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Sonia Hirsch ATCHIIIM

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SONIA HIRSCH 
D E S E N H O S DE 
EVA FU RN ARI 
GRIPE 
RESFRIADO 
SINUSITE 
ASMA 
ALERGIA 
\ \ RINITE 
V \ BRONQUITE 
LARINGITE... s \ 
Cansou? 
Idéias & receitas 
t , naturais para tratar 
, 1 e não ter mais 
SONIA HIRSCH 
ÄtHlllMi 
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CORRECOTIA 
RIO DE J A N E I R O 
Tudo passa. 
o v 
• j-H 
£ 
0 0 
O 
A culpa é 
do tapetinho 
Gripes, resfriados e alergias aconte-
cem graças ao epitélio respiratório, 
um tapetinho de muco que recobre 
as vias respiratórias e tenta expulsar 
o que incomoda 13 
? 
r 
m é ' 
que e, o que e: 
RESFRIADO Dá mal-estar, 
mas não dá febre 22 
RINITE Se vai e volta, é bom 
entender as causas 23 
GRIPE O vírus, que leva a 
cidpa, é secundário 23 
OTITE MÉDIA Atenção para 
febre com dor de ouvido .... 26 
SINUSITE Muco grosso 
também dá nisso 26 
DOR DE GARGANTA As 
BRONQUIOLITE 
A inflamação pode ocorrer 
nos bronquíolos 32 
PNEUMONIA Fungos e 
vermes podem ser a causa ...32 
ALERGIA Aguda ou crônica: 
35 mucosas estão inflamadas ...27 pessoal e intransferível. 
TOSSE Ela vem para expulsar ASMA Quando a inflamação 
o muco que virou catarro ... 29 chega a matar 37 
ESPIRRO Muitos, sucessivos, 
podem ser reação alérgica ...30 T ) 
«D,™™!!Tv TT <• I o r q u e eu? BRONQUITE Uma especie ' yf í 
de resfriado no peito 31 O agente infectante é nada, 
o terreno é tudo 39 
nfP 
m 
Atitudes 
Descansar, pôr as melecaspra fora... 
e outras maneiras espertas de 
combater o mal-estar 55 
C o mer bem para ficar zen 
Receitas de canja de galinha para aliviar 
gripes e resfriados — além de outros 
67 
islfi Ch ás & Cia. 
Ervas e temperos medicinais, cápsulas e 
comprimidos naturais: uma farmácia 
Sfr-s í 
ao seu 
E 
89 
as alergias? 
A dieta que trata todas 
as alergias, é eficaz para 
asma e ainda dá resultados 
contra o câncer 109 
as crianças 
Dicas preciosas de mamãe 
Carla Saboya para tratar da 
garotada naturalmente.... 115 
Olh, O VIVO 
A saúde depende de pequenas coisas 
cazem grande diferença — Deus 
mora nos detalhes 121 
V 
— A a a a a a a a t c h i m l 
O primeiro espirro chega de repente. Alguma coisa irri-
tou o nariz. Ou bateu frio. Ou se agasalhou demais e 
sentiu calor. A boca abriu e espirrou com toda a força 
dos pulmões: 
— Aatchim! 
Mas está no meio da função, se arrumando para sair, e 
nem repara direito que espirrou até ouvir-se espirrando 
de novo... 
— Aaaatchim! 
...e desta vez, com meleca. Cadê um lenço? Vamos rápi-
do, tem reunião na primeira hora. No carro vidros 
fechados, ar frio, rádio nas notícias, engrena a segunda e 
vai enxugando as narinas com um guardanapo de papel. 
O nariz está bem entupido, mas a reunião, bem, a cabe-
ça está na reunião. Tráfego. Ônibus ultrapassando, moto, 
táxi avistou passageiro na calçada, vai parar, parou. 
Mão na buzina, mão na buzina, aaaaatchim! Meleca por 
todo lado, cadê o guardanapo? Todo molhado, desman-
chando, eca. Tem mais no porta-luvas, mas o sinal abriu, 
não dá pra pegar agora, funga, funga, funga, passa a mar-
cha, estica o braço, pronto. 
Eca de novo. Nariz cheio. Sensação de peso nos olhos, na 
cabeça, mas bola pra frente, guardanapos no bolso, quan-
do chegar na reunião passa. 
Café. Um café vai ser bom. Um café e uns biscoitinhos, 
para não ficar de estômago vazio. Ah, e uma agiiinha 
gelada. Isso. Pronto, não disse? Passou. Vamos lá. 
10 
Papéis, números, planilhas, projetos, outro café, núme-
ros, relatório, memorando, outro café? Outro, com uns 
biscoitinhos. Ou melhor, biscoitinhos não: vamos co-
mer direito, manda buscar um sanduíche e um suco. 
Já de noitinha, tudo concluído, de volta ao carro, de 
volta ao trânsito, de volta em casa: um trapo. 
A cabeça dói, a garganta arranha, o estado é febril. De-
pois do banho quente, um ataque de frio. De novo um 
espirro, outro e mais outro, e o corpo começa a doer. 
Termômetro: 37. É febre? Não é febre? Fazer o que ago-
ra, meu Deus? 
Cama. Mas não de estômago vazio! Como era mesmo 
aquela receita da madrinha, leite quente com uísque e 
mel? Isso mesmo, leite quente com uísque e mel! Infalí-
vel! Leite quente com uísque mel, e amanhã tudo bem 
de novo... Ou será que é melhor tomar uma aspirina? 
Aaaatchim! 
No meio da noite liga para a farmácia, nariz escorrendo 
sem parar, o atendente manda um remédio maravilhoso 
para secar o resfriado, e o que seca é o nariz. ^ Agcte está 
com sinusite: cabeça pesada, ossos latejando, a claridade 
incomoda. Bebe um suco de laranja, porque té^Vvita-
mina C natural, e come torradinhas ?om ricoíasAfolta 
para a cama com frio, toma outro comprimido e dorme, 
pensando vagamente: Maldito vírus!!! ^ 
** 
Mal sabe que a culpa é do... » 
f \ * 
v 
A culpa é 
do tapetinho! 
Não se deixe iludir, amado leitor: gripes, resfriados e 
alergias só acontecem porque estamos vivos e o corpo 
sabe se defender muito melhor do que a gente pensa. E 
para isso usa um tapetinho que recobre inteiramente as vias 
respiratórias e vive tentando expulsar o que incomoda. 
Vias respiratórias são o caminho que o ar percorre para 
chegar até os pulmões e sair de novo, coisa que se repete 18 
mil vezes por dia ou mais, num movimento que começa ao 
nascer e só pára quando se morre. 
Respirar nos define biologicamente: não podemos viver 
sem ar. Com ele vem o que dá vida às células, com ele sai 
o que as células expiram. 
É nos pulmões que acontece a troca. O ar que entra pelo 
nariz chega à faringe, desce pela laringe, penetra a traquéia, 
percorre os dois brônquios e uma série de bronquíolos e 
chega enfim aos minúsculos saquinhos pulmonares, ditos 
alvéolos, onde entrega oxigênio e recebe dióxido de carbo-
no, para em seguida sair pelo mesmo caminho. Inspira, 
expira. 
Esse percurso aquece, umedece e filtra o ar. Que pode 
estar muito frio do lado de fora, mas o sangue irriga tão 
abundantemente a região com seu calor que ele chega 
aos alvéolos na temperatura corporal. 
Pode ser um ar muito seco, mas a umidade do muco 
produzido por células secretoras em toda a extensão das 
mucosas vai fazer com que ele chegue à superfície dos 
alvéolos saturado de vapor de água. 
Pode ser um ar sujo, cheio de poeira, resíduos e micró-
bios que não devem entrar nos pulmões, que são feitos 
14 
de membranas muito sensíveis. E o que acontece? O ar 
chega aos pulmões filtrado, graças a um tapetinho, o 
epitélio respiratório, tecido que reveste internamente 
todo o caminho e é quentinho, úmido e cheio de mi-
núsculos cílios. 
Luzes, câmera, ação! O muco, viscoso e grudento, pren-
de as partículas intrusas enquanto os cílios produzem 
um movimento ondulatório que tem o efeito de empur-
rar o muco para a saída, ou seja, até o nariz, de onde ele 
normalmente vai sendo engolido à medida que chega à 
faringe. Durante o dia os cílios lutam contra a gravidade 
para fazer o muco subir até a garganta, mas à noite, quan-
do estamos deitados, o movimento é mais fácil. O muco 
vai então para o estômago, onde será dissolvido pelo suco 
gástrico. 
Mas isto, evidentemente, se houver suco gástrico sufi-
ciente, e se a quantidade de muco engolido for razoável. 
Na falta de um e no excesso do outro, o muco fica para-
do no estômago e a vítima quando acorda se sente mal. 
Por isso tem necessidade de comer alguma coisa que pro-
voque acidez para dissolver o muco, ou beber um líquido 
quente que o empurre para os intestinos. 
Mas o que é exatamente o muco? 
A princípio é apenas um fluido viscoso composto de água, 
células epiteliais (vindas da própria mucosa), leucócitos 
usados (nossos agentes de defesa), sais inorgânicos e 
mucina, oumucoproteína, uma combinação de aminoá-
cidos tipicamente encontrada na clara de ovo, na saliva, 
15 
em cartilagens e no líquido sinovial que lubrifica juntas 
e tendões. 
Acontece que o muco sofre modificações nos diversos 
estados de saúde e doença, e a maior ou menor presença 
de muco, bem como as variações de sua composição, 
tem um significado especial. 
Textos antigos de medicina tradicional da índia e do 
Tibet explicam que o muco desempenha um papel im-
portante no funcionamento do corpo e é considerado 
uma forma de kapha, termo que não tem tradução e se 
refere a tudo quanto é substancial, sólido e pesado no 
sistema corporal. 
Kapha tem a ver com a tridosha, sistema dos três tipos de 
energia: vatta, pitta e kapha. Vatta tem a ver com o vento 
e a energia que sobe, pitta com o fogo e a energia em 
expansão, kapha com a terra e a energia que pesa. 
- Nessa visão, as comidas que dão solidez ao corpo são 
predominantemente kapha — diz Rudolph Ballentine 
em seu livro Diet and Nutrition. — Quando essa substân-
cia pesada e material é mal assimilada pelo sistema 
digestivo, precisa ser eliminada como refugo. Esse refu-
go também é chamado kapha e corresponde ao muco 
com o qual estamos familiarizados. Faz sentido, portan-
to, esperar que quando a comida é de má qualidade, ou 
seja, quando uma grande porção dela não tem valor 
nutricional e precisa ser descartada, a produção de muco 
aumente — continua Ballentine. - Embora do ponto de 
vista da pesquisa médica ocidental isso possa soar bizar-
ro, da perspectiva da fisiologia oriental é apenas questão 
16 
de bom senso. Alimentos fracos e má digestão, juntos, 
vão comprometer a capacidade da pessoa em usar a co-
mida para obter energia e construir tecidos, e dessa forma 
vão criar um fluxo de muco maior. E fundamental re-
mover esse muco. 
