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Aula109 Direito Constitucional Aula 10

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DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PARA O STJ 
PROFESSOR FREDERICO DIAS 
 
Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 1
Aula 10 – Ordem econômica e financeira. Ordem social. 
Olá! 
Chegamos na última aula do nosso curso, que abrange assuntos menos 
cobrados em concursos: ordem social e ordem econômica. Ademais, em direito 
constitucional (quando tais temas são cobrados), as questões limitam-se a 
exigir do candidato o conhecimento da literalidade. 
Essa unidade abrange temas que estão dispostos no edital da seguinte forma: 
11. Ordem econômica e financeira: princípios gerais da atividade econômica; política urbana; 
política agrícola e fundiária e reforma agrária; Sistema Financeiro Nacional. 
12. Ordem social: seguridade social; educação, cultura e desporto; ciência e tecnologia; 
comunicação social; meio ambiente; família, criança, adolescente e idoso; índios. 
Nesta aula, vamos falar de assuntos que muitos nunca estudaram nos cursos 
tradicionais (ao contrário do restante do direito constitucional, sempre vistos 
nos cursos em geral). Adicionalmente, são muitos assuntos espalhados e que, 
muitas vezes, não guardam conexão entre si. 
Diante disso, proponho hoje uma sistemática um pouco distinta das demais 
aulas: 
a) para que haja uma organização da aula, veremos um assunto de cada vez; 
e 
b) primeiro apresentarei como a Constituição trata do assunto e, logo depois, 
serão resolvidas as questões. 
Está combinado? 
Combinadíssimo. Então vejamos qual será a ordem do nosso estudo. 
1ª. PARTE – ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
1 - Ordem Econômica Constitucional 
2 – Sistema Financeiro Nacional 
2ª. PARTE – ORDEM SOCIAL 
1 – Seguridade Social 
2 – Educação 
3 – Cultura 
4 - Desporto 
5 – Meio Ambiente 
6 - Ciência e Tecnologia 
7 – Comunicação Social 
8 – Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso 
9 – Índios 
Veja como são muitos assuntos! A fim de aumentar o universo de exercícios 
comentados (hoje, quase 150 questões comentadas), nesta aula recorrei a 
questões de outras bancas também, quando necessário. Mas, quando se cobra 
a literalidade, não existe diferença entre as bancas examinadoras. 
DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PARA O STJ 
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Prof. Frederico Dias www.pontodosconcursos.com.br 2
Como já vínhamos fazendo, as questões estão listadas, sem os comentários, 
no final da aula, caso você prefira resolvê-las primeiro. 
Boa aula! 
 
1ª. PARTE – ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA 
1 - Ordem Econômica Constitucional 
Os princípios e fundamentos constitucionais da ordem econômica nacional 
encontram-se compreendidos entre os arts. 170 e 181 da CF/88. 
No Brasil, a Constituição de 1934 foi a que primeiro consignou princípios e 
normas sobre a ordem econômica, sob influência da Constituição Alemã de 
Weimar. De qualquer forma, cabe mencionar que a doutrina aponta a 
Constituição mexicana de 1917 como a primeira em escala mundial a trazer, 
de forma sistematizada, normas sobre princípios fundamentais da ordem 
econômica. 
Podemos dizer que essa constitucionalização da ordem econômica e 
social (ao inserir um título expressamente destinado à ordem econômica e 
social) é reflexo do crescimento da ideologia do Estado de Bem-Estar Social, 
que preconizava reformas progressivas em busca da convergência entre 
liberdade e igualdade, e da conciliação da democracia liberal com um ideário 
de vertente mais social. 
Assim, você tem de ter em mente que essa forma de se estruturar o Estado 
surge da necessidade de se compatibilizarem os ideais do liberalismo 
econômico com a justiça social, a fim de que o desenvolvimento econômico 
funcione também como uma forma de garantir a toda a sociedade condições 
dignas de sobrevivência. 
Trata-se do que José Afonso da Silva denomina de elementos sócio-
ideológicos, conjunto de normas que revela o caráter de compromisso das 
constituições modernas entre o Estado liberal e o Estado social intervencionista 
– sendo que este segundo objetiva suavizar as injustiças e opressões 
econômicas e sociais que se desenvolveram à sombra do liberalismo. 
Isso não quer dizer que a Constituição de 1934 (ou qualquer outra) flertava 
com o socialismo. Era apenas um modo de, por um lado, humanizar o 
capitalismo liberal como forma de se prevenir o crescimento do socialismo no 
mundo ocidental. Por outro lado, regular a atuação do Estado a fim de colocar 
ordem na vida econômica e social, mas ainda dentro do chamado “modo de 
produção capitalista”. 
De lá pra cá muita coisa mudou, mas ainda na nossa Carta Cidadã (CF/88), 
continua existindo o título da Ordem Econômica e Financeira, em que se 
estabelecem princípios, diretrizes e normas para a intervenção do Estado na 
ordem econômica. 
Se abrirmos a Constituição Federal (especialmente a partir do art. 170), 
constataremos que a Constituição continua trazendo normas que 
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compatibilizam características do Estado liberal e do Estado social 
intervencionista. 
Assim, se por um lado a Constituição se apóia na apropriação privada dos 
meios de produção e na iniciativa privada (CF, art. 170), ela também 
impõe condicionamentos à atividade econômica. 
Portanto, a Constituição autoriza a intervenção do Estado no domínio 
econômico, de variadas formas, a fim de assegurar que a riqueza produzida 
pelo regime capitalista seja efetivamente um meio de propiciar melhor 
qualidade de vida a todos, de acordo com o fundamento da dignidade da 
pessoa humana. 
Assim, a atividade econômica só atinge sua finalidade quando puder prover, de 
forma efetiva, existência digna e justiça social para todos os brasileiros. 
Com efeito, o próprio caput do art. 170 da CF/88 consigna que a ordem 
econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social. 
Portanto, guarde isto: de acordo com o art. 170, nossa ordem econômica é 
fundada na união entre capital (livre iniciativa) e trabalho (valorização do 
trabalho humano) e objetiva a justiça social e a dignidade da pessoa 
humana. 
O esquema abaixo sintetiza as principais informações do art. 170 (observe em 
especial a listagem dos princípios). 
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Sintetizando: 
 
