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Profa. Eline Matheus Alois Alzheimer Alois Alzheimer não foi o primeiro a descrever o quadro clínico da doença. Os gregos já o haviam documentado e as placas já haviam sido descritas por Redlich em 1898. Porém, ele foi o primeiro a observar e descrever as fibrilas e assim dar seu nome à doença, em 1906. Perda generalizada do parênquima cerebral resulta em estreitamento do girus cortical e alargamento do sulcos. Imagem de ressonância magnética em cérebro controle (à esquerda) e cérebro com AD (à direita). B, mostra alargamento ventricular no cérebro do paciente; demonstra a intensa atrofia cortical no cérebro com AD (à direita). • Caracterizado por um início insidioso de demência (redução progressiva da memória e da função cognitiva global, ou seja, deterioração das habilidades intelectuais previamente adquiridas que interfere na atividade ocupacional ou social). • A doença é ainda responsável por aproximadamente 65% dos casos de demência em adultos. CARACTERÍSTICAS O melhor instrumento de avaliação do estado mental, com todas as suas conhecidas limitações, ainda é o Mini-Exame do Estado Mental -MEEM (Folstein) ou avaliações neuropsicológicas mais completas realizadas com freqüência, porém de difícil aplicação prática no consultório. Com a evolução natural da doença, sem medicamentos específicos, espera-se a perda de 2 a 3 pontos por ano • A memória, nos casos mais recentes, é a mais precocemente afetada. • No caso da linguagem, verifica-se problemas na adequação levando a um discurso não fluente e vazio. Em estágios mais avançados, há outros déficits da linguagem, além da linguagem expressiva, como: dificuldade na leitura, compreensão, repetição e escrita. • Em geral eles experimentam afastamento, perda da complexidade e falta de controle. Os pacientes perdem a capacidade de julgamento, geralmente se sentindo muito bem, sem percepção da doença atual. SINTOMAS • Podem ainda apresentar agitação, euforia, andar sem destino, perda da higiene, da iniciativa e emudecimento afetivo. • Mais tardiamente acontecem problemas e até sinais neurológicos conhecidos como extrapiramidais (tremores, rigidez) e mioclonias (movimentos involuntários dos músculos). • No estágio final da doença, o paciente fica imobilizado, sem controle das funções do organismo, não se comunica e não consegue deglutir. • A morte normalmente ocorre por complicações respiratórias e pneumonia O início da DA está associado a diversos defeitos genéticos: 1) trissomia do 21 2) mutação do gene para a presenilina-1 no cromossomo 14 3) allelo anormal, 4, para proteína associada a lipídeo, ApoE, no cromossomo 19, que facilita a formação de depósitos β amilóide. • depósitos aumentados de peptídeo β amilóide no córtex cerebral, que eventualmente formam plaques extracelulares e lesões vascular-cerebral, e emaranhados neurofibrilares que consistem de proteína tau; • progressiva perda de neurônios, especialmente colinérgicos, e afinamento do córtex. A perda de neurônios colinérgicos resulta em marcada diminuição na CAT(colina acetiltransferase) e outros marcadores da atividade colinérgica; • aumento da excitação glutamatérgica, que contribui para a morte neuronal. • anormalidades da função mitocondrial que também contribuem para a morte neuronal ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS • Placas amilóides: Associada a grandes placas (placas senis) de um peptídeo chamado de beta-amilóide extracelular, que tem efeitos tóxicos sobre os neurônios, particularmente neurônios colinérgicos. • Emaranhados Neurofibrilares: Relacionada com a proteína tau hiperfosforilada associada a microtúbulos que são estruturas essenciais dos neurônios os quais ficam retorcidos e emaranhados, prejudicando seu funcionamento. Duas categorias de lesões A. Estrutura do precursor da protéina amilóide (APP) representada por 3 locais de clivagem e as enzimas envolvidas na proteólise da APP; B. Ação da e -secretases – produzem fragmentos solúveis , não-patogênicos da APP; C. Ação da e -secretases – produzem o peptídio A, que se agregam e formam a amilóide. Estudos experimentais sugerem que a A amilóide aumenta a formação de uma rede de proteínas TAU, derivadas de proteínas anormalmente hiperfosforiladas. Juntas, as proteínas TAU e A amilóide formam as placas senis vistas nos doentes de Alzheimer. A B C Fotomicrografia de uma placa senil. A placa está marcada contra as proteínas -amilóide (vermelho) e tau (marrom). •Fotomicrografia de um corte histológico marcado para visualização da placa senil formada pela deposição da proteína Ab. Neurofilamentos e tau •A proteína tau está associada aos microtúbulos e possui um importante papel na estabilização e no suporte destes aos filamentos de citoesqueleto. • No cérebro normal, o equilíbrio entre a fosforilação e a defosforilação da tau modula a estabilidade do citoesqueleto e conseqüentemente a morfologia axonal. •As modificações encontradas no cérebro de pacientes com AD têm sido a hiperfosforilação da tau pela ação de diferentes proteínas cinases