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Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
DISCIPLINA: PSICOLOGIA SOCIAL
ACADÊMICOS:
EUZANA GOMES FARIA – RA 414377
MARJORIE CONCEÇAO ANJOS DA SILVA FEIJÓ – RA 406429
VÂNIA PENA MUNIZ - RA 422424
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
PROFESSORA: HELENROSE A. DA S. PEDROSO COELHO
Macaé– RJ
26 DE ABRIL DE 2014
Introdução
 O presente relato tem como objetivo a construção de uma fundamentação teórica - prática sobre os conceitos de humilhação social, invisibilidade pública, abordando o sofrimento psíquico enfrentado pelos sujeitos socialmente excluídos, especialmente aqueles que desenvolvem atividades consideradas desqualificadas.
Conceito de Humilhação Social
É definido como um rebaixamento moral trata-se da intenção de tornar inferior de diminuir.
A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Podemos considerar como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes, que é ao mesmo tempo um fenômeno psicológico e político.
Humilhação Social – um problema político em psicologia
A pessoa em situação de humilhação é impedida de exercer a sua humanidade. É notório nestas pessoas a situação de humilhação, conseguimos identificar essa situação por seus gestos, sua postura corporal, sua voz, sua tentativa de ficar imperceptível em tudo o que lhe envolve socialmente.
No artigo estudado: Humilhação Social – um problema político em psicologia é possível destacar alguns tipos de humilhação social:
Moradores de bairros pobres, sem condições de uma moradia melhor;
Alimentação digna para essas pessoas, chegando a faltar inclusive as panelas para que se possa fazer o alimento,quando este não os falta.
Crianças sem educação seja falta de escolas ou mesmo de materiais como cadernos e livros.
Não inclusão em atividades de lazer e cultura.
Os cidadãos impedidos são aqueles trabalhadores pobres, encontrados em ambientes urbanos, que revelam facilmente seu caráter excludente, explosivo. São os subalternos, a serviço dos que despendem dinheiro e ordens. São os faxineiros, lanterninhas, bilheteiros de cinema ou teatro, que não assistem ao filme, sequer imaginam o espetáculo.
Ou também o trabalhador que não aceita a realidade. Ele tem direitos, ele sabe disso, ele trabalhou, ele pode fazer coisas, como sair para jantar fora, por exemplo, mas, ele não se dá o direito de estar naquele lugar diferente por sua condição de pobre.
O trabalhador impedido, entrevistado no texto, um frentista, cita exemplo de pessoas que vão tentar a vida em outras cidades e lá se deparam com a difícil barreira de viver longe do apoio familiar, e se não trabalha não tem dinheiro para manter-se e para sua alimentação. 
Os ambientes de diversão, para os pobres, revelam facilmente o seu caráter excludente. Para o que se beneficia de privilégios, pode não ser perceptível. Para o humilhado, carregam um sofrimento político corrosivo: são espaços imantados pelo poder de segregar, pelo poder de sempre atualizar a desigualdade de classes. 
Outra situação situação comum e que presenciamos em nosso cotidiano é a empregada doméstica quando chega em seu trabalho e tem que entrar pela porta do fundos, em companhia de seu filho, o constrangimento que ela passa diante dessa situação,e ainda a reprodução dessa exclusão é “passada” para o seu filho.
Quando se diz que é normal um tratamento diferenciado, o excluído demonstra não ter consciência muito clara da desigualdade social, que para ele está vinculada à educação moral e familiar. Essa ideologia oculta também o sentimento de desenraizamento, que é resultado da desigualdade social.
A humilhação é uma angústia que se dispara a partir do enigma da desigualdade de classes. Angústia que os pobres conhecem bem e que, entre eles, inscreve-se no núcleo de sua submissão. Os pobres sofrem freqüentemente o impacto dos maus tratos. Psicologicamente, sofrem continuamente o impacto de uma mensagem estranha, misteriosa: "vocês são inferiores". E, o que é profundamente grave: a mensagem passa a ser esperada, mesmo nas circunstâncias em que, para nós outros, observadores externos, não pareceria razoável esperá-la. Para os pobres, a humilhação ou é uma realidade em ato ou é freqüentemente sentida como uma realidade iminente, sempre a espreitar-lhes, onde quer que estejam, com quem quer que estejam. O sentimento de não possuírem direitos, de parecerem desprezíveis e repugnantes, se torna compulsivo: movem-se e falam, quando falam, como seres que ninguém vê. 
São muitos os lados por onde o pobre é golpeado. Nada mais é alarmante do que o sentimento de não possuir direitos.