 
Atenção! Não deixe de memorizar os princípios acima. Se você observá-los 
bem, ficará claro que alguns princípios parecem estar em lados opostos. É 
como se, em uma mão, o constituinte optasse por dar liberdade ao mercado; 
e, em outra, ele quisesse tomá-la parcialmente, direcionando-o a seguir 
determinadas diretrizes. 
Esse aparente antagonismo nada mais é do que reflexo da natureza 
compromissória da nossa Constituição. Ou seja, no ambiente complexo e 
plural da Assembléia constituinte de 1988, foi elaborada a nossa Carta Maior, 
como se fosse um produto de um pacto entre as forças políticas predominantes 
naquele momento. 
É a resultante das convergências e diferenças de forças muitas vezes 
antagônicas, como aquelas que defendiam os princípios liberais e aquelas 
que defendiam os princípios sociais. As primeiras, com uma visão 
personalista-individual dos direitos, liberdades e garantias. As outras, com 
uma visão coletiva e social dos direitos econômicos, sociais e culturais. 
Nessa linha, vamos observar que a ordem econômica é fundada na livre 
iniciativa. Ou seja, o mercado é livre para se desenvolver a apropriar os 
lucros advindos dessa atividade. Mas constitucionalmente a finalidade da 
atividade econômica deve ser a justiça social e a dignidade da pessoahumana, considerando ainda o princípio da soberania nacional (inciso I do 
art. 170 da CF/88). 
ORDEM ECONÔMICA 
Fundada Finalidade 
Valorização 
do Trabalho 
Humano 
Livre 
Iniciativa 
Assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames 
da Justiça Social 
PRINCÍPIOS I - soberania nacional; 
II - propriedade privada; 
III - função social da propriedade; 
IV - livre concorrência; 
V - defesa do consumidor; 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o 
impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis 
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. 
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Todos terão o direito ao livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei (CF, art. 170, parágrafo único). Ou seja, a lei poderá 
estabelecer que determinadas atividades fiquem condicionadas a autorização. 
Mesmo naqueles casos em que não se exija autorização, não podemos 
considerar que a atividade econômica é totalmente livre, na medida em que se 
exige o respeito a certos princípios. Ora, a Constituição preconiza a defesa 
dos direitos do consumidor (inciso V) e a defesa do meio ambiente, 
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos 
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (inciso VI). 
Ademais, o Poder Público poderá promover ações que visem à redução das 
desigualdades regionais e sociais (inciso VII) e à busca do pleno 
emprego (inciso VIII), mesmo que isso venha a influenciar as relações 
econômicas de mercado. 
Observe que o princípio da livre concorrência (inciso IV) não impede que 
haja tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas 
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (inciso 
IX). 
Por fim, cabe comentar o que já estudamos sobre a propriedade privada 
(inciso II) ao falar de direitos fundamentais. Ela é garantida, desde que atenda 
a sua função social (inciso III). 
Visto isso, se o examinador te perguntar, você já sabe: a Constituição de 1988 
adotou o sistema de produção capitalista, fundado na livre iniciativa, mas 
também na valorização do trabalho humano. Ou seja, pelo menos em teoria, 
trata-se de um “capitalismo humanizado”, voltado aos ditames da justiça 
social. 
1) (CESPE/DEFENSOR/DPE/MA/2011) É vedado o tratamento favorecido às 
empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que 
tenham sua sede e administração no país. 
Pelo contrário. Um dos princípios gerais da atividade econômica previstos na 
CF é exatamente o tratamento favorecido para as empresas de pequeno 
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e 
administração no País (CF, art. 170, IX). 
Item errado. 
2) (CESPE/DEFENSOR/DPE/MA/2011) Entre os princípios gerais da atividade 
econômica previstos na CF inclui-se o da defesa do meio ambiente, 
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental 
dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. 
De fato, um dos princípios gerais da atividade econômica previstos na CF é 
exatamente a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e 
de seus processos de elaboração e prestação (CF, art. 170, VI). 
Item certo. 
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3) (CESPE/DEFENSOR/DPE/MA/2011) É assegurado a todos o livre exercício 
de qualquer atividade econômica, mediante autorização dos órgãos 
públicos. 
Todos terão o direito ao livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei (CF, art. 170, parágrafo único). 
Item errado. 
 
1.1 – Atividade econômica do Estado 
Apesar de optar por uma economia descentralizada de mercado (fundada na 
livre iniciativa), a Constituição autoriza o Estado a intervir no domínio 
econômico de diversas formas. 
Por um lado, pode exercer funções de fiscalização, incentivo e 
planejamento, observados os princípios constitucionais. 
Ademais, poderá também atuar diretamente nas relações econômicas, em 
regime monopolista ou concorrencial. 
Sintetizando: 
 
Aproveitando a distinção estabelecida por José Afonso da Silva, podemos 
segmentar duas formas de ingerência do Estado na ordem econômica: 
I) a intervenção – baseada no art. 174 da CF/88, caracterizando o Estado 
como agente normativo e regulador; e 
II) a participação – baseada nos arts. 173 a 177, caracterizando o Estado 
administrador de atividades econômicas. 
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Tudo isso tendo sempre como finalidade última assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social. 
 
Atuação estatal como agente normativo e regulador 
Segundo o art. 174 da CF/88: 
“Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado 
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e 
planejamento, sendo este determinante para o setor público e 
indicativo para o setor privado.” 
Observe que a atuação do Estado como agente normativo e regulador abrange 
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento. 
A fiscalização pressupõe o poder de regulamentação, apuração de 
responsabilidades e punição. 
O incentivo traz a ideia do Estado como promotor da economia (atividade de 
fomento). Do exercício dessa função decorre o favorecimento ao 
cooperativismo, ao associativismo (CF, art. 174, §§ 2° a 4°), bem como às 
microempresas e empresas de pequeno porte (CF, art. 179): 
“§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de 
associativismo. 
§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em 
cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção 
econômico-social dos garimpeiros. 
§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade 
na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de 
minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de 
acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.” 
“Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão 
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, 
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela 
simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e 
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.” 
Observe como tudo está relacionado! Ou seja, constituem formas de atuação 
do Estado indutor e regulador das atividades que julga relevantes para o 
desenvolvimento. 
Por sua vez, o planejamento econômico consiste num processo de intervenção 
estatal com o fim de organizar atividades econômicas em busca de se obter 
resultados previamente estabelecidos. Nos termos do art. 174, § 1° da CF/88: 
“§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do 
desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os 
planos nacionais e regionaisde desenvolvimento.” 
Objetivamente: o planejamento será: 
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→ Determinante para o setor público 
→ Indicativo para o setor privado 
4) (CESPE/DEFENSOR/DPE/MA/2011) O Estado deve exercer as funções de 
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para os 
setores público e privado. 
O planejamento é apenas indicativo para o setor privado. 
Item errado. 
 
Atuação estatal direta no domínio econômico (como Estado 
administrador) 
Há duas formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado 
brasileiro: (i) a participação sob monopólio (CF, art. 177); e (ii) a 
denominada participação necessária, quando o exigir a segurança nacional ou 
algum interesse coletivo relevante (CF, art. 173). 
O art. 177 da CF/88 estabelece um rol das atividades que serão exploradas em 
regime de monopólio público, com caráter de exclusividade. Trata-se de 
atividades relacionadas a petróleo, gás natural e minérios ou minerais 
nucleares. 
 
