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Roteiro para o OSCE Acompanhamento Pré-Natal (Rotinas) Diagnóstico da Gestação -Baseado em dados clínicos (anamnese + exame físico), em dados laboratoriais e em dados ecográficos. Diagnóstico Clínico Sintomas de Presunção Sinais de Presunção Sinais de Probabilidade Sinais de Certeza Náuseas e Vômitos Atraso menstrual de 10-14 dias Alterações na forma e consistência do útero – Sinal de Hegar (flexão do corpo sobre o colo uterino durante o toque vaginal bimanual) e Sinal de Nobile-Budin (preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero percebido ao toque vaginal bimanual) Ausculta de BCF (USG TV – entre a 6ª e 7ª semana, Doppler – 10ª semana, Pinard – entre a 18ª e 20ª semana) Alterações mamárias (aumento do volume e da sensibilidade) Alterações mamárias (mastalgia,congestão, pigmentação da aréolas, surgimento dos tubérculos de Montgomery, aparecimento do colostro, rede venosa visível) Consistência cervical amolecida Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino) Alterações urinárias (polaciúria e nictúria) Alterações na vulva e na vagina (sinal de Chadwick ou Jacquemier e Kluge) Aumento do volume abdominal Percepção de movimentos e partes fetais pelo examinador (entre a 18ª e 20ª semana) Percepção dos movimentos fetais pela paciente Alterações do muco cervical (maior quantidade de muco e ausência de cristalização com padrão arboriforme) Mudanças no apetite Alterações cutâneas (estrias, cloasma, linha nigra) Fadiga Tontura Sialorreia Distenção abdominal Constipação Dispneia Congestão Nasal Cãibras Lombalgia Diagnóstico Laboratorial -Baseado na detecção de β-hCG urinário ou sérico. -O β-hCG é detectável no soro ou na urina por volta de 8 a 9 dias após a ovulação. -Valores abaixo de 5 mUI/ml são considerados negativos. -Para valores entre 5 e 25 mUI/ml indica-se a repetição do teste. -Valores acima de 25 mUI/ml são considerados positivos. -Os níveis de β-hCG crescem exponencialmente nas primeiras semanas, atingindo um pico de até 150.000 mUI/mL em torno de 8 a 10 semanas. -Entre a 10ª e 20ª semana, os níveis tendem a decair e mantêm-se estáveis a partir da 20ª semana. Diagnóstico Ecográfico -O saco gestacional é visto entre 4 e 5 semanas de atraso menstrual. -A partir de 6 semanas pode-se identificar os BCFs. Determinação da IG e da DPP -Regra de Nägelle. -Avaliação ecográfica do primeiro trimestre. A primeira consulta -Na primeira consulta pré-natal, devem ser feitos anamnese e exame físico completos, atentando-se para aspectos epidemiológicos, antecedentes familiares e pessoais e com atenção especial para antecedentes ginecológicos e obstétricos. -É muito importante também realizar na primeira consulta de pré-natal uma avaliação de aspectos socioculturais, incluindo triagem para uso de drogas, risco de violência doméstica, nível de segurança no local onde mora, pobreza extrema/fome, aceitação da gestação, etc. -Nas consultas subsequentes, a avaliação deve ser mais dirigida aos aspectos específicos da gestação, sendo necessário questionar sempre sobre movimentação fetal, contrações uterinas e perdas vaginais. -Deve-se sempre estar atento aos aspectos emocionais associados à gravidez, pois esse é um momento importante para a mulher e para o bom desenvolvimento das relações familiares, da satisfação dos casais e de seus filhos. -Deve-se estimular a participação do marido nas consultas de pré-natal. -Além disso, é necessário estar atento em todas as consultas para responder às dúvidas e ansiedades da mulher e de seu parceiro e orientá-los a respeito de sintomas e sinais normais em cada período da gestação. -A frequência das consultas deve diferir entre gestações de alto e baixo risco. -No caso de gestantes sem fatores de risco detectados, o Ministério da Saúde recomenda um mínimo de seis consultas, uma no primeiro, duas no segundo e três no terceiro trimestre. -O intervalo entre elas não deve ultrapassar oito semanas. -No final do terceiro trimestre, as consultas necessitam ser mais frequentes, e a gestante deve ser orientada sobre sinais de trabalho de parto e a procurar atendimento se o parto não ocorrer sete dias após a data provável (ou seja, se a gestação atingir 41 semanas). -No final da gestação, cabe