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1 
 
 
___________________________________________________________________ 
 
CURSO DO PROF. DAMÁSIO A DISTÂNCIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
DIREITOS HUMANOS 
Conceito e Evolução Histórica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
__________________________________________________________________ 
Rua: da Glória, nº. 195 – Liberdade – São Paulo – SP – Cep: 01510-001 
Tel./ Fax: (11) 3164.6624 – www.damasio.com.br 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
DIREITOS HUMANOS 
Conceito e Evolução Histórica 
 
Professores Vitor Frederico Kümpel e Luiz Antônio de Souza 
1. A PESSOA HUMANA E SUA DIGNIDADE 
A dignidade humana, na linguagem filosófica, “é o princípio moral de que o ser 
humano deve ser tratado como um fim e nunca como um meio”1 . É, portanto, um direito 
essencial. 
É longa a caminhada empreendida pela humanidade para o reconhecimento e 
estabelecimento da dignidade da pessoa humana. De acordo com o Prof. Fábio Konder 
Comparato, “todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais 
que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes no mundo capazes 
de amar, descobrir a verdade e criar a beleza”. Em razão desse reconhecimento universal, 
conclui: “ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou 
nação – pode afirmar-se superior aos demais”2. 
Atualmente, não se discute, há o reconhecimento de que toda pessoa tem direitos 
fundamentais, decorrendo daí a imprescindibilidade da sua proteção para preservação da 
dignidade humana. 
O conceito de Direitos Humanos é muito amplo. Para o Prof. Fernando Sorondo, ele 
pode ser considerado sob dois aspectos: 
• “constituindo um ideal comum para todos os povos e para todas as nações, seria 
então um sistema de valores”; e 
• “este sistema de valores, enquanto produto de ação da coletividade humana, 
acompanha e reflete sua constante evolução e acolhe o clamor de justiça dos 
povos. Por conseguinte, os Direitos Humanos possuem uma dimensão 
histórica”3. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em resolução da III Seção 
Ordinária da Assembléia Geral das Nações Unidas proclama: “A presente Declaração 
Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e 
todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo 
sempre em mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, em 
promover o respeito a esses direitos e liberdades e, pela adoção de medidas progressivas de 
caráter nacional e internacional, em assegurar o seu reconhecimento e a sua observância 
 
1 DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1998. Vol. 2, 
2 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos. 2.ª ed. São Paulo: Saraiva. 
p.1 
3 SORONDO, Fernando. Os Direitos Humanos através da História. 
 
4 
 
universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-membros quanto entre os 
povos dos territórios sob a sua jurisdição”4. 
Esta Declaração avalia vários aspectos dos relacionamentos humanos. 
O tema dos direitos humanos é de crescente relevância na caracterização da 
mentalidade jurídica do século XXI. Possui, ao mesmo tempo, um toque de passado e uma 
projeção de futuro. Mas o que são esses direitos? Quais seus fundamentos? Como 
surgiram? Para onde se dirigem? Perguntas como estas não são facilmente respondidas, 
necessitam de uma ampla análise histórico-filosófica, além de um profundo conhecimento 
jurídico. A doutrina apresenta distintos posicionamentos e ideologias que devem ser 
observados, visando ao mais completo entendimento da matéria. 
Inicialmente, pergunta-se qual o fundamento desses direitos e qual a sua fonte 
justificativa? Os teóricos se dividem em duas posições antagônicas, já muito trabalhadas 
pela Teoria Geral do Direito: o Positivismo e o Jusnaturalismo. 
A primeira, apresentada por Norberto Bobbio, afirma a inexistência de um direito 
absoluto para esses “direitos”, já que a dogmática jurídica se caracteriza pela historicidade, 
sendo o Direito passível de constantes modificações, advindas da sociedade, cultura, moral, 
economia, que se alteram dia após dia. Não se pode dar, assim, um fundamento eterno para 
algo que necessariamente sofrerá modificações. 
Um preceito só pode ser considerado jurídico quando nele estiver presente o caráter 
repressivo, que lhe concede eficácia, como bem ressaltava Hans Kelsen. Se a Ordem 
Jurídica nada pode fazer para assegurar o cumprimento desses preceitos, eles não podem 
ser denominados “direito”, pois são meras expectativas de conduta, meras expressões de 
boas intenções que orientam a ação para um futuro indeterminado, incerto. 
Atualmente, porém, há uma tendência à “positivação” dos direitos humanos, de 
forma a inseri-los nas Constituições Estatais, através da criação de novos mecanismos para 
garanti-los, além da difusão de sua regulação por meio de mecanismos internacionais, 
como os Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos. 
Com isso, já se pode falar num conceito positivo de “direitos humanos, que seriam 
os “direitos fundamentais”, assegurados ao indivíduo através da regulamentação e 
aplicação desses direitos, tanto no campo estatal como no campo supra-estatal. 
Algumas críticas são feitas a esse sistema (positivista), como por exemplo: 
- há necessidade de se buscar um fundamento mais profundo para a existência dos 
direitos humanos do que a simples declaração pelo Estado para a positivação dos direitos 
fundamentais; 
- os direitos humanos não positivados não poderiam ser propostos contra o Estado; 
 