 
O art. 177, § 1°, apresenta uma hipótese de flexibilização do monopólio ao 
possibilitar a contratação de empresas privadas para a exploração das 
atividades relacionadas nos incisos I a IV (que se referem a petróleo e gás 
natural). Entretanto, essa flexibilização foi realizada com certo cuidado uma 
vez que a lei estabelecerá as condições. Com efeito, essa lei deverá dispor 
sobre (CF, art. 177, § 2°): 
I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território 
nacional; 
II - as condições de contratação; 
III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União. 
Monopólio da União (art. 177) 
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e 
outros hidrocarbonetos fluidos; 
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; 
III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos 
resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; 
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional 
ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem 
assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus 
derivados e gás natural de qualquer origem; 
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio 
de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja 
produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, 
conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal. 
A União poderá 
contratar com 
empresas estatais ou 
privadas a realização 
dessas atividades, 
observadas condições 
legais (§ 1º) 
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Ao contrário, no âmbito das atividades de pesquisa, lavra, enriquecimento, 
reprocessamento, industrialização e comércio de minérios e minerais 
nucleares e seus derivados (inciso V) não há possibilidade de flexibilização 
desse monopólio da União. Observe que não se trata de exploração de 
recursos minerais em geral, mas apenas os nucleares. 
Nesse sentido, não poderá ser concedida a empresas privadas a 
exploração dessas atividades concernentes a minérios e minerais 
nucleares e seus derivados. Todavia, essa regra admite uma exceção 
relativa aos radioisótopos, cuja produção, comercialização e utilização poderão 
ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso 
XXIII do art. 21 da Constituição Federal (que não são monopólio da União). 
Cabe destacar que, nos termos do art. 177, § 3°, a lei disporá sobre o 
transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional. 
5) (CESPE/PROCURADOR/AL/ES/2011) O transporte marítimo do petróleo 
bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos 
no país integra o âmbito das atividades para as quais a CF atribuiu ao 
Estado sua exclusiva exploração. 
De fato, constitui monopólio da União o transporte marítimo do petróleo 
bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo 
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de 
petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem (CF, 
art. 177, IV). 
Item certo. 
6) (CESPE/JUIZ/TRF/5ª REGIÃO/2011) A União pode contratar com empresas 
estatais ou privadas a realização de pesquisa, o enriquecimento e o 
processamento de minérios e minerais nucleares e seus derivados. 
Nos termos do art 177, § 1º da CF/88, a União poderá contratar com empresas 
estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV do 
art. 177, observadas as condições estabelecidas em lei. Todavia, entre esses 
dispositivos não se encontra outras atividades de monopólio da União (que, 
portanto, não poderão ser contratadas com empresas estatais ou privadas): 
“V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus 
derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e 
utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as 
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 da Constituição Federal”. 
Item errado. 
 
O art. 173 da CF/88 regula a forma de exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado, que deverá ocorrer apenas em situações excepcionais. 
“Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta 
de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
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imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, 
conforme definidos em lei.” 
De se perceber que a exploração de atividade econômica será realizada, em 
regra, pela iniciativa privada. A atuação do Estado como agente produtivo só 
ocorrerá nessas hipóteses exclusivas: (i) nos casos previstos na 
Constituição; (ii) quando exigir a segurança nacional; ou (iii) nos casos 
de relevante interesse coletivo. 
Esse exercício de atividade econômica pelo Estado geralmente é realizado por 
meio da criação de pessoas jurídicas de direito privado, exclusivamente para a 
consecução dessas atividades: as chamadas empresas públicas e sociedades 
de economia mista. Essas entidades se sujeitam ao regime do art. 173, se 
explorarem atividade econômica, e ao regime do art. 175, se prestarem 
serviços públicos. O regramento dessas entidades é estudado no âmbito do 
Direito Administrativo. 
Pois bem, as pessoas jurídicas de direito privado que exploram atividade 
econômica estão sujeitas de forma predominante ao direito privado. Nesse 
sentido, o § 1° do art. 173 dispõe que uma lei estabelecerá o estatuto jurídico 
dessas entidades exploradoras de atividade econômica. 
Esse estatuto ainda não existe, mas, quando essa lei for editada deverá tratar 
de diversos temas já determinados pelo art. 173, § 1°. O esquema abaixo 
sintetiza os aspectos mais relevantes do art. 173. 
Sintetizando: 
 
O art. 176 da CF/88 trata da exploração de recursos minerais e potenciais de 
energia hidráulica, dispondo que tanto uns quanto outros pertencem à União 
e constituem propriedade distinta da do solo para efeito de exploração ou 
aproveitamento. 
Ou seja, independentemente de quem seja o dono do solo, permanece a 
propriedade da União sobre a energia hidráulica e os recursos minerais (CF, 
art. 21, VIII e IX). De qualquer forma, nos termo do § 2°, é assegurada ao 
proprietário do solo participação nos resultados da lavra, na forma e no valor 
que dispuser a lei. 
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A União não precisa explorar diretamente esses potenciais (hidráulicos e 
minerais). Assim, a pesquisa e a lavra de recursos minerais e o 
aproveitamento dos potenciais hidráulicos poderão ser efetuados mediante 
autorização ou concessão da União, no interesse nacional. 
Todavia, nos termos do art. 176, § 1°, a pesquisa e a lavra dos recursos 
minerais e o aproveitamento dos potenciais hidráulicos somente poderão ser 
realizados por brasileiros ou empresa constituída sob as leis 
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País. 
A lei que regulamentar essa autorização/concessão deverá ainda estabelecer 
as condições específicas para os casos especiais em que essas atividades se 
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 
A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado. Ressalte-se 
ainda que as autorizações e as concessões previstas no art. 176 não poderão 
ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do 
poder concedente. 
Vale comentar que essas regras não se aplicam ao aproveitamento do 
potencial de energia renovável de capacidade reduzida, que, nos termos 
do § 4°, não dependerá de autorização ou concessão. 
Por fim, cabe comentar que o art. 175 regula a prestação de serviços públicos 
pelo Estado (mais especificamente aqueles que possuem conteúdo econômico 
e por isso têm a possibilidade de serem explorados por particulares). 
Assim, esses serviços não são livres à iniciativa privada. Podem ser explorados 
pelo Estado diretamente ou ser delegados para particulares por meio de 
concessão e permissão, sempre por licitação pública (em hipóteses especiais 
poderá ser admitido um ato administrativo de autorização de serviço público). 
O estudo do art. 175 é exaustivamente realizado na matéria de Direito 
Administrativo (ao se estudar “Serviços Públicos”). 
 
