoetina) capaz de estimular a produção de hemácias na medula óssea aumentando o transporte de oxigenio (aumento do número de sítios transportadores) se ele estiver pouco disponível no meio • Efeito bohr (desvio da curva para a direita) Quando é necessário uma maior descarga de oxigenio para os tecidos, a afinidade da hemoglobina pelo oxigenio precisa diminuir. Quando isso acontece, a curva de saturação é desviada para direita, facilitando a dissociação desse gás. As condições que favorecem o efeito bohr são: aumento de íons hidrogênio (pH acido), aumento de CO2, aumento da temperatura e aumento do BPG. Já o deslocamento para esquerda, aumentando ao máximo a saturação de oxigênio, decorre de um aumento na afinidade da hemoglobina por esse gás, dificultando a sua liberação para os tecidos. As condições que favorecem essa situação são: aumento do pH (pH básico) e intoxicação por monoxido de carbono (maior afinidadepor esse gás do que pelo oxigenio). • Intoxicação por monóxido de carbono Num quadro de intoxicação por monoxido de carbono, se instala uma condição de hipoxia, não porque não há oxigenio no sangue, pelo contrário. A condição se da porque a hemoglobina não consegue se ligar ao oxigenio, ou porque o oxigenio, que se ligou a uma cadeia da hemoglobina, não se solta com facilidade. A pressão parcial de oxigenio no sangue se mantém normal em razão da quantidade desse gás que se encontra diluída no sangue. No entanto, essa parcela de O2 não atende ao funcionamento das celulas. Logo, como os níveis de pressão estão normais, os processos de controle da respiração não vão ser disparados. Além disso, o efeito bohr não vai funcionar, porque as alterações que o monoxido produz na hemoglobina superam as alterações locais produzidas pelas outras moléculas que disparariam esse efeito numa tentativa de compensação. Importante ressaltar também, que a ligação do monoxido de carbono à apenas uma cadeia dentre as 4 presentes na hemoglobina, determina a modificação da forma desta proteína, aumentando a sua afinidade pelo oxigenio nos outros sítios de ligação, tornando muito mais difícil a sua dissociação. Logo, o desvio da curva de dissociação vai para a esquerda e o oxigenio não é liberado, justificando a hipoxia tecidual mesmo diante de níveis normais de oxigenio (chegada insuficiente de oxigenio as células) - efeitos semelhantes ao da anemia hipoxica Obs: diante dessa situação de hipoxia, as células tentam compensar a falta de O2 por meio das vias anaeróbias, o que aumenta a produção de acidos orgânicos, aumentando a acidez local. No entanto, esse aumento local de H+ ganhar do efeito do monoxido e nem disparar o centro respiratório, pois este não responde aos íons H+ formados na periferia. Portanto o que acontece na periferia não consegue garantir o aumento da ventilação, não resolvendo o problema 👃 Transporte de CO2 no sangue Existe uma parte de CO2 que é transportada de maneira diluída, outra parte é transportada ligada a hemoglobina, mas o principal meio de transporte desse gás na corrente sangüíneo é como bicarbonato Aproximadamente 4 mL de dióxido de carbono são transportados dos tecidos para os pulmões em cada 100 mL de sangue.” A presença da anidrase carbônica no interior da hemácia aumenta a velocidade da reação do CO2 com agua, gerando acido carbônico. Este acido se dissocia e aparece em grande parte como bicarbonato no plasma (maioria), como fruto do tampão acido carbônico/bicarbonato. O bicarbonato, ao sair para o plasma, vai ser trocado pelo cloreto. Como a hemácia contem hemoglobina, os H+ liberados nessa dissociação vão se ligar momentaneamente a esta hemoglobina. Quando o sangue chega aos pulmões, a pressão de CO2 é de 45 mmHg. Para disponibilizar o CO2 para a atmosfera através dos alvéolos, é necessário que ocorra o efeito haldane • Efeito Haldane Quando oxigenio passa dos alveolos para hemoglobina em razão da sua pressão elevada naquele compartimento, ele transforma essa proteína em um acido forte, o que justifica a liberação do CO2 ligado a hemoglobina para os alvéolos e promove ainda o desprendimento de H+. Quando ocorre a liberação desse íon, ele se liga ao bicarbonato presente