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Capítulo 1 Problemas Resolvidos 1.1 Momento angular e torque 1. (a) A partir do instante em que o fio fica esticado, passa a existir uma força externa não nula sobre a partícula, de modo que seu momento linear não é conservado durante o movimento. No entanto, como essa força aponta sempre para o pontoO, o momento angular da partícula relativo a esse ponto é conservado durante todo o movimento. b O ~v0 ℓ ~T Já a energia mecânica depois de o fio esticar é menor do que antes, uma vez que a energia cinética diminui quando o fio se estica. É como se tivesse ocorrido um choque inelástico, no qual desapareceu a componente radial da velocidade da partícula (tomando como origem o ponto O). Essa diminuição na energia cinética da partícula pode ser verificada facilmente usando-se a conservação de seu momento angular, como ficará evidente no próximo item. (b) Lembrando a definição de momento angular (~L = ~r ×m~v) e usando o fato de que 1.1 Momento angular e torque 2 essa é uma quantidade conservada nesse problema, temos ( ~r ×m~v ) Antes = ( ~r ×m~v ) Depois =⇒ mv0 b = mℓv , (1.1) onde v é o módulo da velocidade da partícula a partir do instante em que começa a executar um movimento circular uniforme. Temos, então, v = v0 b ℓ (1.2) Conseqüentemente, o período é dado por T = 2 π l v = 2 π l2 v0 b . (1.3) 1.1 Momento angular e torque 3 2. (a) Escolhendo a origem no ponto de lançamento do projétil, a sua função-movimento e a sua função-velocidade, supondo que sua velocidade inicial seja ~v0, são dadas, respectivamente, por ~r = ~v0t+ 1 2 ~gt2 e ~v = ~v0 + ~gt . (1.4) Usando a definição de momento angular, ~L = ~r×m~v, a distributividade do produto vetorial em relação à soma e a antissimetria do produto vetorial,obtemos ~L = m ( ~v0t+ 1 2 ~gt2 ) × (~v0 + ~gt) = m ( ~v0 × ~gt2 + 1 2 ~g × ~v0t2 ) = mt2 ( ~v0 × ~gt2 − 1 2 ~v0 × ~g ) = 1 2 m(~v0 × ~g)t2 . (1.5) (b) Como a força resultante sobre o projétil é apenas o seu peso m~g, da definição de torque ~τ = ~r × ~F , vemos que o torque total sobre o projétil é dado por ~τ = ( ~v0t+ 1 2 ~gt2 ) ×m~g = m(~v0 × ~g)t . (1.6) (c) O Teorema do Momento Angular e Torque afirma que ~τ = d~L/dt. Calculemos, pois, a taxa de variação temporal de ~L. Da equação (1.5), temos d~L dt = d dt { 1 2 m(~v0 × ~g)t2 } = m(~v0 × ~g)t . (1.7) Comparando as duas últimas equações vemos, imediatamente, que d~L/dt = ~τ . (d) A taxa temporal da área varrida pelo vetor-posição do projétil é dada, como vimos no problema anterior, por dA/dt = |~L|/(2m). Uma vez que |~L| não é constante, tampouco dA/dt será constante. 3. Para que possamos relembrar a situação física do problema em consideração e relem- brar a localização dos pontos relevantes para a sua solução, repetimos abaixo a figura do enunciado: 1.1 Momento angular e torque 4 R Q m h O X Y Z (a) Da definição de momento angular relativo a um ponto base, temos ~LO = mR[cos(ωt) ıˆ+ sen(ωt) ˆ]×R[−ωsen(ωt) ıˆ+ ω cos(ωt) ˆ] = mωR2[cos2(ωt) + sen2(ωt)] kˆ = mωR2 kˆ . (1.8) (b) Denotando por ~TH e ~TV as respectivas componentes horizontal e vertical da tensão ~T do fio, temos ~TV + m~g = 0, isto é, as soma das forças verticais é nula, pois não há movimento na direção vertical. Conseqüentemente, a força resultante é ~TH , que aponta para O e, portanto, tem torque nulo relativo a O , isto é, ~τO = ~0 . Com isso, obtemos: d~LO/dt = d(mR2 kˆ)/dt = ~0 = ~τO , de acordo com o Teorema do Momento Angular e Torque. (c) Tomando, agora, o ponto Q como ponto base, temos ~LQ = m(~r − ~rQ)× ~v, ou seja, ~LQ = ~LO −m~rQ × ~v. Conseqüentemente, obtemos ~LQ = ~LO −mhkˆ ×R[−ωsen(ωt) iˆ+ ω cos(ωt) jˆ] = mhRω cos(ωt) iˆ+mhRωsen(ωt) jˆ +mR2ωkˆ . (1.9) (d) O torque relativo ao ponto base Q é dado por ~τQ = (~r − ~rQ)× (~T +m~g) = (~r − ~rQ)× ~T + (~r − ~rQ)×m~g) . (1.10) Mas ~r − ~rQ e ~T têm produto vetorial nulo, pois são vetores paralelos, na direção do fio; portanto, temos, ~τQ = (~r − ~rQ)×m~g 1.1 Momento angular e torque 5 = ( R cos(ωt) ıˆ+Rsen(ωt) ˆ]− hkˆ ) × (−mgkˆ) = −mRgsen(ωt) ıˆ+mRg cos(ωt) ˆ , (1.11) Agora, derivando em relação ao tempo o momento angular relativo ao mesmo ponto Q, calculado no item anterior, obtemos d~LQ dt = −mRhω2sen(ωt) ıˆ+mRhω2 cos(ωt) ˆ . (1.12) Em contrapartida, pela Segunda Lei de Newton, temos as equações mω2R = TH = T senθ e TV = T cos θ = mg , (1.13) onde θ é o ângulo que o fio faz com a vertical, como indica a figura abaixo. m m~g ~T ~TH ~TV O R Q h θ θ Portanto, vemos que mω2R mg = T senθ T cos θ =⇒ ω 2R g = tgθ . (1.14) Mas tgθ = R/h; logo: ω2R/g = R/h, isto é, hω2 = g. Usando esse resultado em (1.12), obtemos d~LQ/dt = −mRgsen(ωt) ıˆ + mRg cos(ωt) ˆ. Comparando essa expressão com a do torque, dada em (1.10), concluímos que d~LQ/dt = ~τQ . 1.1 Momento angular e torque 6 4. (a) O satélite está sob a ação apenas da força gravitacional, que é conservativa e tem energia potencial U(r) = −GmM/r, na qual r é a distância do satélite ao centro da Terra. A energia mecânica do satélite é conservada e dada por E = mv2/2 − GmM/r. Mas o satélite está em orbita circular de raio r e, pela Segunda Lei de Newton, mv2/r = GmM/r2, em que temos no membro direito o módulo da força gravitacional sobre o satélite. Dessa expressão da Segunda Lei obtemos a relação mv2 = GmM/r que, usada na fórmula da energia, nos dá E = 1 2 mv2 −GmM r = 1 2 G mM r −GmM r , isto é, E = −1 2 G mM r . (1.15) O módulo do momento angular do satélite é dado por L = rmv. Mas da Segunda lei de Newton, mv2/r = GmM/r2, temos v = √ GM/r; logo L = rm √ GM/r, ou seja L = √ Gm2Mr . (1.16) (b) De acordo com (1.15) e (1.16), se o satélite passa da órbita de raio r para a de raio 2r, os novos valores da energia e do momento angular são dados por E ′ = −1 2 G mM 2r e L ′ = √ Gm2M2r . (1.17) Portanto, temos E ′ E = [−GmM/(4r)] [−GmM/(2r)] = 1/2 (1.18) e, também, L ′ L = √ Gm2M2r√ Gm2Mr = √ 2. (1.19) 5. (a) A energia mecânica da partícula se conserva pois a única força que atua sobre ela, a força gravitacional exercida pela partícula que se encontra fixa na origem, é con- servativa. O momento angular da partícula é definido por ~L = m~r × ~v. A taxa de variação temporal de ~L é dada por d~L/dt = ~r × ~F , onde ~F é a força total sobre a partícula, no