 
1.2 – Política Urbana 
A Constituição trata da Política Urbana nos artigos 182 e 183. 
A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar 
o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar 
de seus habitantes. 
O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão urbana. Ele é obrigatório para 
cidades com mais de vinte mil habitantes. 
Já vimos que o direito de propriedade exige o atendimento a sua função social. 
Pois bem, a Constituição estabelece que a propriedade urbana cumpre sua 
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da 
cidade expressas no plano diretor (CF, art. 182, § 2°). 
DIREITO CONSTITUCIONAL EM EXERCÍCIOS PARA O STJ 
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A desapropriação do solo urbano é prevista nos §§ 3° e 4° da CF/88. 
Em regra, as desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e 
justa indenização em dinheiro. 
Todavia, existe também a chamada desapropriação-sanção, que pode ser 
executada pelo Município se outras medidas não surtirem efeito. Vejamos 
como isso acontece. 
É que pode o Poder Público municipal, mediante lei específica para área 
incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do 
solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu 
adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: 
a) parcelamento ou edificação compulsórios; 
b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no 
tempo; 
c) desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de 
emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate 
de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor 
real da indenização e os juros legais. 
Observe que são medidas sucessivas (cada providência só é cabível se a 
anterior não surtir efeito). 
Por fim, é importante comentar o instituto do usucapião (CF, art. 183), que 
tem estreita relação com o direito à moradia, previsto no caput do art. 6° da 
CF/88. 
Nessa linha, aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e 
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. 
Nesse caso, o título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao 
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
Cabe destacar que esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais 
de uma vez. 
Por fim, ressalte-se que os imóveis públicos não serão adquiridos por 
usucapião. 
Em suma, temos as seguintes condições para que o usucapião seja cabível: 
a) área urbana até 250 m², desde que o imóvel não seja público; 
b) ocupação (para moradia) pelo prazo de cinco anos ininterruptamente e sem 
oposição. 
Ademais, para exercer esse direito o indivíduo não pode: 
c) ter a propriedade de outro imóvel urbano ou rural; 
d) ter exercido esse direito em outra ocasião. 
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7) (CESPE/PROCURADOR/AL/ES/2011) De acordo com a CF, a política de 
desenvolvimento urbano deve ficar a cargo do estado-membro, a partir 
das diretrizes estabelecidas pelo Poder Legislativo federal. 
A política de desenvolvimento urbano será executada pelo Poder Público 
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei (federal), nos termos do 
art. 182 da CF/88. 
Item errado. 
8) (CESPE/JUIZ/TRF/1ª REGIÃO/2011) A propriedade urbana cumpre sua 
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da 
cidade expressas no plano diretor. 
Realmente, a propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor 
(CF, art. 182, § 2°). 
Item certo. 
9) (CESPE/JUIZ/TRF/1ª REGIÃO/2011) A política de desenvolvimento urbano 
é atribuição do poder público municipal; por isso, compete privativamente 
aos municípios legislar sobre direito urbanístico. 
A política de desenvolvimento urbano realmente é atribuição do poder público 
municipal. Todavia, legislar sobre direito urbanísticos é da competência 
concorrente da União, Estados e Distrito Federal (CF, art. 24, I). 
Item errado. 
 
1.3 - Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária 
A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a 
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e 
trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de 
armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: 
I - os instrumentos creditícios e fiscais; 
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de 
comercialização; 
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia; 
IV - a assistência técnica e extensão rural; 
V - o seguro agrícola; 
VI - o cooperativismo; 
VII - a eletrificação rural e irrigação; 
VIII - a habitação para o trabalhador rural. 
Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais, 
agropecuárias, pesqueiras e florestais. 
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Evidentemente, deverão ser compatibilizadas as ações de política agrícola e 
de reforma agrária. Da mesma forma, a destinação de terras públicas e 
devolutas será compatibilizada com a política agrícola e com o plano nacional 
de reforma agrária. 
Segundo o art. 188, § 1º da CF/88, a alienação ou a concessão, a qualquer 
título, de terraspúblicas com área superior a dois mil e quinhentos 
hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, 
dependerá de prévia aprovação do Congresso Nacional. Excetuam-se 
dessa regra as alienações ou as concessões de terras públicas para fins de 
reforma agrária. 
Cabe destacar que a lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de 
propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os 
casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional (CF, art. 190). 
No tópico anterior, vimos a desapropriação-sanção em solo urbano. Agora, 
vejamos como isso ocorre na área rural. 
A Constituição institui a chamada desapropriação por interesse social para 
fins de reforma agrária, que atinge propriedades que não estejam 
cumprindo sua função social. 
A propriedade rural cumpre a função social quando atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores. 
Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante 
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de 
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do 
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
É importante destacar que, no que diz respeito às benfeitorias úteis e 
necessárias, essas sim serão indenizadas em dinheiro. 
O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma 
agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação. 
Atenção! Enquanto a desapropriação em solo urbano compete ao 
Município, o a desapropriação por interesse social para fins de reforma 
agrária é de competência da União. 
Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de 
rito sumário, para o processo judicial de desapropriação. 
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O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, 
assim como o montante de recursos para atender ao programa de reforma 
agrária no exercício (CF, art. 184, § 4°). 
São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de 
transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (CF, art. 
184, § 5°). 
São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: 
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
seu proprietário não possua outra; 
II - a propriedade produtiva. 
A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas 
para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social (CF, art. 185, 
parágrafo único). 
Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária 
receberão títulos de domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo 
prazo de dez anos (CF, art. 189). O título de domínio e a concessão de uso 
serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do 
estado civil, nos termos e condições previstos em lei. 
Assim como visto no caso da propriedade urbana, existe também a 
possibilidade de usucapião em imóveis rurais. 
Nessa linha, aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou 
urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, 
área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, 
adquirir-lhe-á a propriedade (CF, art. 191). 
Por fim, cabe lembrar que os imóveis públicos não serão adquiridos por 
usucapião. 
10) (CESPE/PROCURADOR/AL/ES/2011) Segundo a CF, a alienação ou a 
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois 
mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica depende de prévia 
autorização do chefe do Poder Executivo. 
A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área 
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que 
por interposta pessoa, dependerá de prévia aprovação do Congresso 
Nacional. Excetuam-se dessa regra as alienações ou as concessões de terras 
públicas para fins de reforma agrária (CF, art. 188, § 1º). 
Item errado. 
 
