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Arteterapia

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
ARTETERAPIA 
 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842a Arteterapia / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 
 135p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-123-0 
 1. Arteterapia. I. Portal Educação. II. Título. 
 CDD 616.8516 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 4 
2 FUNDAMENTOS DA ARTE E DA TERAPIA ............................................................................. 6 
2.1 O QUE É ARTE? ........................................................................................................................ 6 
2.2 A ARTE E SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA CULTURA ............................................. 13 
2.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO HUMANOS .................... 16 
2.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL............................................................................................ 22 
2.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA ................................................................................................. 26 
2.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA .................................................................................................... 27 
2.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA ................................................39 
3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE ......................................................................................... 43 
3.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE ................................................................................. 43 
3.2 A ARTE NO MUNDO ................................................................................................................. 45 
3.3 ARTE NO BRASIL ..................................................................................................................... 56 
4 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS ARTÍSTICOS NO PROCESSO TERAPÊUTICO .................. 72 
4.1 ENCONTRO DA PSICOLOGIA COM A ARTE .......................................................................... 72 
4.2 PRINCIPAIS LINHAS DE ATUAÇÃO DO ARTETERAPEUTA .................................................. 78 
4.2.1 Psicologia Analítica ................................................................................................................... 79 
4.2.2 Gestalt ....................................................................................................................................... 81 
4.2.3 Psicodrama ................................................................................................................................ 86 
 
 
3 
 
4.3 MODELO DE ESTRUTURAÇÃO DAS SESSÕES DE ARTETERAPIA .................................... 88 
4.4 O CONSULTÓRIO .................................................................................................................... 93 
5 AS DIVERSAS FORMAS DE EXPRESSÃO ............................................................................. 98 
5.1 DESENHO ................................................................................................................................. 99 
5.2 MÚSICA .................................................................................................................................... 104 
5.3 TEATRO ................................................................................................................................... 105 
5.4 DANÇA ..................................................................................................................................... 106 
5.5 ESCULTURA ............................................................................................................................ 108 
5.6 PINTURA .................................................................................................................................. 110 
6 OFICINAS DE ARTETERAPIA ................................................................................................ 114 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 130 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Ansiedade, fobia, estresse, anorexia, depressão, introversão, agressividade, transtorno 
bipolar, transtorno obsessivo-compulsivo, dificuldades de aprendizagem, hiperatividade. Esses e 
outros problemas, de origem psicológica, são motivos de preocupação e o número de pessoas 
que admite sofrer de algum mal estar psicológico cresce a cada dia. 
Terapeutas estudam constantemente maneiras de lidar com os problemas humanos, 
as dificuldades de relacionamento e as desordens psicossomáticas (sintomas orgânicos com 
causas psicológicas). 
No processo terapêutico, a arte pode aproximar terapeuta e paciente, pois no processo 
de criação ambos estão mostrando, de forma indireta, sua individualidade e capacidade criativa. 
Parece um bom começo para um tratamento que pretenda um autoconhecimento ou uma 
melhora na expressão dos sentimentos e no convívio social. A arte, nesse sentido, pode até 
tornar mais rápido o processo terapêutico, pois estaria ela mesma agindo como facilitadora. 
A arte pode ser usada em um contexto terapêutico de duas formas: 
- Uma no sentido de se perceber o significado da arte expressa pelo paciente de 
determinada forma; 
 
 
 
 
5 
- Outra na exteriorização de inúmeros sentimentos (ansiedade, culpa, frustração, 
tristeza) que fazem parte do cotidiano de todos e que usam a terapia para encontrar sua válvula 
de escape. 
Alguns objetivos do curso: 
 Conhecer a história da arte; 
 Conhecer a história da terapia (psicoterapia); 
 Conhecer as bases da arteterapia, seus elementos principais; 
 Dialogar sobre as diversas formas de expressão artística; 
 Conhecer o campo de atuação da arteterapia em diferentes contextos; 
 Exercitar a observação e a “degustação” de diversas formas de arte e de obras de 
artistas de diferentes épocas e gêneros; 
 Elaborar uma sessão de arteterapia; 
 Visualizar modelos de intervenção arteterapêutica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
2 FUNDAMENTOS DA ARTE E DA TERAPIA 
 
 
Inicialmente, vamos desmembrar a palavra objetivo de nosso estudo e aprofundar 
nossos conhecimentos nas áreas específicas: ARTE e TERAPIA. Procurando dar bases 
históricas, filosóficas e científicas para as palavras-chave deste curso. 
 
 
2.1 O QUE É ARTE? 
 
 
Muito se comenta sobre o fazer do artista, as obras de arte, mas, afinal de contas, o 
que é arte? 
Segundo o conceito do dicionário Michaelis, arte é a "execução prática de uma ideia 
(...) complexo de regras para a produção de um efeito estético determinado”. Esse conceito 
elucida que o trabalho artístico nasce de um pensamento do artista, o qual transmite uma 
emoção e desperta sensações no observador. 
Segundo o dicionário Houaiss, arte é a "produção consciente de obras, formas ou 
objetos voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da 
subjetividade humana". 
Vamos testaresse conceito? Será que realmente as imagens de uma obra de arte 
podem despertar sentimentos, emoções? 
Abaixo, seguem duas imagens de artistas consagrados mundialmente. Vamos ver se 
você consegue perceber que tipo de reação a imagem desperta em você. 
 
 
 
 
7 
FIGURA 1 – “A PONTE JAPONESA DE GIVERNY” DE CLAUDE MONET 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.allposters.com/-sp/Le-Pont-Japonais-a-
giverny_i2548998_.htm?aid=999354> Acesso em: 23 jan. 2009. 
 
 
Olhe com atenção as imagens, os detalhes, as cores, o cenário utilizado pelo artista. 
Analisar uma obra de arte é sempre um exercício de conhecimento e sensibilidade que alarga 
nossa compreensão do real. E tal fato, é prova mais do que suficiente do abismo que existe 
entre o instinto e a razão humana. 
 
O instinto, do latim instinctu, é algo inato ao ser vivo, um tipo de 
inteligência no seu grau mais primitivo. Ele guia o homem e os animais 
que possuem um grau mais elevado em sua trajetória pela vida, nas 
suas ações, visando justamente à preservação do ser. (SANTANA, 
2007). 
 
 
 
 
 
 
8 
Assim, instinto diz respeito a um comportamento dominado por reflexos e a estruturas 
biológicas hereditárias. Isso faz com que o comportamento de um inseto seja praticamente igual 
ao de outro de sua espécie, hoje e sempre. 
Depois da breve observação, vamos passar para a próxima imagem, trabalhando no 
sentido de aumentar nossa compreensão de arte, de mundo e de subjetividade. 
 
FIGURA 2 – “O GRITO”, DE EDVARD MUNCH (1893) 
 
 
FONTE: Disponível em: <www.pitoresco.com.br/espelho/destaques/grito/index.htm> 
Acesso em: 17 jan. 2009. 
 
 
E esse quadro, qual impressão ele lhe causa, em que o autor pensava ou o que ele 
sentia ao pintar essa figura? 
E então como foi a experiência? Foi possível perceber as relações entre observador e 
imagem? 
 
 
 
 
9 
Ao fixarmos os olhos na imagem, por mais que não tenhamos consciência, diversos 
sentimentos, ideias e pensamentos surgem quase que automaticamente. 
A Figura 1, uma tela de Claude Monet (1840-1926), artista francês, faz parte da série 
“Ninfeias”, fase em que o pintor dedicava-se à pintura de flores do jardim de sua própria casa. 
Nesse momento da vida artística, Monet reflete em suas telas um ambiente de paz, natureza, 
vida, luz. As obras de Monet permitem que se mergulhe no universo da pintura. Torna-se fácil, 
portanto, transportar-se para a cena exposta e sentir a emoção de estar ali participando da 
imagem. 
As telas de Monet causam realmente uma “impressão”, não há como ficar indiferente, 
pois o trabalho com as cores, as luzes, os reflexos e as sombras causam um impacto. 
Na fase em que se dedicou à pintura de lírios (1914-1922), o artista revelou uma 
enorme habilidade no trabalho com nuances e luzes. Algumas obras de Monet fazem uma ponte 
entre o real e o abstrato, pois partem de uma beleza real que os olhos veem para uma beleza 
que se consegue apenas com o treino na observação e na capacidade de deixar o pensamento 
fluir para além da percepção visual, rumo ao imaginário criativo, e esse é mais um encanto nas 
suas obras, as quais permitem serem visualizadas de várias formas, de acordo com as 
particularidades do observador. A impressão é de visualizar a cena “ao vivo e em cores”. Quanta 
singeleza e quanta perfeição. 
As paisagens representadas são passagens para outro mundo, outra vida, uma vida 
mais tranquila, menos estressante, com ar mais puro, flores, tempo para descansar, cheiro de 
mato, som de água jorrando... 
E quanto ao segundo quadro (Figura 2), uma obra de Edvard Munch (1863 – 1944), 
pintor expressionista (estilo este que preserva mais a expressão das ideias e sentimentos do 
artista do que a própria realidade). As cores são utilizadas no sentido de dar vida aos 
sentimentos do artista. O sentimento de angústia e dor que se tem ao olhar para o quadro não é 
mera coincidência. A tela parece retratar fielmente como Munch sentia-se na ocasião, retrato de 
sua revolta e desespero frente aos infortuitos que a vivência terrena lhe proporcionava. 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A figura humana, aparentemente desestruturada, doente, retratada em “O Grito”, 
mostra o desespero de ver o mundo desfazendo-se em uma grande fúria (note os tons de 
vermelho no céu), a perenidade da vida e a incapacidade frente à morte. Certamente esse 
cenário é capaz de retratar a impressão que se tem quando um ente querido vem a falecer. Nós, 
ali, estagnados no caminho da vida, e a morte roubando, sem misericórdia alguma, alguém 
importante em nossa vida. 
A morte é uma imposição desleal ao ser humano, pois não oferece trégua ou recursos 
adicionais para o combate. Não se pode fazer nada, apenas se conforma, ou se desespera. Por 
ser assim tão carrasca e provocar diversos sentimentos de dor, esse tema é retratado 
frequentemente por inúmeros artistas. 
Munch conseguiu uma maneira de sublimar toda essa angústia por meio da pintura. O 
que restava a ele senão pintar o seu grito, a sua dor? A ansiedade é demonstrada não apenas 
VOCÊ SABIA? 
 