Olho nele 
Se o muco ficar grosso ou viscoso demais, vai secar com 
facilidade, grudar na membrana mucosa, criar crostas 
e virar um ninho acolhedor para os mais diversos 
hóspedes. Mas se ficar muito líquido, escorrendo, 
com baixa viscosidade, os cílios não vão ter como 
movê-lo e ele também não será capaz de agarrar 
impurezas e micróbios. Enquanto o nariz pinga água, 
ou não respira, as mucosas estarão desprotegidas e sujei-
tas a inflamação e infecção pelos mais diversos tipos de 
micróbios. 
Essa possibilidade de variação do muco respiratório tem 
muito a ver com alimentação e se explica pelo fato de 
que o muco é não somente uma secreção, mas também 
uma excreção. A diferença entre elas é que secreção é 
algo que o corpo fabrica porque é necessário, enquanto a 
excreção, ao contrário, é algo de que estamos querendo 
nos livrar. 
O resfriado, a tosse e a gripe, assim, são também uma 
válvula de escape para excreção quando outras funções 
excretórias do corpo falham ou estão sobrecarregadas. 
Pulmões, pele, rins, intestinos e menstruação deveriam 
dar conta de eliminar todos os resíduos do corpo. Mas 
17 
muitas vezes fica dentro o que era para estar fora, por 
exemplo quando se usam coisas como desodorante 
antiperspirante, que impede a eliminação de toxinas pelo 
suor, ou quando o intestino fica preso vários dias, isto é, 
o lixo mais denso não sai. Ou acontece uma repentina 
avalanche de comida mal digerida no tubo gástrico. 
O resultado vai do mau hálito até a tsunami de muco. 
Esse muco agride as vias respiratórias. Daí é natural que 
aconteçam irritação, inflamação e infecção, que chama-
mos de resfriado, alergia, gripe. 
Fumaça? Cof, cofl 
Fumar, como se sabe, também cria problemas. A fumaça 
irrita e resseca as mucosas respiratórias, forçando-as a pro-
duzir mais muco, e o calor aos poucos destrói os cílios 
que moveriam esse muco para fora — por isso quem fuma 
costuma ter tosse crônica ou no mínimo um pigarrinho. 
Aquela coisinha presa na garganta, que precisa de uma 
tossidinha para sair dali, é uma plaquinha de muco numa 
área sem cílios suficientes para movê-la. Gelatinoso, se 
for só um muquinho à toa, limpo. Cremoso, quando já 
incorporou uma fervilhante atividade microbiana. 
Outras fumaças, como as de incenso ou fogão a lenha, 
produzem efeitos semelhantes. 
18 
Também tem muco no estômago 
O estômago é revestido por uma espessa camada de muco 
gástrico que impede os ácidos digestivos de digerirem as 
paredes estomacais. 
Se o equilíbrio entre ácido e muco é adequado, todo o 
trato digestivo estará mais apto a funcionar melhor, ab-
sorvendo a comida de forma eficiente para a construção 
dos tecidos e adicionando substância (kapha) ao corpo. 
Se a acidez for maior que o muco, a digestão é ruim; o 
freguês sente a todo momento que tem estômago. Do-
res, arrotos com gosto ruim, gastrites e úlceras costumam 
ter relação com o aumento da acidez. 
Por outro lado, se o muco for excessivo vai se espalhar 
por todo o tubo digestivo e comprometer a capacidade 
19 
de assimilar comida. Nesses casos, é visível a presença de 
muco nas fezes. Bactérias e outros bichos que normal-
mente estão sob controle começam a se reproduzir mais. 
E nessas condições, adivinhe?, o organismo tende a pro-
duzir ainda mais muco. 
Pesquisas mostram que as características do muco são 
importantes para determinar quais variedades de parasi-
tas vão crescer. Notou-se que algumas espécies pacíficas 
podem se tornar invasivas e destrutivas se as condições 
forem alteradas para pior. Isso faz com que o revesti-
mento intestinal seja danificado, não só permitindo a 
passagem de substâncias nocivas como reduzindo a ca-
pacidade intestinal de absorver nutrientes importantes. 
É o quadro de disbiose intestinal, em tudo semelhante ao 
desequilíbrio ecológico que predomina em muitas regiões 
do planeta. 
20 
O que é, o que é? 
RESFRIADO Indisposição úmida que 
pega principalmente o nariz, mas pode 
incluir garganta, brônquios, pulmões, 
olhos, ouvidos, sinus. 
O nariz escorre porque as mucosas do trato respiratório 
ficam úmidas demais, e a saída mais natural para escoar 
essa umidade é a protuberância nasal, que tem a vantagem 
de poder ser assoada (já pensou em assoar os olhos? ou as 
orelhas?). Também é pelo nariz que saem os espirros, com 
uma ativa participação da boca e da garganta. 
Só o fato de não sentir cheiro e gosto já mostra o quanto a 
vítima está prejudicada: dois entre os cinco sentidos não 
funcionam. Vai ver, os olhos ainda lacrimejam e os ouvi-
dos parece que vão entupir. Fora isso pode haver sensação 
desagradável de frio ou calor, dor de garganta muito leve, 
estado febril passageiro. 
Resfriado dá mal-estar, mas não dá febre, e é muito mais 
fácil de tratar do que a gripe, se a vítima agir rapidamente. 
Bendito o organismo que dá sinais quando fica sobrecar-
regado. Se é o seu caso, pule já para o tratamento. 
22 
RINITE Rin é nariz e ite é o sufixo 
que designa inflamação: inflamação 
do nariz, 
Que fica pingando, entupido, coça, a vítima enxuga, não 
tem o que assoar, o nariz arde de tanto usar lenço. Pode ser 
alérgica, indicando intolerância a alguma substância quí-
mica do ambiente ou da comida, ou uma reação do corpo 
à temperatura externa. Se passar logo, tudo bem. Se ficar 
indo e voltando, é preciso entender as causas. 
GRIPE é um resfriado gigante, 
geralmente por acúmulo de mais 
toxinas e muco, daí ter mais sintomas 
de mal-estar: dor de cabeça, de garganta, 
dores no corpo, febre, tosse, catarro, 
sinusite. Resfriado é violino, 
gripe é contrabaixo. 
A gripe pode vir do resfriado, basta não cuidar dele. Tam-
bém pode vir por si, de repente, por contágio físico, mental 
ou emocional, apresentando logo todos os seus sintomas 
ou não, branda ou forte, com pouca ou muita febre. E se o 
resfriado pede cuidados, a gripe não pede: exige. 
Ela é sempre o resultado da combinação de fatores agressi-
vos externos com fatores receptivos internos.Fatores externos podem ser qualquer coisa ou situação forte 
e inesperada para o organismo: contato com ambientes ou 
23 
pessoas que transmitem muitos germes, excessos alimen-
tares, abalos emocionais, problemas com a família, stress, 
mudança brusca de temperatura ou de modo de vida... 
Fatores internos são inerentes a cada pessoa. Depois de 
uma farra, quem tem boa resistência física e emocional 
pode sentir uma ligeira indisposição e se recuperar facil-
mente com um suadouro, uma canja, uma sessão de amor, 
uma boa noite de sono. A pessoa mais frágil ou em situa-
ção vulnerável vai ficar arrasada. Tudo depende da maior 
ou menor facilidade de auto-regulação de cada organismo 
e de como a situação é conduzida pela própria vítima. 
O vírus, que leva tanta culpa, é secundário. Sozinho, mes-
mo que seja o rei dos vírus com seu exército de vírus, não é 
capaz de afetar um organismo saudável. As ondas de gripe 
que "todo mundo tem" geralmente se devem a uma com-
binação de fatores climáticos, ambientais, sociais e pessoais 
que fragilizam muitas pessoas ao mesmo tempo — que co-
meçam a botar suas melecas para fora. E com elas, alguns 
micróbios. 
"Vivemos num mar de vírus e bactérias. 
Jã que estão em todo lugar e não podemos fugir 
deles, obviamente não podem ser a causa de 
nossas doenças. Vírus e bactérias apenas se 
multiplicam em grande velocidade quando a 
doença nos acomete o corpo. Estão no final da 
cadeia causal, não no começo. 
São resultado da doença, não sua causa. 
Um vírus tem que ser uma de duas coisas: 
o refugo de uma célula que escapou da 
fagocitose ou o resultado do metabolismo 
celular. Nada mais, nada menos. 
De que outro lugar do universo ele poderia vir, 
se contém RNA e DNA encontrados somente 
em organismos vivos? 
Um vírus, sendo somente um naco de proteína, 
não pode fazer' coisas, ao contrário do que 
dizem todos os tratados científicos sobre o 
assunto. Somente células vivas podem fazer 
coisas. Fazer exige vida e inteligência, 
coisa que os vírus não têm. " 
Daniel H. D u f f y Sr, DC, 
médico 
25 
OTITE MÉDIA É a inflamação 
na mucosa do ouvido médio, 
muito comum em crianças. 
Costuma aparecer depois de um resfriado mal curado. Os 
sintomas incluem febre e dor de ouvido. O grande risco 
da otite é haver infecção com perfuração do tímpano, que 
pode reduzir muito a audição. 
SINUSITE Sinus são cavidades aéreas 
nos ossos ao lado do nariz e em torno 
dos olhos, revestidas internamente 
pelo mesmo tipo de membrana mucosa 
úmida e ciliada que caracteriza todo 
o sistema respiratório. 
O normal é essas cavidades estarem cheias apenas do ar 
que passa por elas junto com a respiração. Sua existência 
alivia o peso da cabeça e ajuda a voz a ter ressonância. 
Quando você aperta esses ossos e eles doem, é porque os 
sinus estão inflamados. A causa disso é um muco que de-
veria ter escorrido para o nariz através de minúsculas 
passagens próprias para tal, mas elas entupiram porque o 
muco engrossou. Ficando lá dentro ele irrita ainda mais as 
membranas mucosas, que por isso produzem ainda mais 
muco, às vezes até com traços de sangue; e o 
entupimento provoca um pouco de vácuo, 
o que dá sensação de pressão e dor. 
26 
Sinusite pode dar em quem está resfriado e não gosta de 
assoar o nariz, acha que não sai nada, então fica fungando. 
Também em quem toma remédio para secar o resfriado. 
Em quem chora para dentro, ou chora muito sem ter len-
ços à mão para se assoar, porque os canais lacrimais também 
deságuam no nariz. Em quem toma gelados. Em quem 
vive no ar refrigerado. Ou tem fungos. Etc. 
DOR DE GARGANTA O que 
se chama de garganta, assim com toda 
a simplicidade, é uma das estruturas 
mais complexas do organismo. 