2 – Sistema Financeiro Nacional 
Segundo José Afonso da Silva, a Constituição Federal regula dois sistemas 
financeiros: 
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I) um público: que se refere ao estudo das finanças públicas e orçamentos 
públicos (CF, arts. 163 a 169) – que, normalmente, é estudado nas matérias 
de AFO e Orçamento Público; e 
II) um parapúblico: denominado de sistema financeiro nacional, que cuida 
das instituições financeiras creditícias, públicas ou privadas, de seguro, 
previdência privada e capitalização, todas controladas pelo Poder Público (CF, 
art. 192). 
Podemos considerar o Banco Central como elo entre essas ordens financeiras. 
Pois bem, o pior é que já caiu essa definição doutrinária em prova... Foi da 
Esaf (e não do Cespe, que é a banca do seu concurso), mas vale a pena dar 
uma olhada. Vamos ver? 
11) (ESAF/ANALISTA/SUSEP/2010) O Sistema Financeiro Nacional pode ser 
classificado como parapúblico. 
De fato, o sistema parapúblico refere-se ao Sistema Financeiro Nacional (CF, 
art. 192). 
Item certo. 
No que se refere ao Sistema Financeiro Nacional, resume-se a um único artigo 
constitucional (CF, art. 192). 
“Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o 
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, 
em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de 
crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, 
sobre a participação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.” 
Observe que a regulamentação do SFN poderá ser feita em diversas etapas, 
por diferentes leis complementares, não sendo necessário que um só ato 
normativo trate de todos os aspectos relacionados a esse assunto. 
Vejamos algumas questões sobre a ordem econômica e financeira. 
12) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Dos diversos postulados da ordem 
econômica expressos na CF não deriva a adoção do sistema econômico 
capitalista. 
As bases constitucionais da ordem econômica nacional encontram-se 
compreendidas entre os arts. 170 e 192 da CF/88. Nos termos do art. 170 da 
CF/88, a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social. 
Portanto, nossa ordem econômica é capitalista, funda-se na união entre capital 
(livre iniciativa) e trabalho (valorização do trabalho humano) e objetiva a 
justiça social e a dignidade da pessoa humana. Isso quer dizer que, embora se 
apoie na apropriação privada dos meios de produção e na livre iniciativa, a 
Constituição também impõe condicionamentos à atividade econômica. 
Item errado. 
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13) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) Em regra, a CF assegura a todos o livre 
exercício de qualquer atividade econômica, mediante autorização dos 
órgãos públicos competentes. 
A nossa ordem econômica rege-se pelo postulado na livre iniciativa (CF, art. 
170). Assim, nos termos do parágrafo únicodo art. 170 da CF/88, é 
assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, 
independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei. 
Item errado. 
14) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) Segundo interpretação sistemática que 
se dá ao capítulo da ordem econômica na CF, a desigualdade dos agentes 
econômicos é a característica inerente de uma ordem econômica fundada 
na livre iniciativa e que se processa por meio da livre concorrência. 
Como comentado, nossa ordem econômica é capitalista. Isso implica a 
existência de uma desigualdade entre os agentes econômicos. Uma análise dos 
próprios princípios gerais da ordem econômica permite observar que o inciso 
VII prevê a busca pela redução das desigualdades regionais e sociais (não se 
trata de extinção). 
Nesse sentido, considera-se que essa desigualdade sempre existirá (devido ao 
modelo capitalista); entretanto, objetiva-se sua redução, em conformidade 
com princípios da dignidade da pessoa humana e da justiça social (CF, art. 
170). 
Item certo. 
15) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) São princípios 
gerais da atividade econômica, entre outros, o da vedação do confisco e o 
da uniformidade. 
Os princípios da vedação do confisco e da uniformidade são princípios 
relacionados ao sistema tributário e não à ordem econômica. 
Item errado. 
16) (CESPE/PROMOTOR/MPE/ES/2010) O Estado, na qualidade de agente 
regulador da atividade econômica, exercerá, na forma da lei, a função de 
fiscalização, deixando para o setor privado e o livre mercado o próprio 
planejamento e incentivo da atividade econômica. 
Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado 
exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, 
sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado 
(CF, art. 174). 
Item errado. 
17) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, o Estado favorecerá a 
organização da atividade garimpeira em cooperativas, considerando a 
proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos 
garimpeiros. 
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A assertiva reproduz o § 3° do art. 174 da CF/88. Segundo o referido 
dispositivo constitucional, o Estado favorecerá a organização da atividade 
garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e 
a promoção econômico-social dos garimpeiros. 
Item certo. 
18) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) De acordo com a CF, depende de autorização ou 
concessão o aproveitamento do potencial de energia hidráulica renovável, 
ainda que de capacidade reduzida. 
Nos termos do § 4º do art. 176 da CF/88, não dependerá de autorização ou 
concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade 
reduzida. 
Item errado. 
19) (CESPE/JUIZ/TRT1/2010) A União, os estados, o DF e os municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno e médio porte, 
assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, com a finalidade 
de incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, 
tributárias, previdenciárias e creditícias ou mesmo pela eliminação ou 
redução dessas obrigações por meio de lei. 
Segundo o art. 179 da CF/88, a União, os estados, o DF e os municípios 
dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim 
definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela 
simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e 
creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. 
A assertiva está errada, uma vez que o dispositivo constitucional não menciona 
as empresas de médio porte. 
Item errado. 
20) (CESPE/PROCURADOR/MPTCE/BA/2010) As empresas públicas sujeitam-se 
ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos 
direitos e obrigações civis, comerciais e tributários, podendo, em razão de 
ter capital exclusivamente público, gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às empresas do setor privado. 
Segundo a Constituição, a lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica, dispondo inclusive sobre a sujeição ao regime jurídico 
próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, 
comerciais, trabalhistas e tributários (CF, art. 173, § 1°, II). 
Entretanto, a assertiva está incorreta, pois as empresas públicas e as 
sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às do setor privado (CF, art. 173, § 2°). 
Item errado. 
21) (CESPE/ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA/MPS/2010) Constitui 
monopólio da União a refinação de petróleo nacional ou estrangeiro. 
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Um das formas de exploração direta da atividade econômica pelo Estado 
brasileiro ocorre por meio de monopólio. Assim, o art. 177 da CF/88 estabelece 
o rol das atividades que serão exploradas em regime de monopólio público, 
com caráter de exclusividade. Trata-se de atividades relacionadas a petróleo, 
gás natural e minérios ou minerais nucleares. 
A assertiva está correta, uma vez que a refinação do petróleo nacional ou 
estrangeiro constitui monopólio da União (CF, art. 177, II). 
Item certo. 
22) (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 2ª REGIÃO/2009) Constitui 
monopólio da União o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, 
seus derivados e gás natural de qualquer origem. 
A assertiva reproduz a parte final do art. 177, IV. Assim, constitui monopólio 
da União o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados 
e gás natural de qualquer origem (CF, art. 177, IV). 
Item certo. 
 
2ª. PARTE – ORDEM SOCIAL 
Como já vimos, no século XX, a sociedade começa a exigir que o Estado 
promova ações que assegurassem a todos condições dignas de existência. E, a 
partir de então, as Constituições passam a dispor sobre formas de atuação na 
área econômica e social. 
No nosso caso em particular, a idéia de uma Constituição social materializa-se 
no Título VIII da CF/88, denominado ordem social. Esse título aborda vários 
assuntos (seguridade social, educação, cultura, desporto, meio ambiente, 
família, índios, ciência e tecnologia). 
Segundo José Afonso da Silva, o título da ordem social e os direitos 
fundamentais constituem o núcleo substancial do regime democrático. 
Nesse sentido, nos termos do art. 193 da CF, a ordem social tem como base o 
primado do trabalho, e como objetivos o bem-estar e a justiça social. 
Sintetizando: 
 
E isso já é importante, pois cai em concursos. Assim, saiba diferenciar base e 
objetivos. 
Ainda segundo José Afonso da Silva, isso implica que as relações econômicas e 
sociais do país devem propiciar trabalho e condição de vida adequada ao 
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trabalhador e à sua família, e que a riqueza produzida no país, para gerar 
justiça social, há de ser distribuída de forma equânime. 
Podemos começar com uma questão? 
(CESPE/CONSULTOR/SENADO/2002) Acerca da ordem social nos termos da 
Constituição da República de 1988, julgue os itens subseqüentes. 
23) (CESPE/CONSULTOR/SENADO/2002) A ordem social disposta na 
Constituição de 1988 tem como base a harmonia entre capital e trabalho. 
Observe que a questão ateve-se ao texto da Constituição, cobrando 
essencialmente a memorização do art. 193. 
A base da ordem social é o primado do trabalho, portanto errada a questão. 
Na realidade, a harmonia entrecapital e trabalho está na Constituição como 
um dos fundamentos do Estado brasileiro (os valores sociais do trabalho e da 
livre iniciativa). 
Item errado. 
 