Munch recebeu do pai uma educação extremamente 
rígida. Para seguir a carreira artística, acabou 
rompendo laços com o patriarca da família e 
seguindo para Oslo na Noruega. Desde muito cedo, 
a imagem sinistra da morte deixou marcas em sua 
vida. Ainda na sua infância, assistiu à morte da mãe 
e mais tarde perdeu duas irmãs. A doença também 
o assombrou, sua irmã mais nova teve uma patologia 
psiquiátrica e ele próprio vivia muito doente. 
 
 
 
11 
 
no semblante do personagem, mas também no fundo, todo estremecido pelo grito, uma 
percepção de mundo bastante distorcida pelos sentimentos de quem vive em grande sofrimento. 
A arte, por seu aspecto subjetivo, permite diversas interpretações, e aqui 
apresentamos uma delas, mas alguns estudiosos da obra de Munch acreditam que o que é 
retratado no quadro é um episódio de Tsunami e uma erupção vulcânica (o vermelho 
representaria a lava). Nesse caso, o desespero representado seria das pessoas da região da 
tragédia. 
Contudo, provavelmente todos concordam que a angústia, a doença e a morte são 
temas muito presentes em sua obra. 
Trabalhar com a morte cria um clima de melancolia e tristeza, entretanto o terapeuta 
deve tomar contato com esses temas, pois, durante seu trabalho clínico, provavelmente vai 
deparar-se com diversas psicopatologias que se iniciaram com a morte de uma pessoa querida. 
Pausando nossa viagem pelas telas desses dois grandes pintores, voltemos ao 
conceito de arte. 
No seu original, a palavra “arte” vem do latim e equivale ao verbete grego “tékne”. A 
arte no sentido amplo significa o meio de fazer ou produzir alguma coisa, sabendo que tékne 
traduz-se em criação, fabricação ou produção de algo. 
De certa forma, as obras de arte também são formas de compreender a realidade 
dentro de uma dimensão histórica, social e cultural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O desenvolvimento da arte não está enraizado em seu tempo, na realidade, mas ele 
ultrapassa a dimensão da história e do contexto social e dinamicamente acaba adquirindo 
formas de acordo com a percepção do observador e pela sociedade à qual ele pertence. 
Podemos afirmar que ela é feita duas vezes: uma pelo artista e outra pelo observador, e assim 
se estabelece uma relação. Vejamos o diagrama abaixo: 
 
 
 
ARTISTA 
 
OBRA 
 
PÚBLICO 
CONTEXTO 
SOCIAL 
CONCLUINDO! 
Por mais que tenhamos diferentes 
reflexões sobre o que é arte, não 
possuímos uma definição ou um conceito 
completo, definitivo e acabado. As 
conclusões são baseadas nos 
conhecimentos e vivências acumuladas ao 
longo da existência, determinadas em 
grande parte pelas transformações 
sociais. 
 
 
 
13 
 
Observando o diagrama, percebe-se que a relação é cíclica, pois a obra do artista é 
recebida pelo público deacordo com o contexto social e cultural, mas a inspiração para a 
execução da obra também surge das influências sócio-históricas de determinada época. 
Esse é um conceito bastante amplo e significativo, pois permite que a arte seja 
entendida, considerando, por um lado, as experiências emotivas e cognitivas de cada espectador 
e, por outro, o contexto social, histórico, político e cultural, tanto de produções quanto de 
análises processuais das diversas áreas da expansão artística: artes visuais, música, teatro ou 
dança. 
 
 
2.2 A ARTE E SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE E NA CULTURA 
 
 
Pela arte, pensamentos tomam forma, e ideais de culturas e etnias têm a oportunidade 
de serem apreciados pela sociedade no seu todo. Assim, o conceito de arte está ligado à história 
do homem e do mundo, porém não está preso necessariamente a determinado contexto; é 
essencialmente mutável. 
Para exemplificar, voltemos algumas décadas no tempo e analisemos como a arte era 
entendida antigamente. Como será que nossos bisavós definiriam a arte? 
Possivelmente, na época, fosse difícil pensar em uma arte digital, ou no 
desenvolvimento de uma ciberarte (manipulação das novas tecnologias e mídias atuais para a 
construção de objetos artísticos), mas hoje esse fator é determinante para compreendermos a 
arte num sentido mais amplo e completo. 
 
Tudo passa pelas tecnologias e a humanidade está marcada pelos 
desafios políticos, econômicos e sociais decorrentes de uma nova 
configuração da realidade, em que campos da atividade humana, 
 
 
14 
 
estão utilizando intensamente as redes de comunicação e a 
informação computadorizada (SANTOS, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um novo tipo de sociedade condiciona um novo tipo de arte. Porque a 
função da arte varia de acordo com as exigências colocadas pela nova 
sociedade; porque uma nova sociedade é governada por um novo 
esquema de condições econômicas; e porque mudanças na 
organização social e, portanto, mudanças nas necessidades objetivas 
dessa sociedade, resultam em uma função diferente de arte 
(KOELLREUTTER, 1997). 
 
A arte está, portanto, ligada aos fatores históricos e sociais, mas dialoga ativamente 
com nossa sociedade, criando os estilos de época e acompanhando a evolução do homem e da 
tecnologia. 
 
VOCÊ SABIA? 
 
O conceito de obra de arte é uma construção 
social, não pode ser um trabalho isolado. A arte 
possibilita um diálogo com quem a observa, cria 
situações que se podem tornar desafiantes para o 
apreciador, e, algumas vezes, os materiais 
utilizados na própria composição propõem uma 
reflexão sobre o significado da arte. 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando se lida com as formas em artes visuais, convive-se 
habitualmente com as relações entre superfície, espaço, volume, 
linhas, cores e a luz. Cada um desses elementos tem suas próprias 
possibilidades expressivas e são ricos em significados, tanto em si 
mesmo como em relação aos demais. E todos eles são intermediados 
pelos autores e observadores ao se utilizarem de métodos e técnicas 
específicas para produzi-las e percebê-las (SANTOS, 2007). 
 
Ressalta-se ainda o valor de uma educação da práxis artística, preocupada com o 
aprofundamento de conceitos, critérios e processos, considerando o universo de visualidade do 
mundo contemporâneo e a complexidade do discurso visual, e, nesse contexto, promovendo a 
ampliação e enriquecimento dos repertórios sensível-cognitivos, aprofundando os modos de ver, 
observar, expressar e comunicar por meio de imagens, sons ou movimentos corporais. 
Muitas vezes, o primeiro contato que os indivíduos têm com a arte é na escola, nas 
aulas de arte, obrigatórias no currículo do ensino fundamental. Espera-se que os estudantes, 
nessas aulas, vivenciem intensamente o processo artístico, a fim de contribuir significativamente 
em seus modos de fazer técnico, de representação imaginativa e de expressividade. Ao mesmo 
 
 
16 
 
tempo, espera-se também que aprendam sobre os artistas e obras de arte de diferentes 
períodos, complementando assim seus conhecimentos na área. 
Mas será possível que o professor de artes trabalhe com as funções terapêuticas do 
fazer artístico? 
O professor pode explorar, estudar e especializar-se em arteterapia e, na medida do 
possível, conversar sobre as produções de seus alunos. Se algum caso chamar sua atenção e 
ele não conseguir dar conta em sala, é aconselhável que ele faça o encaminhamento do aluno 
para um atendimento psicológico. 
A arte foi e é sinônimo de expressão de sentimentos, emoções, revoltas, traumas... 
Nossa forma de ver a arte ou de fazê-la revela a compreensão que temos do mundo. Vejamos 
isso mais detalhadamente no Módulo III. 
 
 
2.3 A ARTE COMO FONTE DO CONHECIMENTO E DA EXPRESSÃO HUMANOS 
 
 
Nosso mundo é essencialmente visual, visto que estamos cercados por imagens. Viver 
nos espaços urbanos é deparar-se com múltiplos estímulos visuais. No entanto, os apelos 
visuais não se limitam a espaços geográficos. Meios de comunicação como a televisão e a 
internet fazem circular imagens em tempo real por qualquer lugar do mundo. Isso faz com que 
um episódio do Japão possa ser visto no Brasil paralelamente ao fato. Por isso, mesmo em uma 
pequena cidade, pode-se ter acesso ao mundo todo. 
Os diversos apelos visuais interferem na compreensão que se tem sobre o dia a dia, a 
vida, o trabalho, a política, os valores morais e contribuem para formular ideias sobre lugares, 
culturas, fatos. 
 
 
 
17 
 
Nosso cotidiano está povoado de imagens da mídia, propagandas, folhetos, fotos, 
imagens, reportagens, enfim, há muitas formas visuais. Todas essas formas correspondem a 
maneiras de interpretar o mundo. São maneiras de se integrar ao tempo e ao espaço. 
As imagens postas em jogo no cotidiano instauram a necessidade de interpretação, 
isso porque são formas criadas a partir de certa cultura, dentro de uma ideologia, ou seja, não 
são neutras. 
 