no sangue e da origem ao acido carbônico. A partir de então, a anidrase carbônica, presente também nos pulmões, degrada o acido carbônico em CO2 e agua Obs: a ionização do acido carbônico não tem participação da anidrase. Esta participa apenas na formação do acido carbônico (anidrase presente nas hemácias), a partir de CO2 e agua e na degradação dele (anidrase presente nos pulmões)90 em CO2 e agua 👃 Controle da respiração Mecanismo químicos (níveis de gases no sangue - baixa de pO2 e alta de CO2) e físicos (limitado pela expansão dos pulmões - reflexo de estiramento pulmonar) - Grupo respiratório dorsal = inspiração (recebe sinais que se acumulam e fazem da inspiração um processo cada vez mais vigoroso - sinal em rampa). Quando esses sinais cessam, o que ocorre muito rapidamente, ocorre a expiração - Grupo respiratório ventral = expiração (ocorre muito mais pelo desligamento do sinal inspiratório) - esse centro existe apenas porque, se esses neurônios forem estimulados, a expiração aumenta - sinais expiratórios vigorosos aos músculos abdominais durante a expiração intensa (mecanismo de reforço) - Centro pneumotaxico: limita a inspiração e, secundariamente, aumenta a freqüência respiratória. Um sinal pneumotáxico intenso pode aumentar a frequência respiratória, enquanto um sinal pneumotáxico fraco pode reduzir a frequência respiratória (controle da freqüência e da profundidade respiratórias) A área quimiosensivel está numa localização intermediária entre esses dois grupos e possui neurônios que percebem variações químicas, tendo um impacto direto sobre a freqüência respiratória Algumas condições favorecem a função do nucleo dorsal: quimiorreceptores periféricos sensíveis aos níveis de oxigenio (nervo vago), barorreceptoresreceptores encontrados no pulmão (nervo glossofaringeo). Esses sinais chegam ao núcle do trato solitário 👃 Reflexo de insuflação de Hering-Breuer A medida que os pulmões se expandem aumentando o volume corrente a ponto de ultrapassar em muito o volume normal, esse reflexo é disparado, cessando os sinais inspiratorios (limitador da expansão pulmonar - medida protetora) 👃 Relação oxigenio-dióxido de carbono A escassez de oxigênio pelo consumo elevado pelas celulas, vai ativar sensores periféricos que respondem a baixa de desse gás; e a consequente alta de CO2 vai ser percebida por sensores centrais (evento mais significativo). - Os quimiorreceptores periféricos aparecem em áreas expostas ao sangue arterial em uma área em que a pressão de O2 está sempre alta (arco aórtico e seio carotideo), ou seja, percebem a falta de O2 antes do organismo sofrer com isso. Eles atuam determinando o fechamento de canais de potássio, aumentando o número de descargas e aumentando a freqüência respiratória Obs: existe uma faixa em que os quimiorreceptores arteriais respondem. Abaixo dela eles deixam de responder - Já a alta de CO2, modifica a ventilação pela interferência em quimiorreceptores centrais, presentes na área quimiosensivel do bulbo. Mas a estimulação destes não corre diretamente pelo CO2, mas sim pela concentração de H+. No entanto, esse H+ não é proveniente dos mecanismos locais que alteram a afinidade da hemoglobina e promovem a vasodilatacao, pois eles não conseguem transpor a barreira e chegar na zona quimiosensivel. O H+ que estimula essa zona é formado localmente em decorrência do excesso de CO2 que chega até ela na própria forma de CO2, se reunindo com a agua, formando acido carbônico e sendo dissociado em H+ e bicarbonato Obs: quando a pressão de CO2 é excessivamente alta, esses receptores deixam de funcionar Obs: “A excitação do centro respiratório pelo CO intensa nas primeiras horas, quando o CO2 começa a aumentar; mas declina gradualmente no decorrer dos próximos 1-2 dias, diminuindo para cerca de 1/5 do efeito inicial; ou seja, a ocorrência de alteração da concentração sangüínea de CO exerce poderoso efeito agudo sobre o controle do impulso respiratório, mas exibe apenas fraco efeito crônico após alguns dias de adaptação.” Nesse caso, há compensação renal via reabsorção de bicarbonato André Realce André Realce
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