1 – Seguridade Social 
A Seguridade Social está disciplinada entre os artigos 194 e 204 da CF/88. Ela 
compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa: (i) dos Poderes 
Públicos e (ii) da sociedade. 
Além disso, destina-se a assegurar os direitos relativos à: 
I) à saúde, disciplinada nos arts. 196 a 200 da CF; 
II) à previdência, disciplinada nos arts. 201 e 202; e 
III) à assistência social, disciplinada nos arts. 203 e 204. 
Atenção! É comum as bancas atribuírem à seguridade social como um todo 
características que são específicas da previdência, como o caráter contributivo, 
por exemplo. Não caia nessa! 
Na verdade, o caráter contributivo é característica apenas da previdência 
social, como se depreende do art. 201 da CF: 
“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o 
equilíbrio financeiro e atuarial.” 
Nesse sentido, a CF dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado 
(art. 196) e que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social (art. 203). 
De acordo com o parágrafo único do art. 194 da CF/88, compete ao poder 
público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos 
seguintes objetivos: 
I) Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento 
Enquanto a universalidade da cobertura refere-se às situações (riscos) 
cobertas pelo sistema (doença, invalidez, velhice etc.), a universalidade de 
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atendimento determina que o sistema atenda a todos que dele precisarem 
(independentemente de condição econômica ou classe social). 
II) Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços 
às populações urbanas e rurais 
Proíbe discriminações legais arbitrárias entre populações urbanas e rurais (têm 
igualmente direito aos mesmos benefícios e serviços). 
III) Princípio da seletividade e distributividade na prestação dos 
benefícios e serviços 
O princípio da seletividade relaciona-se à priorização das situações cobertas 
a fim de fornecer atendimento efetivo a quem mais precisa (trata-se do rol de 
prestações, da escolha dos serviços e benefícios prestados). O princípio da 
distributividade direciona benefícios e serviços aos mais necessitados, 
funcionando como redutor de desigualdades sociais. 
Ou seja, os princípios da seletividade e da distributividade funcionam como 
instrumentos de promoção da igualdade social, em consonância com o 
princípio da solidariedade, que autoriza tratamento desigual aos menos 
favorecidos como forma de melhoria em suas condições de vida. 
IV) Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios 
Concedido o benefício, surge para o segurado o direito de não tê-lo reduzido 
em seu valor nominal. 
V) Princípio da equidade na forma de participação no custeio 
O princípio da equidade relaciona-se com as noções de justiça e igualdade na 
forma de custeio. Assim, as contribuições devem ser estabelecidas de acordo a 
capacidade econômica. Quem pode mais paga mais, quem pode menos paga 
menos. 
VI) Princípio da diversidade da base de financiamento 
A diversidade da base de financiamento prestigia o princípio da solidariedade, 
uma vez que responsabiliza diversos setores da sociedade pelo financiamento 
do sistema de seguridade. Assim, as fontes de recursos são variadas, uma vez 
que provêm dos orçamentos dos entes federados e de contribuições sociais 
sobre empregadores, empresas, trabalhadores, receita de concursos de 
prognósticos e importadores de bens ou serviços do exterior. 
VII) Caráter democrático e descentralizado da administração, 
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, 
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos 
colegiados. 
Impõe a organização da seguridade social segundo um sistema descentralizado 
e democrático. 
O esquema abaixo apresenta a estruturação da seguridade social, segundo a 
CF/88. 
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Sintetizando: 
 
 
24) (CESPE/AGENTE PENITENCIÁRIO/AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA 
PENITENCIÁRIO/SEJUS/ES/2009) A seguridade social tem por finalidade 
assegurar exclusivamente os direitos relativos à saúde, mediante um 
conjunto integrado de ações de iniciativa tanto do poder público como da 
sociedade. 
A Seguridade Social está disciplinada no art. 194 da CF. A seguridade social 
compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa: (i) dos Poderes 
Públicos e (ii) da sociedade. 
Além disso, destina-se a assegurar os direitos relativos à: 
I - saúde; 
II – previdência; e 
III - assistência social. 
Entraremos em cada um desses aspectos logo a seguir. Mas, por enquanto, é 
relevante saber que a seguridade social compreende todos os três. Assim, 
errada a questão. 
Item errado. 
25) (CESPE/PROCURADOR/PGEPI/2008) Compete ao poder público, nos 
termos da lei, organizar a seguridade social, com base no caráter 
democrático e descentralizado da administração, mediante gestão bipartite 
e com a participação dos trabalhadores e dos empregadores. 
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De acordo com o § único do art. 194 da CF compete ao poder público, nos 
termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos objetivos listados 
nos incisos de I a VII e apresentados no esquema anterior. 
Um desses objetivos refere-se ao caráter democrático e descentralizado da 
administração, mediante gestão quadripartite, com participação (nos órgãos 
colegiados): 
I - dos trabalhadores; 
II - dos empregadores; 
III - dos aposentados; e 
IV - do Governo. 
Item errado. 
26) (CESPE/CONSULTOR/SENADO/2002) Entre os objetivos da seguridade 
social, em face de recente processo de flexibilização, já não mais se inclui 
a universalização de cobertura e atendimento. 
Outro objetivo do sistema de seguridade social é o da universalização da 
cobertura e do atendimento (art. 194, § único, I). 
Com essas duas questões foi possível observar a necessidade de se memorizar 
os objetivos da seguridade social. 
Item errado. 
27) (CESPE/OAB/2007) A seguridade social compreende um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade 
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social, as quais exigem caráter contributivo. 
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa 
dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos: 
I - à saúde, disciplinada nos arts. 196 a 200 da CF; 
II - à previdência, disciplinada nos arts. 201 e 202; e 
III - à assistência social, disciplinada nos arts. 203 e 204. 
É errado, porém, dizer que a seguridade social exige caráter contributivo. Na 
verdade, o caráter contributivo é característica apenas da previdência social, 
como se depreende do art. 201 da CF: 
“A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter 
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o 
equilíbrio financeiro e atuarial.” 
Atenção! É comum as bancas atribuírem à seguridade social como um todo, 
características que são específicas da previdência, como o caráter contributivo. 
Não caia nessa! 
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Aliás, a CF dispõe que a saúde é direito de todos e dever do Estado (art. 196) 
e que a assistência social será prestada a quem dela necessitar, 
independentemente de contribuição à seguridade social (art. 203). 
Item errado. 
28) (CESPE/AGENTE/PF/2004) A seguridade social, que pode ser definida 
como o conjunto de ações integradas, de iniciativa dos poderes públicos e 
da sociedade, destinadas exclusivamente a assegurar direitos relativos à 
previdência social e à assistencial social, tem como um dos objetivos que 
fundamentam sua organização a diversidade da base de financiamento. 
Mais uma vez o CESPE fez uma questão restringindo a seguridade social a uma 
ou duas de suas vertentes. Não caia nessa! A seguridade social compreende 
um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos: (i) à saúde, (ii) à 
previdência e (iii) à assistência social. 
Um dos objetivos que fundamentam a organização da seguridade social é 
realmente a diversidade da base de financiamento. 
Item errado. 
29) (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPU/2004) As ações propositivas de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade que asseguram os direitos 
relacionados à saúde, à educação, à assistência social e à previdência 
constituem o conceito de seguridade social, conforme estabelecido no 
título da Ordem Social da Constituição Federal. 
Os direitos relativos à educação não se encontram entre os componentes da 
seguridade social, que abrange apenas saúde, previdência e assistência social. 
Item errado. 
 