Ao criar uma determinada obra, o artista se vale da matéria construída 
socialmente. Como parte da cultura, a arte é a maneira de indicar os 
caminhos poéticos trilhados por aquele grupo. Criar uma obra de arte 
vai além da utilização da linguagem (desenho, pintura, escultura), vai 
além do domínio técnico, porque criar uma forma demanda reflexão, 
conhecimento sobre o objeto. Além disso, a obra de arte comunica 
ideias (PEREIRA, 2007). 
 
 
FIGURA 3 – GRAFITE DE RUA 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/imagens/artes/grafite.jpg> Acesso em: 29 
Dez. 2011. 
 
 
http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://brasilescola.com/imagens/artes/grafite.jpg&imgrefurl=http://www.brasilescola.com/artes/grafite.htm&usg=__Ailk1VoaghPQEMQpZBTAvuZaMVM=&h=262&w=400&sz=54&hl=pt-BR&start=1&um=1&tbnid=Xov_UGBBfqq-MM:&tbnh=81&tbnw=124&prev=/images?q=grafite+foto&um=
 
 
18 
 
A arte de rua, um muro grafitado, uma parede desenhada são transmissões de ideias, 
concepções de mundo, formas de pensar. 
 
Os elementos de visualidade apresentam-se sempre articulados 
expressivamente e em situações compositivas indicadas por: 
movimentos (reais ou aparentes), direções, ritmos, 
simetrias/assimetrias, contrastes, tensões, proporção, etc. E são 
percebidas por nós nessa totalidade, embora seja possível discriminá-
la quando aprendemos a fazer exercícios e análises visuais (SANTOS, 
2007). 
 
 
Para fins didáticos, o processo de leitura de imagens pode ser baseado na estrutura 
abaixo: 
 Elementos da visualidade: ponto, linha, forma, espaço, volume, textura, cor, 
observando a relação entre eles e dando uma especial atenção à composição, 
ritmo, variação, contrastes, harmonia, tensão; 
 Estilo: figurativo, não figurativo, abstrato, naturalista; 
 Técnica: desenho, pintura, escultura, gravura, grafite, instalação, fotografia; 
 Artista: informações sobre suas principais obras, traços de personalidade,curiosidades; 
 Período: pré-histórico, antigo, medieval, moderno ou contemporâneo. 
A arte é uma ponte que nos leva a conhecer e expressar os sentimentos e a forma de 
nossa consciência; apreendê-los é por meio da experiência estética. Na arte, busca-se 
concretizar os sentimentos numa forma, que a consciência capta de maneira mais global e 
abrangente do que no pensamento rotineiro (DUARTE JR, 2000). 
 
Concebe-se sentimento enquanto apreensão da situação em que nos 
encontramos, que precede qualquer significação que os símbolos 
expressam. O sentir é anterior ao pensar, e compreende aspectos 
perceptivos e aspectos emocionais (LANGER, 1980). 
 
 
19 
 
É preciso que se verifique como a arte constitui-se em um elemento terapêutico; como 
ela provê elementos para que o homem desenvolva sua atividade significadora, ampliando seu 
conhecimento a regiões que a percepção e o simbolismo conceitual não alcançam. 
Destaca-se a necessidade de traçar uma distinção entre os conceitos de comunicação 
e expressão para melhor compreender a abrangência destes nas atividades artísticas. Quando 
se faz referência à comunicação, comumente o termo traz à mente a ideia de transmissão de 
significados explícitos por meio da linguagem. Por outro lado, a expressão tem uma conotação 
de indicação, desvendamento de sentimentos. 
A imaginação é o que diferencia o homem de qualquer outro ser vivo. Por meio dela, é 
possível transcender ao imediatismo das coisas e projetar o que ainda não existe. Certamente 
somos movidos pela possibilidade do “vir a ser”. É a dimensão da utopia, a capacidade de 
projetar algo novo sobre as antigas estruturas tanto internas quanto externas. 
Nesse sentido, a atividade artística resulta de uma organização de experiências 
individuais, pois o desenho, a pintura ou a escultura, a música, a dança ou o teatro trazem 
importantes aspectos de um conjunto de experiências pessoais (do autor), organizadas em um 
todo significativo. 
A arte é muito mais do que um simples passatempo. Busca-se por meio das diferentes 
expressões artísticas desenvolver uma consciência estética, ou seja, uma atitude harmoniosa e 
equilibrada perante o mundo em que os sentimentos, a razão e a imaginação integram-se. 
A consciência estética é a busca de uma visão global do sentido da existência; um 
sentido pessoal, criado a partir dos sentimentos e da compreensão da realidade circundante. É a 
capacidade de decisão e escolha, o que exige atitudes de análise e crítica para que o homem 
não se submeta à imposição de valores e sentidos, mas que possa selecioná-los e recriá-los 
segundo sua própria realidade existencial. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
FIGURA 4 – CONSCIÊNCIA 
 
 
 FONTE: Disponível em: < http://www.mamiferas.com/blog/wp-
content/uploads/2011/11/consciencia.jpg> Acesso em: 29 dez 2011. 
 
“Os espelhos são usados para ver o rosto, a arte para ver a alma”. 
George Bernard Shaw (escritor irlandês). 
 
A arte é para o homem a possibilidade de manifestação de seus sentimentos mais 
complexos, projetando por meio de formas, linhas, cores, sons, gestos e ritmos uma nova 
realidade, um novo mundo. 
Um mundo onde a harmonia se estabelece a partir da utilização de materiais cuja 
natureza se opõe, como, por exemplo: água e fogo, tinta e terra, estabelecendo dessa forma 
uma relação de dependência e continuidade entre as formas projetadas. 
 
 
 
21 
 
As relações que se estabelecem entre os diferentes materiais anunciam a possibilidade 
do “vir a ser”. Algo novo surge de estruturas antigas, resultado do olhar criativo que, apesar de 
contextos existenciais diversos, consegue sonhar. 
Assim, todo fazer nasce de um sonho. O primeiro movimento do sonhar é a 
idealização, ou seja, a possibilidade de imaginar, visualizar o novo, denunciar uma realidade, 
tendo em vista a realidade vivenciada e a realidade sonhada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCLUINDO! 
A ação do arteterapeuta é de grande 
responsabilidade, pois trata de conteúdos 
subjetivos e carregados emocionalmente. A 
função desses profissionais parece ser 
duplamente desafiadora, já que também 
precisam ser consideradas durante o processo, 
pois “complexas questões da subjetividade de 
cada homem e mulher, coparticipantes na árdua 
tarefa de reconstruir os caminhos da própria 
sensibilidade, emoção e intuição” . 
(SANTOS, 2006). 
 
 
 
22 
 
2.4 A ARTE E A REALIDADE SOCIAL 
 
 
Diferentemente de outros meios de comunicação e expressão, a arte torna a vida e o 
cotidiano rico em significados, mesmo quando não há uma consciência clara disso. 
Sujeito e objeto fundem-se em uma única composição, afirmando para o mundo que há 
beleza nas diferenças, que esta emerge de diferentes formas e necessita do diferente para 
estabelecer uma nova forma. 
O que se busca nas atividades artísticas é promover ao homem maior liberdade para a 
autoexpressão, libertando-se de amarras que o impedem de ser completo e viver plenamente 
sua condição humana. 
Mesmo que aparentemente existam animais mais livres da dependência dos instintos 
ou reflexos automáticos, podemos dizer que existe um grande abismo entre o comportamento 
dos animais e o dos seres humanos. Para dar um só exemplo, mesmo o chimpanzé mais 
evoluído possui apenas rudimentos do que permitiria desenvolver a linguagem simbólica e tudo o 
que dela resulta: aprender, reelaborar o conteúdo aprendido e promover o novo (invenção). 
Isso quer dizer que a vida animal é, em grande medida, uma repetição do padrão 
básico vivido por sua espécie. Já o ser humano tem, individualmente e como espécie, a 
capacidade de romper com boa parte do seu passado, questionar o presente e criar a novidade 
futura. E a arte é prova disso, ou melhor, a arte pode servir como instrumento de interpretação 
desse universo cultural humano que o distingue dos outros seres vivos na face da terra. 
Há estudiosos que veem na obra de arte uma manifestação pura e simples da 
sensibilidade do artista. Outros a encaram como uma atividade plenamente lúdica, gratuita, livre 
de quaisquer preocupações utilitárias ou condicionamentos exteriores à sua produção artística. 
Não é preciso negar totalmente a validade de cada uma dessas concepções para 
reconhecer na atividade artística outra característica importante: o fato de que a arte é um 
fenômeno social. Isso significa que é praticamente impossível situar uma obra de arte sem 
estabelecer um vínculo entre ela e determinada sociedade (MAGALHÃES, 2008). 
 
 
23 
 
A arte é um fenômeno social, pois o artista é um ser social. Sendo assim, o artista 
reflete na obra de arte sua maneira própria de sentir o mundo em que vive, as alegrias e as 
angústias, os problemas e as esperanças de seu momento histórico. 
Tais mudanças na arte refletem as transformações que se processam na realidade 
social. A arte evidencia sempre o momento histórico do homem, cada época, com suas 
características, e, contando o seu momento de vida, faz um percurso próprio na representação 
como questão de sobrevivência (SANTOS, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O pensador húngaro Georg Luckács (1885-1971) afirma o seguinte conceito: “Os 
artistas vivem em sociedade e – queira ou não – existe uma influência recíproca entre ele e a 
sociedade. O artista – queira ou não – apoia-se numa determinada concepção do mundo, que 
ele exprime igualmente em seu estilo”. 
 
A obra de arte é percebida socialmente pelo público – por mais íntima 
e subjetiva que seja a experiência do artista deixada em sua obra, esta 
será sempre percebida de alguma maneira pelas pessoas. A obra de 
arte será, então, um elemento social de comunicação da mensagem 
 
 
24 
 
de seu criador. No que diz respeito ao artista, as relações de sua arte 
com a sociedade podem ser de paz e harmonia, de fuga e ilusão, de 
protestos e revolta. Quanto à sociedade – considerando principalmente 
os órgãos do Estado, seu relacionamentocom determinada arte pode 
ser de ajuda e incentivo ou de censura e limitação à atividade criadora 
(MAGALHÃES, 2008). 
 