caso, a força gravitacional que age sobre ela. Como essa força é 1.1 Momento angular e torque 7 central, ~F e ~r são vetores paralelos e, conseqüentemente, ~r× ~F = d~L/dt = ~0. Por- tanto, concluímos que, assim como a sua energia mecânica, o seu momento angular ~L também é uma constante de movimento. (b) Como E e ~L são constante de movimento, podemos escrever EA = EP e ~LA = ~LP , onde os sub-índices A e P significam que a quantidade em estudo está avaliada nos pontosA e P , respectivamente. Como o movimento é plano, basta utilizar o módulo do momento angular. Das expressões de E e ~L, temos: 1 2 mv2A − GMm rA = 1 2 mv2P − GMm rP (1.20) mrAvA = mrPvP . (1.21) Nossa estratégia será expressar vA em termos de rA e rP (poderíamos fazer o mesmo com vP ). De (1.21) temos vP = (rA/rP )vA, resultado que substituído em (1.20) nos fornece 1 2 m [ 1− ( rA rP )2] v2A = GMm ( 1 rA − 1 rP ) , ou seja, 1 2 m ( r2P − r2A r2P ) v2A = GMm ( rP − rA rArP ) . Lembrando que r2P − r2A = (rP + rA)(rP − rA) e fazendo as simplificações apropri- adas na equação anterior, obtemos 1 2 mv2A = rP rA GMm (rA + rP ) . (1.22) 1.1 Momento angulare torque 8 Finalmente, com esse resultado, podemos expressar a energia mecânica da partícula no ponto A na forma EA = 1 2 mv2A − GMm rA = rP rA GMm (rA + rP ) − GMm rA = GMm rA [ rP − rA − rP rA + rP ] , ou seja, E = − GMm rA + rP = −GMm 2a , onde 2a é o semi-eixo maior da trajetória elíptica da partícula. Esse é um resul- tado bastante interessante pois mostra que duas órbitas diferentes, mas de mesmo semi-eixo maior, têm necessariamente a mesma energia. Tais órbitas são chamadas degeneradas. Na figura a seguir desenhamos três órbitas degeneradas entre si, isto é, todas elas associadas à mesma energia mecânica, uma circular e duas elípticas. Pode-se mostrar, ainda, que todas essas órbitas possuem o mesmo período, uma vez que pela Terceira Lei de Kepler temos τ 2/a3 = 4π2/(GM), onde G é a constante da gravitação universal eM é a massa do Sol. C 2a 2a 2a 1.1 Momento angular e torque 9 6. (a) Ao se darem as mãos, cada patinador sente uma força, causada pelo outro, que é do tipo central. Vimos que forças centrais não alteram o momento angular de uma partícula. Então, o momento angular de cada patinador em relação ao CM do conjunto não é alterado após o seu encontro. Antes do encontro, o momento angular total do sistema em relação ao CM é ~L = m~v × ~r +m(−~v)× (−~r) = 2mv0 r 2 kˆ = mv0rkˆ (1.23) O momento angular após o encontro dos patinadores é igual a antes do encontro: ~L = mv0rkˆ = I~ω, (1.24) onde I = m(r/2)2+m(r/2)2 = mr2/2 é o momento de inércia do sistema dos dois patinadores em relação ao seu centro de massa. Portanto, mv0r = mr2 2 ω =⇒ ω = 2v0 r (1.25) (b) Caso a distância entre os patinadores diminua, seu momento de inércia relativo ao CM também irá diminuir: I ′ = m (r 4 )2 +m (r 4 )2 = mr2 8 (1.26) Além disso, a força que os patinadores devem fazer para se aproximarem também deve ser do tipo central, ou seja, seu momento angular continua o mesmo. Daí, mv0r = mr2 8 ω′ =⇒ ω′ = 8v0 r (1.27)
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