e sistemas fosfatases. HIPÓTESE COLINÉRGICA Perda de neurônios colinérgicos (e outros) Redução dos níveis e ACh (e outros) Perda de receptores nicotínicos Anticolinérgicos provocam confusão mental e amnésia Possível ligação entre os receptores nicotínicos e metabolismo da Tau, muscarínicos e APP Conseqüências: Morte Neuronal, principalmente dos neurônios Colinérgicos TRATAMENTO • Longe de ser eficiente. • Consiste basicamente em aumentar a transmissão colinérgica. ISOFORMAS DA Chase AChase: maior Chase no cérebro BuChase: Chase no plasma e fígado. Está “upregulada” na DA. ESTRUTURA DA AChase TERAPIA DE REPOSIÇÃO COLINÉRGICA INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE TACRINA DONEPEZIL RIVASTIGMINA e GALANTAMINA TACRINA COLATERAIS: cólicas abdominais anorexia nauseas vômitos diarréia aumento de transaminases séricas HEPATOTOXICIDADE DONEPEZIL É UM INIBIDOR SELETIVO, NÃO-COMPETITIVO E REVERSÍVEL DA AChase NO SNC COM POUCOS EFEITOS NA Chase PERIFÉRICA. t1/2 = longo - 1 x/dia ao deitar Inicia-se com 5mg e após 6 semanas aumenta-se para a dose máxima de 10mg se não houver resposta satisfatória. Os efeitos colaterais esperados incluem: diarréia, náusea, vômitos, fadiga, insônia e inapetência que costumam desaparecer com o uso contínuo. As náuseas são bem menos pronunciadas do que as com a tacrina. Não apresenta toxicidade hepática. RIVASTIGMINA Inicia-se com 1,5mg duas vezes ao dia (café e jantar) e vai-se aumentado a dose gradativamente a cada 2 semanas para 6mg, 9mg até a dose máxima de 12mg ao dia. A dose terapêutica é de 6-12mg ao dia. Os potenciais efeitos colaterais são: náuseas e vômitos severos, tontura, fadiga, mialgia, incontinência urinária, problemas com a visão e sudorese intensa . É UM INIBIDOR NÃO-COMPETITIVO, PSEUDO-IRREVERSÍVEL DA AChase E BuChase. ADESIVO TRANSDÉRMICO Inicia-se com 4mg duas vezes ao dia (café e jantar), após 4 semanas - 8mg duas vezes ao dia e após 4 semanas a dose máxima recomendada de 12mg duas vezes ao dia. A dose terapêutica é de 16-24mg/dia. Os potenciais efeitos colaterais são náusea, vômitos e outros efeitos colinérgicos, que tendem a desaparecer nas primeiras semanas. Tanto a eficácia como os efeitos colaterais são dose-dependentes. A maioria dos pacientes não demonstra grande melhora e nem piora do quadro. Acredita-se que essa seja uma resposta condizente com o retardo da evolução. GALANTAMINAÉ UM INIBIDOR COMPETITIVO E REVERSÍVEL DA AChase. É UM POTENCIALIZADOR ALOSTÉRICO NICOTÍNICO. Todos os Anticolinesterásicos causam: náuseas, vômitos, cólica, diarréia, anorexia Embora existam evidências estatisticamente significativas quanto aos benefícios do uso destes agentes, o benefício clínico é modesto e temporário. ANTAGONISTA NMDA MEMANTINA Antagonista NMDA não-competitivo de afinidade moderada. Foi aprovada nos EEUU em 2003 para o tratamento sintomático da D.A. TRATAMENTO: . primeira semana: 5mg pela manhã, . segunda semana: 5mg manhã e 5mg noite, por duas semanas, . quarta semana: 10mg manhã e 5mg noite, por três semanas . A partir da quarta semana: 10mg manhã e 10mg noite COLATERAIS: tonturas, cefaléia, constipação e agitação 4 ALVOS POTENCIAIS: 1- BLOQUEIO DO RECEPTOR NMDA 2- BLOQUEIO DO RECEPTOR NICOTÍNICO (α7) 3- BLOQUEIO DO RECEPTOR NICOTÍNICO (α9/10) 4- BLOQUEIO 5HT3 MECANISMO DE AÇÃO NOVOS FÁRMACOS - PERSPECTIVAS TERAPIA ANTI-AMILÓIDE INIBIDORES DA HIPERFOSFORILAÇÃO DA PROTEÍNA tau FATOR DE CRESCIMENTO NEURONAL (NGF) para reduzir a perda de neurônios colinérgicos no córtex e hipocampo. 1. Inibidores da FIBRILOGÊNESE 2. Inibidores da Gama e Beta-Secretases 3. Promotores da Depuração Beta-Amilóide 4. Imunoterapia par destruir as placas BAPINEUZUMAB Ac monoclonal murino-humanizado (IgG1) anti-Aβ (peptídeo beta-amilóide) que ativa a fagocitose microglial. Estudos de Fase II-III. IMATINIB Inibidor do receptor TK e de vias enzimáticas de células tumorais. Foi mostrada atividade anti-GSAP (gamma-secretase activating protein) com redução entre 40-50% da produção de beta-amilóide, em modelos animais da Doença de Alzheimer. SOLANEZUMAB Em estudo clínico. MEMOGAÍNA Pró-fármaco da Galantina – uso nasal (estudo clínico) AGONISTAS SELETIVOS M1: Xanomelina Sabcomelina Milamelina Talsaclidina AGONISTAS NICOTÍNICOS: Vareniclina Enceniclina (estudo clínico) Até junho de 2011, a FDA tinha recebido 81 pedidos referentes a novas propostas terapêuticas. Pesquisadores também estão examinando se o uso de agentes antioxidantes como a Vitamina E, Vitamina C, selênio e caroteno poderiam diminuir ou anular as ações maléficas a nível celular dos radicais livres. As defesas orgânicas desempenham bem esse papel mas declinam com o processo de envelhecimento. ANTI-OXIDANTES Recentemente os níveis elevados de homocisteína foram relacionados com a gênese da doença de Alzheimer apoiado na teoria do “estresse oxidativo”. Essa substância é passível de ser quantificada em laboratório e o tratamento consiste na administração de 0,4mg de folato ao dia, ou preferencialmente por intermédio da dieta.
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