“Como fenômeno social, a arte possui, portanto, relações com a sociedade. Essas 
relações não são estáticas e imutáveis, mas, ao contrário, são dinâmicas, modificando-se 
conforme o contexto histórico” (MAGALHÃES, 2008.). E envolvem três elementos fundamentais: 
a obra de arte, o seu autor e o público. Formam-se em torno desses três elementos os vínculos 
entre arte e sociedade num vasto sistema solidário de influências recíprocas. 
Entende-se que a arte é capaz de fazer flexibilizar pensamentos e relações em que o 
criador é sempre capaz de conectar e mudar as interações produzidas no mundo da imagem 
pré-concebida. Percebe as transformações e o transformador. 
De certa forma, a estética migra para a vida do sujeito preparando-o para o 
entendimento e para a resolução, tornando-o cidadão, consciente de si e espelho para o outro, 
utilizando-se de sua iniciativa e poder de decisão. 
 
FIGURA 5 - IMAGEM PAUL KLEE. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=471> 
Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
 
25 
 
O indivíduo criativo supera a capacidade de imitar, produzir fatos, conectar-se a outras 
relações. As relações criadas estarão sempre se conectando e formando novas tensões que o 
suprem para outras formações estéticas e/ou vivenciais. 
Verifica-se um cruzamento entre estética e ética e/ou caráter, quando se descobre que 
o belo pode despertar as virtudes positivas no indivíduo e, por isso, deve fazer parte de sua 
educação. 
Vamos para mais uma atividade prática? 
Olhe para a pintura abaixo e observe atentamente seus detalhes, tais como: 
 As cores que foram utilizadas; 
 A disposição da figura no espaço; 
 É uma obra figurativa ou abstrata? 
 E você, qual é a sua maneira de perceber o mundo? 
 Que sentimentos ela melhor representaria? 
 
FIGURA 6 – O NASCIMENTO DE VÊNUS, DE SANDRO BOTTICELLI, SÉC. XV. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://stelladauer.wordpress.com/2006/10/31/renascimento-e-outros-
movimentos-secularismo/> Acesso em: 18 fev. 2009. 
http://stelladauer.files.wordpress.com/2006/10/botticelli-o-nascimento-de
 
 
26 
 
A pintura de Botticelli foi feita por encomenda de Lorenzo Di Médici para servir de 
afresco para sua residência. A tela retrata a deusa Vênus surgindo dentro de uma concha em 
meio ao oceano, possivelmente inspirada na mitologia grega. A repercussão dessa obra não foi 
muito positiva na época, pois a arte era repleta de temas católicos, além de não se ater 
(necessariamente) a religiosidade, acreditava-se que a obra tinha influências pagãs. 
E você, que influências pode perceber nessa obra? 
 
 
2.5 TERAPIA OU PSICOTERAPIA 
 
 
Nesta unidade, vamos abordar a terapia propriamente dita. E neste momento, é 
importante explicar o porquê da escolha da psicologia como base neste estudo. Levando-se em 
conta que o termo “terapia” permite inúmeras formas de abordagem e diversos profissionais 
atuantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIQUE LIGADO! 
De acordo com a Associação Brasileira 
de Arteterapia, “podem atuar como 
arteterapeutas profissionais com 
graduação na área de saúde como 
medicina, psicologia, enfermagem, 
fisioterapia etc. e que tenham curso de 
extensão em arteterapia”. 
 
 
 
27 
 
Contudo, independente da graduação que o profissional tenha cursado, é de extrema 
importância que estude ou atualize seus conhecimentos em psicologia para dar suporte à sua 
atuação profissional, permitindo que o profissional esteja capacitado para fazer avaliações e 
intervenções arteterapêuticas. 
Para tanto, esse curso permite um estudo geral da origem da psicologia e da sua 
evolução no decorrer da história do homem. É importante para o trabalho terapêutico que esses 
conhecimentos sejam ampliados, com ajuda de cursos, livros, especializações. Lembrando 
sempre que este curso não pretende formar arteterapeutas, mas sim atualizar sobre os 
conhecimentos de arteterapia. 
 
 
2.6 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA PSICOTERAPIA 
 
FIGURA 7 – PSICOTERAPIA 
 
 
FONTE: Disponível em: < 
http://images.quebarato.com.br/T440x/psicologia+psicoterapia+sao+paulo+sp+brasil__3E3F90_1
.jpg> Acesso em: 29 dez 2011. 
 
 
28 
 
Um retrospecto e uma breve visão panorâmica da atual psicologia formam o conteúdo 
das considerações iniciais dessa unidade, pois é de relevante importância a psicologia para o 
desenvolvimento do trabalho do arteterapeuta. 
O termo psico tem origem grega, vem de psique Ψ, cujo significado é alma. Já o termo 
terapia, também de origem grega, tem o significado de tratamento ou cuidado com a saúde. 
Dessa forma, psicoterapia significa tratamento da alma. Aqueles que tratam ou cuidam de almas 
são os psicoterapeutas. 
Falando de uma maneira mais científica, poderíamos dizer que: “a Psicologia é a 
ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais, ou seja, estuda o que 
motiva, sustenta o comportamento humano, os processos mentais, as sensação, a emoção, a 
percepção, a aprendizagem, a inteligência...” (Disponível em: 
<http://arthurcapivari.blogspot.com/> Acesso em: 18 fev. 2009) 
Assim, qualquer disfunção comportamental ou “mental” é objeto de estudo e atuação 
psicoterapêutica. 
O homem, desde os primórdios da humanidade, vem desenvolvendo ações para com o 
cuidado com as almas e/ou mentes. O homem dito primitivo, ou pré-histórico, de cerca de 5 a 
10.000 anos, não conhecia a escrita e seus conhecimentos eram passados oralmente de 
geração a geração. De modo geral, todas as sociedades primitivas viviam de forma totalmente 
integrada à natureza. 
A concepção adotada nessa época admitia que o ser humano era um ser integrado à 
natureza e ao cosmos. Assim, o homem era parte integrante do todo, da natureza, e também 
formado por elementos desse todo. Essa visão explicativa sobre a natureza humana deu origem 
a um sistema de explicações para se compreender o mundo e o próprio homem. 
Essas explicações ou princípios são chamados de pensamentos míticos, cuja 
preocupação é dar uma explicação plausível para a existência de determinado fenômeno. Assim, 
por exemplo, explica-se a origem do universo por mitos sobre Tupã. O pensamento mítico é 
característico do ser humano, e mesmo hoje utilizamos essa forma de pensar quando 
explicamos determinado fenômeno não tendo como base o pensamento lógico científico. 
 
 
 
29 
 
As dramatizações, os rituais, o uso de ervas, plantas e animais eram comuns nessa 
época. Tudo para restabelecer o equilíbrio entre homem x natureza. 
No xamanismo, uma filosofia de vida bastante antiga, que busca o encontro do homem 
com a natureza e com seu próprio mundo interior, as práticas ritualísticas individuais ou 
coletivas, as danças tribais, os sacrifícios, entre outras, eram as formas de tratamento das 
almas, que adoeciam por perderem sua capacidade de integração com a natureza. Nesse 
sentido, surge a arte como elemento de cura. A confecção de bonecos (vodus), o uso da pintura 
corporal e ritualística, a confecção de objetos específicos para as curas ou para uso do doente, 
as músicas e danças, entre outras, são elementos da arte que se associam ao tratamento da 
alma. 
 
FIGURA 8 – XAMANISMO E RITUAIS. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://img.socioambiental.org/d/239479-1/yekuana_10.jpg>. 
Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
Dessa forma, a arte passa a integrar um código ou uma linguagem a serviço das 
necessidades humanas. A arte passa a ser uma forma de expressão do pensamento humano, 
 
 
30 
 
de suas visões de mundo, de seus pensamentos, de sua forma de viver o cotidiano. A pintura, o 
desenho, a escultura (criação de objetos de barro, de madeira, de pedra etc.) passam a ter um 
objetivo não só de expressão, mas também de ações de cura. 
A partir do momento em que o homem domina a escrita, a transmissãodos 
conhecimentos toma outra dimensão bem maior e mais abrangente. O mundo ocidental tem 
como referência do início desse período, chamado de Idade Antiga, o ano 600 a.C., na Grécia. 
“Os primeiros pensadores gregos começaram a questionar a forma de explicação da 
natureza por princípios míticos. Não era mais plausível uma explicação que se baseasse apenas 
em suposições” (Disponível em: <http://www.tesesims.uerj.br/lildbi/docsonline/4/9/294-
Denise_Scofano.pdf> Acesso em: 18 fev. 2009.) 
A partir desse ponto, as coisas deveriam ser explicadas por elas mesmas, isto é, deve-
se explicar a natureza, compreendendo como ela é, a partir de seus próprios elementos. Assim, 
as primeiras explicações sobre o universo versavam sobre sua estrutura e formação. Buscando 
analisar do que as coisas são feitas e como funcionam é que o conhecimento é produzido. A 
esse processo denominou-se pensamento lógico. 
O pensamento lógico deve ser capaz não só de explicar os fenômenos do universo, 
mas também os da própria natureza humana. Pensar, por exemplo, qual é a essência da 
natureza humana. Como podemos nos conhecer? Quais são nossas capacidades? Quais são 
nossas virtudes? Como posso entender a alma humana? 
Para responder a essas questões, os filósofos gregos passam a desenvolver suas 
teorias ou explicações. Platão pesquisou e pensou sobre a natureza transcendente do homem. 
Sócrates questionou a própria essência do ser humano em sua famosa frase: “Conhece-te a ti 
mesmo”, que revela a essência de seu pensamento. Esse período é chamado de 
antropocêntrico. 
 