4 LIMONGI, Ruben (Coordenador). Enciclopédia Saraiva do Direito. Vol. 22. São Paulo: Saraiva, 1977. 
p.470 
 
5 
 
- o Estado poderia criar, alterar ou suprimir os direitos humanos (não apenas 
reconhecer sua existência); 
- nada impediria o Estado de inserir na Constituição falsos direitos humanos, para 
atender interesses de uma minoria detentora de poder; 
- os direitos humanos criados pelo Estado não trariam em seu bojo os atributos 
inerentes à condição humana, mas tão somente os condizentes com a respectiva 
nacionalidade de um determinado povo; 
O Jusnaturalismo, por sua vez, amparado por doutrinadores como Dalmo de Abreu 
Dallari e Fábio Konder Comparato, ressalta a Pessoa Humana como o fundamento 
absoluto, atemporal e global dos direitos humanos. A pessoa é a mesma em todos os 
lugares e, considerando as diversidades culturais, deve ser tratada igualmente, de forma 
justa e solidária. Ressalta-se a dignidade inerente a todo e qualquer ser humano como a 
razão máxima do Direito e da Sociedade, devendo ser resguardada e cultivada por estes. 
Os direitos humanos seriam, assim, o conjunto de condições, garantias e 
comportamentos, capazes de assegurar a característica essencial do homem, a sua 
dignidade, de forma a conceder a todos, sempre, o cumprimento das necessidades inseridas 
em sua condição de pessoa humana. 
Dessa forma, esses direitos não são criados pelos homens ou pelos Estados, eles são 
preexistentes ao Direito, restando a este apenas “declará-lo”, nunca constituí-los. O direito 
não existe sem o homem e é nele que se fundamenta todo e qualquer direito, é na pessoa 
humana que o Direito encontra o seu valor, através de sua consciência ética coletiva, que 
nas palavras de Fábio Konder Comparato é: “a convicção longa e largamente estabelecida 
na comunidade, de que a dignidade da condição humana exige o respeito a certos bens ou 
valores em qualquer circunstância, ainda que não reconhecidos no ordenamentoestatal, ou 
em documentos normativos internacionais”. 
Há, pois, uma união dessas duas teorias na caracterização moderna dos direitos 
humanos. Ressalta-se o artigo 1.º, inciso III, Constituição Federal/88, que afirma ser 
fundamento da República Federativa do Brasil a “dignidade humana”. 
Diz, em seu artigo 1.º, a Declaração Universal dos Direitos do Homem: 
“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de 
razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. 
“A Declaração afirma que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade 
(artigo 1.º) e garante a todos eles os mesmos direitos, sem distinção de raça, cor, sexo, 
língua, religião, opinião política ou de outra natureza, nascimento ou qualquer outra 
condição (artigo 2.º, I)”5 . 
A boa doutrina ressalta algumas características próprias desses direitos, sendo: 
 
