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AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA DO PACIENTE CRÍTICO EM UTI Profa. Dra. Lívia Cintra Profa. Dra. Jennara Candido CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DO CEARÁ CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ENSINO CLÍNICO EM ALTA COMPLEXIDADE Muitas doenças acarretam alterações agudas da consciência, incluindo algumas potencialmente fatais, mas são passíveis de tratamento, quando reconhecidas precocemente, e exigem uma avaliação sistemática e completa, que inclui: 1) Determinação rápida do tipo de alteração do estado mental; 2) Obtenção de anamnese detalhada, exame físico completo e exames complementares. AVALIAÇÃO CLÍNICA HISTÓRICO: História da doença pregressa; História da doença atual; Tempo de início dos sintomas e mecanismos de lesão; Medicamentos em uso (sedativos e bloqueadores neuromusculares). AVALIAÇÃO CLÍNICA EXAME FÍSICO: Nível de consciência e orientação; Resposta motora; Tamanho da pupila e reação a luz; Sinais vitais. AVALIANDO O NÍVEL DE CONSCIÊNCIA Consciência Refere-se ao estado de vigília Verificadas através de estímulos verbais e dolorosos ESTADO MENTAL 6 Alerta Letárgico Obnubilado Estupor Coma ESTADO MENTAL 7 ALERTA: Acordado ou facilmente estimulável, orientado, totalmente consciente dos estímulos externos e internos e com respostas apropriadas. LETÁRGICO (SONOLENTO): Não está totalmente alerta, cai no sono quando não estimulado, acorda ao ser chamado em voz normal, mas parece sonolento, responde de forma apropriada às perguntas ou comandos, mas o pensamento é lento e confuso. ESTADO MENTAL 8 OBNUBILADO: Estado transicional entre a letargia e o estupor. Dorme a maior parte do tempo, acorda com dificuldade – precisa de um grito ou de uma sacudida vigorosa do corpo, respostas monossilábicas, fala arrastada e incoerente. ESTUPOR OU SEMICOMA: Inconsciente, responde à agitação vigorosas ou à dor, tem resposta motora apropriada (retira o membro para evitar a dor), pode gemer ou murmurar, existe a atividade reflexa. ESTADO MENTAL 9 COMA: Completamente inconsciente, sem resposta a estímulos álgicos ou externos; no coma leve há alguma atividade reflexa, mas não há movimentos intencionais; coma profundo não tem resposta motora. ESTADO CONFUSIONAL AGUDO (Delirium): Diminuição da cognição, redução da vigilância, desatenção, discurso incoerente, dificuldade na memória recente, agitado e com alucinações visuais, desorientado, com confusão que piore a noite. COMA 10 É definido como um estado clínico de inconsciência, com inadequações ou ausência de respostas a estímulos do ambiente; Conforme a profundidade, pode ser classificado em: 1) Superficial 2) Profundo 3) Depassée (quadro irreversível e compatível com morte encefálica) CLASSIFICAÇÃO 11 GRAU I (VIGIL) Paciente mantém resposta à dor, reflexos e sinais vitais presentes no parâmetro de normalidade. GRAU II (LEVE) Quando estimulado, não responde à dor, mas mantém os reflexos e sinais vitais no parâmetro de normalidade. GRAU III (PROFUNDO) Não responde à dor e não apresenta reflexos. Sinais vitais dentro do parâmetro de normalidade. GRAU IV (DEPASSÉE) Resposta à dor, reflexos ausentes e os sinais vitais não se mantêm no parâmetro de normalidade ou estão ausentes. ESCALAS DE AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Escala