ao médico explicar e tranquilizar a paciente quanto aos sinais previstos de início do trabalho de parto (ritmo, frequência e intensidade das contrações) e ressaltar a possibilidade de ruptura da bolsa de líquido amniótico, os sinais de alerta para indicar uma consulta em emergência obstétrica e os procedimentos que poderão ser realizados durante sua internação (tonsura, sondagem vesical, amniotomia, episiotomia, cesariana). Aspectos importantes na avaliação Estado nutricional e ganho de peso -A ausência de ganho ou a perda de peso podem estar associadas a um crescimento fetal insuficiente. -O ganho de peso repentino (700 g ou mais em uma semana) deve levantar suspeita de retenção líquida/edema relacionados com a pré-eclâmpsia. -Para acompanhar o crescimento ponderal da gestante, podemos usar o peso estimado antes de engravidar e considerar como aumento normal um ganho semanal de 400 g no segundo trimestre e de 300 g no terceiro. -A suplementação rotineira de vitaminas não é recomendada, pois, em geral, uma alimentação saudável é suficiente para suprir as necessidades diárias de forma adequada. -A exceção é feita nos casos em que haja risco nutricional, como em pacientes com gestação múltipla, abuso de drogas, vegetarianas estritas, epilépticas ou com diagnóstico de hemoglobinopatias. -Há a necessidade de suplementação universal apenas de ferro, a partir de 20 semanas de IG, e de ácido fólico por pelo menos 30 dias antes da concepção e até a 12ª semana de gestação. Vigilância da PA - A medida de pressão arterial (PA) deve ser realizada a cada consulta de pré-natal, permitindo o diagnóstico precoce de pré-eclâmpsia ou de outros distúrbios hipertensivos na gestação. -A medida da PA sempre deverá ser realizada com a paciente sentada. -Considera-se hipertensão quando os níveis pressóricos forem iguais ou superiores a 140/90 mmHg. Medida da AFU -A medida da AU é feita colocando-se um extremo da fita métrica sobre a borda superior da sínfise púbica e o outro no fundo uterino. -A paciente deve ser colocada em posição de litotomia e com a bexiga vazia, para reduzir a interferência de fatores extrínsecos na medida da AU. Ausculta dos BCFs - A identificação dos batimentos cardiofetais (BCFs) pode ser feita com a ultrassonografia a partir da quinta ou sexta semana de gestação; com o sonar Doppler a partir da 10ª ou 11ª semana e com o estetoscópio de Pinard a partir da 20ª semana. -Obesidade materna, dificuldade de identificar o dorso fetal e polidrâmnio podem dificultar a ausculta. - Observa-se a frequência dos batimentos durante 1 minuto, que deve situar-se entre 110 e 160 bpm. Exames Laboratoriais Básicos Tipagem sanguínea e Coombs indireto -A tipagem sanguínea de toda gestante precisa ser conhecida a fim de possibilitar a prevenção da doença hemolítica perinatal. -Se a gestante for Rh-negativo, deve-se solicitar, além da tipagem sanguínea, o teste de Coombs indireto. -Se o coombs indireto for negativo, deve-se repeti-lo mensalmente a partir da 24ª semana. -Se o coombs indireto for positivo, referir a paciente para pré-natal de alto risco. Sorologia para sífilis -Deve ser solicitado VDRL (Veneral disease research laboratories) para triagem na primeira consulta do pré-natal. -Se o VDRL for negativo, a recomendação do Ministério da Saúde é repeti-lo em torno da 32ª semana e novamente na internação para o parto. -Se o VDRL for positivo, o ideal seria a realização de um teste treponêmico (FTA-Abs) para excluir falso-positivo (que pode estar relacionado com a própria gestação ou com doenças concomitantes, como o lúpus). -Se o FTA-Abs for positivo, deveser prescrito tratamento para sífilis. -Em caso de paciente de difícil seguimento ou impossibilidade de realizar o FTA-Abs prontamente, justifica-se prescrever tratamento imediatamente após o resultado de VDRL positivo, mesmo sem exame confirmatório. Anti-HIV -O teste deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal e repetido a cada trimestre. -Antes da solicitação do teste, deve-se obter consentimento por parte da paciente e informá-la sobre as consequências em caso de teste positivo ou indeterminado. - Testes de triagem (ELISA) positivos devem ser confirmados por testes mais específicos. -O pré-natal da paciente HIV-positivo