5 LIMONGI, Ruben (Coordenador). op. cit. p.472 
 
6 
 
• Universalidade: todo e qualquer ser humano é sujeito ativo desses direitos, 
independente de credo, raça, sexo, cor, nacionalidade, convicções; 
• Inviolabilidade: esses direitos não podem ser descumpridos por nenhuma pessoa 
ou autoridade; 
• Indisponibilidade: esses direitos não podem ser renunciados. Não cabe ao 
particular dispor dos direitos conforme a própria vontade, devem ser sempre 
seguidos; 
• Imprescritibilidade: eles não sofrem alterações com o decurso do tempo, pois 
têm caráter eterno; 
• Complementariedade: os direitos humanos devem ser interpretados em conjunto, 
não havendo hierarquia entre eles; 
• Historicidade: os direitos humanos caracterizam-se por sua evolução ao longo 
dos tempos – desde o Cristianismo até os dias atuais; 
• Inalienabilidade: esses direitos caracterizam-se face à impossibilidade de sua 
transferência, ressalvado o direito de propriedade que pode ser relativizado, 
permitindo, por exemplo, a alienação de um bem; 
• Efetividade: devem ser criados todos os mecanismos possíveis á efetivação 
desses direitos; 
• Limitabilidade: esse princípio vem demonstrar que não há direitos fundamentais 
absolutos, pois estes podem sofrer limitação no caso de confronto ou conflito 
com outros princípios, ou ainda, em casos de grave crise institucional, como 
ocorre, por exemplo, na decretação do Estado de Sítio; 
• Concorrência: esse princípio revela a possibilidade de se exercerem esses 
direitos concorrencialmente ou cumulativamente. 
 Diz o Prof. Sorondo: “Os Direitos Humanos julgam a ordem vigente, são um 
formador de opinião pública nos mais diversos confins do planeta, e põem a descoberto os 
condicionamentos econômicos, sociais e políticos que impedem sua completa realização”6. 
2. A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
Apesar da falta de historicidade inerente a esses direitos, é com a história e seus 
grandes pensadores que se observa a “evolução” da humanidade, no sentido de ampliar o 
conhecimento da essência humana, a fim de assegurar a cada pessoa seus direitos 
fundamentais. 
 
6 SORONDO, Fernando. op. cit. 
 
7 
 
Podemos destacar que a noção de direitos humanos foi cunhada ao longo dos 
últimos três milênios da civilização. 
O Prof. Fábio Konder Comparato, fazendo uma análise histórica dessa evolução, 
aponta que foi no período axial que os grandes princípios, os enunciados e as diretrizes 
fundamentais da vida, até hoje considerados em vigor, foram estabelecidos. Informa que 
nesse período, especialmente entre 600 e 480 a.C., coexistiram, sem se comunicarem entre 
si, alguns dos maiores doutrinadores de todos os tempos (entre eles, Buda, na Índia; 
Confúcio, na China; Pitágoras, na Grécia e o profeta Isaías, em Israel) e, a partir daí, o 
curso da História passou a constituir o desdobramento das idéias e princípios estabelecidos 
nesse período. 
Inclusive, foi nesse período que surgiu a filosofia, tanto na Ásia como na Grécia, 
quando então substituiu-se, “pela primeira vez na História, o saber mitológico da tradição 
pelo saber lógico da razão”7 . 
Em resumo, assinala que foi nesse período que nasceu a idéia de igualdade entre os 
seres humanos: “é a partir do período axial que o ser humano passa a ser considerado, pela 
primeira vez na História, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, 
não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais. Lançavam-
se, assim, os fundamentos intelectuais para a compreensão da pessoa humana e para a 
afirmação de direitos universais, porque a ela inerentes”8. 
Na seqüência, podemos destacar o Cristianismo, que em muito contribuiu para o 
estabelecimento da igualdade entre os homens. O Cristianismo, sem dúvida, no plano 
divino, pregava a igualdade de todos os seres humanos, considerando-os filhos de Deus, 
apesar de, na prática, admitir desigualdades em contradição com a mensagem evangélica 
(admitiu a legitimidade da escravidão, a inferioridade da mulher em relação ao homem)9. 
Na Idade Média havia a noção de que os homens estavam submetidos a uma ordem 
superior, divina, e deviam obediência às suas regras. Era incipiente, todavia, o 
reconhecimento da dualidade Estado-indivíduo. Como disse Enrico Eduardo Lewandovski: 
“...na ordem política medieval, jamais se aceitou, de fato ou de direito, a idéia de que o 
indivíduo possuísse uma esfera de atuação própria, desvinculada da polis. Desconhecia-se 
completamente a noção de direitos subjetivos individuais oponíveis ao Estado”10. 
Aponta, contudo, que nesse período houve um avanço, à medida em que se passou a 
reconhecer que o indivíduo estava submetido a duas autoridades (secular e espiritual) e, 
com esse reconhecimento, o homem passou a ser considerado “como um ser moral, e não 
apenas como um ser social”, derivando daí que “enquanto seres morais, ou seja, enquanto 
 