 
 
 
 
 
31 
 
FIGURA 9 – PLATÃO E SÓCRATES. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/platao/imagens/platao-
15.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2009. 
 
 
A partir desse ponto, a alma é considerada como algo a ser desenvolvido, visto que a 
condição natural do homem é desenvolver-se, e a condição patológica ou de doença seria a 
incapacidade de desenvolvimento da alma. A cura para a alma seria a recuperação da 
capacidade de seu desenvolvimento, e aí a filosofia teria um grande papel. A arte da cura está 
mais para o intelectual do que para as ações materiais. A cura da alma passa a ser dissociada 
da materialidade e da natureza. É preciso entender a alma por meio de sua expressão moral (as 
paixões humanas) e por meio de seu pensamento. Daí surge a ideia de que Sócrates foi o 
primeiro psicoterapeuta, pois começou a usar da indagação, do raciocínio como forma de 
investigação e desenvolvimento da alma humana. 
O conceito sobre alma começa a mudar a partir do domínio do pensamento cristão, já 
a partir dos primeiros séculos até os anos 1200 d.C. aproximadamente. No chamado período 
teocêntrico (Deus é o centro de tudo), todo o conhecimento deve estar sob a perspectiva da 
bíblia. Desse modo, a alma humana é considerada como dissociada do corpo. O corpo é o lugar 
 
 
 
32 
 
do pecado, das imperfeições, do mal. A alma, ou espírito, deve prevalecer sobre o corpo, 
salvando o homem do pecado. 
 
 
FIGURA 10 – ESTUDO DA ALMA 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em:< 
http://2.bp.blogspot.com/_kRAmOGCcIBs/TPHKOm7ZVLI/AAAAAAAAEds/ioBp5Zwu2Yc/s1600/
estudo.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011 
 
 
O tratamento dado para as almas doentes são os exorcismos, privações (jejuns 
alimentares), sacrifícios, sangrias e flagelações, eram as formas mais comuns de busca da cura 
para a alma doente, sempre buscando o fortalecimento do espírito. 
 
http://2.bp.blogspot.com/_kRAmOGCcIBs/TPHKOm7ZVLI/AAAAAAAAEds/ioBp5Zwu2Yc/s1600/estudo.jpg
http://2.bp.blogspot.com/_kRAmOGCcIBs/TPHKOm7ZVLI/AAAAAAAAEds/ioBp5Zwu2Yc/s1600/estudo.jpg
 
 
33 
 
A partir do renascimento e o declínio do período de domínio religioso sobre a ciência e 
a arte, aos poucos as ideias sobre alma começam a se desvincular da religião. O pensamento de 
Descartes foi primordial nesse sentido. Sua frase máxima: “Penso, logo existo”, traduz o sentido 
a ser dado à alma a partir de então. A alma passa a ser considerada como razão. O adoecer 
psíquico passa a significar a perda da razão, e então se reforça o sentido de loucura como 
irracionalidade. 
 
FIGURA 11 – RENASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em:< http://asletrasdo9d.files.wordpress.com/2009/01/homem.jpg>. Acesso 
em: 29 dez. 2011. 
 
 
À medida que as ciências eram retomadas, os estudos sobre a biologia, a medicina e 
engenharia avançavam. Também as bases para uma nova maneira de se pensar o psiquismo 
humano foram se estabelecendo. 
 
 
http://asletrasdo9d.files.wordpress.com/2009/01/homem.jpg
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com o objetivo de se estudar o fenômeno, de como se tem a consciência da 
percepção dos sentidos vão surgir os primeiros psicólogos. Entre eles Wundt, considerado o pai 
da psicologia moderna. Seus estudos em laboratórios específicos deram à psicologia o status de 
ciência autônoma. Assim, aquilo que era considerado a alma, ou psiquismo, passa a ser objeto 
de estudo, agora com o nome de consciência do homem. 
 
FIGURA 12 – WILHELM WUNDT (1832 – 1920). 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em:< http://www.fidnet.com/~weid/wundt.gif>. Acesso em: 29 dez. 2011. 
VOCÊ SABIA? 
O cérebro é reconhecidamente o órgão 
responsável pela coordenação de várias 
atividades corporais, como a visão, 
audição e pensamento. Os novos 
conhecimentos sobre o corpo humano 
deram margem para se pensar em 
fenômenos específicos, tal como a 
memória e a percepção. 
http://www.fidnet.com/~weid/wundt.gif
 
 
35 
 
Os laboratórios de Wundt, implantados na Alemanha em meados do século XIX, foram 
base para a divulgação da psicologia como uma ciência investigativa da consciência humana. 
A emergência do capitalismo, do mecanicismo e do empirismo foram fatores 
coadjuvantes para uma nova compreensão do ser humano. 
A divulgação dos conhecimentos de Wundt começa a alçar a Europa e a América. Na 
Inglaterra, unem-se as influências das descobertas de Darwin (a evolução das espécies), e os 
estudos comparativos sobre as capacidades e habilidades humanas começam a desenvolver-se. 
Cientistas como Galton elaboram estudos sobre a hereditariedade e as diferenças individuais. 
Nos Estados Unidos, no início do século XX, influenciado pelo forte pragmatismo, os 
cientistas buscaram aliar os estudos da natureza humana ao senso de utilidade. Surge então a 
psicologia aplicada. Desse modo, a psicologia vai estabelecendo mais um ramo além da 
investigação e passa a ser uma profissão. Os conhecimentos avançam, os testes psicológicos 
começam a ser aplicados nas empresas, no exército, nas escolas e, por fim, chegam aos 
consultórios. 
Enquanto isso, na Europa, inicia-se a consolidação da psicoterapia por meio das 
descobertas de Freud. Em seus estudos sobre histeria e sonhos, Freud descobre o inconsciente, 
e com isso a comprovação de que nem todos os nossos comportamentos são conscientes e 
racionais, independente de a pessoa ser ou não doente. Todo o ser humano tem um 
inconsciente, sob o qual é construído seu eu ou ego. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
FIGURA 13 – SIGMUND FREUD (1856 – 1939) 
 
FONTE: Disponível em:< 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-
Sigmund_Freud_LIFE.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011 
 
 
Os estudos da psicologia relevam que alguns comportamentos são ditados pelo 
inconsciente e que é possível se ter acesso a ele por meio do processo de análise dos sonhos, 
dos atos falhos e das “piadas” ou chistes. A esse processo Freud denominou de psicanálise. 
O seu seguidor mais brilhante, Carl Jung, começa a aplicar a psicanálise em pacientes 
psicóticos. No entanto, os métodos de Freud não surtem os mesmos efeitos. Jung passa, então, 
a utilizar outras formas de contato com seus pacientes. Ele propõe que eles pintem, desenhem, 
façam esculturas e outros tipos de arte para expressar seus sentimentos. 
Jung, psiquiatra e psicoterapeuta,um dos maiores estudiosos da vida interior e um dos 
precursores da Psicologia Profunda, descobriu que o inconsciente e os conflitos e traumas 
podem ser expressos pela arte. Entre 1907 e 1912, colaborou com Freud a ponto de ter sido 
cogitado pelo mestre Sigmund como seu sucessor. 
 
 
 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-Sigmund_Freud_LIFE.jpg
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/12/Sigmund_Freud_LIFE.jpg/200px-Sigmund_Freud_LIFE.jpg
 
 
37 
 
FIGURA 14 – CARL JUNG (1875 - 1961). 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: Disponível em:< http://3.bp.blogspot.com/_wnK0saHx2JM/TGskT-
BaLDI/AAAAAAAAAHY/j0sNeZtfshA/s1600/karl_yung.jpg>. Acesso em: 29 dez. 2011. 
 
 
Jung revela a função do simbolismo nas artes e nas expressões do inconsciente. 
Identifica que há temas universais comuns a todos os homens, independente de origem, idade 
ou cor. Os arquétipos seriam expressões desses temas, tal como os relacionados às funções de 
mãe (o oceano, por exemplo) e de pai (o sol, por exemplo). 
Jung também passa a investigar os mitos (lembram do pensamento mítico mencionado 
no início do texto) e descobre que eles continuam sendo produzidos por nossas mentes, embora 
recontextualizados. 
 
 
 
 
http://3.bp.blogspot.com/_wnK0saHx2JM/TGskT-BaLDI/AAAAAAAAAHY/j0sNeZtfshA/s1600/karl_yung.jpg
http://3.bp.blogspot.com/_wnK0saHx2JM/TGskT-BaLDI/AAAAAAAAAHY/j0sNeZtfshA/s1600/karl_yung.jpg
 
 
38 
FIGURA 16 – QUADRO SINTÉTICO DAS RAÍZES DA PSICOLOGIA (FREIRE,1998). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: FREIRE, 1998. 
 
 
 
 
 
39 
2.7 IMPORTÂNCIA E UTILIZAÇÃO DA PSICOLOGIA E DA ARTETERAPIA 
 
 
No contexto atual, estamos permeados pela necessidade de agilidade, perfeição, tolerância, 
autoestima, consumo, equilíbrio, sucesso, poder, beleza, bom relacionamento, família. 
Mas será possível em nossa formação humana preencher todos esses requisitos? 
Possivelmente não. Nesse contexto, surge a Psicologia, no sentido de melhorar nossa 
capacidade para tolerar frustrações, melhorando nosso convívio social, nossa capacidade de trabalho e, 
por consequência, nossa autoestima e qualidade de vida. 
As três grandes áreas de atuação da psicologia são: 
 
 
 
 
 
 
Atualmente, entende-se que essas áreas de atuação ramificam-se em atuações mais 
específicas, mas também muito importantes dentro da ação do terapeuta, tais como: psicologia do 
trânsito, psicologia hospitalar, psicologia forense, psicologia comunitária, psicologia do esporte, dentre 
outras. 
Apenas como destaque, pois faz parte da psicologia clínica, é relevante lembrar a psicologia 
de grupo ou dinâmica de grupo, herança da Gestalt e que constitui uma ala de interesse e de grande 
utilização no momento. É uma técnica que é usada para melhorar o relacionamento dos diversos 
membros de um grupo. Serve, também, para facilitar a discussão de problemas nas empresas, nas 
escolas, na família etc., o que, fora de uma dinâmica de grupo, seria difícil e complicado. 
 
