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1. Conceito de norma Norma é um termo que vem do latim e significa “esquadro”. Uma norma é uma regra que deve ser respeitada e que permite ajustar determinadas condutas ou atividades. No Direito, Norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo ordenamento jurídico. Norma e lei são usadas comumente como expressões equivalentes, mas norma abrange na verdade também o costume e os princípios gerais do direito. A norma jurídica se apresenta como heterônoma, na medida em que deriva de uma imposição externa à consciência de seu destinatário, sendo dotada também de caráter obrigatório. Em outras palavras, o cumprimento das normas é algo impositivo a todos, sejam agentes públicos, sejam particulares, independentemente da opinião pessoal do destinatário a seu respeito. Características substanciais da Norma Jurídica Considerando-se as categorias mais gerais das normas jurídicas, verificam- se que estas apresentam algumas características que, na opinião predominante dos autores, são os seguintes: Generalidade. O princípio da generalidade revela que a norma jurídica é preceito de ordem geral, obrigatório a todos que se acham em igual situação jurídica. A importância dessa característica levou o jurisconsulto Papiniano a incluí-la na definição da lei: Lex est generale praeceptum. Da generalidade da norma jurídica deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei; Abstratividade. Visando a atingir o maior número possível de situações, a norma jurídica é abstrata, regulando os casos dentro do seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de regra. Se o método legislativo pretendesse abandonar a abstratividade em favor da casuística, para alcançar os fatos como ocorrem singularmente, com todas as suas variações e matizes, além de se produzirem leis e códigos muito mais extensos, o legislador não lograria o seu objetivo, pois a vida social é mais rica do que a imaginação do homem e cria sempre acontecimentos novos e de formas imprevisíveis; Bilateralidade. O Direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, atribuindo poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade significa, pois, que a norma jurídica possui dois lados: um representado pelo direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um não pode existir sem o outro. Em toda relação jurídica há sempre um sujeito ativo, portador do direito subjetivo e um sujeito passivo, que possui o dever jurídico; Imperatividade. O caráter imperativo da norma significa imposição de vontade e não mero aconselhamento; Coercibilidade. Coercibilidade quer dizer possibilidade de uso da coação. Esta possui dois elementos: psicológico e material. O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades previstas para a hipótese de violação das normas jurídicas. O elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente As noções de coação e sanção não se confundem. Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas; Atributividade. A essência específica da Norma Jurídica é a atributividade (ou autorizamento), porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das faculdades humanas. Assim, a Norma Jurídica é atributiva por atribuir às partes de uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos. Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. 3. As diversas classificações da norma A norma jurídica comporta inúmeras classificações, que têm como referência aspectos formais, materiais, temporais, de competência normativa, entre outros, que apresentam natureza cumulativa. a.1) Quanto ao tipo de comando Segundo um critério estritamente de ordem formal, a norma jurídica pode ser classificada em função do tipo de comando nela contido, compreendendo as seguintes espécies: NORMA IMPERATIVA OU COGENTE (PRECEPTIVA) - É aquela que exige de seu destinatário uma conduta positiva ou uma ação, sendo antijurídica qualquer atitude diferente da prescrita na lei ou a omissão. Um exemplo seria uma norma que exige o recolhimento de um determinado valor de imposto, diante da ocorrência da hipótese legal (fato gerador); NORMA PROIBITIVA - Parte exatamente da premissa oposta da norma imperativa: neste caso, a postura juridicamente admitida pressupõe uma omissão por parte do destinatário da prática da conduta prevista pela norma. Exemplo: uma norma que proíbe fumar em determinado local e fixa uma penalidade em dinheiro, para aquele que praticar o ato; NORMA SUPLETIVA (PERMISSIVA) - Este tipo de norma compreende aquelas situações em que a ordem jurídica cria um padrão de agir, mas permite ao destinatário optar por uma atuação diferente, de acordo com o princípio da autonomia privada. No Direito Civil, a legislação cria regimes jurídicos padronizados para a destinação