7 COMPARATO, Fábio Konder. op. cit. p.8 
8 Ib. op. cit. p.1 
9 Ib. op. cit. p.17-18 
10 LEWANDOWSKI, Enrique Ricardo. Proteção dos Direitos Humanos na Ordem Interna e Internacional. 
São Paulo: Forense, 1984. p.8 
 
8 
 
membros da civitas Dei, todos os homens eram iguais, sem embargo das distinções de 
status circunstancialmente registradas na cidade terrena”11. 
A partir do século XIV, as transformações que ocorreram abalaram toda a estrutura 
concebida e que dava sustentação à organização social e política da época, culminando, tais 
mudanças, com o Iluminismo (período entre a Revolução Inglesa de 1688 e a Revolução 
Francesa de 1789). Foi durante o Iluminismo e o Jusnaturalismo desenvolvidos na Europa, 
entre os séculos XVII e XVIII, que a idéia de direitos humanos se inscreveu, inclusive 
estendendo-se aos ordenamentos jurídicos dos países. 
A constatação ética da imperiosa necessidade de se resguardar certos direitos advém 
da fusão da doutrina Judaico-cristã com o Contratualismo. Para a primeira, o homem foi 
criado “à imagem e semelhança de Deus”, sendo a igualdade e liberdade características 
divinas presentes em todas as pessoas. 
No Iluminismo, o princípio da igualdade essencial dos seres humanos foi 
estabelecido sob o prisma de que todo homem tem direitos resultantes de sua própria 
natureza, ou seja, “firmou-se a noção de que o homem possui certos direitos inalienáveis e 
imprescritíveis, decorrentes da própria natureza humana e existentes independentemente do 
Estado”12. 
A concepção, que espalhou-se pelos ordenamentos de vários países, era a de que os 
direitos individuais eram preexistentes, portanto, não eram criações do Estado e, assim 
sendo, deveriam ser respeitados, cabendo ao Estado zelar pela sua observância. 
A evolução da doutrina estóica, que alegava a supremacia da “natureza”, culminou 
no Contratualismo, que teve como seus maiores representantesHobbes, Locke e Rousseau. 
Hobbes cria que o homem em seu estado de natureza sofria com a “guerra de todos 
contra todos”, sendo imperiosa a necessidade de um órgão que lhes garantisse a segurança. 
Assim, eles alienaram sua liberdade ao Estado, detentor de todo o poder. Esse poder só 
seria retirado do governante se ele não assegurasse aos cidadãos a segurança desejada. 
Locke afirmava a existência de certos direitos fundamentais do homem, como a 
vida, a liberdade e a propriedade. No estado natural, o homem era bom. A liberdade 
individual só foi transferida ao Estado para que este melhor garantisse os direitos do 
indivíduo, podendo os cidadãos retirar o poder concedido ao governante, caso ele não 
atendesse aos anseios da comunidade, isto é, eles têm o direito de retomar a liberdade 
originária. 
Rousseau assevera que o homem natural seria instintivo. O Contrato Social foi 
criado, assim, como forma de garantir ao mesmo tempo a igualdade e a liberdade por meio 
da soberania popular, pela qual os homens cediam parte de sua liberdade para a realização 
do bem comum. 
 