 
 
40 
Hoje é comum, nas escolas, nas indústrias e em áreas do comércio, do desporto etc. contar com 
um departamento de psicologia responsável pela aplicação de testes de 
aptidão, pela orientação e ajustamento do grupo. A psicologia está 
presente em todos os ramos da sociedade e tornou-se parte 
integrante e imprescindível da vida moderna. A era do profissionalismo 
trouxe a era da especialização, e os campos de atuação do psicólogo 
são, hoje, mais concretos e específicos. 
A psicologia de hoje se caracteriza pela abertura e 
democratização do seu sistema global, o que gerou a enorme 
diversidade de interesse, de pesquisa, a multiplicidade de correntes, 
compondo um painel de minissistemas. O uso do método científico constitui parte integrante de suas 
atividades, o que comprova sua identidade como ciência. 
 
FIGURA 17 – PSICOTERAPIA EM GRUPO. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.isn.org.br/imagens/terapia_de_grupo.jpg> 
Acesso em: 18 fev. 2009. 
 
 
 
FIQUE LIGADO! 
 
A arteterapia permite atuação em qualquer ramo da 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalhando com arteterapia, muitas descobertas são possíveis, desde a mistura de 
cores até a composição de imagens que comunicam emoções reprimidas ou desconhecidas. A 
alegria de tocar a argila, que materializa objetos e personagens. 
Segundo Philippini (1994), ser arteterapeuta é partilhar do prazer: 
 
Prazer de participar de pontes para aqueles que já não podem ou 
querem falar, pontes frágeis ou sólidas, com fios, arames, madeira ou 
às vezes apenas sonhos... Prazer de ver na metamorfose de velhas 
caixas, o surgimento de cofres, casas, castelos, configurando proteção 
e abrigo de lembranças e desejos. Prazer de ver o nascimento de 
criaturas fantásticas aparecendo de repente, das dobras de um retalho 
 
 
 
42 
ou das muitas sobras do lixo doméstico. Prazer, enfim, de ver surgir o 
novo, a possibilidade, a promessa. No dia a dia, sou observadora 
participante e privilegiada da abertura de novos canais de 
comunicação, que facilitam o acesso do inconsciente, através das 
múltiplas formas de expressão, da experimentação, criação, destruição 
e recriação de diferentes materiais expressivos. (PHILIPPINI, 1994). 
 
Na vida não existem somente prazeres, é claro. Muitas vezes, há problemas, 
desarranjos, frustrações, tristezas, resistências, mas as cores, as imagens disformes também 
comunicam esses afetos. Assim, cabe ao arteterapeuta ajudar o paciente a equilibrar-se entre a 
euforia da alegria e o sofrimento da dor, acreditando que o trabalho terapêutico produtivo resulta 
de muita dedicação, desde a escolha adequada de materiais expressivos até o favorecimento de 
estratégias que favoreçam transformações. 
Philippini (1994) afirma que um processo arteterapêutico bem-sucedido depende da 
harmonia de um complexo conjunto de variáveis que facilitam a descoberta de si mesmo. E para 
isso é necessário não perder de vista que os processos de criação, apesar de singulares, são 
regidos por princípios universais e arquetípicos, e que os materiais expressivos, como veículos 
da criação, possuem propriedades terapêuticas que devem ser conhecidas e respeitadas. 
Desta forma, os recursos de expressão em Arteterapia poderão permitir que 
acontecimentos aprisionados no inconsciente sejam simbolizados e configurados em imagens, 
que possam conduzir à consciência informações desse universo obscuro. A simbologia 
configurada em materialidade leva à compreensão, transformação, estruturação e expansão de 
toda a personalidade do indivíduo criador. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
3 HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA ARTE 
 
 
3.1 IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ARTE 
 
 
Pirâmides egípcias, escorregadores gigantes, cestos de vime, grafite, pintura abstrata, 
esculturas gregas, urinol...?!?!? Tudo isso é arte? Quem diz o que é arte e o que não é? Arte 
grega, arte contemporânea, artesanato, arte popular, arte moderna, arte abstrata... inúmeros 
tipos de expressão que foram evoluindo durante os tempos e hoje fazem parte de nosso 
cotidiano. 
Quando se busca uma definição de “arte”, normalmente o que encontramos é um 
conceito que trata a arte como uma criação humana com valores estéticos, tais como: beleza, 
equilíbrio e harmonia. Entretanto, a arte também tem o poder de vir acrescida de emoções, 
história, sentimentos e cultura. 
Uma das principais características da arte é permitir que o objeto artístico fale por meio 
da nossa imaginação. Assim, não existe arte original e arte falsificada. Não há mentira ou 
verdade em arte, isso porque a arte não tem por objetivo mostrar a realidade como ela é, mas 
como o artista deseja que seja. Portanto, desse conceito nascem os vários tipos de arte. 
A produção artística faz parte de uma necessidade primária do ser humano. O homem 
vê a arte como meio de viver melhor; usa-a para divulgarsuas crenças ou explorar novas formas 
de olhar e interpretar o mundo utilizando sua criatividade e imaginação. 
De acordo com Chauí (2000), as transformações sofridas pelas artes (passando do 
caráter religioso à autonomia da expressão da criatividade) foram de dois tipos. Em primeiro 
lugar, mudanças nos estilos artísticos, passando desde o clássico até o surrealismo. 
Destacando-se as descobertas de novos procedimentos, materiais e técnicas que levam a uma 
concepção do objeto artístico. Em segundo, aparece a determinação social da atividade artística 
(sua finalidade), para que ou para quem era desenvolvida. 
 
 
 
44 
Aprofundando um pouco mais a ideia, vemos que, no mundo atual, a função da arte e 
o seu valor não estão em copiar a realidade, mas sim na representação simbólica que um artista 
faz do mundo humano. 
Portanto, a arte também é uma das maneiras pela qual o ser humano atribui sentido à 
realidade que o cerca, e uma forma de orientação que transforma a experiência em objeto de 
conhecimento, com valor simbólico. 
O homem criou utensílios para facilitar o seu trabalho, como as ferramentas para cavar 
a terra e os talheres para a cozinha, a roda para movimentar-se. E a arte aparece, nesse 
sentido, para que o mundo saiba o que ele pensa, para divulgar as suas crenças e as dos outros, 
para estimular e distrair a si mesmo e aos outros, para explorar novas formas de olhar e 
perceber objetos e cenas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VOCÊ SABIA? 
A arte, principalmente a 
contemporânea, busca a 
desestabilização das verdades 
originárias, a ruptura com os 
princípios bem instalados, 
destruindo as evidências imediatas 
e atordoando as mentes com 
questões como a da realidade e sua 
representação. 
 
 
 
45 
É uma manifestação humana criada com a essência e inspiração de seu momento, isto 
é, das circunstâncias e situações moldadas pelas referências simbólicas da cultura. A arte pode 
ser entendida como um dos modos simbólicos de que o ser humano se utiliza para atribuir 
significados ao mundo, mostrando por meio de um objeto as possibilidades do real. Fala à 
imaginação e, por isso, sua compreensão exige sensibilidade treinada, disponibilidade e 
conhecimento de história geral e de história da arte. 
Para compreendermos as formas de manifestação artística ao longo da evolução 
histórica, vamos percorrer o caminho da arte desde a pré-história até a arte contemporânea no 
sentido de expandir nosso entendimento sobre o universo artístico. Apertem os cintos e BOA 
VIAGEM!!! 
 
 
3.2 A ARTE NO MUNDO 
 
 
A Idade da Pedra Lascada (cerca de 400 mil anos atrás) é o tempo dos homens que 
viviam em cavernas e que viviam da caça, da pesca e da colheita. Nessa época, o homem já 
fazia uso da arte com representação de seu mundo, por meio de registros nas paredes das 
cavernas, o que se denomina por pintura ca. Executadas em recantos escuros e profundos das 
grutas que intrigam os pesquisadores por seu propósito mais complexo que a mera decoração e 
relacionadas ao pensamento mítico. Acredita-se que esteja ligado a rituais realizados com o 
intuito que ajudasse em uma boa caçada. Abaixo podemos observar uma pintura rupestre: 
 
 
 
 
 
 
 
46 
FIGURA 17 – PINTURA RUPESTRE LOCALIZADA NA ESPANHA. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/arte-na-antiguidade/pintura-
rupestre-1.php> Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
Certamente esses povos desconheciam o que hoje chamamos de arte. E para eles, a 
gravação de imagens tais como bizões, cavalos ou touros tinham uma função mágica, ligada a 
um pensamento mítico. 
Um pouco mais além, no Período Paleolítico, destacam-se pequenas estátuas de osso, 
pedra ou marfim em formatos femininos e arredondados, às quais se atribui o título de deusas da 
fertilidade. Um exemplar dessas deusas é a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria; ela 
possui cerca de doze centímetros de altura e deve ter sido produzida entre 25 e 20 mil anos a.C. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
FIGURA 18 – VÊNUS DE WILLENDORF - 25 E 20 MIL ANOS a.C. 
 