dos bens no casamento e na sucessão por morte, mas permite aos nubentes a celebração de um pacto antenupcial, no primeiro caso, e ao falecido a elaboração de legados ou testamentos, no segundo, dispondo de forma diversa do padrão legal. Em relação à norma permissiva ainda cabe uma observação importante, no sentido de que o princípio da legalidade, que é um dos pilares do Estado de Direito, funda-se na premissa de que todos são livres para agir até onde a lei limita a sua atuação, preceito que pode ser sintetizado no princípio de que ninguém é obrigado a fazer ou a deixar fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. Diante deste fato, em não havendo imposição legal (norma imperativa) ou vedação legal (norma proibitiva), entende-se pela existência de uma norma permissiva implícita, fundada exatamente na esfera de autonomia privada decorrente da conjugação entre liberdade e legalidade. a.2) Quanto à sanção - podem ser: - Perfeitas quando a sanção para o descumprimento da norma é a nulidade do ato, ou seja, age como se o ato nunca tivesse existido. - Mais que perfeita: além de considerar nulo o ato na hipótese de descumprimento, a norma prevê sanção para aquele que violou a norma. Menos do que perfeita: quando o descumprimento da norma é combatido apenas com a sanção (penalidade). - Imperfeita: quando não prevê nem a possibilidade de sanção ou nulidade do ato como consequência do descumprimento da norma. Direito Público e Privado A divisão entre Direito Público e Direito Privado sofreu críticas no início do Século XX, devido à publicização do Direito, quando o Estado passou a intervir para defender os interesses dos mais fracos na sociedade, passando a ocorrer ingerência das normas de ordem pública nas relações privadas. Atualmente, dois critérios são utilizados para a divisão os ramos de Direito Público e Direito Privado: O primeiro é o Critério do conteúdo ou objeto da relação jurídica. Neste critério, quando prevalece o interesse geral o direito é público, quando prevalece o particular o direito é privado. O segundo Critério é relativo à forma da relação jurídica, ou Teoria da Natureza da Relação Jurídica. Assim, se a relação é de coordenação, trata- se, em regra, de Direito Privado, se a relação é de subordinação, trata-se, em regra de Direito Público. Enquanto o Direito Privado é informado, entre outros, pelos princípios da autonomia da vontade e da licitude ampla, o Direito Público é regido pelos princípios da supremacia do interesse público e da estrita legalidade - o agente público só pode agir se, quando e como a lei prescrever. Relação jurídica Savigny, no século XIX, definiu a relaçãojurídica como “um vínculo entre pessoas, em virtude do qual uma delas pode pretender algo a que a outra está obrigada”. O fato social, para Savigny, era determinante na formação da relação jurídica, o que significa afirmar que um fato social ganhará a qualidade de jurídico quando ocorrer entre duas ou mais pessoas para satisfazer interesses considerados legítimos, estando este vínculo normatizado pelo Direito. Ao Estado, desta forma, cabe impor normas de conduta às diferentes relações sociais, selecionando aquelas que considera importantes ao ponto de se conferir uma tutela jurídica; ou seja, não havendo norma incidente a relação será apenas considerada social ou fática. Afirma Miguel Reale que uma relação social (entre pessoas) transforma-se em uma relação jurídica quando seus efeitos podem ser subordinados às prescrições e determinações legais. Direito Subjetivo- Segundo Manoel de Andrade, é a faculdade ou poder atribuído pela ordem jurídica a uma pessoa de exigir ou pretender de outra um determinado comportamento positivo (fazer) ou negativo (não fazer), ou de, por um ato de vontade, produzir determinados efeitos jurídicos que se impõem inevitavelmente a outra pessoa. Em outros termos, direito subjetivo é o poder de submeter alguém a um direito seu preestabelecido pela norma jurídica. Ex. Se um sujeito ativo tem o direito de exigir determinado pagamento, a esse direito subjetivo corresponde o dever jurídico do sujeito passivo de pagar o débito (art. 1694 do CC) Temos uma posição de vantagem de um dos sujeitos da relação jurídica em relação ao outro, em decorrência de uma norma jurídica. Direito Objetivo - O Direito Objetivo basicamente é considerado como uma norma de agir (norma agendi) que visa ordenar as relações sociais por meio de disposições normativas escritas (jus scriptum) e consuetudinárias (decorrente dos costumes). Trata-se, portanto, do conjunto de normas escritas e não escritas que refletem o momento social em que foram criadas, sendo representado por modelos genéricos e abstratos de condutas (Códigos, Leis etc.).
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