11 LEWANDOWSKI, Enrique Ricardo. op. cit. p.8 
12 Ib. op. cit. p.20 
 
9 
 
Pode-se inserir no contexto, ainda, a posição de Montesquieu que apresentava sua 
teoria da tripartição do poder como forma de garantir o bom governo e controlar os 
arbítrios. 
Essa união teológica e racionalista originou o conceito de direito natural, que 
culminou com a doutrina de Kant, para quem o Estado era um instrumento fixador de leis, 
criadas pelos cidadãos, e a liberdade era um imperativo categórico fundamental para se 
conceber a figura humana. 
A contribuição de Kant foi muito valiosa para a construção do princípio dos direitos 
universais da pessoa humana. Kant observa “que só o ser racional possui a faculdade de 
agir segundo a representação de leis ou princípios; só um ser racional tem vontade, que é 
uma espécie de razão denominada razão prática13, também observa “que as regras jurídicas, 
às quais os homens passam a sujeitar-se, devem ser elaboradas pelos membros da 
associação”14. Sua visão, complementando, é de que o ser humano não existe como meio 
para uma finalidade, mas existe como um fim em si mesmo, ou seja, todo homem tem 
como fim natural a realização de sua própria felicidade, daí resultando que todo homem 
tem dignidade. Isso implica, na sua concepção, que não basta ao homem o dever negativo 
de não prejudicar alguém, mas, também, e essencialmente, o dever positivo de trabalhar 
para a felicidade alheia. 
Essa concepção foi fundamental para o reconhecimento dos direitos necessários à 
formulação de políticas públicas de conteúdo econômico e social15. 
Pode-se falar em três ápices da evolução dos direitos humanos: o Iluminismo, a 
Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial. 
Com o primeiro foi ressaltada a razão, o espírito crítico e a fé na ciência. Esse 
movimento procurou chegar às origens da humanidade, compreender a essência das coisas 
e das pessoas, observar o homem natural. 
A Revolução Francesa deu origem aos ideais representativos dos direitos humanos, 
a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Estes inspiraram os teóricos e transformaram todo 
o modo de pensar ocidental. Os homens tinham plena liberdade (apesar de empecilhos de 
ordem econômica, destacados, posteriormente, pelo Socialismo), eram iguais, ao menos em 
relação à lei, e deveriam ser fraternos, auxiliando uns aos outros. 
Por fim, com a barbárie da Segunda Grande Guerra, os homens se conscientizaram 
da necessidade de não se permitir que aquelas monstruosidades ocorressem novamente, de 
se prevenir os arbítrios dos Estados. Isto culminou na criação da Organização das Nações 
Unidas e na declaração de inúmeros Tratados Internacionais de Direitos Humanos, como 
“A Declaração Universal dos Direitos do Homem”, como ideal comum de todos os povos. 
 
13 COMPARATO, Fábio Konder. op. cit. p.20 
14 LEWANDOWSKI, Enrique Ricardo. op. cit. p.41 
15 COMPARATO, Fábio Konder. op. cit. p.20-24 
 