de coma de Glasgow (ECG) Escala de Ramsay Richmond Agitation Sedation Scale (RASS) Escala de Cincinnati ESCALA DE COMA DE GLASGOW 13 ESCALA DE COMA DE GLASGOW 14 Passo 1: Verificar fatores que podem impossibilitar a avaliação: 1. Fatores pré-existentes ◦ Linguagem ou diferenças culturais ◦ Déficit intelectual ou neurológico ◦ Perda auditiva ou impedimento de fala 2. Efeitos do tratamento atual ◦ Intubação ou traqueostomia ◦ Sedação 3. Efeitos de outras lesões ou lesões ◦ Fratura orbital/craniana ◦ Disfasia ou hemiplegia ◦ Dano na medula espinhal NT (Não Testado) ESCALA DE COMA DE GLASGOW 15 Passo 2: Observar: 1. Abertura ocular 2. Conteúdo do Discurso 3. Movimentos do Hemicorpo direito e esquerdo Passo 3: Estimule ◦ Estimulação sonora com ordem em tom de voz normal ou em voz alta; ◦ Estimulação física com pressão na extremidade dos dedos (leito ungueal), pinçamento do M. trapézio ou incisura supraorbitária por 10 segundos. ESCALA DE COMA DE GLASGOW 16 ESCALA DE COMA DE GLASGOW 17 Abertura ocular Melhor resposta verbal Melhor resposta motora Passo 4: Pontue ESCALA DE COMA DE GLASGOW 18 ABERTURA OCULAR Classificação Critério Pontuação Espontânea AO sem qualquer estímulo externo 4 Ao som AO ao estímulo verbal (voz normal ou alta) 3 À pressão AO à estimulação física/tátil/dolorosa 2 Ausente AO ausente, sem fator de interferência 1 Não Testável Fator de interferência NT ESCALA DE COMA DE GLASGOW 19 RESPOSTA VERBAL Classificação Critério Pontuação Orientada Resposta adequada (pessoa, tempo e espaço) 5 Confusa Resposta não orientada, mas coerente 4 Palavras Palavras inteligíveis, incoerente 3 Som Gemidos 2 Ausente Ausência de RV, sem fator de interferência 1 Não Testável Fator de interferência (comunicação) NT ESCALA DE COMA DE GLASGOW 20 RESPOSTA MOTORA Classificação Critério Pontuação A ordens Cumpre adequadamente as ordens de atividade motora (2 ações) 6 Localizadora Direciona a mão para o local do estímulo 5 Flexão normal Flexão normal rápida de membros 4 Flexão anormal Flexão lenta de membros, com padrão de anormalidade 3 Extensão Extensão de membros 2 Ausente Ausência de RM em MMSS ou MMII, sem fator de interferência 1 Não Testável Fator de interferência (limitação motora) NT ESCALA DE COMA DE GLASGOW Pontuação Abertura Ocular Resposta Verbal Resposta Motora 6 - - A ordens 5 - Orientada Localizadora 4 Espontânea Confusa Flexão normal 3 Ao som Palavras Flexão anormal 2 A pressão Sons Extensão 1 Ausente Ausente Ausente NT Não Testável Não Testável Não Testável ESCALA DE COMA DE GLASGOW Avaliação Pupilar (Atualização 2018) PUPILAS Classificação Critério Pontuação INEXISTENTE Nenhuma pupila reage ao estímulo de luz 2 PARCIAL Apenas uma pupila reage ao estímulo de luz. 1 COMPLETA As duas pupilas reagem ao estímulo de luz. 0 ESCALA DE COMA DE GLASGOW Analise a reatividade pupilar Suspenda cuidadosamente as pálpebras do paciente e direcione um foco de luz para os seus olhos; Registre a nota correspondente à reação ao estímulo; Esse valor será subtraído da nota obtida anteriormente, gerando um resultando final mais preciso. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Pontuação Exemplo: Você é chamado para avaliar um paciente que foi projetado do assento do passageiro de um carro em alta velocidade Ele não faz movimentos oculares, verbais ou motores espontâneos, nem em resposta às suas solicitações verbais. Quando estimulados, os olhos dele não abrem e ele emite apenas sons incompreensíveis,e os braços estão em flexão anormal. Nenhuma das pupilas reage à luz. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Pontuação Exemplo: Este paciente pode ser classificado como AO1 RV2 RM3 dando uma pontuação total de 6. Pontuação de reatividade pupilar igual a 2. A Escala de Coma de Glasgow com reação pupilar será de 6 menos 2, ou seja, 4 pontos. ESCALA DE COMA DE GLASGOW Máximo: 15 pontos Mínimo: 1 ponto Intubação: ≤ 8 pontos Comprometimento grave: ≤ 8 pontos Comprometimento moderado: 9 a 12 pontos Comprometimento leve: 13 a 15 pontos ESCALA DE RAMSAY Richmond Agitation Sedation Scale (RASS) A escala de agitação e sedação de Richmond (RASS) é uma escala utilizada para avaliar o grau de sedação e agitação psicomotora de um paciente que necessite de cuidados críticos. Pontuação -5 a +4. ◦ A pontuação zero se refere ao paciente alerta, sem aparente agitação ou sedação. ◦ Níveis menores do que zero significam que o paciente possui algum grau de sedação. ◦ Níveis maiores do que zero significam que o paciente apresenta algum grau de agitação. Richmond Agitation Sedation Scale (RASS) ESCALA DE CINCINNATI 31 A busca de sinais e sintomas de um AVE deve ser realizada quando o indivíduo apresenta qualquer alteração do nível de consciência, alteração motora e de fala. Através desta escala é possível avaliar 3 achados sugestivos de AVE em menos de um minuto: queda facial, debilidade dos membros superiores e fala anormal. Paciente com aparecimento súbito de 1 destes 3 achados tem 72% de probabilidade de um AVE isquêmico, se os 3 achados estiverem presentes a probabilidade é maior que 85%. ESCALA DE CINCINNATI 32 1. Queda/Paralisia/Assimetria Facial (peça para o paciente mostrar os dentes ou sorrir); Normal: ambos os lados da face movem-se igualmente; Anormal: um lado da face não se move tão bem quanto o outro. Desvio de rima/comissura labial. 1= normal; 2= paralisia facial D (hemisfério E) 1 2 ESCALA DE CINCINNATI 33 2. Fraqueza/Debilidade dos braços (o paciente fecha os olhos e mantém os braços estendidos por 10 segundos); Normal: ambos os braços movem-se igualmente ou não se movem; Anormal: um braço não se move ou perde a força, não é sustentado e abaixa. 1= normal; 2= paralisia MSD (hemisfério E) 1 2 ESCALA DE CINCINNATI 34 3. Fala (discurso)- Dificuldade de fala ou Fala Anormal Teste: Falar o nome ou uma frase simples; observe a fala e a articulação de palavras; Normal: paciente usa as palavras corretamente, com pronúncia clara; Fala e articula corretamente as palavras; Anormal: paciente pronuncia palavras inteligíveis, usa palavras incorretas ou é incapaz de falar. 1. Normais = Isocóricas 2. Dilatadas = Midríase (hipóxia, choque, hemorragia, PCR, inconsciência, TCE). 