O sentimento da dignidade parece desfeito. Deixa de ser espontâneo. É preciso um esforço de atenção para conservá-lo.
A pessoa excessivamente visível não pode aparecer naquilo que dela faz apenas uma aparência.
É preciso ver a pessoa além de sua vestimenta. Ver o seu interior.
A desigualdade e a invisibilidade social na formação da sociedade brasileira
Conceito de classes sociais dominantes e dominados
Classes sociais são grandes grupos sociais definidos por sua inserção nas relações fundamentais de produção dentro de um sistema econômico e social particular. Duas classes básicas existem no capitalismo: a classe dominante, que controla o Estado e se apropria do excedente econômico na forma de lucros e juros, e a classe trabalhadora. Essas duas classes são definidas pelo papel que desempenham na produção, resultado direto da divisão social do trabalho. 
Analise do texto 
O objetivo central é analisar a desigualdade social e conseqüentemente, a invisibilidade social.
O artigo científico proposto nos sugere novas considerações e análises sobre o tema da desigualdade discutido pelos autores do artigo o psicólogo Fernando Braga da Costa, e Jessé Souza,sociólogo. Faz uma interlocução entre a sociologia e a psicologia para que, através de um processo metodológico, possam ser questionados sob uma nova ótica, razões do porque na sociedade brasileira existe a desigualdade e da invisibilidade social.
É mencionado que socialmente, os temas são discutidos de uma maneira naturalizada do problema por outros autores bem destacados no meio. E basicamente o que é mencionado são as críticas a esta maneira de se analisar os casos, que foram encobertos pela desigualdade historicamente construída na sociedade brasileira.
Todas as idéia discutidas visam dar uma explicação lógica e crítica a situação de desigualdade, e o ponto central entre elas é falar sobre modernidade periférica e as características da modernidade.
Foi mencionado que as práticas modernas são anteriores às idéias modernas. Podendo assim dizer que o Brasil se moderniza de fora para dentro. O que moderniza o país até hoje é ainda a adoção de práticas burguesas do século XIX e não a atitude nem o comportamento modernizador. Portanto a desigualdade deriva da modernização periférica.
Isso se dá de maneira velada, camuflada. Como exemplo, podemos citar a época de independência do Brasil e a abolição da escravatura, que aconteceram de maneira moderna, mas não acompanhou a mentalidade da época. Fortalecendo a desigualdade social.
O autor Fernando Braga da Costa realiza uma pesquisa de campo em que convive com um grupo de garis e passa pela experiência de como se sente efetivamente um gari quando coloca o seu uniforme. O autor da pesquisa veste-se de gari e anda pela universidade acreditando que seria reconhecido e até mesmo questionado sobre o motivo de estar com aquele uniforme. Mas o que ele identifica é que ao colocar o uniforme de gari ele tornou-se invisível aos olhos das pessoas que transitavam na universidade. Pessoas que ele conhecia de seu dia-a-dia não o conheciam mais pelo simples motivo de ele estar com uma roupa que o classificava como inferior. Fazendo com que ele percebesse efetivamente o que ocorre no cotidiano de profissões como a de gari ou qualquer outra que seja consideradainferior, sendo assim um indivíduo invisível socialmente.
Fernando Braga demonstra em seu trabalho como para a maioria da população, estas profissões de pouca qualificação e mal remuneradas, são desrespeitadas e quase imperceptíveis.
O homem só é reconhecido quando se faz trabalhador, quando contribui para a previdência, ou seja, para o Estado. Neste caso, ele tem direito de acesso às políticas de seguridade social.
A invisibilidade pública seria um fenômeno psicossocial, quando um homem desaparece entre outros homens. Essa invisibilidade seria resultado de todo um processo de humilhação social, que foi construído durantes muitos séculos e sempre presente no cotidiano dos indivíduos das classes pobres.
Se ainda existe a humilhação e a invisibilidade pública em nossa sociedade é devido ao fato de haver um interesse ao redor da manutenção desse sistema. Um jogo de classes que retifica esta cegueira e tenta naturalizar este processo.
A desigualdade é vista pela sociedade como algo normal, e para determinados indivíduos é obtida socialmente, onde as divisões de classes são determinadas pela classe financeira, questões sociais e políticas. A sociedade se afasta da igualdade, onde existe o superior submetendo-se a mandar, a exploração do trabalho alheio, no qual se depara o trabalho das classes pobres, na política são excluídos de qualquer ato ou decisões governamentais, onde é necessário suportar a brutalidade humana. 