10 
 
Os documentos de proteção aos direitos humanos foram surgindo progressivamente. 
O antecedente mais remoto pode ser a Magna Carta, editada na Inglaterra, pelo Rei João 
Sem Terra, em 1215, que submetia o governante a um corpo escrito de normas, dentre as 
quais se destacam: - a que ressaltava a inexistência de arbitrariedades na cobrança de 
impostos (criou o brocardo: não haverá tributação sem que os contribuintes dêem o seu 
consentimento, por meio de representantes); - a que estabeleceu que ninguém será 
obrigado a fazer ou a deixar de fazer algo senão em virtude de lei; - a que determinou que a 
execução de uma multa ou o aprisionamento de uma determinada pessoa, ficavam 
submetidos à imperiosa necessidade de um julgamento justo por seus pares (e não pelo 
monarca); etc. 
A Petition of Rights de 1628, tentou incorporar novamente os direitos estabelecidos 
pela Magna Carta, por meio da necessidade de consentimento do Parlamento Inglês para a 
realização de inúmeros atos. 
O Habeas Corpus Act de 1679, instituiu um dos mais importantes instrumentos de 
garantia de direitos criados. Bastante utilizado até os nossos dias, destaca o direito à 
liberdade de locomoção a todos os indivíduos (Obs.: quando criado na Inglaterra, seu 
dispositivo nuclear previa uma ordem para que a autoridade que detinha o paciente, a 
apresentasse imediatamente em juízo – nos dias atuais é empregado tanto nos casos de 
prisão efetiva, quanto no caso de simples ameaça a liberdade individual de ir e vir). 
A Bill of Rights de 1689, veio para assegurar a supremacia do Parlamento Inglês 
sobre a vontade do rei, vez que seria o órgão incumbido da defesa dos súditos perante o 
monarca, não podendo assim, ter seu funcionamento subordinado a vontade deste; 
fortaleceu a instituição do júri e reafirmou alguns direitos fundamentais, como o direito de 
petição e a proibição de imposição de penas cruéis ou inusitadas. 
A Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, datada de 12 de junho de 1776, 
declara que “todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes e têm 
certos direitos inatos de que, quando entram no estado de sociedade, não podem, por 
nenhuma forma, privar ou despojar de sua posteridade, nomeadamente o gozo da vida e da 
liberdade, com os meios de adquirir e possuir propriedade e procurar e obter felicidade e 
segurança”. Assegura, também, todo poder ao povo e o devido processo legal (julgamento 
justo para todos), além da necessidade de submissão ao princípio da legalidade, a liberdade 
de imprensa e a liberdade ao culto religioso. 
A Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, assim como a 
Constituição Federal de 1787, consolidam barreiras contra o Estado, como tripartição do 
poder e a alegação que todo poder vem do povo; asseguram, ainda, alguns direitos 
fundamentais, como a igualdade entre os homens, a vida, a liberdade, a propriedade. As 
dez Emendas Constitucionais americanas permanecem em vigor até hoje, demonstrando o 
caráter atemporal desses direitos fundamentais. Essas Emendas têm caráter apenas 
exemplificativo, já que, constantemente, novos direitos fundamentais podem ser declarados 
e incorporados à Lei Fundamental Americana. Outrossim, há que se ressaltar que, no que 
concerne aos direitos fundamentais nos Estados Unidos, o grande elemento revigorante é a 
 