1.1 - Financiamento da Seguridade Social 
O art. 195 da CF explicita como se dará o financiamento da seguridade social. 
“Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos 
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das 
seguintes contribuições sociais: (...)” 
As formas de financiamento decorrem: (i) do orçamento dos entes federados; 
e (ii) de contribuições sociais. Nesse sentido, há participação do governo, 
das empresas e dos trabalhadores no custeio da seguridade social, segundo 
o princípio da diversidade da base de financiamento. 
É importante conhecer as formas de financiamento da seguridade social 
apresentadas no art. 195. Segue abaixo um esquema que pode ajudá-lo a 
memorizar esses aspectos, o que não substitui a necessidade de você conhecer 
o próprio teor do art. 195. 
Sintetizando: 
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Além dessas fontes de financiamento, lei complementar poderá instituir 
outras destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. 
Mas observe um detalhe previsto no § 6°: essa instituição de novas 
contribuições deverá respeitar a chamada anterioridade nonagesimal. É 
dizer que só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da 
publicação da lei que as houver instituído ou modificado. 
Por outro lado, não estarão sujeitas à anterioridade do exercício financeiro (CF, 
art. 150, III, “b”), podendo ser cobradas no mesmo exercício em que tenham 
sido instituídas, desde que respeitados os 90 dias. 
Devemos destacar duas imunidades previstas nesse art. 195. As contribuições 
sociais para a seguridade social não poderão incidir sobre: 
I - aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência 
social (CF, art. 195, II); 
Anote-se, aqui, uma importante diferença em relação ao regime próprio de 
previdência dos servidores públicos, previsto no art. 40 da Constituição 
Federal: os proventos e as pensões concedidas sob o regime próprio de 
previdência dos servidores públicos sofrem a incidência de contribuição 
previdenciária (CF, art. 40, § 18), ao passo que a aposentadoria e a pensão 
concedidas pelo regime geral de previdência para os trabalhadores em geral 
estão imunes à incidência de contribuição. 
II - entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências 
estabelecidas em lei (CF, art. 195, § 7°). 
Destaque-se que a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade 
social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público 
nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios (CF, art. 195, § 
3°). 
É de se observar ainda que nenhum benefício ou serviço da seguridade social 
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de 
custeio total (CF, art. 195, § 5°). 
30) (CESPE/ANÁLISE DE LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA/MPS/2010) A CF 
prevê, expressamente, como fonte de financiamento para a seguridade 
social, a contribuição social da empresa incidente sobre o lucro. 
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O art. 195 da CF explicita como se dará o financiamento da seguridade social. 
Assim, a seguridade social será financiada por toda a sociedade mediante 
recursos provenientes: (i) dos orçamentos dos entes federados; e (ii) de 
contribuições sociais. Segundo a CF, incidirá contribuição social sobre o lucro 
das empresas (CF, art.195, I, “c”). 
Item certo. 
31) (CESPE/AGENTE ADMINISTRATIVO/MTE/2008) Sobre a receita de 
concursos de prognósticos incide contribuição social destinada a financiar 
a seguridade social. 
Segundo a CF, incidirá contribuição social sobre a receita de concursos de 
prognósticos (CF, art.195, III). 
Item certo. 
32) (CESPE/TÉCNICO SOCIAL COM FORMAÇÃO EM SERVIÇO 
SOCIAL/SEAD/CEHAP/PB/2008) A seguridade é um sistema de cobertura 
de contingências sociais destinado a todos os que se encontram em estado 
de necessidade, não restringindo os benefícios nem aos contribuintes nem 
à perda da capacidade laborativa. 
A seguridade social não se restringe ao atendimento aos contribuintes ou 
àqueles que tenham perdido sua capacidade de trabalho. A saúde, por 
exemplo, é direito de todos (CF, art. 196) e a assistência social será prestada a 
quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social 
(CF, art. 203). 
Item certo. 
33) (CESPE/NÍVEL SUPERIOR/MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA/2008) 
A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar 
exclusivamente os direitos à previdência social. 
A seguridade não se restringe à previdência social. Ela abrange também a 
saúde e a assistência social (CF, art. 194). 
Item errado. 
34) (CESPE/ESCRIVÃO/PF/2004) É possível a criação de benefício da 
seguridade social sem indicação da correspondente fonte de custeio total 
caso esse benefício seja classificado como atividade essencial do Estado. 
Segundo o art. 195, § 5°, nenhum benefício ou serviço da seguridade social 
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de 
custeio total. 
Item errado. 
35) (CESPE/ESCRIVÃO/PF/2004) Uma das formas de financiamento da 
seguridade social é a contribuição social incidente sobre a receita de 
concursos de prognósticos. 
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Já vimos as formas de financiamento da seguridade social, de acordo com o 
art. 195 da CF. Entre elas destaca-se a contribuição sobre a receita de 
concursos de prognósticos (art. 195, III). 
Item certo. 
36) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRE/MA/2005) A seguridade social foi 
constitucionalmente dividida em normas sobre saúde, previdência social e 
assistência social. 
Como já vimos, a seguridade social divide-se em saúde, previdência social e 
assistênciasocial. 
Item certo. 
37) (CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/TO/2005) Por disposição expressa 
da Constituição Federal, quaisquer normas reguladoras das contribuições 
sociais instituídas para o financiamento da seguridade social somente 
podem entrar em vigor após decorridos noventa dias da data da 
publicação da lei respectiva. 
Somente estão submetidas à anterioridade nonagesimal (art. 195, § 6°) as leis 
que venham instituir ou aumentar contribuições sociais, já que trata do 
princípio da não-surpresa. Ou seja, não são quaisquer normas reguladoras do 
tema. 
Como exemplo, podemos apresentar a súmula 669 do STF, que estabelece que 
a norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não 
se sujeita ao princípio da anterioridade. 
Item errado. 
 