deve ser diferenciado, incluindo uma avaliação clínica complementada com a laboratorial. -Devem ser solicitados VDRL, HBsAg, rastreamento para outras DSTs, teste de Mantoux, anti-HCV, sorologia para toxoplasmose, citomegalovírus e herpes (principalmente nas paciente já imunodeprimidas), dosagem de plaque tas, CD4, carga viral e provas de função hepática e renal. -A paciente deve receber acompanhamento concomitante por um médico infectologista. Urocultura -A infecção urinária é a in fecção bacteriana mais frequente durante a gestação. -A prevalência de bacteriúria assintomática é de 2 a 10% de todas as gestantes. -Até 40% dos casos de bacteriúria assintomática não tratados podem evoluir para pielonefrite, situação que cursa com risco de trabalho de parto pré-termo de até 20% e sepse neonatal precoce. -O tratamento da bacteriúria assintomática é rigoroso (além do tratamento da infecção sintomática) na gestação. -Após 7 a 10 dias do término do tratamento, deve-se realizar nova urocultura para controle de cura. -Mesmo com urocultura de controle negativa, devem ser solicitadas novas uroculturas a cada dois meses até o parto. -Nos casos de suspeita clínica, o tratamento deve ser iniciado logo após a coleta de amostra de urina, enquanto se aguarda o resultado da urocultura. - A recorrência de nova infecção durante a gestação é bastante comum; portanto, após um episódio de pielonefrite aguda ou dois episódios de ITU na gestação atual, recomenda-se profilaxia com doses baixas de antibiótico até o parto com nitrofurantoína ou ampicilina. Hemoglobina e Hematócrito -Durante a gestação, observa-se um aumento da produção eritrocitária; porém, devido a um aumento ainda maior no volume plasmático, o resultado é a hemodiluição. -Ocorre diminuição significativa nos valores da hemoglobina e do hematócrito, que se manifestam precocemente, em torno da 10ª semana, alcançando valores mínimos em torno da 20ª semana, com discreto aumento a partir de então. -O diagnóstico de anemia na gestação é realizado com a medida da hemoglobina, que deve ser solicitada juntamente com o hematócrito na primeira consulta de pré-natal e a cada trimestre. Exames de secreção vaginal e citopatológico cervical -Como para muitas pacientes a gestação é uma rara oportunidade de ser avaliada por um médico ginecologista, deve-se aproveitar a primeira consulta para a realização do exame citopatológico cervical com o cuidado de não se fazer coleta de material endocervical com cytobrush. Rastreamento da Diabetes Mellitus Gestacional -Para o rastreamento e o diagnóstico do diabetes mellitus gestacional (DMG), a recomendação atual do Ministério da Saúde é a de que se utilize a glicemia de jejum como rastreamento na primeira consulta, com o objetivo de diagnosticar diabetes prévio. -Se a glicemia inicial for < 85, repete-se o exame após a 24ª semana de gestação. -Se a glicemia inicial for entre 85 e 110 mg/dL, considera-se rastreamento positivo e se realiza teste de tolerância à glicose (TTG) com 75 g de glicose entre 24 e 28 semanas. -Nas pacientes que fizeram o TTG, valores > 140 mg/dL confirmam o diagnóstico de DMG e devem ser encaminhadas a pré-natal de alto risco. -Se a glicemia inicial for < 110 mg/dL, repete- se prontamente a glicemia de jejum. -Se essa for novamente < 110, está feito o diagnóstico de DMG. Sorologia para toxoplasmose -As pacientes com IgG reagente e IgM não reagente já tiveram contato no passado com toxoplasmose. -Essas pacientes estão imunizadas e não apresentam, em princípio, risco de toxoplasmose congênita, não requerendo orientações especiais. -A exceção a essa regra são as pacientes imunossuprimidas ou imunodeprimidas. -As pacientes com IgM e IgG não reagentes são suscetíveis à toxoplasmose e devem ser orientadas a evitar a ingestão de carne mal cozida, proteger as mãos ao lidar no jardim, lavar bem frutas e verduras e evitar con tato com animais (principalmente gatos). -Essas pacientes devem ter a sorologia repetida no segundo e terceiro trimestres com o objetivo de detectar a primoinfecção durante a gestação. -Se pacientes inicialmente suscetíveis apresentarem IgM positivo em medidas subsequentes, levanta-se forte suspeita de infecção aguda, e a paciente deve ser encaminhada ao pré-natal de