Desigualdade social e a pobreza são problemas sociais que afetam a maioria dos países na atualidade. A pobreza existe em todos os países, pobres e ricos, mas a desigualdade social é um fenômeno que ocorre principalmente em países não desenvolvidos como o Brasil. O conceito de desigualdade social, no texto abordou de diversas formas incluindo desde a desigualdade de oportunidade, resultado, até desigualdade de escolaridade, renda e gênero. De modo geral a desigualdade econômica é a mais conhecida, é chamada imprecisamente de desigualdade social.
 A invisibilidade caracteriza a vida de pessoas na sociedade, que deixam de ser vistos como pessoas e passam a ser tratada como objetos, sua subjetividade é totalmente ignorada e mais do que isso, a própria humanidade dessas pessoas deixa de ser reconhecida. 
Essa invisibilidade social tem sido aplicada em geral, quando se refere a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença, seja pelo preconceito, o que nos leva a compreender que tal fenômeno atinge somente aqueles que estão à margem da sociedade.
A origem da invisibilidade social advém da crença na menos valia e de que o outro é uma ferramenta para ser usada. O homem não é visto como um ser que tem sentimentos, pensa, realiza, exerce seu poder como fator decisivo em realidades menores e maiores no contexto pessoal, familiar, social, mundial, universal, ecológico e quântico. 
 A invisibilidade seria o resultado do processo de humilhação, construídos durante séculos e 
sempre determinante no cotidiano dos indivíduos das classes.
 Fernando Braga mostra em seu trabalho como para a maioria da população, estas profissões de pouca qualificação e mal remuneradas, são desrespeitadas e quase imperceptíveis. 
 Essa invisibilidade atende um propósito: mascarar as feridas de quem acha que não tem nada a ver com a história, “eu olho mas não te vejo”.Ao longo dos anos, em parte por conta da pressa constante que temos, em parte por causa dos problemas que essa pressa  gera em nossas mentes, ou ainda por conta dos medos reforçados pelos noticiários de constante violência, temos criado uma nova sociedade: a sociedade dos invisíveis.Não só não vemos realmente as pessoas ao nosso redor como, por muitas vezes, nos recobrimos com um pseudo manto de invisibilidade e torcemos para que passemos despercebidos em meio à multidão.Claro que nos desviamos de outras pessoas, como se nos desviássemos de um poste
 ou qualquer outro obstáculo. 
 Utilizamos os elevadores de nossos prédios os dos locais de trabalho e permanecemos mudos, no máximo balbuciando o andar para onde nos dirigimos. 
Passamos dias,meses,anos,encontrando as mesmas pessoas nesses elevadores e sequer sabemos seus nomes.Vamos a postos de gasolinas de nossa preferência e sequer prestamos a atenção no rosto do frentista.
Se andamos de ônibus, sequer olhamos para o rosto do motorista, a não ser que precisemos de alguma informação. Passamos pelo cobrador como se ele fosse um robô sem vida própria. 
 Vamos ao mercado, pegamos o que precisamos, dirigimo-nos aos caixas e nos limitamos apenas a tirar nosso dinheiro ou cartão das carteiras e pagar, como se aquela pessoa que esta ali a nos atender fosse indigna de um pequeno diálogo qualquer. 
Salas de espera de médicos, dentistas, veterinários ou qualquer coisa semelhante, são hoje ambientes pra lá se sufocantes. As pessoas se ocupam de olhar para a TV quando ela existe, ou folhear velhas revistas deixadas sobre a mesa de centro. Agimos como se o fato de conversarmos com a pessoa ao lado fosse piorar a nossa situação. 
 Volta e meia, as pessoas, já tão acostumadas a esse manto de invisibilidade, parecem assustadas se alguém inicia um diálogo com elas. Podemos dizer que essa invisibilidade não é privilégio dos grandes centros, mas uma espécie de “cultura” que está se tornando cada vez mais comum. 
A desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas ultimas décadas, como 
decorrência do efetivo processo de modernização que tomou o país. 
Junto com o próprio desenvolvimento econômico, cresceu também a miséria, as disparidades sociais, educação, renda, saúde, e a flagrante concentração de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a desnutrição e a mortalidade infantil. 
 A sociedade brasileira deve perceber que sem um efetivo Estado democrático, não há como combater ou mesmo reduzir significativamente a desigualdade social no Brasil.