Ali se cruzam os sistemas de comer e de respirar, cada qual 
vindo de um lugar e indo para outro, e ainda é onde a gente 
consegue fazer essa coisa que nos ultrapassa: falar. 
Dependendo de onde esteja a inflamação, será chamada 
de faringite, laringite ou amigdalite. E, seja o que for, quan-
do a garganta dói um alarme está disparando: atenção, 
muita atenção, funções essenciais em perigo! Mucosas ir-
ritadas, amígdalas sobrecarregadas, você não pode engolir, 
respirar dói, falar dói, em suma: faça alguma coisa! 
Por outro lado, estando tão pertinho do mundo externo, a 
garganta é uma região muito fácil de tratar. Basta abrir a 
boca e botar a língua pra fora que dá para ver o que está 
acontecendo. E é impressionante observar como podero-
sas inflamações, para alguns dignas de cirurgia, cedem a 
meros gargarejos com chá de folhas de tanchagem — receita 
do pediatra José Luiz da Costa Lyra. 
27 
A explicação é que tudo o que está na garganta tem facilida-
de de sair. Não é um esconderijo profundo. Pode estar cheio 
de bactérias e semelhantes, mas todos à beira do abismo. 
Estatísticas mostram que os médicos erram metade dos 
diagnósticos de dor de garganta, receitando antibióticos 
quando não é o caso e deixando de receitar quando é. 
Antibióticos combatem bactérias, mas são inócuos em qual-
quer outra situação. 
AMÍGDALAS são duas pequenas massas ovaladas de teci-
do linfático que brotam de cada lado da faringe lá no fundo 
da boca, onde ela vira garganta. O tecido que as reveste é 
todo furadinho por canais que levam ao tecido linfático 
mais profundo. 
As amígdalas estão ali fazendo a segurança da área, cheias 
de células cuja especialidade é agarrar substâncias e seres 
indesejáveis e despachá-los pela linfa afora. De vez em quan-
do ficam inflamadas e/ou infeccionadas e incomodam 
muito. 
Algumas amigdalites são causadas pela bactéria Streptococus 
piogenes, que é rapidamente identificada pelo laboratório e 
pode até ser tratada com penicilina se for o caso — gargare-
jos com tanchagem e outras ervas de poder anti-séptico 
também combatem infeccções, principalmente no início. 
O risco de não tratar uma infecção por estreptococos é que 
ela pode evoluir para febre escarlate (escarlatina), erisipela, 
febre reumática e invadir os rins. 
28 
TOSSE O sistema respiratório 
tem a musculatura poderosa. Qualquer 
perturbação nas vias respiratórias 
inferiores faz com que o diafragma, 
por ato reflexo, empurre tudo 
para cima e para fora. E a tosse. 
A tosse pode ser seca, úmida, encatarrada, fraca, forte, agu-
da ou crônica. Uma pessoa pode ter um ataque de tosse só 
porque deu muita risada. Outra pode ter um pigarrinho na 
garganta que embaça as cordas vocais de vez em quando. 
A tosse que vem depois da gripe ou do resfriado tenta ex-
pulsar o muco que foi secando nas passagens de ar e virou 
catarro: grosso, grudento e às vezes amarelo ou esverdeado 
pela presença de bactérias oportunistas. E de grande utili-
dade aprender a cuspir o catarro que vem à garganta. 
O tratamento procura dissolver o catarro, torná-lo mais 
fluido pára que deslize logo porta afora. Parte do que acon-
tece quando se toma um bom xarope é que o catarro vai 
para os intestinos. 
A tosse seca mostra que o interior do organismo está quente 
e seco. O tratamento procura substâncias que umedeçam 
e refresquem o corpo e possam produzir os fluidos neces-
sários para a hidratação dos tecidos, das secreções, das 
eliminações. 
29 
ESPIRRO Um mecanismo semelhante 
ao da tosse produz o espirro, que 
mobiliza mais a parte superior das vias 
respiratórias e ajuda a eliminar o muco 
que está na garganta e no nariz. 
Espirros também acontecem como reação reflexa a uma 
corrente de ar frio e outras perturbações indesejáveis como 
poeira, vento, corrente de ar, cheiros fortes, ambiente 
úmido e umidade interna. 
Muitos espirros sucessivos podem ser chamados de reação 
alérgica. Na verdade, o que está acontecendo é que as 
mucosas, já irritadas pela presença de resíduos alimenta-
res no muco, não conseguem tolerar a presença de certassubstâncias no ar (poeira, pêlos, toxinas) e se defendem 
espirrando. Tentam botar o muco para fora e ao mesmo 
tempo impedir a ação desses novos agressores. 
30 
BRONQUITE Alguém sabe que está 
com bronquite quando começa a sentir 
uma espécie de resfriado no peito: em 
vez do nariz escorrer, há tosse com 
pouco ou nenhum catarro, e alguma 
coisa no tórax dói ou queima. 
Isto quer dizer que as mucosas dos brônquios estão infla-
madas, e a inflamação é aguda ou crônica. 
Bronquite aguda pode fazer parte de uma gripe ou vir de-
pois dela. Chega a dar febre baixa com calafrios. 
Bronquite crônica é resultado do descaso com os sintomas 
que indicam bronquite aguda. A tosse é constante, com 
bastante catarro. Há sensação de mal-estar, dor ou quei-
mação no peito, falta de ar e cansaço. As membranas 
mucosas estão muito prejudicadas por algum fator emocio-
nal ou de constante irritação, como fumo ativo ou passivo, 
poluição ambiental e inalação de produtos químicos, ou 
excreção constante de substâncias rejeitadas pelo organismo. 
Como em todo quadro com sintomas respiratórios, a pri-
meira coisa a fazer nas bronquites é parar de irritar as 
mucosas e tentar expelir o muco, evitando os alimentos 
que o deixam mais espesso e abundante: laticínios, ovos, 
carne, açúcar, gorduras. 
Uma bronquite pode se tornar preocupante se a pessoa 
apresentar febre alta (acima de 38,5°C), catarro verde, ama-
relo ou com sangue, muita dor no peito e respiração 
ofegante mesmo quando está em repouso. 
31 
BRONQUIOLITE Em vez de estar 
nos brônquios, a inflamação pode 
acontecer nos bronquíolos. 
Eles são os derradeiros raminhos da árvore respiratória, já 
bem dentro dos pulmões. O sintomas de bronquiolite são 
semelhantes aos da bronquite, só que mais dolorosos. 
PNEUMONIA Tudo o que existe 
entre a entrada do nariz e o final dos 
bronquíolos tem a função de proteger 
de micróbios e outros corpos estranhos 
os delicados alvéolos pulmonares, onde 
acontece o melhor da festa: a troca de ar 
sujo por ar limpo. 
O tapetinho ondulante de muco agarra os indesejáveis e 
os leva para a porta da rua. A tosse e os espirros colaboram 
nesse processo de expulsão. E se ainda assim algum 
32 
microbinho chegar à área dos alvéolos, encontrará muitas 
células macrófagas, que são a parte faminta do nosso siste-
ma de defesa, prontas a devorá-lo sem dó. 
Entretanto, toxinas e microrganismos podem prevalecer e 
provocar pneumonia. A pneumonia causada por bactérias 
que se alimentam do muco é a mais freqüente em pessoas 
de todas as idades. A causada por fungos geralmente afeta 
mais bebês, velhinhos e pessoas imunodeprimidas. 
Também são comuns as pneumonias causadas pelo ciclo 
das larvas de lombrigas (Ascaris lumbricoides), que sempre 
passa pelos pulmões, e de outros vermes, como estrongi-
lóides (Strongyloides stercoraiis) e ancilóstomos (Necatur 
americanus). Escreve o médico patologista clínico Gilber-
to Angel M., na revista Colombia Médica 1996; 27: 52: 
"Não são raros os casos do paciente que se hospitaliza por 
infiltração pulmonar difusa, eosinofilia progressiva, tosse, 
adinamia, febrículas irregulares e persistentes, sombras 
radiológicas nodulares; faz biópsia pulmonar, punção 
medular para esclarecer a eosinofilia progressiva, convo-
cam-se várias juntas médicas, quando na realidade é um 
simples granuloma pulmonar transitório produzido por 
parasitas (Necator, Ascaris, Estrongyloidesj, num quadro de-
nominado síndrome de Loefler. Se nos lembrássemos do 
granuloma parasitário e do cicio evolutivo do parasita, eco-
nomizaríamos problemas de diagnóstico e teríamos com 
mais rapidez o bem-estar do paciente. 
Deve-se pensar sempre na etiologia da doença infecciosa, an-
tes de embarcar em diagnósticos difíceis, que nem sempre se 
confirmam, por não ievar em conta que as doenças infeccio-
sas são os mais comuns de todos os quadros de doença.'' 
33 
Os sintomas da pneumonia em geral aparecem de repente: 
febre, tosse, catarro, calafrios, dor no peito, falta de ar, 
respiração curta. Também podem estar presentes os sinto-
mas da gripe e do resfriado, como dor de cabeça, dor de 
garganta, espirros e nariz escorrendo. Mas pode não haver 
sintoma que faça procurar o médico. 
O diagnóstico é feito por raio x ou tomografia do tórax, 
exame de sangue e de escarro. Esse procedimento cuida-
doso serve para verificar a possibilidade de uma tuberculose 
pulmonar ou a presença de parasitas grandes. 
A pneumonia associada a bactérias costuma ser tratada com 
antibióticos para debelar a infecção e fisioterapia para esti-
mular a expectoração. Existem remédios específicos para 
tratar a pneumonia movida a fungos, mas costumam ser 
pouco eficientes. Pneumonias associadas a vermes são tra-
tadas com vermífugos. Para pneumonia associada a vírus 
não existem drogas apropriadas. 
ALERGIA Este é o nome que damos à 
reação inflamatória de um tecido em 
resposta à presença de substâncias ou 
agentes irritantes aos quais a vítima é 
muito sensível. 
Por exemplo, você convidou sua chefe para almoçar e pe-
diu um prato caríssimo de camarões gigantes. Depois de 
algumas garfadas ela começou a sufocar e você teve que 
levá-la correndo para o hospital com edema de glote, uma 
reação inflamatória que fecha a garganta e não deixa pas-
sar o ar. No entanto, você comeu os camarões numa boa. 
O que aconteceu? O sistema imunológico da moça achou 
que aquilo era demais, enquanto o seu não estava nem aí. 
Alergias são assim, pessoais e intransferíveis. Fazem parte 
de um quadro de características de comportamento da 
pessoa. Podem ser agudas ou crônicas; infernizam a vida 
da vítima e chegam a matar. 
O quarteto universal das alergias respiratórias é mofo, 
poeira, pólen e pêlo de gato. A maioria dos testes verifica 
que qualquer pessoa reage a pelo menos um desses fatores. 
Entrou num lugar acarpetado e o nariz começou a escor-
rer? Rinite alérgica, desencadeada por contato com 
partículas de mofo. A menos que haja um gato na casa, aí 
já sabemos quem será acusado. 