 
 
FONTE: Disponível em http: <//www.casaconhecimento.com.br/blog/2008/05/venus-de-
willendorf/> Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
 
Nos moldes das pinturas das Cavernas de Altamira e Lascaux situadas na Europa, no 
Brasil também se encontram inúmeros sítios arqueológicos com pinturas rupestres carregadas 
de significados. Um exemplo marcante é a Serra da Capivara (Piauí). A função dessas obras, 
entretanto, mantém-se a mesma em todo o planeta: tratam de questões mágicas e ritualísticas 
ligadas à preservação da espécie. 
Na Idade Antiga, recebe destaque a arte grega. Dentre as cidades-Estado gregas, 
Atenas tornou-se a mais famosa por sua produção artística. E é na escultura que percebemos 
com mais clareza a evolução estilística do período. Inicialmente rígidas e estáticas, a 
representação tridimensional das figuras humanas dava-se o nome de Kouroi e Kourai, 
denominações que equivalem, respectivamente, às esculturas masculinas e femininas; eram 
rígidas, geometrizadas e remetiam aos padrões da escultura egípcia. Com o transcorrer do 
tempo, essas esculturas foram se tornando mais soltas até atingirem uma ideia de movimento. 
 
 
 
 
48 
FIGURA 20 – ESCULTURA GREGA 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/PRAXIT~1.JPG>. 
Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
 
Na Idade Média, com a ascensão do cristianismo, as obras referiam-se principalmente 
à religião. O que chamamos de período Paleocristão não constitui um estilo no sentido exato do 
termo, mas qualquer obra que precedeu o cisma da Igreja Ortodoxa. 
As primeiras obras de arte descritas desse momento são as pinturas encontradas nas 
catacumbas, local de reunião dos cristãos, cuja principal característica foi registrar os episódios 
do Antigo e do Novo Testamento. A produção de esculturas foi praticamente extinta nesse 
período em razão das proibições (contidas nas escrituras) ao culto de imagens. 
As representações da imagem do rosto de Cristo mostram uma figura com feições 
fortes. Este tipo de representação religiosa é denominado Cristo Pantocrator, ou seja, criador de 
todas as coisas. 
 
 
 
http://www.historiadaarte.com.br/imagens/PRAXIT~1.JPG
 
 
49 
FIGURA 19 – DETALHE DE UM MOSAICO DA IGREJA DE SANTA SOFIA. SÉCULO XIII. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.starnews2001.com.br/bizantino/byzance.html>. 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
 
Na época do Renascimento (Idade Moderna), os pintores e escultores foram finalmente 
elevados à categoria de artistas, espaço antes ocupado basicamente por arquitetos, poetas e 
escritores. Agora, não eram mais considerados artesãos e sendo nomeados pintores e 
escultores podiam opinar sobre questões mais importantes para a sociedade. A Igreja Católica 
continuou seu domínio, mas houve uma ascensão gradativa da nobreza. 
Brotaram de Florença (século XV), berço do Renascimento italiano, muitos artistas 
geniais como: Leonardo da Vinci, Michelangelo, Dante Alighieri, Filippo Brunelleschi, Sandro 
Botticelli, Rafael Sanzio e Nicolau Maquiavel são desse período. Entre as obras mais famosas 
está o “Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli (1446 – 1510), tela que exibe a Vênus 
(Deusa) em pé sobre uma imensa concha, com seus longos cabelos envolvendo o corpo. 
Encomendada por Lourenço de Médici, um mecena (burguês rico que patrocinava o trabalho de 
artistas e escritores) serviu de decoração para sua casa. 
 
 
 
 
50 
O mesmo mecena foi também o patrocinador de Américo Vespucio. Havia um clima 
inovador e uma mudança de espírito (aliada ao dinheiro que vinha da burguesia) que permeava 
o período e permitia que os artistas não reproduzissem apenas os temas bíblicos. 
O valor da obra de Leonardo é indiscutível. Obras como “A Virgem do Rochedo”, 
“Santa Ceia” e, é claro, a “Monalisa” até hoje despertam curiosidade e novas interpretações.Sem dúvida, fazem parte de nossa riqueza cultural. Além da utilização da perspectiva 
geométrica, Da Vinci criou uma técnica conhecida como esfumato, onde o claro e o escuro da 
imagem final é o resultado da sobreposição de inúmeras camadas de tinta bem diluída. À 
geometria das linhas soma-se uma ambientação ímpar, que potencializa a sensação ilusionista 
de profundidade e realidade. 
 
FIGURA 20 – MONALISA. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg>. 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
 
http://www.historiadaarte.com.br/imagens/1monalisa.jpg
 
 
51 
Na Idade Contemporânea, muitos foram os movimentos artísticos, dentre eles: 
Neoclássico (caracterizado pelo retorno ao passado, pela imitação dos modelos antigos greco-
latinos), Realismo (cientificismo, a expressão da realidade e dos aspectos descritivos), 
Impressionismo (destaque para a arte abstrata que tende a suprimir toda a relação entre a 
realidade e o quadro, entre as linhas e os planos, as cores e a significação que esses elementos 
podem sugerir ao espírito), Cubismo (geometrização das formas e volumes, renúncia à 
perspectiva, o claro-escuro perde sua função, representação do volume colorido sobre 
superfícies planas). 
Algumas obras deste período merecem destaque: 
 
FIGURA 21 – NEOCLÁSSICO: A GRANDE ODALISCA DE JEAN-AUGUSTE-DOMINIQUE 
INGRES (1814). 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html> 
Acesso em: 25 fev. 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html
 
 
52 
FIGURA 22 – OBRA DO REALISMO. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html>. 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
FIGURA 23 – OBRA DO IMPRESSIONISMO. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/MONET1.jpg> 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
 
http://www.historiadaarte.com.br/linhadotempo.html
http://www.historiadaarte.com.br/imagens/MONET1.jpg
 
 
53 
FIGURA 24 – OBRA CUBISTA. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/beijo_picasso.jpg> 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
A evolução artística, cultural e social permitiu que a arte trilhasse muitos caminhos, 
dando um pulo gigantesco para a nossa contemporaneidade. Percebemos o quanto a arte, 
atualmente, assume a preocupação de assumir uma expressão crítica do artista com a 
sociedade e com a própria arte. 
Marcel Duchamp, artista bastante polêmico da contemporaneidade, revelou sua 
posição crítica com relação aos grandes salões de arte, com obras um tanto “ousadas”, mas que 
mostram o quanto a arte desligou-se da obrigatoriedade de retratar a realidade externa. O artista 
tenta buscar uma linguagem pessoal, a expressão de seu pensamento. 
 
 
 
 
 
 
http://www.historiadaarte.com.br/imagens/beijo_picasso.jpg
 
 
54 
FIGURA 25 – A FONTE - MARCEL DUCHAMP. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http/digitalphilosophy.wordpress.com/2008/06/08/> 
Acesso em: 24 jan. 2009. 
 
 
FIGURA 26 – RODA DE BICICLETA - MARCEL DUCHAMP. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html> 
Acesso em: 24 jan. 2009. 
 
http://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html
 
 
55 
A obra de Marcel Duchamp é considerada uma “ready-made”, ou seja, uma 
manifestação da intenção em romper com o processo artesanal da produção artística de seu 
tempo, apropriando-se de algo que já está feito, industrializado e que tem finalidade prática e 
não artística (o urinol de louça, a roda de bicicleta, a banqueta) passando esses artigos para a 
categoria de arte. 
Os temas e interesses, formas e conteúdos vão modificando-se ao longo do tempo. 
Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é própria e que jamais se irá renascer. 
A arte contemporânea, no início do século XX, sai dos museus e galerias e deixa de 
ser privilégio das elites para ajudar a humanizar o nosso mundo materialista. É o momento do 
efêmero, que suscita uma atitude de aceitação. 
Nossa sociedade vive uma crise de valores, proveniente da ruptura com os paradigmas 
da modernidade agravada pela globalização econômica e cultural. Uma sociedade que deixa 
bem claro que não existe diferença entre honesto ou traidor, ignorante ou sábio, enganador ou 
generoso. 
A arte, atualmente, propõe um novo olhar sobre a realidade por meio das intervenções 
urbanas. Nesse contexto, recria-se um clima de incertezas, dificuldades e resoluções em que o 
espectador interage com a obra que não finda, mas está em constante renovação. 
Convém lembrar que chamamos de intervenção toda e qualquer atividade artística que 
rompe com o padrão ou a rotina de um determinado ambiente. 
Na contemporaneidade, podemos citar como intervenção urbana o trabalho de 
performance, muito comum em agências de publicidades por ocasião do lançamento de um novo 
produto no mercado, as estátuas vivas, presentes em praças e shoppings, e o grafite, dentre 
outros. Neste último caso, a pintura sai da tela para ocupar espaços alternativos como muros ou 
paredes, prédios, veículos, calçadas, postes, árvores, corpos humanos etc. 
O que vale ressaltar é que a arte contemporânea, produto do homem, procura 
soluções para os nossos problemas mais imediatos. Por isso, afasta-se das questões da 
contemplação e busca uma interação mais efetiva com o observador. 
 
 
 
 
56 
Os movimentos encontrados dentro da arte contemporânea beiram ao infinito, pois a 
cada dia um artista pode criar seu próprio movimento. As transformações parecem dar indício de 
que não estão nem próximas de uma estabilidade. Equilibrar-se nesse mundo é vital, e ter 
critérios de discernimento é fundamental para não cairmos nos perigos do excesso de 
subjetividade do gosto pessoal. Já que as fontes de informação são inesgotáveis, se tivermos 
alguns pontos cardeais poderemos nos situar com menor dificuldade no labirinto da pós-
modernidade. 
Segundo Tavares (2006), ao desenhar nas paredes ou fabricar cestarias e cerâmicas, 
o homem primitivo era impulsionado pelas mesmas questões de sobrevivência que motivaram o 
homem do Renascimento e o do século XX. A arte, então, aparece no mundo humano como 
forma de organização, como modo de transformar a experiência vivida em objeto de 
conhecimento que se desvela por meio de sentimentos, percepções e imaginação. Assim, ela 
abarca um tipo de conhecimento a partir de universos sensíveis e ideais da apreensão humana 
da realidade. 
 