Homens Invisíveis: relatos de uma humilhação social
Análise do texto
A humilhação social nada mais é que, um sofrimento sentido em corpo e alma pessoais, um sofrimento político e a invisibilidade pública é um desaparecimento de um ser no meio de outros seres, rebaixamento de percepção de outrem, especialmente a percepção de alguém vinculado á forma baixa do trabalho assalariado, o trabalho desqualificado, alienado e alienante. Estes profissionais que sofrem com a invisibilidade pública na maioria das vezes batem ponto, trabalham de uniforme, mas não são bem visto dentro da sociedade, ou seja, simplesmente por estarem dentro de uma classe de homens proletarizados, homens que se tornam historicamente condenados ao rebaixamento social e político. 
 Segundo os relatos de quem sofre com a invisibilidade pública é que se sentem reprimidos, humilhados, com angústia e com desqualificação. Muitos destes profissionais não estão neste serviço por vontade própria, mas sim por falta de estudo, comodismo, falta de capacidade de ir além.
As pessoas acabam passando por estes indivíduos, sem perceber ao menos a presença de corpo humano, desviam-se como quem desvia de um obstáculo, como se fosse uma coisa que atrapalha o caminho. E isto faz com que estes indivíduos se sintam oprimidos e humilhados dentro da sociedade, dentro do ambiente de trabalho, tornando difícil o reconhecimento de seu trabalho executado.
 
Reflexões sobre o trabalho de empregada doméstica/ diarista
Justificativa:
Escolhemos a classe das domésticas/ diaristas, porque é uma classe que ao longo do tempo foi sendo um pouco mais valorizada. Esta valorização chegou até uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) das domésticas (e de outras profissões como babá, jardineiro entre outros) que foi promulgada há 1 ano (02/04/2013) mas ainda sem regulamentação e desde Julho do ano passado o projeto está parado na Câmara dos Deputados,mostrando assim, que ainda precisamos nos esforçar mais em mudar as leis que permitem a desvalorização social e econômica de uma classe trabalhadora.Figura 01
Entrevista:
Todo o estudo da disciplina Psicologia Social fala da invisibilidade social de uma maneira que nos leva a refletir e a prestar mais atenção nas pessoas ao nosso redor. Existem pessoas que “tornam pessoas invisíveis”, é uma coisa que está tão enraizada que muitas vezes fazemos sem intenção, isso de fato aconteceu com a “Doralice” e uma integrante do grupo de estudos.
Elas moram no mesmo bairro. Um dia pegaram o mesmo ônibus se viram e cumprimentaram, desceram no mesmo ponto, mas trilham caminhos diferentes.
Ao chegar em um ambiente rotineiro para ambas, “Doralice” já com outra roupa, lenço na cabeça e fazendo tudo rapidinho, e a integrante do grupo fez sua fisioterapia como de costume. Somente ao terminar e agendar a próxima consulta, que veio a surpresa, “Doralice” foi cumprimentá-la e ela se assustou, porque havia visto uma pessoa limpando por muitas vezes, mas não a reconhecia, não a “via”.
Dados do Entrevistado: 
Nome: “Doralice Costa” 
Idade: 39 anos 
Estado Civil: Solteira
Filhos: Cria um sobrinho, que chama de filho, mas não relatou nada sobre a legalidade desta tutela.
“Doralice” trabalha como diarista num Centro de Reabilitação e Fisioterapia às terças e quintas e aos sábados trabalha no Sítio da irmã da proprietária de Centro de Reabilitação e nos dias vagos faz faxina onde for solicitada. Estuda à noite no Colégio da localidade, no EJA (Educação para Jovens e Adultos).
Porque escolheu esse tipo de trabalho? 
Olha, desde muito nova eu trabalho em casa de família, a gente passava muita necessidade, precisava dos filhos largarem os estudos pra trabalhar, eu como gosto de limpar as coisas preferi este tipo de serviço, mas teve irmão meu que foi pra roça com minha mãe.
Como as pessoas a tratam em seu dia a dia?
Tem pessoas que passam e dão bom dia, outros ,fingem ou não lembram que existimos ,agem como se fossemos um ser de outro mundo, mais nem ligo, pois no final do mês recebo meu dinheirinho e pago as minhas contas. Eles pensam que somos bichos. Trabalho o dia inteiro, sem reclamar, pois existem pessoas que não tem nem trabalho e com o que ganho consigo pagar minhas contas, comprar meu sacolão. Penso que é temporário, quero algo melhor já que é um trabalho cansativo e nunca vai ser valorizado por ninguém, nunca vou receber um elogio pelo trabalho que faço.
O que gostaria que as pessoas fizessem?
Apenas que respeitassem o meu trabalho e me vissem como qualquer outra pessoa que está trabalhando para ganhar seu sustento.
Quanto tempo trabalha como doméstica?
Desde muito cedo, uns 14 ou 15 anos mais ou menos.