O que não se diz com tanta freqüência é que muitas outras 
condições se confundem com alergia. 
Exaustão adrenal, decorrente de stress, dá sintomas alérgi-
cos. Infecções parasitárias, incluindo candidíase, dão 
35 
sintomas alérgicos. Produtos de limpeza dão sintomas alér-
gicos. Desodorantes antiperspirantes, idem. Produtos 
químicos nos alimentos. Resíduos químicos e antibióticos 
em carnes, frangos, ovos e leite. A proteína do leite de vaca 
pasteurizado e de seus derivados dá muitos sintomas alérgi-
cos em pessoas que não se consideram alérgicas. 
Esses sintomas vão dos mais óbvios, como espirros em se-
qüência, coriza, tosse e coceira, aos mais dissimulados, como 
dor de ouvido, falta de ar, enjôo, dor de cabeça, fadiga, 
problemas menstruais, retenção de líquido, depressão, 
distúrbios do comportamento e da cognição. Num está-
gio avançado, os tecidos degeneram e tendem ao câncer. 
Todos os estudos mostram que o ataque alérgico é provo-
cado pela gota d'água que faz o copo transbordar, ou seja, 
os mecanismos imunológicos apenas disparam uma res-
posta inflamatória que estava prontinha para acontecer. 
Por si, os estímulos externos seriam insuficientes. Juntan-
do isso ao fato de que as pessoas mais alérgicas costumam 
apresentar um nível altíssimo de radicais livres, que pro-
movem e prolongam a inflamação, podemos pensar que a 
vítima deixaria de ser alérgica se procurasse diminuir sua 
tendência à resposta inflamatória. 
E embora a asma seja considerada a doença alérgica mais 
grave, 63% das mortes por alergia nos Estados Unidos são 
causadas pelo consumo de amendoim — manteiga de amen-
doim, óleo de amendoim, molho de amendoim, amendoim 
torradinho, amendoim japonês, amendoim com chocola-
te, ovinhos de amendoim, paçoca. 
Detalhe: amendoim é um dos ninhos prediletosde fun-
gos que produzem aflatoxinas, e é impossível saber se elas 
36 
estão lá quando comemos aquele delicioso pé-de-moleque. 
Sabe-se que aflatoxinas acabam com o fígado e dão câncer. 
Além disso, o amendoim é metabolizado pelo fígado mui-
to lentamente. O que se chama de alergia, nesse caso, é 
uma resposta imunológica intensa do organismo à presen-
ça de substâncias que comprometem todos os órgãos. 
ASMA Os sintomas da 
asma são semelhantes aos 
da bronquite: inflamação 
nos brônquios com 
tosse, aperto no peito, 
queimação, chiado, 
falta de ar, cansaço, 
dor. A diferença é que na 
asma a inflamação é crônica 
e pode matar. 
17 milhões de pessoas sofrem de asma nos EUA, entre 
adultos e crianças. Achou muito? No Brasil são 16 mi-
lhões. Na Europa, os casos de asma dobraram nos anos 
90. No mundo, a OMS calcula 150 milhões de asmáticos. 
Esses números mostram que as pessoas estão ficando mais 
sensíveis a coisas com que são obrigadas a conviver — ali-
mentos, aditivos químicos, fumaça, sujeira, umidade, mofo, 
poeira, pólen, ar frio, produtos de limpeza, baratas, fun-
gos, pêlos, clima, stress. E até situações boas, como uma 
nova paixão, podem provocar stress. 
37 
A Medicina Tradicional Chinesa considera quatro tipos 
de asma, ligados ao mau funcionamento de um, vários ou 
todos os quatro sistemas: digestivo (baço, pâncreas, estô-
mago e intestinos), renal, hepático e cardiorrespiratório. 
Na maioria dos casos todos funcionam mal e um deles 
está especialmente desequilibrado. 
ASMA DO TIPO FRIO: caracterizada por um muco bran-
co, transparente ou espumoso, extremidades frias, palidez 
e sensação freqüente de frio. 
ASMA DO TIPO QUENTE: respiração rápida e pesada, 
rosto vermelho, sensação de calor no corpo, muco amare-
lo, fezes secas e urina escassa. 
ASMA MUCOSA: caracterizada por muco copioso, boca 
quase sempre aberta, dificuldade em respirar na posição 
deitada, cobertura grossa e gordurosa na língua. 
ASMA DO TIPO DEFICIENTE: pulso fraco, língua lim-
pa ou quase, compleição pálida, respiração curta, a cabeça 
precisa estar alta para dormir, esforço físico torna difícil 
respirar. 
O 
38 
Por que eu? 
Existem fatores que tornam uma pessoa mais propensa a 
pegar gripe e resfriado. "Pegar" é muito vago. Louis Pasteur, 
o cientista que descobriu como agem os micróbios, morreu 
dizendo que o agente infectante é nada, o terreno é tudo. 
É diferente para cada "terreno" o jeito como a gripe encos-
ta. Um percebe um pontinho dolorido na garganta, outro 
sente moleza e uma dor nas costas que vai de alto a baixo. 
Alguns começam sempre espirrando. 
Também é diferente o jeito como cada um vai tratar do 
assunto. Uns nem tratam, acham que tratar e não tratar dá 
na mesma — que gripe cumpre um ciclo e passa. 
Como diz aquela senhora, ter gripe é considerado normal. 
Ninguém precisa se justificar porque está com gripe. Sendo 
algo que todo mundo tem (diferente de gravidez e mens-
truação, privilégios de mulher), até chefe entende. A vítima 
fica num estado lastimável e é perdoada de tudo. 
Mas o que foi que aconteceu antes da vida virar gripe? 
Sentiu tristeza, depressão ou 
insegurança? 
O corpo tem uma rede natural de proteção que é afetada 
pelo que pensamos e sentimos. Quando nossa auto-estima 
enfraquece, ficamos mais frágeis e vulneráveis. Lágrimas 
retidas podem querer pingar pelo nariz. O ser fica úmido 
de tanto choro. 
i m 
40 
Dormiu mal ou pouco? 
O sono é um regulador natural. Nada pode substituí-lo. A 
falta de sono baixa a imunidade e predispõe a reclamações 
do corpo, que passa a funcionar mal. 
Pegou friagem? 
O frio altera o funcionamento normal do organismo; to-
dos os tecidos se contraem e querem eliminar líquidos — 
quanto mais líquido no corpo, mais sensibilidade ao frio. 
O espirro elimina líquido e também aquece a parte supe-
rior do corpo. 
A friagem pode vir de uma porta ou janela entreaberta, da 
pedra onde estivemos sentados, do chão do banheiro onde 
vamos descalços à noite, do sereno da madrugada. Pode 
entrar por qualquer lugar do corpo. Tomar banho à noite 
ou dormir de cabelos úmidos pode ser uma fonte habitual 
de friagem. Perdemos 70% do calor pela cabeça. 
Banhos quentes deveriam terminar sempre mornos para 
evitar um choque de temperatura ao sair. As pessoas que 
tomam banho frio acham que são mais fortes por isso. 
Pegou vento? 
Às vezes é o vento o vilão: ou porque "entra" no corpo, ou 
por exemplo quando se transpira sob o sol com pouca rou-
pa: o suor normalmente refresca a pele, que por sua vez 
refresca o interior do corpo; mas um vento abrupto dá um 
choque nesse delicado mecanismo e o corpo se resfria. 
41 
Sentiu desconforto devido ao calor? 
Excesso de calor também resfria. O corpo sua, num movi-
mento mais forte de eliminação de líquidos e tentativa de 
refrescar a pele. Essa sensação pode provocar espirros. E o 
calor às vezes vem de dentro, produzido por excesso de 
alimentos ou temperos quentes como gengibre e canela. 
Ficou muito tempo sem se mexer? 
Numa longa viagem ou permanência num local fechado, 
o corpo vai ficando condicionado e perde parte de sua 
capacidade de adaptação. Se isso não for compensado por 
algumas horas de atividade física espontânea e agradável, 
que ative músculos, circulação e sistema respiratório, a rea-
ção mais branda pode ser o resfriado. 
Comeu mal? 
A digestão é um processo sutil, que depende da produção 
de sucos digestivos e da capacidade do estômago em lidar 
com a comida. O excesso, ainda que de boa qualidade, 
congestiona o movimento; a comida que estagna vai fer-
mentar e produzir muco. O que passa mal digerido ou 
fermentado para os intestinos produz desconforto, gases e 
toxinas, aumentando o mal-estar. Se a comida for de má 
qualidade, pior. Uma das reações possíveis é o resfriado. 
f 
Bebeu mal? 
A bebida alcoólica chega rapidamente à corrente sanguí-
nea, e em algum momento passa pelo fígado - que, entre 
outras coisas, é um grande filtro retentor de impurezas. 
Acontece que o álcool incapacita as células desse filtro, 
dando livre trânsito a todas as toxinas que deveriam ser 
retidas. A conseqüência é o mal-estar, com chances de dor 
de cabeça, ressaca, resfriado. 
Tomou gelados? 
O interior do corpo é quentinho, com temperatura cons-
tante em torno de 36,5°C. Os gelados obrigam nosso 
sistema de aquecimento a trabalhar mais para levá-los a 
uma temperatura adequada aos órgãos e tecidos — o que 
cansa o organismo e desperdiça energia. 
Comeu geladas? 
Além de esfriar o interior do corpo, a comida fria ou gela-
da demora muito para ser digerida e tende a deixar resíduos 
no estômago que fermentam e produzem muco. 
Comeu comida calorenta no calor? 
Quanto mais tempo uma comida fica no forno, mais ad-
quire a capacidade de transferir calor para quem a come. 
No verão é fundamental comer alimentos que refresquem 
o ambiente interno. Frango assado num dia quente, chur-
43 
rasco ou peixe na brasa, por exemplo, podem dificultar 
muito a capacidade de auto-regulação térmica. 
Em clima quente, também é bom ingerir menos calorias: 
massas, biscoitos, pães, batatas e qualquer coisa que leve 
açúcar, inclusive sorvetes e chocolates. E frituras, claro, 
cuja temperatura é sempre altíssima. 
Açúcar engorda, rouba vitaminas e minerais, dá acidez, 
mexe com hormônios, gera colesterol, modifica o com-
portamento, favorece parasitoses. Contribui muito para 
gripes e resfriados porque produz muita umidade, que o 
corpo só consegue eliminar até certo ponto; o excesso se 
acumula. É esse acúmulo que, além de pesar no corpo, vai 
alimentar fungos como a Candida albicans, que piora muito 
qualquer pequeno desequilíbrio: um simples resfriado vira 
logo sinusite, porque a cândida se instala nos sinus e fica 
mamando aquele muquinho doce. 
Candidíase vaginalderruba casamentos. E impossível ter 
relações prazerosas se a mucosa está inflamada. 