1.2 – Saúde 
Vejamos alguns aspectos relativos ao direito à saúde. Segundo nossa 
Constituição, a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante 
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de 
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. 
Portanto, como já visto, a saúde é uma das vertentes da seguridade social que 
não exige contribuição, podendo qualquer um se dirigir à rede hospitalar 
pública e requerer atendimento. 
De acordo com o art. 197, as ações e serviços de saúde são de relevância 
pública, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita 
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica 
de direito privado. 
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as 
seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
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II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
Atenção! Você deve ficar atento para a Emenda Constitucional 63/2010, que 
dispõe sobre piso salarial profissional nacional e diretrizes para os Planos de 
Carreira de agentes comunitários de saúde e de agentes de combate às 
endemias. 
Assim, de acordo com a nova redação dada ao § 5° do art. 198 da CF/88: 
“§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial 
profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a 
regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de 
combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar 
assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.” 
O art. 199 estabelece a forma de participação da iniciativa privada no sistema 
de saúde. Assim, as instituições privadas poderão participar de forma 
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante 
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades 
filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
A assistência à saúde é livre às instituições privadas, que poderão participar de 
forma complementar do SUS. Todavia, o § 2° do art. 199 veda a destinação de 
recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins 
lucrativos. 
O § 3° do art. 199 veda a participação direta ou indireta de empresas ou 
capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos 
em lei. 
Segundo o § 4°, a lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a 
remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, 
pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de 
sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. 
Quanto a esse último aspecto, você deve ter em mente aquela importante 
decisão do Supremo Tribunal Federal, já comentada no nosso curso. O Tribunal 
julgou constitucional o art. 5° da Lei federal 11.105/2005 (Lei da 
Biossegurança), que permite, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de 
células-tronco embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por 
fertilização in vitro e não usados no respectivo procedimento. Nesse caso, 
entendeu o STF que deveria prevalecer o direito à saúde e o direito à livre 
expressão da atividade científica (ADI 3.510, 28 e 29-5-08). 
Vejamos algumas questões. 
38) (CESPE/ADMINISTRADOR/MTE/2008) Caso uma clínica privada 
especializada em transplante de medula óssea pretenda estender os seus 
serviços para o atendimento à população carente, nesse caso, ainda que 
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essa clínica integre o Sistema Único de Saúde, não poderá receber 
recursos públicos para auxílios ou subvenções se tiver fins lucrativos. 
A assistência à saúde é livre às instituições privadas, que poderão participar de 
forma complementar do SUS. Todavia, o § 2° do art. 199 veda a destinação 
de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições 
privadas com fins lucrativos. 
Item certo. 
39) (CESPE/AGENTE/PF/2004) As instituições privadas podem participar de 
forma complementar do Sistema Único de Saúde mediante contrato de 
direito público ou convênio. 
Segundo o art. 199, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada, sendo 
que o § 1° estabelece que as instituições privadas poderão participar de forma 
complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante 
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades 
filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
Item certo. 
40) (CESPE/TCE-PE/2004) A disciplina constitucional da saúde permite que, no 
âmbito do Sistema Único de Saúde, o poder público colabore com 
quaisquer instituições privadas prestadoras de serviços de saúde, 
mediante a destinação de auxílios e subvenções, conforme o caso. 
É permitido que as instituições privadas participem de forma complementar do 
sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito 
público ou convênio. Nesse caso, terão preferência as entidades filantrópicas e 
as sem fins lucrativos, sendo vedada a destinação de recursos públicos 
para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins 
lucrativos. 
Ou seja, não serão quaisquer instituições que poderão receber auxílios e 
subvenções, apenas aquelas que não tiverem fins lucrativos. 
Item errado. 
41) (CESPE/TCE-PE/2004) O direito à saúde, na Constituição da República, é, 
em certa medida, tratado como uma manifestação do princípio da 
igualdade. 
Essa é mais uma ótima questão do CESPE, em que é realizada uma abordagem 
sistemática da Constituição. Nesse caso, a assertiva apresenta uma interação 
entre o direito à saúde e o princípio da igualdade, realmente existente na 
Constituição. 
Primeiramente, o art. 6° estabelece a saúde como um dos direitos sociais da 
pessoa. Já no art. 5° a constituição estatui que todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza. 
Assim, em homenagem a esses dois comandos fundamentais do Estado 
brasileiro, na ordem social, a saúde é apresentada como direito de todos e 
dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem 
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
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igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação 
(art. 196). 
Item certo. 
42) (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRE/MA/2005)A Constituição Federal 
impõe ao poder público a obrigação de garantir aos cidadãos o acesso 
universal e igualitário a ações e serviços de saúde. 
A assertiva traz a regra prevista no art. 196 da CF, segundo o qual a saúde é 
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e 
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção 
e recuperação. 
Item certo. 
43) (CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE/TO/2005) A instituição de um 
sistema único de saúde, por meio de uma rede regionalizada e 
hierarquizada, está prevista na Constituição Federal, devendo tal sistema 
ser organizado de acordo com as diretrizes de descentralização, 
atendimento integral e participação da comunidade. 
A questão cobra do candidato o conhecimento do art. 198 da CF. 
As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e 
hierarquizada e constituem um sistema único. 
A organização desse sistema deve seguir as seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
Item certo. 
44) (CESPE/PROCURADOR/PGE/PI/2008) A lei disporá sobre as condições e os 
requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias 
humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a 
coleta, o processamento e a transfusão de sangue e seus derivados, sendo 
vedado todo tipo de comercialização. 
A questão limita-se a reproduzir o art. 199, § 4°, segundo o qual a lei disporá 
sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e 
substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem 
como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo 
vedado todo tipo de comercialização. 
Item certo. 
 
Para terminarmos os aspectos constitucionais relacionados à saúde, cabe 
destacar que ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, 
nos termos da lei (CF, art. 200): 
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I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse 
para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de 
saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de 
saneamento básico; 
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e 
tecnológico; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor 
nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e 
utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
 
1.3 – Previdência Social 
A previdência social é uma espécie de seguro social que tem por finalidade 
atender às pessoas contra infortúnios que elas possam ter ao longo de sua 
vida (como doenças, invalidez, acidentes etc.). Em resumo, como qualquer 
seguro, a pessoa recolhe determinada quantia regularmente e tem a proteção 
contra esses riscos. 
Ou seja, a previdência tem um caráter contributivo. Com isso, os 
benefícios não são assegurados a todos os cidadãos. 
Outro aspecto é o de que para funcionar o sistema, tem de haver mais pessoas 
contribuindo a fim de se formar um montante suficiente para sustentar os 
benefícios. Assim, outra característica da previdência é o fato de ela ser 
obrigatória. 
Lembre-se ainda de que a previdência social tem dois regimes distintos: o 
regime geral (art. 201 da CF) e o regime próprio dos servidores públicos (art. 
40). 
É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de 
segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência 
(CF, art. 201, § 5º). 
 
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É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de 
aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, 
ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que 
prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados 
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complementar (CF, art. 
201, § 1º). 
Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do 
trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF, art. 
201, § 2º). 
Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício 
serão devidamente atualizados, na forma da lei (CF, art. 201, § 3º). Assim, é 
assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter 
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF, art. 201, § 
4º). 
A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor 
dos proventos do mês de dezembro de cada ano (CF, art. 201, § 6º). 
É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos 
da lei, obedecidas as seguintes condições (CF, art. 201, § 7º): 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de 
contribuição, se mulher; 
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se 
mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos 
os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia 
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. 
Os requisitos a que se refere o inciso I serão reduzidos em cinco anos, para o 
professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das 
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio 
(CF, art. 201, § 8º). 
cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e 
idade avançada 
proteção à maternidade, especialmente à gestante 
proteção ao trabalhador em situação de desemprego 
involuntário 
salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes 
dos segurados de baixa renda 
pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao 
cônjuge ou companheiro e dependentes 
PREVIDÊNCIA 
SOCIAL 
organizada sob a forma de regime 
geral, de caráter contributivo e de 
filiação obrigatória, observados 
critérios que preservem o equilíbrio 
financeiro e atuarial, e atenderá, 
nos termos da lei, a: 
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Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de 
contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, 
hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão 
financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei (CF, art. 201, § 9º). 
Segundo o § 10 do art. 201 da Constituição, caberá à Lei disciplinar a 
cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente 
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado. 
Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao 
salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão 
em benefícios, nos casos e na forma da lei (CF, art. 201, § 11). 
Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a 
trabalhadores

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