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e bradicardia) e respiratória. Nos últimos anos tem sido descrito que a administração de altas doses de propofol (≥ 5mg/kg/hora) por um tempo maior que 48 horas pode estar associada a falência cardíaca, rabdomiólise, acidose metabólica grave e insuficiência renal. Esse quadro é conhecido como síndrome da infusão do propofol e está associado ao impedimento da utilização dos ácidos graxos e da atividade mitocondrial, com conseqüente necrose muscular. Não é necessária redução da dose nos pacientes com doença hepática ou renal. Escalas para Monitorização do Nível de Sedação Escala de Richmond de Agitação-Sedação (RASS). Pontos Classificação Descrição +4 Beligerante Violento; perigo imediato à equipe +3 Muito agitado Agressivo; puxa ou remove tubos ou cateteres. +2 Agitado Movimentos frequentes sem propósito: ―briga‖ com o ventilador. +1 Inquieto Ansioso, mas sem movimentos agressivos ou vigorosos. 0 Alerta e calmo -1 Sonolento Não se encontra totalmente alerta, mas tem o despertar sustentado ao som da voz (≥ 10s). -2 Sedação leve Acorda rapidamente (<10s) e faz contato visual com o som da voz. -3 Sedação moderada Movimento ou abertura dos olhos ao som da voz (mas sem contato visual). -4 Sedação profunda Não responde ao som da voz, mas movimenta ou abre os olhos com estimulação física. -5 Incapaz de ser despertado Não responde ao som da voz ou ao estímulo físico. Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 94 Procedimento para avaliação do RASS: 1. Observar o paciente Paciente está alerta, inquieto ou agitado: escore de 0 a +4 2. Se não está alerta, chamar pelo nome do paciente e pedir para ele abrir os olhos e olhar para o profissional. Paciente acorda com abertura de olhos sustentada e realizando contato visual: escore -1 Paciente acorda realizando abertura de olhos e contato visual, porém breve: escore -2 Paciente é capaz de fazer algum tipo de movimento, porém sem contato visual: escore -3 3. Quando paciente não responde ao estimulo verbal realizar estímulos físicos (agitar o ombro, esfregar o esterno) Paciente realiza algum movimento ao estímulo físico: escore -4 Paciente não responde a qualquer estímulo: escore -5 Escala de Ramsay Em ventilação mecânica, o ideal são níveis de 4 a 5 1 Agitado, ansioso 2 Acordado, cooperativo, orientado, calmo 3 Paciente sedado, responsivo a comandos 4 Paciente sedado, com resposta rápida ao estímulo glabelar leve ou estímulo auditivo alto 5 Paciente sedado, com resposta lenta ao estímulo glabelar leve ou estímulo auditivo alto 6 Paciente sedado, sem resposta a estímulos Ramsay MAE et al. BMJ 1974; 2: 656. CONTROLE DA AGITAÇÃO PSICOMOTORA Só sedar o paciente agitado após analgesia adequada e tratamento de causas fisiológicas reversíveis. Afastar antes de medicar Dor Isquemia miocárdica Hipóxia/hipercapnia Pneumotórax Hipoglicemia Encefalopatia hepática Bexiga cheia Uremia Mal posicionamento do TOT Síndrome de abstinência Haloperidol (Haldol): ampolas de 5 mg/1 mL; frasco-gotas com 2 mg/mL Neuroléptico do grupo das butirofenonas. É a droga mais útil para o tratamento de agitação e delírio na UTI. Ampla margem de segurança terapêutica com pouco efeito no coração e pressão arterial e nenhum efeito na ventilação pulmonar. Os casos de hipotensão relatados só ocorreram, virtualmente, em pacientes hipovolêmicos. Dose: Em geral utiliza-se doses em bolus EV de 5 mg (01 ampola) a cada 5 a 30 minutos para o controle da agitação psicomotora. Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 95 ANALGESIA Morfina (Dimorf 10 mg em 1 mL) A morfina tem início de ação em 1 a 2 minutos e pico de efeito em 20 minutos. A duração da ação é de 1 a 2 horas. Dose: Bolus de 1 a 2 mg (1 a 2 mL da solução decimal) EV cada 5 minutos até obtenção do efeito desejado; a solução decimal (1 mg/mL) é obtida pela diluição de 01 ampola em 9 mL de água destilada. Fentanil Apresentações:ampolas com 2mL (100 g) ou 10 mL (500 g), ambas, portanto, na concentração de 50 g/mL Cerca de 50 a 100 vezes mais potente que a morfina para o alívio da dor. Início de ação em 1 a 2 minutos com duração de 60 minutos. Sua titulação de dose é muito fácil de ser realizada, tornando-o o agente de escolha para o controle da dor na UTI. A ação imediata e o metabolismo rápido tornam o fentanil um agente útil para procedimentos de curta duração. A infusão intravenosa contínua é frequentemente usada para analgesia ininterrupta em pacientes sob ventilação mecânica. Efeitos adversos: Hipotensão, bradicardia. Rigidez da musculatura torácica pode ocorrer quando administrado em altas doses em bolus. A tolerância desenvolve-se com o uso prolongado. Dose em bolus: 0,35 a 1,5 g/kg ou em torno de 25 a 100 g para um adulto médio de 70 kg. Corresponde a 0,5 a 2ml do fentanil não diluído, contudo, para administração endovenosa lenta, convém diluir em água destilada para um total de 10 mL. Infusão contínua: Solução a 10 g/mL: 50 mL de fentanil (2.500 g) em 200 mL de SF ou SG. A dose inicial é de 1 g/kg/hora. Corresponde a 0,1 x peso corporal (dose em mL/hora). Tramadol Apresentação: ampolas de 1 mL com 50 mg ou de 2 mL com 100 mg O tramadol é um analgésico com baixa afinidade pelos receptores opióides e que tem sua analgesia parcialmente revertida com o naloxone. O tramadol é tão eficaz quanto a morfina (dose equipotente 50 mg de tramadol = 5 mg de morfina), apresentando como vantagem o menor potencial de depressão respiratória. Dose: 50 a 100 mg em 100 mL de SF 0,9%, até 400 mg ao dia, dividido em 3 a 4 aplicações. Crianças: 5mg/kg/dia dividido em 2 a 3 vezes. Efeitos colaterais: vômitos, íleo, sonolência e, raramente, convulsões. ANTAGONISTA Naloxone (Narcan 0,4 mg em 1 mL) Dose: 0,4 a 2 mg EV em intervalos de 2 a 3 minutos, guiado pela resposta do paciente (máximo 10 mg). Monitorar o paciente, uma vez que a duração da ação dos opiáceos pode superar a do antagonista. Kelson Nobre Veras Condutas Práticas para UTI 96 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR Com a melhor adequação da sedação e analgesia nos pacientes gravemente enfermos associada ao desenvolvimento tecnológico dos ventiladores mecânicos, tornou-se cada vez menos necessário o tratamento com bloqueadores neuromusculares (BNM). A utilização rotineira de BNM em UTI ficou restrita ao tratamento dos pacientes com tétano grave. Eventualmente, pacientes com insuficiência respiratória aguda, principalmente aqueles que necessitam de modalidades ventilatórios desconfortáveis (relação I:E invertida, hipercapnia permissiva) ou pacientes com traumatismo cranioencefálico que necessitem de controle da hipertensão intracraniana podem se beneficiar da utilização destes fármacos. Os BNM também são administrados para facilitar a intubação orotraqueal. Os BNM podem ser despolarizantes ou não-despolarizantes. A succinilcolina é o único BNM despolarizantes disponível para uso clínico. Os BNM não-despolarizantes são antagonistas da acetilcolina e, portanto, desprovidos de atividade intrínseca. É imprescindível que a analgesia adequada e sedação profunda antecedam a administração dos BNM, uma vez que os mesmos são desprovidos de ação analgésica e sedativa. Nos pacientes em que se necessita evitar os efeitos vagolíticos (pacientes com taquicardia) e nos pacientes com insuficiência hepática ou renal, deve-se utilizar o atracúrio