Doçuras ditas naturais também ativam a candidíase: fru-
tas secas como ameixa, damasco e especialmente tâmara, 
sem falar em castanhas, nozes e amendoins, abrigam po-
pulações inteiras de fungos. E de inseticidas também. 
Exagerou nos doces? 
44 
— Resfriados, gripes, febre — a pura e simples 
síndrome do mal-estar é resultado de uma dose 
repentina de venenos ambientais, sendo que o 
mais comum é o açúcar refinado. O açúcar 
liquida as células brancas, e as bactérias que 
estão sempre presentes se multiplicam e colocam 
toxinas em nossos sistemas. 
Daniel H. D u f f y Sr, DC 
Abusou de leite, queijo & similares? 
O leite e seus derivados podem ser um péssimo alimento 
para os seres humanos, simplesmente porque produzem 
quantidades industriais de muco irritante no organismo. 
As reações vêm como espirros, rinite, bronquite, asma, 
eczema, coceira, gases, intestino preso, intestino solto, na-
riz entupido, tosse, sinusite, otite e outras ites. 
Abusou de pães, biscoitos e bolos? 
Aqui estão juntos dois dos piores alimentos comuns no 
que tange a muco: açúcar e farinha. Toda farinha comercial 
é desvitalizada por natureza, já que cada pequena partícu-
la em que se transformou o grão vai ser exposta ao ar e 
oxidar em poucas horas, perdendo a maior parte do valor 
nutricional. Isto, fora o tempo que vai permanecer enve-
lhecendo na prateleira antes de ser preparada. Aí ainda passa 
pelo forno, onde o alto calor altera de vez suas qualidades, 
45 
criando novas toxinas. O próximo passo é virar meleca no 
estômago. Difícil de digerir, costuma fermentar. Produz aci-
dez. Alimenta pouco e atrapalha muito a eliminação de 
resíduos. E o calor adquirido no forno contribui para es-
quentar o interior do corpo, o que geralmente produz catarro 
grosso e preso. 
Abusou de gorduras? 
Frituras, refogados, patês, carnes gordas, salgadinhos de 
festa, bolinhos de queijo & similares possuem substâncias 
que estimulam inflamações por toda parte. Se forem no 
trato respiratório, o nome é resfriado. 
Abusou de nozes, castanhas, 
amêndoas, amendoins? 
São alimentos concentrados, maravilhosos se forem fres-
cos e crus, se você comer pouco e mastigar muito bem. Se 
não forem frescos estarão rançosos: você sente o sabor le-
vemente amargo e deve cuspir imediatamente para não 
engolir toxinas. Se não forem crus, os óleos e nutrientes 
naturais já estarão prejudicados. Dois ou três são suficien-
tes para dar a você suplementos de boa qualidade, cinco 
ou seis já são um limite. E mastigar muito bem é funda-
mental, porque qualquer pedacinho maior vai chegar ao 
intestino sem ser digerido e imediatamente um bilhão de 
bactérias vai grudar nele produzindo toxinas e reações alér-
gicas que você depois sente como mal-estar. Não é exagero: 
um dedal de matéria fecal tem um trilhão de bactérias. 
46 
O intestino prendeu, ou soltou? 
O intestino é um tubo de 9 metros de comprimento divi-
dido em duas partes: uma mais fina e comprida, o intestino 
delgado, e outra mais curta e larga, o intestino grosso. O 
intestino delgado dá uma porção de voltinhas dentro da 
barriga para se acomodar ao pequeno espaço do corpo. É 
através dos recursos de suas finas paredes que absorvemos 
a maior parte dos nutrientes da comida, que passa por ali 
em estado bem pastoso. O intestino grosso retira o líquido 
do material e vai formando as fezes, que seguem em dire-
ção ao reto para serem eliminadas. 
Quando o intestino solta e as fezes saem líquidas, ou mui-
to moles, estão vindo direto do intestino delgado; a descarga 
mostra a incapacidade do corpo em lidar com qualquer 
absorção de alimento naquele instante, seja por algum dis-
túrbio funcional (intoxicação, parasitose, stress) ou por 
rejeitar radicalmente um componente da comida. 
Na prisão de ventre, o cocô que não sai vai ficando cada 
vez mais compacto e seco, acumulando-se na parte final 
do intestino, onde a capacidade de absorção da mucosa é 
muito grande. Isso quer dizer que as toxinas que deveriam 
ser eliminadas pelas fezes vão voltando para o sangue e 
entram na circulação. O próprio volume de fezes paralisa-
das incomoda. Se nelas houver resíduos de proteína animal, 
a fermentação produzirá gases com mau cheiro — e mais 
toxinas. Isso afeta todo o organismo, incluindo a mente, 
mas em primeiro lugar o sistema respiratório. Por isso é 
que a palavra constipação pode ser usada tanto para desig-
nar resfriados quanto prisão de ventre: andam juntos. E 
47 
por isso é que nossas avós nos davam um purgante ao pri-
meiro sinal de gripe: liberando os intestinos, muito do mal 
ia embora. Rapidinho e sem deixar saudade. 
Cansou-se? 
Tanto o excesso de trabalho quanto a falta de exercícios 
vão resultar em baixa energia protetora. Trabalho físico 
demais gasta as reservas do corpo, mas a falta de atividade 
desregula o metabolismo, encolhe a musculatura, enfra-
quece os ossos e prejudica a circulação do sangue, entre 
outras desgraças. Excesso de trabalho mental é tão dani-
nho quanto excesso físico, já que pensamentos demais, 
especialmente preocupações, roubam energia da função 
baço-pâncreas e perturbam a absorção de nutrientes. 
A Medicina Tradicional Chinesa diz que atividade sexual 
em excesso também dá problemas: esvazia a energia vital 
dos rins e das glândulas adrenais e afeta sua essência, o 
Jing. Ele representa a força da vida. Quando é deficiente, a 
pessoa tem pouca resistência às doenças e se adapta mal às 
alterações do ambiente. Homens, cuidai-vos: o excesso de 
ejaculações reduz o Jing, drenando a vitalidade do corpo. 
O sêmen carrega para fora muito zinco e ômega-3, essen-
ciais à imunidade. 
Estresse ou stress? 
"Lute ou fuja!" Esta é a mensagem que o sistema nervoso 
simpático recebe cada vez que você se assusta no trânsito, 
por exemplo, pronto para frear, desviar ou bater. Aí come-
ça um processo muito rápido que acelera seu coração, faz 
sua pressão subir e aumenta a tensão muscular para que 
você possa agir com rapidez. Passado o perigo, tudo deve-
ria voltar ao normal. 
49 
Mas não volta. Mesmo não tendo acontecido nada, aconte-
ceu. E a marca que fica pode ser chamada de cansaço, mas é 
mais conhecida como estresse. Ou stress, pode escolher. 
Isto se deve ao fato de que as glândulas adrenais, também 
chamadas supra-renais porque ficam montadinhas em cima 
dos rins, jogaram na circulação sanguínea uma grande 
quantidade de adrenalina e cortisol, os hormônios que dis-
param a reação. 
Se isto acontece de vez em quando, tudo bem: qualquer 
um se recupera. Mas de vez em sempre, pode levar a um 
estado de stress crônico, ou estresse, você é quem sabe, 
que é um desastre. 
Quando uma quantidade exagerada de hormônios adrenais 
entra em circulação, tudo pára. A digestão é prejudicada, a 
circulação e a respiração se alteram e várias funções são 
suprimidas para dar força total à reação de luta ou fuga. O 
corpo gasta energia sem poder repor, e a tiróide tenta com-
pensar trabalhando mais. A sensibilidade olfativa aumenta 
para poder cheirar o perigo. Os olhos ficam fundos, com 
olheiras. A pele, muito sensível a batidas e machucados, 
cheia de manchas pretas e azuis. A libido e o desempenho 
sexual declinam. E as alergias prosperam: no começo é uma 
ou outra, depois tudo provoca reação alérgica. 
Diz a pesquisadora e fitoterapeuta Ingrid Naiman, em 
www.kitchendoctor.com: 
- Quando as adrenais ficam exaustas por excesso de stress, 
o diagnóstico médico pode ler a situação parcialmente e 
traduzir como síndrome de fadiga crônica, Epstein-Barr 
ou citomegalovírus, ou ainda alergia crônica. Muitas vezes 
50 
o diagnóstico aponta para a tiróide, e as pessoas passam a 
tomar hormônios sintéticos, que no começo produzem 
melhoras mas depois deixam de satisfazer.Ora, se essas 
pessoas tivessem nascido com a tiróide fraca, seriam 
cretinas. E a síndrome de fadiga crônica está afetando pes-
soas inteligentes cuja mente funciona perfeitamente bem. 
O corpo pode estar cansado, mas a mente continua ligada 
em novos projetos — e novos esforços, que obrigariam o 
corpo a obedecer ordens de uma força mental agora perce-
bida por ele como tirânica. 
O procedimento correto, segundo ela, seria tratar de recu-
perar a energia das glândulas adrenais fortalecendo os rins. 
- As adrenais ficam sentadinhas nos rins, dos quais são inse-
paráveis em muitos sentidos. Se elas entram em pânico, 
os rins têm espasmos, geralmente resultando numa urgên-
cia de urinar. Quando o pânico é mais ou menos constante, 
os fluidos saem do corpo antes que os nutrientes tenham 
sido assimilados. Então há desidratação e desnutrição, mes-
mo que a dieta seja inteligente. Um exame vai mostrar que 
a pessoa está deficiente em minerais. Quando a situação se 
prolonga, os rins podem parar de reagir e as pessoas come-
çam a inchar. O tratamento: tomar sais minerais, comer mais 
algas marinhas, ginseng e alho, usar ervas boas para os rins. 
Também recomendo a minha sopa de feijão-preto. 
A receita da sopa de feijão-preto 
(Black turtle bean soup) da Ingrid Naiman 
está em www.kitchendoctor.com/ 
foodandrecipes/blackbean. html. 
Outros autores ligados à medicina oriental 
dão a mesma receita com ligeiras variações. 
51 
É muito importante identificar as causas do 
stress, que podem ser visíveis ou não. 
O stress físico é mais evidente, a pessoa trabalha demais, 
dorme de menos, não tem tempo para o lazer. 
O stress emocional pode vir de um casamento aparente-
mente bom, da preocupação com filhos, de frustrações com 
as quais não se sabe como lidar, da competição no trabalho. 
Há o stress radiativo, vindo de campos eletromagnéticos 
de tvs, monitores de vídeo, torres de alta tensão, antenas 
de telefonia celular. Sem falar no stress com o cartão de 
crédito e as prestações da casa, que pode manter a vítima 
numa angústia permanente. Ou no que leva alunos que 
não tiram o primeiro lugar a se matarem, no Japão. 