Gosta de ser doméstica? 
É bastante pesado, mas não vejo problema se é desse trabalho que vivo. Mas gostaria de receber um pouco mais. Acho que trabalho muito.
É difícil, por isso nunca quero que meu filho trabalhe assim como eu.
E como é seu trabalho? 
Eu limpo e arrumo tudo lá no meu trabalho e cuido da casa que tem no sitio da irmã da patroa elas são muito boas pra mim gosto muito delas.
E onde a senhora gosta mais de trabalhar? 
 Gosto demais da conta do sítio que lá ninguém mexe comigo, pois lá na fisioterapia vai um pessoal metido que olha com olho ruim pra gente, gosto de lá também, mas no sítio é melhor e meu filho ainda toma banho de piscina.
Com quem fica seu filho?
Normalmente na escola de manhã e a tarde ele fica sozinho em casa já esta grandinho e explico para ele ter cuidado.Quando vou pro sítio ele pode ir comigo.
Com esse trabalho da para se alimentar? 
 Dá sim, graças a Deus não temos falta de nada em casa.
 Tem algum beneficio ou registro em carteira?
 Lá na Fisioterapia tem tudo certinho, só não dá passagem. Mas as faxinas não, apenas ganho pelo dia trabalhado.
Usa equipamento para se proteger?
Luvas e botas, também o uniforme, ma confesso que não gosto muito das luvas, às vezes fico sem elas. Só uso lá na Clinica, porque tem fiscalização, mas quando faço só faxina, não uso não.
Você já sofreu acidente de trabalho ou viu alguém se ferir?
Eu já vi, minha colega se cortou com um material usado lá na clínica, cortante, ela teve que se vacinar e tudo, mas ficou tudo bem com ela.
Qual é à distância do seu trabalho em relação a sua residência?
Mais ou menos uns 20 km, não acho muito, tem gente que passa horas para chegar ao trabalho. O problema é o transporte, tem poucos ônibus e caro.
Trocaria de trabalho caso tivesse outra oportunidade?
Sim, ter condições de dar uma vida digna a minha família, é grande a preocupação com seu filho também, não quero que venha sofrer e passar pelas mesmas humilhações que eu passo.
 A senhora estuda. E quais são seus planos para o futuro?
Todo mundo quer mudar de vida, se Deus permitir eu arranjar outra coisa melhor pra eu fazer eu quero, e eu também estudo para o meu filho ficar feliz e para ele querer estudar também, tudo nessa vida faço para o bem desse menino.
Que recado gostaria de dar para as pessoas que tiveram oportunidade na vida? 
Não importa qual é a sua profissão, a base de um ser humano é a dignidade, honestidade e acima de tudo o respeito com quem não teve oportunidade para estudar, mas tem experiência para ensinar.
 
Conclusão
Elas são ricas e “Doralice” é pobre. Querem a casa limpa e pagam, ela precisa de dinheiro e ganha para limpar, um ciclo vicioso.
Devido a desigualdade das classes sociais, a vergonha e a angústia são um misto de sentimentos vivenciado por determinadas classes trabalhadoras e muitas vezes chega ao seio familiar.
 Difícil depois dessa entrevista, ou não perceber o mal estar que as pessoas sentem diante da humilhação e indiferença que outras pessoas têm por ela, e impossível para nós sentirmos em nossa pele e no nosso cotidiano a realidade vivida por essas pessoas que não tem apoio psicológico e um apoio do governo e até mesmo da sociedade.É difícil quando esperamos que alguém nos note e somos ignorados.
Determinadas profissões ainda são discriminadas pela sociedade e esquecida pelo governo, estas pessoas precisam de estrutura para trabalhar, precisam de respeito, incentivos para um crescimento profissional, cursos para uma oportunidade de crescimento na empresa entre outras coisas. Mesmo não sendo reconhecidos e pouco remunerados é onde encontram de onde tirar o sustento para sua família. A humilhação social e a invisibilidade pública existe, mais para que isso possa mudar precisamos de ajuda das autoridades, das empresas. Já que isso não acontece diante dos grandes, podemos começar por nós acadêmicos de Serviço Social que buscam o entendimento para que mais tarde, possamos auxiliar essas pessoas com seus direitos e deveres de melhoramos como seres humanos que somos.
Bibliografia:http://marxismo21.org/wp-content/uploads/2014/02/Bresser-Perreira.pdfAcesso em 23/04/14Casada Fonte de pesquisa: http://noticias.r7.com/blogs/ogg-ibrahim/2013/05/19/domesticas-sobra-exigencia-e-falta-eficiencia/

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