 
3.3 ARTE NO BRASIL 
 
 
A arte das inúmeras tribos indígenas destaca-se na cerâmica, trançados, a arte 
plumária e a pintura corporal. Esta é uma arte diferente, pois não está necessariamente 
associada a algum fim utilitário, mas apenas à pura busca da beleza. 
Sabemos que com a chegada dos colonizadores europeus, mais especificamente dos 
portugueses, muitas tribos foram dizimadas. Grande parte da história dos povos indígenas 
perdeu-se. A busca por riquezas na terra de Santa Cruz, com características extrativistas, não 
via com bons olhos os selvagens nativos. O processo de catequização tentava amenizar o 
suicídio cometido em massa pelos índios que preferiam a morte à escravidão. Não apenas uma, 
mas diversas culturas desapareceram. 
 
 
 
57 
FIGURA 27 – CESTOS E ÍNDIOS. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.historiadaarte.com.br/imagens/xavantes.jpgres> 
Acesso em: 12 fev. 2009. 
 
A arte é influenciada pelo desenvolvimento da sociedade, e a prova disso é que se 
examinarmos o contexto histórico de um país ou de uma época, este é permeado pelas 
descrições e informações trazidas pela arte e pelos artistas. Grande parte da história é escrita 
baseada nos elementos artísticos. Como exemplo, pode-se citar o artista francês Jean Baptiste 
Debret, o qual retratou em suas obras as aclamações a Dom Pedro I, a vida indígena no Brasil e 
os vários momentos históricos do império. Vejamos a seguir uma de suas obras,que retrata a 
escravidão pela qual foram vítimas os indígenas que aqui habitavam na chegada dos 
colonizadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
FIGURA 28 – “O CAÇADOR DE ESCRAVOS” - JEAN BAPTISTE. 
 
 
FONTE: Disponível em: <Debrethttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jean_baptiste_debret_-
_ca%C3%A7ador_escravos.jpg> Acesso em: 23 jan. 2009. 
 
 
Manuel da Costa Ataíde foi o maior vulto da pintura colonial brasileira. Foi autor de 
uma extensa obra, mas o teto da Igreja de São Francisco de Assis é seu trabalho mais 
reconhecido. Mulato, como a maior parte dos artistas brasileiros do período, volta-se com mais 
atenção para a execução do que para a criação. Inova, entretanto, nos modelos compositivos e 
na fisionomia das personagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
59 
FIGURA 29 – TETO DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS PINTADO POR MANUEL DA 
COSTA ATAÍDE. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/> 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
 
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi o artista brasileiro que despertou o maior 
interesse por estudiosos internacionais, e é o único brasileiro a integrar o panorama da história 
internacional das artes do período. 
Seu reconhecimento hoje é indiscutível e suas obras determinam o circuito turístico 
cultural de Minas Gerais. A singularidade de sua extensa produção abrange a relação entre a 
arquitetura e a escultura, num consciente desenvolvimento de uma arte expressiva. Tanto na 
pedra-sabão, como na madeira policromada, a sensibilidade de seu gesto é, ao mesmo tempo, 
delicada e dramática. O prazer estético advindo da observação de suas peças sobrepõe-se às 
questões temáticas e narrativas das esculturas. Os detalhes do portal da Igreja de São Francisco 
de Assis na cidade de São João del Rei são dignos de uma atenta observação. Sua afirmação 
como escultor, entretanto, está no extraordinário conjunto de Congonhas do Campo (1796 a 
1805), onde as cenas dos Passos e dos Profetas estruturam um espaço que contextualiza a 
religiosidade tradicional e as questões políticas da época. 
 
 
 
60 
FIGURA 30 – ESCULTURA DE ANTÔNIO FRANCISCO LISBOA, O ALEIJADINHO. 
 
 
 
FONTE: Disponível em http: <//www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/> 
Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
Dentro do movimento modernista, Tarsila, chama a atenção para os elementos da 
natureza, principalmente os ligados ao sertanejo, à região Nordeste do País, valorizando assim a 
cultura nordestina. A religião também é um tema bastante apreciado pela artista. A obra 
“Procissão” chama a atenção pela magnitude (sete metros de comprimento) e traz, de forma 
caprichosa e autêntica, inúmeros detalhes da fé nacional. A artista traduz com perfeição a arte 
aprendida em Paris para a nação brasileira e traz novas tendências para a arte nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.literaturabrasileira.net/site/content/view/19/35/
 
 
61 
FIGURA 31 – ABAPURU (1928) – ÓLEO/TELA DE TARSILA DO AMARAL. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http//www.tarsiladoamaral.com.br/obras2> Acesso em: 13 fev. 2009. 
 
Essa obra foi realizada para presentear Oswald de Andrade (marido de Tarsila nessa época). O 
quadro acabou virando marco do movimento Antropófago no Brasil, pois a figura estranha fez Tarsila 
lembrar de um verbete Tupi-Guarani “Abapuru”, ou, na sua tradução, “Homem que come”. Esse 
episódio marcou o início da determinação artística de digerir a cultura europeia e transformá-la 
em algo originalmente brasileiro. 
Outros artistas modernistas brasileiros significaram muito para a evolução da arte 
brasileira. Algumas de suas obras são abaixo ilustradas: 
 
 
 
 
62 
FIGURA 32 – CAIPIRA PICANDO FUMO DE ALMEIDA JÚNIOR. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overblog/saudade-almeida-junior> 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
FIGURA 33 – O MORRO DE HEITOR DOS PRAZERES. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/brasil.htm>. Acesso em: 14 fev. 
2009. 
 
 
 
http://www.pitoresco.com.br/brasil/brasil.htm
http://www.overmundo.com.br/_overblog/multiplas/1177554530_003_02_
 
 
63 
FIGURA 34 – BANDEIRINHAS DE ALFREDO VOLPI 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.bolsadearte.com/cotacoes/volpi.htm>. Acesso em: 14 fev. 
2009. 
 
FIGURA 35 – JOGO DE CARRETÉIS II DE IBERÊ CAMARGO. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/ibere/ibere.htm> 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
 
64 
FIGURA 36 – RETIRANTES, DE CÂNDIDO PORTINARI. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/portinari/portinari.htm>. 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
FIGURA 37 – MURAL, DE DI CAVALCANTI, PROJETADO EM 1954. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.pitoresco.com.br/brasil/cavalcanti/cavalcanti.htm>. 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
 
65 
FIGURA 38 – A BOBA, DE ANITA MALFATI. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/biografias/anitamalfatti/galeria/. 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
FIGURA 39 – MONUMENTO ÀS BANDEIRAS DO ESCULTOR VICTOR BRECHERET 
INSTALADO NA PRAÇA ARMANDO SALLES DE OLIVEIRA, 
NO IBIRAPUERA. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.sampa.art.br/historia/monumentoasbandeiras/>. 
Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
http://www.sampa.art.br/bairros/ibirapuera/
 
 
66 
FIGURA 40– PAINEL DE POTY LAZZAROTTO NO CENTRO DE CURITIBA. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/guia/a-arte-ao-ar-livre> 
Acesso em: 16 fev. 2009. 
 
 
Uma síntese da arte contemporânea brasileira pode deixar alguns leitores perplexos 
com aquilo que chama hoje de arte. Permeada de inquietude e desconcerto (proveniente muitas 
vezes da incompreensão), o telespectador pode achar que está sendo enganado ou mesmo 
insultado por essa arte. 
Na verdade, como sustenta Farias (2002), a arte contemporânea nasce como resposta 
ao esgotamento desse ensimesmamento da arte com as modalidades canônicas – pintura e 
escultura – explorando-se, investigando suas naturezas até o avesso. Entre os índices – e são 
tantos! – desse esgotamento, figuram desde o retorno de questões e fórmulas antes vistas como 
ultrapassadas – a pintura e a escultura figurativas, de conteúdo político, mitológico etc. – até o 
florescimento de expressões híbridas, quando não inteiramente novas, como as obras que 
oscilavam entre a pintura e a escultura, os happenings e as performances, as obras que exigiam 
a participação do público, as instalações, a arte ambiental etc. 
 
 
 
67 
Alguns artistas brasileiros e contemporâneos: 
 
FIGURA 41 – ZERO DOLLAR, DE CILDO MEIRELES. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.escritoriodearte.com/listarQuadros.asp?artista=245> 
Acesso em: 16 fev. 2009. 
 
FIGURA 42 – SEM TÍTULO (1986), DE NUNO RAMOS. 
 
 
FONTE: Disponível em: 
<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_critic
as&cd_verbete=2916&cd_item=15&cd_idioma=28555>. Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
 
68 
FIGURA 43 – DANIEL SENISE. 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.tecepe.com.br/bienal/>. Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
FIGURA 44 – RETRATO 2002, DE LEDA CATUNDA. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://fortesvilaca.com.br/exposicoes/2002/12-leda-catunda/foto-
1.html>. Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
http://www.tecepe.com.br/bienal/
 
 
69 
Ainda sobre a arte contemporânea, a 28ª Bienal de São Paulo (dezembro/2008) é um 
modelo do que a arte sugere para a atualidade. Na foto abaixo, você pode perceber a magnitude 
da obra, a qual pretende que o visitante possa interagir com a produção artística. 
 
FIGURA 45 – ESCORREGADOR, DO ARTISTA CARSTEN HÖLLER. 
 
 
 
FONTE: Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/bienal-de-arte-2008/?ft=bienal-de-arte-
carsten-holler>. Acesso em: 14 fev. 2009. 
 
 
Farias (2002) faz um retrospecto do que seria a passagem da arte moderna para a arte 
contemporânea: 
 
Primeiro foi o futurismo, e hoje

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