Bebidas estimulantes são chamadas assim porque dão uma 
cutucada nas adrenais, produzindo uma quantidade variá-
vel de energia que rapidamente vira stress. Incluem-se aí 
café, cocas e colas, chá preto, mate e até chá verde. 
E é enorme o stress produzido por uma alimentação pobre, 
sem nutrientes adequados, que dá a chamada fome oculta. 
A vítima não tem cara nem corpo de subnutrida, pode até 
ser obesa, mas não agüenta quase nada. Tudo cansa. E tome 
pizza, pãezinhos, macarrão, hambúrguer, pastel, empada, 
refrigerantes, chocolate, sorvete e outros equívocos comes-
tíveis que a ajudam a ficar de pé. 
— Ah, mas não é melhor comer qualquer coisa do que ficar 
sem comer nada? 
Melhor não é, minha senhora, mas é muito comum! 
52 
O stress... 
...baixa a imunidade, porque o cortisol suprime as 
reações imunológicas. A vítima será mais ansiosa e pro-
pensa a adoecer e terá menos células brancas no sangue 
para combater infecções. Gripes e resfriados se tornam 
muito freqüentes. 
...prejudica a digestão, a assimilação dos nutrientes e 
a eliminação de toxinas, favorecendo gastrites, úlceras, reflu-
xos, inflamações intestinais, colites ulcerativas e parasitoses. 
...faz subir a pressão e contrai as artérias, aumentan-
do o risco de ataques cardíacos e derrames; também pode 
elevar os níveis de colesterol e homocisteína no sangue. 
...dói da cabeça aos pés, em todas as juntas. 
...engorda. O cortisol abre o apetite para que a vítima 
possa repor o carboidrato queimado enquanto passava pela 
situação real ou imaginária de luta e fuga. Para quem está 
acima do peso, reduzir o stress é tão importante quanto 
comer menos e se exercitar mais. 
53 
...afeta a memória e emburrece. Muito cortisol sa-
tura o hipocampo, região cerebral da memória e do 
aprendizado. 
...arrasa a vida sexual, juntando desinteresse com mau 
desempenho e baixa satisfação. 
...piora os sintomas de tensão pré-menstrual. 
...enfeia a pele, produz acne e eczema. 
...perturba o sono, dá insónia. 
...deprime. Uma pessoa estressada não consegue curtir 
as coisas boas da vida. 
O 
54 
Atitudes 
Descanse 
O organismo tem o poder de se auto-regular. Às vezes bas-
tam algumas horinhas a mais de sono para que tudo volte 
ao normal. Por mais simples e bobo que seja um resfriado, 
ele está impedindo a boa respiração, e respirar é o que faz 
todo o resto funcionar, inclusive o cérebro. Se já for uma 
gripe, descanse com mais fé ainda! 
Deitar é essencial. Muda a economia do organismo, o gas-
to de energia diminui. As cobertas poupam trabalho ao 
sistema de aquecimento, portanto cubra-se. A coluna ver-
tebral relaxa, o líquor lá dentro pode fluir melhor e irradiar 
equilíbrio. Deitar ajuda o tapetinho: o muco se move com 
mais facilidade das vias respiratórias até a garganta, de onde 
ele desliza para o estômago e é dissolvido pelo suco gástri-
co. E a cabeça descansa. 
Ponha as melecas pra fora 
Assoe o nariz com vontade, tussa pensando em cuspir o 
catarro. Nariz e boca são portas de saída das secreções res-
piratórias. Fungar, jamais! Engolir muco só vai gerar mais 
muco. Use lenços de pano ou guardanapos de papel 
resistente. Papel higiênico e lenços de papel fino não 
são bons porque desmancham e deixam fiapos gru- £ 
dados na mucosa, piorando a irritação. ( t . 
Cebola crua, socada, ajuda a eliminar melecas, tanto ' 
para cheirar diretamente quanto para inalar com vapor 
durante 3 minutos. Esse vapor também desentope os 
ouvidos. Uma cebola cortada, debaixo do travesseiro, 
ajuda a respirar melhor. •• f / 
Lave a garganta, o nariz, as mãos 
Bactérias, vírus, fungos e outros bichos prosperam no ca-
tarro. Agravam os resfriados, transformando-os em gripe, 
sinusite e outras encrencas. Para acabar com essa festa: 
. misture 1 colher de chá de sal marinho em 1 copo grande 
de água mineral morninha (não quente) e faça gargarejos 
com ela — sal desinfeta 
. lave também o nariz com água morna salgada, usando 
conta-gotas ou um neti hindu, espécie de bulezinho cujo 
bico se enfia na narina: em qualquer caso você se debruça 
na pia meio de lado, a água entra por uma narina e sai pela 
outra; repita duas ou três vezes por dia; manobra muito 
útil no início de gripes, quando o nariz entupir pela pri-
meira vez - receita do médico Alex Xavier 
. para descongestionar nariz e sinus em clima seco, pode 
ser bom fazer inalação de vapor d'água durante 10 a 15 
minutos, com a cabeça coberta por uma toalha; um chei-
rinho de ervas ajuda, principalmente se for alguma coisa 
anti-séptica, como folhas de eucalipto; não pode pegar 
friagem depois de jeito nenhum 
. quanto às mãos, diz um velho ditado árabe que "o demô-
nio se esconde nas unhas"; lavar as mãos regularmente é 
uma preciosa medida de higiene — quem está gripado, ou 
cuidando de crianças que estão, deve lavar as mãos com 
mais freqüência para se livrar dos micróbios que ficam no 
ambiente onde há gripes e resfriados; o contato com a água, 
fria ou quente, pode ser muito prazeroso e ajudar na cura. 
57 
Lave também o estômago 
Escovar os dentes e passar fio dental, todo mundo sabe, dá 
mais saúde à boca. O estômago também pode ser limpo 
por uma lavagem de água morna salgada (1 colherinha de 
café, rasa, de sal marinho, para cada 100 ml de água), que 
é ingerida em jejum e vomitada, limpando assim o muco 
que veio das passagens nasais, dos sinus e dos brônquios e 
foi engolido. Também força a saída do catarro que ainda 
está nas vias respiratórias. Depois disso a produção de áci-
do gástrico deve melhorar muito, e o estado geral do 
organismo também. 
Tire o que aumenta umidade e muco 
. leite, queijo de qualquer tipo, requeijão, ricota,iogurte, 
coalhada, manteiga 
. carne, ovos, tofu e outros derivados da soja 
. aveia, pão, torrada, biscoito, bolacha, bolo, macarrão 
e qualquer outra coisa feita de farinha, mesmo integral 
. doces, refrescos, sorvete, chocolate, melado, açúcar 
Beba aos golinhos 
Quando perceber que tem uma indisposição, seja por can-
saço no corpo, dor de cabeça ou outro sintoma, faça um 
bule de chá ou tome vários copos de água, mas sempre 
devagar, aos golinhos. Isso vai desintoxicando, lavando, 
modificando o ambiente interno. Melhora a congestão e 
ajuda a soltar a secreção que houver. Evite água clorada. 
58 
Preste atenção às sensações térmicas 
. se estiver sentindo frio, vista-se com roupas, meias e co-
bertas de tecidos naturais como algodão, nunca sintéticos: 
estes não deixam a pele respirar e eliminar toxinas 
. se estiver sentindo calor, cubra-se com um lençol leve 
. enrolar uma faixa de crepe entre a cintura e o púbis, e 
ficar com ela enquanto o resfriado não acabar, concentra 
calor e traz bem-estar em qualquer caso de indisposição 
. bons para aquecer: funcho, cominho, gengibre, cravo, 
anis, canela, feno-grego, alecrim, alho e menta spearmint 
(Mentha spicata) (todas as outras mentas refrescam) 
. bons para refrescar: todas as mentas exceto spearmint, 
camomila, couve-rábano, nabo, rabanete, inhame, pimenta 
branca 
. temperos que produzem mente calma, que os ayurvédicos 
chamam de Sattva: cúrcuma, gengibre, canela, cardamomo, 
coentro, funcho e anis; pimenta-do-reino e outras pimen-
tas picantes produzem um fogoso temperamento Rajas. 
Cuide do rosto 
. massagear os ossos da face com as pontinhas dos dedos, 
devagar, procurando encontrar os pontos onde a energia 
estagnou e dissolvê-la, solta o muco retido 
. deitar e cobrir o rosto com um travesseiro bem 
pequeno e leve de alfazema, macela, alecrim, 
camomila, lavanda ou eucalipto aquece, benefi-
cia os sinus, reduz a congestão, ajuda a desentupir J 
rr 
59 
. colocar num guardanapo de papel dobradinho algumas 
gotas de óleo de menta chinês e manter perto do nariz; as 
substâncias ativas são anti-sépticas, ajudam a desinflamar 
as vias respiratórias e a respirar melhor; um óleo famoso 
pela eficiência em gripes, tosses e resfriados é o chinês Po 
Sum On, mas muitos outros são bons, geralmente à base 
de menta e cravo. 
Neles há pontos reflexos do corpo todo. Uma massagem 
minuciosa ao deitar, com óleo de menta ou cânfora, dando 
atenção a todos os dedinhos e se refestelando nas palmas 
dos pés, pode se revelar milagrosa quando você acordar. 
Se estiver com frio, escalde os pés 
Leve uma bacia ou balde com água bem quente para junto 
da cama, num quarto com as janelas fechadas, e mergulhe 
lá dentro os pés, cobrindo-secom uma mantinha. Fique 
até sentir que a água está esfriando. Vista meias grossas de 
algodão e deite. 
O ideal é suar - ou não? 
Depende. Os chineses acham que, se a nossa vítima ficou 
mal por um motivo externo como vento, frio, calor, secu-
ra e umidade, a doença é superficial e pode ser vencida por 
um suadouro. 
Uma característica das condições externas é que aparecem 
subitamente. E entende-se como superficial o que está mais 
exposto ao meio ambiente: pele e membranas mucosas de 
nariz, garganta e pulmões. Gripe e resfriado, portanto, 
geralmente são vistos pela Medicina Tradicional Chinesa 
como superficiais, sobretudo no início. Uma pessoa que 
esteja produzindo mais muco pode se resfriar se pegar um 
vento, ou sentir muito calor, ou ficar num ambiente úmi-
do, e assim por diante. Nesses casos, mesmo quando o 
suadouro não resolve, pode reduzir muito o progresso e a 
força do problema. 
Sinusite, bronquite, inflamação de garganta e pneumonia 
são consideradas estágios mais profundos da doença, ge-
ralmente porque seus primeiros sinais foram ignorados ou 
tratados sem convicção. A condição já é interna. Não se 
aconselha suadouro, como também não para pessoas 
enfraquecidas, ou que têm recaída de gripe: poderiam se 
enfraquecer mais ainda e arranjar compliquites infecciosas. 
O x da questão, portanto, é entender se o quadro é super-
ficial ou profundo. O superficial reage rapidamente à 
providência correta. O profundo exige mais cuidados. 