11 
 
observância do princípio do devido processo legal, principalmente porque a jurisprudência 
após a Guerra Civil, pacificou o entendimento no sentido de que, além dos aspectos 
processuais, que devem ser resguardados (ampla defesa), prevê esta cláusula um elemento 
substancial, que dispõe que a lei não pode restringir ou suprimir indevidamente uma 
liberdade individual, pois assim estaria violando direitos imanentesa pessoa, cuja proteção 
deve configurar finalidade precípua do Estado. 
Com a Revolução Francesa em 1789, foi aprovada a “Declaração dos Direitos do 
Homem e do Cidadão”, que garante os direitos referentes à liberdade, propriedade, 
segurança e resistência à opressão. Destaca os princípios da legalidade e da igualdade de 
todos perante a lei, e da soberania popular. Aqui, o pressuposto é o valor absoluto da 
dignidade humana, a elaboração do conceito de pessoa abarcou a descoberta do mundo dos 
valores, sob o prisma de que a pessoa dá preferência, em sua vida, a valores que elege, que 
passam a ser fundamentais, daí porque os direitos humanos hão de ser identificados como 
os valores mais importantes eleitos pelos homens. A Declaração traçou ainda contornos 
precisos para as liberdades individuais, definiu no âmbito penal que não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena que não seja fixada em lei, garantiu a propriedade privada 
contra as expropriações abusivas, e por fim, previu a estrita legalidade tributária. Rompeu, 
em suma, com a monarquia absolutista e com os privilégios feudais (acabou com o 
denominado Ancien Régime), e, outrossim, serviu como referência indispensável a um 
grande número de Constituições de diversos povos, já que era um documento de caráter 
nacional e universal ao mesmo tempo. 
A partir do século XX, a regulação dos direitos econômicos e sociais passaram a 
incorporar as Constituições Nacionais. A primeira Carta Magna, a revolucionar a 
positivação de tais direitos, foi a Constituição Mexicana de 1917, que versava, inclusive, 
sobre a função social da propriedade. Segundo Prof. Fábio K. Comparato ela foi a primeira 
a atribuir aos direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as 
liberdades individuais e os direitos políticos. Previa em seu texto, por exemplo: - o pincípio 
da igualdade entre os trabalhadores e empresários no que tange a relação contratual de 
trabalho; - a responsabilização do empregador por acidentes de trabalho; - lançou as bases 
para o Estado Social de Direito, inclusive promovendo a reforma agrária. 
A Constituição de Weimar de 1919, pelo seu capítulo sobre os direitos econômicos 
e sociais, foi o grande modelo seguido pelas novas Constituições Ocidentais. Se destacou 
por sua evidente orientação social. Conceituou “diferenças” (as diferenças seriam 
biológicas ou culturais, e não estabeleceriam supremacia de uns em detrimento de outros – 
devem ser respeitadas e protegidas) e “desigualdades” (as desigualdades seriam criações 
arbitrárias, fator de discriminação entre as pessoas, estabelecendo inferioridade de uns em 
relação a outros – devem ser abolidas face à observância do princípio da isonomia) entre as 
pessoas. Estabeleceu igualdade jurídica entre homem e mulher, e reconheceu igualdade 
entre os filhos legítimos e ilegítimos. Por fim, firmou um importante conteúdo normativo 
acerca da educação pública e dos direitos trabalhistas. 
A partir da segunda metade do século XX, iniciou-se a real positivação dos direitos 
humanos, que cresceram em importância e em número, devido, principalmente, aos 
 
12 
 
inúmeros acordos internacionais. O pensamento formulado nesse período acentua o caráter 
único e singular da personalidade de cada indivíduo, derivando daí que todo homem tem 
dignidade individual e, com isto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu 
artigo 6.º, afirma: “Todo homem tem direito de ser, em todos os lugares, reconhecido 
como pessoa perante a lei”. 
Atualmente não se pode discutir a existência desses direitos, já que, além de 
amplamente consagrados pela doutrina, estão presentes também na lei fundamental 
brasileira: a Constituição Federal. 
Mesmo os mais pessimistas, que alegam a falta de eficácia dos direitos 
fundamentais, não podem negar a rápida evolução, tanto no sentido normativo, como no 
sentido executivo, desses direitos, que já adquiriram um papel essencial na doutrina 
jurídica, apesar de apenas serem realmente reconhecidos por meio da Declaração Universal 
dos Direitos do Homem de 1948. 
Pode-se constatar, por estes apontamentos, que a evolução dos direitos humanos foi 
gradual; todavia, o pensamento moderno “é a convicção generalizada de que o verdadeiro 
fundamento da validade – do Direito em geral e dos direitos humanos em particular – já 
não deve ser procurado na esfera sobrenatural da revelação religiosa, nem tampouco numa 
abstração metafísica – a natureza como essência imutável de todos os entes do mundo. Se o 
direito é uma criação humana, o seu valor deriva, justamente, daquele que o criou. O que 
significa que esse fundamento não é outro, senão o próprio homem, considerado em sua 
dignidade substancial de pessoa...”16. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
No que concerne à classificação dos direitos humanos, segundo sua evolução ao 
longo dos tempos, verifica-se a existência de doutrinadores que os classificam segundo 
“gerações”, e outros, que assim o fazem segundo “dimensões” de direitos. Nesse sentido, 
analisaremos estas classificações e algumas críticas que lhes são feitas. 
A expressão "gerações de direitos do homem", foi utilizada pela primeira vez pelo 
jurista tcheco Karel Vasak no final dos anos setenta (1979), com intuito de se tentar traçar 
um paralelo entre a evolução dos direitos humanos e o lema da Revolução Francesa 
(liberdade, igualdade e fraternidade). Destarte, principalmente após uma maior divulgação 
da doutrina por Norberto Bobbio, parte dos cientistas do direito a ampliaram, e 
classificaram os direitos fundamentais em quatro gerações, como se segue: 
- Primeira geração: Seriam os direitos civis e políticos, traduzidos no valor 
liberdade. Revelam a necessidade de um não fazer, um não agir, por parte do Estado – são 
direitos negativos ou não onerosos (surgiram com a Magna Carta Libertatum, de 1215, do 
Rei João Sem Terra); 
 