3. Contraídas = Miose (lesão SNC – Tronco encefálico; drogas) 4. Assimétricas = Anisocóricas (TCE; AVE) AVALIAÇÃO DAS PUPILAS MOVIMENTO OCULAR 36 Avaliar os movimentos oculares espontâneos ou em resposta a estímulos; Avalia a integridade do tronco encefálico; Reflexo fotomotor pupilar Reflexo córneo- palpebral bilateral Reflexo Oculocefálico Reflexo Oculovestibular REFLEXO FOTOMOTOR PUPILAR Constrição normal das pupilas quando uma luz incide na retina. Reflexo fotomotor direto Reflexo fotomotor consensual REFLEXO FOTOMOTOR PUPILAR Ausência de funções cerebrais e de tronco encefálico (Morte encefálica): Ausência de contração pupilar; Pupilas fixas e midriáticas. REFLEXO CÓRNEO-PALPEBRAL Reflexo de piscar bilateral ao estímulo da córnea Chumaço de algodão toque levemente a córnea. Morte encefálica Ausência do reflexo. REFLEXO OCULOCEFÁLICO (REFLEXO DE OLHOS DE BONECA) 40 REFLEXO OCULOCEFÁLICO 41 Rotação súbita da cabeça (90º) para um lado; Resultado esperado: Desvio conjugado dos olhos para o lado oposto à qual a cabeça foi virada Reflexo oculocefálico ou de olhos de boneca presente; Integridade do tronco encefálico. Ausência de reflexo: olhos permanecem na linha média (ausência de movimento ocular) ou acompanham o movimento da cabeça; Lesão do tronco encefálico. ATENÇÃO: Não realizar o teste na suspeita de lesão/trauma raquimedular cervical !!! REFLEXO OCULOVESTIBULAR (PROVA CALÓRICA) 42 RESULTADOS ANORMAIS Avalia a integridade do tronco encefálico REFLEXO OCULOVESTIBULAR (PROVA CALÓRICA) 43 Técnica: Otoscopia: Observar a integridade da membrana timpânica e certificar-se que não há obstrução no canal auditivo externo; Cabeceira elevada a 30º e instilação de 20 a 100 mL de água/SF 0,9% gelado no canal auditivo externo. Normal: Nistagmo tônico, lento e conjugado, com desvio para a orelha irrigada e durando de 30 a 120 segundos – tronco encefálico íntegro. REFLEXO OCULOVESTIBULAR (PROVA CALÓRICA) 44 Anormal: Movimento ocular não conjugado/assimétrico, que indica uma lesão do tronco encefálico; Nenhuma resposta, que indica pouca ou nenhuma função do tronco encefálico. EXAME FÍSICO NEUROLÓGICO REFLEXO DA TOSSE Testar com espátula na faringe posterior bilateral e sonda de aspiração pelo tubo endotraqueal. Morte encefálica: Ausência do reflexo de tosse ou movimentos torácicos à aspiração endotraqueal. Ausência de náuseas ou vômitos ao estímulo da faringe posterior. TESTE DA APNEIA Verifica o estímulo do centro respiratório à hipercapnia. Objetivo: Avaliar a integridade da região pontobulbar. Teste: Oxigenar o paciente com FIO2 100% por 10 minutos; Coletar gasometria arterial inicial (pCO2 35-45 mmHg); Desconectar VM e inserir cânula traqueal com fluxo de O2 6 – 8 l/min; Observar atentamente a presença de movimentos respiratórios por 10 minutos; Coletar gasometria arterial final (pCO2 = ou > 55 mmHg; Reconectar VM. TESTE DA APNEIA Teste positivo para ME: Ausência de qualquer movimento respiratório; Gasometria final pCO2 = ou > 55 mmHg. Teste negativo para ME: Movimentos respiratórios; Instabilidade hemodinâmica: Hipotensão (PAS < 90 mmHg), Hipóxia (SatO2< 90%), Arritmias; Interromper o teste e reconectar VM. REFERÊNCIAS CHULAY, M.; BURNS, S. M. Fundamentos de enfermagem em cuidados críticos da AACN. 2ªed. Porto Alegre: AMGH, 2012. KRÖGER, M. M. A.; BIANCHINI, S. M.; OLIVEIRA, A. M. L.; SANTOS, L. S. C. Enfermagem em terapia intensiva: do ambiente da unidade à assistência ao paciente. São Paulo: Martinari, 2010. MORTON, P. G.; FONTAINE, D. K. Fundamentos dos cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. 1ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. p.424-466. URDEN, L. D.; STACY, K. M.; LOUGH, M. E. Cuidados intensivos de enfermagem. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
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