Para suar, 
. beba uma ou mais xícaras dos seguintes chás: milefólio, 
assa-peixe, sabugueiro com assa-peixe, camomila, menta 
(Mentha spicata), pimenta rosa (pimenta-de-aroeira), 
angélica, gengibre fresco, poejo, alevante, erva-dos-gatos 
(Nepeta cataria), cravo, canela, alho 
. pode juntar limão e mel se desejar 
. depois tome um banho quente e rápido de chuveiro ou 
banheira, beba mais chá, deite, cubra-se com cobertores e 
sue, mas não se deixe exaurir pelo suor 
. tire os cobertores, troque sua roupa e também a de cama 
e descanse 
. se sentir que melhorou, não precisa repetir; se quiser re-
petir, não sue mais de duas vezes por dia; se não quiser 
meter-se no banho, beba meia xícara de chá a cada meia 
hora até estar suando direto 
. há quem prefira suar fazendo esforço físico, praticando 
esporte; se houver disposição para tanto, ótimo: aumentar 
a temperatura corporal acaba com os vírus, como febre 
Então pode fazer exercícios? 
Se for um hábito diário e houver energia bastante, não 
precisa parar; mas é bom reduzir a intensidade e a duração 
até passar a crise. O sistema que faz um corpo funcionar 
direito é complexo e delicado. Doença é sempre uma re-
clamação. Pode se prolongar, complicando-se infinitamente 
se a vítima não tiver uma recuperação completa. 
62 
Mas e a febre? 
Enquanto a febre estiver abaixo de 38,5° C não precisa se 
preocupar. O corpo está ativo, queimando substâncias e 
agentes indesejáveis — inclusive vírus, que não se reprodu-
zem quando a temperatura interna é mais alta. Esse tipo 
de febre costuma ajudar a vítima a melhorar mais cedo. 
Então, nada de antipiréticos? 
Se a febre estiver abaixo de 38,5° C, nada de antipiréticos. 
Se subir, trazendo junto dores musculares ou fraqueza, há 
muitas alternativas para experimentar primeiro: 
. tomar várias xícaras de chá quente para suar 
. tomar sumo de maçã com uma pitadinha de sal 
. beber 50 ml de água natural, chá de hortelã morninho ou 
água de coco a cada meia hora 
. colocar rodelas de batata crua ou emplastro de tofu frio 
na testa para refrescar e impedir que a febre esquente de-
mais a cabeça, trocar quando passar a sensação de frescor 
. entrar numa banheira com água um pouco acima da tem-
peratura corporal, digamos 40 graus, e ficar lá dentro até a 
temperatura baixar; ao sair do banho, tomar uma xícara 
de banchá bem quente com umeboshi e shoyu para não 
ter fraqueza 
Mas se a febre voltar a subir, permanecendo alta por mais 
de dois dias, é sinal de que a coisa não é tão simples e exige 
cuidados profissionais. 
63 
O que deve preocupar? 
Procure médico ou posto de saúde se houver: ^J* , ^ 
. febre acima de 38,5°C por mais de dois dias \ ' » 
. dor de ouvido que resiste aos tratamentos 
. dor nos ossos em torno dos olhos, especialmente 
com catarro nasal marrom ou esverdeado 
. respiração curta e/ou tosse incontrolável persistente 
. tosse persistente com catarro amarelo ou esverdeado 
. mal-estar insuportável 
Podem ser eficientes para derrotar bactérias que prospe-
ram no muco e complicam gripes e resfriados. Mas nenhum 
deles tem efeito sobre vírus, que seriam a causa oficial de 
gripes e resfriados. E mesmo contra bactérias, na maior 
parte das vezes não há certeza sobre qual antibiótico usar. 
Para não correr riscos, a vítima pode se ver obrigada a to-
mar antibiótico de largo espectro - que vai matar muito 
mais do que precisa e afetar toda a flora bacteriana benéfi-
ca do organismo. 
Mais de 300 vírus diferentes são acusados de causar resfria-
dos. Um vírus é muito menor que uma bactéria e nem tem 
vida própria:é apenas um pequeno pedaço de material ge-
nético envolvido por uma capinha de proteína. A idéia 
corrente é de que ele entra nas células e toma conta do 
destino delas, naturalmente fazendo tudo dar errado. Os 
caseiros 
E os antibióticos? 
64 
laboratórios farmacêuticos ainda não desenvolveram dro-
gas eficazes e baratas contra vírus porque, dizem, eles são 
mutantes demais. Mas predomina entre pesquisadores in-
dependentes a convicção de que combater vírus não seria 
a melhor estratégia para lidar com as doenças cujas causas 
podem ser encontradas com facilidade no estilo de vida e 
na alimentação. 
Tratamentos equivocados levam também à repetição de 
certos quadros clínicos. A sinusite, por exemplo, com fre-
qüência é causada ou agravada por cândida, a princesinha 
dos fungos. Se a vít ima tomar antibióticos os fungos se 
fortalecem, porque as bactérias que competem com eles 
por comida e eventualmente os controlam são destruídas 
e comidas - pelos próprios fungos. A sinusite melhora e 
piora. Enquanto isso, a candidíase se espalha pelo organis-
mo e atormenta a vida da pessoa, já que não existem drogas 
eficientes contra fungos. E tome sinusite. 
O tratamento para reduzir a cândida à sua merecida insig-
nificância exige uma profunda limpeza intestinal, por isso 
mesmo geral. Caldo de rã, em jejum, é bom para isso, bem 
como algas kombu, Aloe vera e cloreto de magnésio. 
Lactobacilos acidófilos podem ajudar muito a recompor a 
flora intestinal. A maioria deles precisa ser reposta todos 
os dias, isto é, há que ficar tomando o iogurte ou kefir ou 
coalhada ou comendo chucrute e outros vegetais fermen-
tados que têm lactobacilos. As cepas Acidophillus, Bifidus 
e Bidgaricus, encontradas em cápsulas ou fermento para 
iogurte, colonizam a florestinha de vilosidades intestinais 
e vão proliferando para o bem. 
65 
E os anti-histamínicos? 
Nem chegam a ser tratamento, existem só para eliminar 
sintomas. Além de doparem a vítima aumentam o risco de 
sinusite, pois secam e engrossam as secreções nasais, difi-
cultando sua drenagem. Não saiu? Entupiu. 
E água oxigenada no ouvido? 
Nos anos 30 surgiu a idéia delirante de que gripes e resfria-
dos eram causados por vírus que entravam pelo ouvido, e 
os alemães tiveram muito sucesso tratando inúmeros ca-
sos com água oxigenada - lá mesmo, no ouvido. 
Agua oxigenada (10 volumes) é um poderoso desinfetan-
te. Quando se pingam 5 gotinhas num ouvido, ele 
esquenta. Parece que está fervendo lá dentro, faz até um 
barulhinho. Ao cabo de uns minutos a fervura vai dimi-
nuindo e pára. Aí são pingadas 5 gotinhas no outro ouvido, 
que também ferve, também pára. A vítima tem que estar 
deitada, é claro, primeiro de um lado, depois do outro. E 
essa paradinha de 20 minutos, com uma sensação quenti-
nha lá dentro, já faz um bem danado. Se a receita for 
empregada bem no comecinho do mal-estar, quando a gripe 
encosta, pode fazer efeito. Se há ou não há vírus lá, e se 
eles têm algo a ver com a gripe, não se sabe. Mas sabe-se 
que o método não deve ser usado com freqüência para não 
afetar a imunidade natural do ouvido, cuja cera é 
antimicrobiana e bom remédio para picadas de insetos. 
0 
66 
Comer bem 
para ficar zen 
Comer bem, aqui, não tem nada a ver com a idéia de que 
se precisa de comidas fortes para combater a gripe. Ali-
mentos fortificantes, como carne e frango, peixe e ovos, 
podem funcionar ao contrário e prender o problema lá 
dentro. Leite e queijo aumentam o muco. Farinhas e doces 
fragilizam ainda mais o organismo. Frutas podem ser boas 
ou não. 
Comer bem quando se está mal significa nutrir-se com 
suavidade. O alimento deve ser um bálsamo, produzir alí-
vio e não sobrecarga. Normalmente já comemos mais por 
hábito e desejo do que por necessidade, mas aqui o hábito 
foi quebrado e o desejo se mudou. Ou seja: dieta já. 
Quanto mais simples e limpa a alimentação, mais rápida a 
melhora. 
•M 
Comida de gripe? Canja! Jl? 
Os portugueses trouxeram do Oriente para o Brasil essa 
sopa aguada de arroz com galinha, conhecida no mundo 
inteiro por suas propriedades benéficas para adoentados e 
convalescentes. 
Canja vem do kanji indiano e do congee chinês, papas mais 
ou menos ralas de arroz cozido por muitas horas, geral-
mente servidas em seus países de origem pela manhã, no 
desjejum, como alimento nutritivo e leve ao mesmo tem-
po. Os que estão de dieta comem só a papa, ou adicionam 
a ela alguma substância medicinal. Os que estão de bem 
com a vida vão agregando quitutes vegetais e/ou animais, 
de modo a ter uma refeição mais rica. 
68 
Na China você acorda e vai a qualquer lanchonete comer 
congee. Escolhe e coloca numa tigela vegetais, ovos e/ou 
pedacinhos de carnes ou peixes, tudo cru. O caldo de ar-
roz entra por cima tão quente que os ingredientes ficam 
cozidos o bastante para uma boa digestão, mas não a pon-
to de perderem vitaminas e enzimas. 
Nos mosteiros Zen, linhagem budista que se desenvolveu 
no Japão, a papa de arroz se chama okaio e é servida no 
desjejum com repolho ou acelga (couve chinesa), refoga-
dos com óleo de gergelim e shoyu; gersal e salsa por cima; 
a sobremesa é um pedaço de conserva de nabo, e uma taça 
de banchá encerra os serviços. Comida para manter o cor-
po tranqüilo e ajudar a esvaziar a mente. 
O longo tempo de cozimento torna as papas de arroz, como 
de outros cereais, muito fáceis de digerir e absorver. São 
balsâmicas para os intestinos e limpam os rins. O leite de 
arroz, que se obtém coando a papa ou colhendo o creme 
que fica no alto, é uma bebida deliciosa e nutritiva. 
A papa de arroz suplementa o aquecedor médio e aumenta 
o Chi, fortalece o baço e harmoniza o estômago. O fato de 
ter ficado no fogo tanto tempo, sendo um alimento tão 
leve, dá uma reserva de calor ao organismo. Por ser cozida 
com tanta água, melhora os fluidos necessários ao estôma-
go e aos intestinos, e faz isso sem produzir umidade e muco. 
É considerada alimento ideal para pessoas idosas, que po-
deriam comer as papas o dia inteiro, a qualquer hora, 
mantendo assim o corpo forte e o estômago e os intestinos 
limpos. Um velho sábio chinês dizia: "Entre as melhores 
comidas sob o céu, não há nada que exceda os grãos e 
69 
também nada que supere a comida suave." Na Medicina 
Tradicional Chinesa, a papa de arroz é considerada a mais 
fundamental das comidas terapêuticas. 