alto risco. -Em casos de infecção aguda durante a gestação, é importante também definir a IG em que ocorreu a infecção: com o avançar da gestação, aumenta o risco de infecção congênita, porém diminui a gravidade do acometimento fetal. Sorologia para Hepatite B -Recomenda-se, portanto, o rastreamento da hepatite B mediante pesquisa do HBsAg no terceiro trimestre, independentemente de haver fatores de risco identificáveis (história de hepa tite, transfusões sanguíneas e uso de drogas injetáveis). -Não se justifica a solicitação no início da gestação, já que não há tratamento disponível que diminua o risco de transmissão vertical. -Se a gestante for HBsAg-positivo, deve-se encaminhar a paciente para atenção especializada. Sorologia para Rubéola -O Ministério da Saúde não recomenda rastreamento de rotina para rubéola na gestação. -No caso de gestantes no início da gravidez com suspeita de infecção ou com história de possível exposição à doença, há consenso de que a solicitação da sorologia está indicada. -Em caso de infecção aguda durante a gestação, sabe-se que os defeitos congênitos mais graves ocorrem quando a infecção aguda acontece no primeiro trimestre da gestação. -As mulheres suscetíveis devem ser orientadas acerca dos riscos de adquirir a infecção durante a gestação e a respeito da importância de serem vacinadas no puerpério. Sorologia para CMV -O rastreamento de rotina não é recomendado, devido à ausência de um tratamento efetivo que possa ser administrado durante a gestação para prevenir ou reduzir a morbidez da doença para o feto. -Em gestantes imunossuprimidas (HIV-positivo, transplantadas), entretanto, a realização de sorologia para CMV está indicada. Rastreamento para Streptococcus do grupo B -A partir de 2002, o CDC passou a recomendar que seja realizado o rastreamento universal das gestantes com cultura de swab vaginal e anal para identificar a colonização pelo SGB entre 35 e 37 semanas de gestação. -Essa conduta não é recomendada por outras instituições, como o Royal College of Obstetrics and Gynaecologists (RCOG), que questiona sua efetividade e sua avaliação custo-benefício. -Em alguns casos, as gestantes são candidatas à profilaxia antibiótica intraparto, sem necessidade de rastreamento no pré-natal: urocultura positiva para SGB na gestação atual (colonização maciça do trato genital); RN de gestação anterior acometido por sepse neonatal por SGB; trabalho de parto pré-termo (menos de 37 semanas); rupreme em pré-termo; rupreme por 18 horas ou mais e febre durante o trabalho de parto. -O esquema recomendado é uma dose de ataque de penicilina G cristalina 5.000.000 UI e, após, 2.500.000 UI de 4/4 horas até o momento do parto. RESUMO Ultrassonografias - A Fundação de Medicina Fetal recomenda realizar um exame entre 11 e 13 semanas (para datação, determinação de número de fetos e medida da translucência nucal) e outro após 20 se manas para avaliação de morfologia. Vacinação Orientações Gerais - Recomenda-se o uso de roupas confortáveis; incentiva-se o uso de sapatos baixos e sutiã. -Para pacientes com varizes,são recomendadas meias elásticas. -É importante o estímulo a bons hábitos de higiene oral, pois infecções orais maternas, como periodontite, podem representar um foco infeccioso e inflamatório, podendo estar associadas a resposta inflamatória placentária e fetal e, consequentemente, a taxas aumentadas de trabalho de parto prematuro. -Na ausência de complicações clínicas ou obstétricas, recomenda-se a realização de 30 minutos ou mais de exercício aeróbico leve por dia na maioria dos dias da semana. -Pacientes previamente sedentárias ou com algum tipo de risco gestacional devem ser submetidas à avaliação clínica cuidadosa antes de iniciarem qualquer tipo de atividade física durante a gestação. -Geralmente, não há restrições a viagens, sendo consideradas seguras até quatro semanas antes da data provável do parto. - A princípio, não há restrição para atividade sexual durante gestações de baixo risco e sem intercorrências. - A recomendação é a abstinência alcoólica. -Todas as drogas ilícitas têm associação com desfechos adversos na gestação, devendo ser contraindicadas. -O tabagismo também é contraindicado.
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