Buda, no Livro da Disciplina, enaltece os poderes da papa 
de arroz, que comia com leite (atenção: cru, orgânico e tira-
do na hora) e mel: "Dá 10 coisas aos que a comem — vida e 
beleza, facilidade e força. Dissipa fome, sede evento. Limpa 
a bexiga. Digere a comida. E louvada pelo bem-aventurado." 
Aqui, a papa de Buda virou canjica de milho, mungunzá, 
arroz doce... 
Modo de fazer 
A papa de arroz, ou congee, pode ser feita com 5, 6, 8 ou 
mais partes de água para uma de arroz; podendo esse arroz 
ser branco, integral ou moti, e ainda painço, trigo, cevada, 
milho; podendo ou não acrescentar 10% de feijão azuki, 
feijão moyashi (verde) ou soja preta. Esta é também a recei-
ta básica do leite de cereais que se faz para nutrir bebezinhos 
que estão sendo desmamados (a partir de 6 meses), e nesse 
caso a papa deve ser passada na peneira. 
Lave os grãos que vai usar e deixe de molho na véspera. 
Isto já os deixa mais fáceis de digerir. E cozinhe a papa... 
...no fogão: baixar o fogo assim que ferver e cozinhar 3 
horas ou mais, se possível em panela grossa, ou com uma 
chapa de ferro ou pedra por baixo 
...no forno: em caçarola tampada, por 2 a 4 horas 
...na sloiv cooker elétrica: uma noite em temperatura baixa. 
70 
Canjas para gripe e resfriado 
Arroz moti com gengibre e cebolinha verde 
Indicada no estágio inicial de um ataque externo que re-
sulta em mal-estar e dores generalizadas, aversão ao frio, 
temor de calafriose sintomas semelhantes. Conceito me-
dicinal chinês: difunde o exterior e elimina toxinas. 
100 g arroz moti (arroz japonês glutinoso) 
15 g gengibre fresco 
5 bulbos de cebolinha verde (bulbo e folhas) 
Cozinhar o arroz em 8 partes de água por 2 a 4 horas ou 
mais, socar as cebolinhas e o gengibre num pilão até fica-
rem bem desmanchados, misturar à papa, aferventar 
ligeiramente e ir tomando o quanto quiser. Faz suar, me-
lhora o estado geral. Cobrir-se e repousar. 
71 
Arroz e sementes de bardana 
Esta canja é para gripes quentes com dor de garganta e 
tosse presa. Contra-indicada para quem tem estômago frio 
e pouca energia. 
15 g sementes de bardana (Arctii lapa) 
50 g arroz branco ou integral 
1 colher (sopa) de açúcar mascavo 
Cozinhar as sementes de bardana em 200 ml de água até o 
líquido se reduzir à metade. Coar. Juntar arroz, açúcar e 
mais 400 ml de água e fazer a papa. Comer quente duas 
vezes por dia. 
50 g de arroz 
3 a 5 peras inteiras 
1 colher de sopa de açúcar mascavo 
Extraia o suco das peras e coe; cozinhe com o arroz, o 
açúcar e mais 400 ml de água. Tome morninha, 2 a 3 vezes 
por dia. 
/ 
1 
S^p" 
® 
Arroz, peras e açúcar mascavo 
Para rouquidão devida a uso excessivo da voz 
72 
Arroz e dente-de-leao com raiz 
Para casos de amigdalite aguda: elimina calor e toxinas 
100 g arroz 
60 g dente-de-leão com raiz (Taraxacum officinalej 
Caldo de galinha 
Ajuda a melhorar mais rápido porque é rico em cisteína, 
um aminoácido que pode fazer o muco dos pulmões ficar 
mais ralo e menos grudento para ser expelido facilmente. 
Tem que ser caldo caseiro, quente e apimentado: o calor e 
os temperos vão ajudar a mover os fluidos para fora e a 
expectorar. E galinha caipira, criada sem antibióticos e subs-
tâncias químicas, ou seja: comendo minhoca e namorando 
o galo até ficar bem velhinha e generosa. 
A pimenta vermelha pode ser usada ao natural, em conser-
va ou em forma de chili, tabasco ou páprica picante, na 
canja ou em outra sopa junto com bastante alho, assim 
que a gripe encostar, para um resultado antibiótico, 
antiviral e altamente suadouro. Expulsa o fator externo da 
gripe e faz a energia circular. 
Ferver o dente-de-leão com água durante 40 minutos, coar 
e usar essa água para fazer a canjinha. Comer quente 2 a 3 
vezes por dia, durante 3 a 5 dias. 
73 
Canja de arroz e galinha 
Nutre as cinco vísceras e suplementa o Chi e o sangue. 
Especial para dismenorréia devida a vazio de chi e sangue 
e fraqueza pós-parto. 
100 g arroz 
1 galinha caipira 
Ferva a galinha em água até ela desmanchar. Coe, deixe 
esfriar o caldo, retire a gordura e reserve. Faça a papa nor-
malmente com arroz e água. Quando estiver quase pronta, 
junte o caldo de galinha, cozinhe mais um minuto e sirva. 
Canja de galinha com arroz integral 
1 xícara de arroz integral cru 
6 a 8 copos de água 
1 galinha caipira 
2 cebolas picadas 
4 dentes de alho socados 
1 cenoura picada 
2 talos de aipo (salsão) 
Ponha tudo na panela com pouco sal e deixe cozinhar por 
três horas, ou até a galinha estar desmanchando. Retire os 
ossos. Sirva com salsinha picada e folhas frescas de horte-
lã. Pode acrescentar pimenta. 
74 
Caldo de rã 
Tomado em jejum, durante sete dias, o caldo de rã limpa 
pulmões e intestinos e restaura a flora intestinal, ajudando 
a sair de quadros pulmonares graves. O médico e escritor 
Pedro Nava, num de seus livros de memórias, conta que se 
salvou da tuberculose com caldo de rã. 
2 ou 3 rãs limpas 
1 litro de água 
Cozinhar durante 40 minutos ou mais, em fogo baixo e 
panela tampada. Coar e guardar na geladeira por três ou 
quatro dias. Ferver bem antes de tomar. Depois dos sete 
dias, parar uma semana e repetir o tratamento. 
Mel de abelhas é bom? 
Mel puro, cru, não aquecido, é ótimo para dissolver muco. 
Se for de abelha jataí, então, nem se fala — dá resultados 
muito rápido. Mel fervido ou pasteurizado ajuda a gar-
ganta arranhada e a tosse seca. Todos harmonizam o fígado 
e, em pequena quantidade, neutralizam toxinas. São tam-
bém excelentes veículos para outras substâncias medicinais. 
E, já de saída, lubrificam os intestinos. 
Consumo máximo: 4 a 5 colheres de chá por dia. Como 
diz o ditado, Do bom, pouco. É para valorizar mesmo. 
75 
Pólen de abelhas 
Quando elas voltam de seu passeio pelas flores, onde co-
lhem néctar, parecem estar de botinhas: é o pólen que vai 
grudando nos pés das abelhas à medida que elas pousam 
aqui e ali. Para retirá-lo os apicultores as fazem entrar na 
colméia por um caminho estreito que matreiramente con-
fisca a carga. 
Comidinha extremamente energética e curativa, conheci-
da desde a antiguidade, o pólen tem uma profusão de 
nutrientes especiais dentro de si: proteínas, ácidos graxos, 
vitaminas A, B, C e E, magnésio, cálcio, selênio, lecitina, 
cisteína e ácidos nucleicos. Com isso estimula os órgãos e 
as glândulas, aumentando a vitalidade, rejuvenescendo e 
dando vida longa a quem o consome. Tem propriedades 
antivirais, antibacterianas, radioprotetora e antitóxica; é 
considerado um suplemento completo e poderoso, até mes-
mo para reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos 
convencionais do câncer. Protege o organismo dos efeitos 
agressivos de poluição, aditivos químicos, DDT e drogas 
fortes. Além disso, seus aminoácidos e ácidos graxos aju-
dam a controlar o peso. 
O pólen é encontrado no mercado em forma de grãos pe-
quenos, irregulares, em cores que vão do amarelo ao 
marrom claro. É importante saber a procedência porque 
as flores das quais ele provém podem ter sido fumigadas 
com inseticidas. Existe também em comprimidos. 
Uma ou duas colheres (sopa) de pólen valem por um bom 
lanche: eliminam a fome e a tentação de comer porcaritos 
e belisquetes. Excelente nas viagens, emergências e laricas. 
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Pessoas sensíveis devem começar com meia colherinha de 
café, ingerida de estômago vazio antes das três refeições, e 
aumentar a dose aos poucos. Para incrementar a resposta 
imunológica, a dose recomendada tem sido 20 gramas três 
vezes por dia. Importante: o pólen não deve ser fervido. 
Pode ser chupado, mastigado ou engolido com água, chá, 
sopa, suco. 
E as frutas? 
Elas são leves e refrescantes. Uma fruta e um bife, lado a 
lado, são como uma camiseta sem mangas e um casaco de 
pele, uma borboleta e um urso. Enquanto o bife é um ali-
mento altamente concentrado, a fruta é nutrição sutil, 
hidratante. Todas podem ser consumidas por quem está sau-
dável, algumas são permitidas a quem não está lá muito 
firme e nenhuma vai para o bico de quem está mal, a menos 
que seja cozida ou assada, e assim mesmo só maçã e pêra. 
LIMÃO Gostoso, refrescante, fácil de usar — destrói bac-
térias de putrefação na boca e no tubo digestivo, por isso 
purifica o hálito de gripe, resfriado, dor de garganta e si-
nusite. Limpa o muco e o sangue, age beneficamente sobre 
o fígado, aumenta a absorção de ferro e cálcio, regula a 
pressão arterial, aumenta a produção de fluidos orgânicos. 
Acalma os nervos e beneficia os tecidos. Uma xicrinha (café) 
de suco de limão tem 20 mg de vitamina C. As sementes 
do limão têm alto poder anti-séptico, e a parte branca da 
casca é rica em bioflavonóides; por isso é muito benéfico 
usar a fruta toda - em finas rodelas, por exemplo, na sala-
da. Não é bom para quem está com sintomas de frio. 
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OS OUTROS CÍTRICOS Grapefruit, laranjas e tangeri-
nas de quaisquer tipos: deve-se consumir a fruta toda, bem 
madura, incluir a entrecasca branca e mastigar algumas 
sementes. Isto compensa energética e bioquimicamente o 
impacto que o ácido cítrico causa no corpo. As sementes 
também têm substâncias antimicrobianas. 
Os sucos de frutas cítricas esfriam o corpo mais do que as 
frutas inteiras e não são indicados como tratamento

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