16 COMPARATO, Fábio Konder. Cultura dos Direitos Humanos. São Paulo: Ed. LTR. p.60 
 
13 
 
- Segunda geração: Seriam os direitos econômicos, sociais e culturais, traduzidos no 
valor igualdade. Revelam a necessidade de um agir (uma prestação) por parte do Estado na 
implementação das políticas públicas, sociais e culturais (surgiram com a Revolução 
Industrial do século XIX, devido as degradantes condições de trabalho impostas aos 
operários e trabalhadores da época); 
- Terceira geração: Seriam os direitos de solidariedade que englobam entre outros, a 
tutela dos interesses difusos e coletivos, o desenvolvimento do ser humano e o direito à paz 
sem abdicar da autodeterminação dos povos e do progresso. Traduzem o valor 
fraternidade, e surgiram devido a gritante velocidade da evolução científica e tecnológica a 
que foi submetida à humanidade, além do fenômeno da globalização econômica. 
- Quarta geração: Foi acrescida à doutrina original (que previa apenas as três 
gerações supramencionadas). Aqui há diversos entendimentos, como por exemplo: os que 
entendem que essa geração revela o direito à informação, à democracia direta e ao 
pluralismo; e os que entendem que dispõe sobre a evolução no âmbito da engenharia 
genética e sobre a área de informática. 
Críticas que são feitas à classificação em “gerações” de direitos: 
a) Alguns doutrinadores entendem que o uso da expressão “geração” pode incutir a 
falsa impressão de que uma geração substitui a outra. Todavia, o que se observa na 
verdade é que há a concorrência de direitos e não a sucessão; 
b) A evolução dos direitos fundamentais no tempo, não segue a ordem das gerações 
dispostas (liberdade, igualdade, fraternidade), em todas as situações, ou seja, não há 
uma real retratação da verdade histórica. 
c) Há o entendimento por parte da doutrina de que não deve haver a diferenciação 
entre os direitos de primeira geração como direitosnegativos, não onerosos, e os 
direitos de segunda geração como direitos a prestações por parte do Estado, pois 
isso, nem sempre se observaria. Por exemplo: há direitos sociais (ex.: de greve) 
onde se denota um não agir por parte do Estado, e, nada obstante, há direitos de 
primeira geração (ex.: direito de petição) cujo cumprimento se observa através de 
um agir por parte do Estado. 
d) Parte dos doutrinadores entendem que os direitos fundamentais não devem ser 
separados em gerações, pois não se deve, por exemplo, priorizar direitos de 
liberdade em detrimento dos sociais, ou vice-versa. 
 Isto posto, principalmente face estas críticas e ao entendimento de que não há 
sucessão entre as gerações (uma geração não substitui a outra) dos direitos fundamentais, 
os doutrinadores mais recentes têm optado pelo termo “dimensões”, vez que defendem a 
existência de “dimensões de limitação do poder do Estado” em face dos direitos humanos. 
Os que adotam o termo, porém, também dividem os direitos em quatro dimensões, 
seguindo a mesma evolução e disposição das supramencionadas gerações dos direitos 
 
14 
 
fundamentais. Assim, sofrem as mesmas críticas, já que, por exemplo, afirmam que o 
direito de propriedade faz parte da primeira dimensão, e que os direitos sociais são de 
segunda dimensão. 
Destarte, entende parte da doutrina, que a única forma de se preservar a teoria das 
dimensões dos direitos fundamentais é analisá-la observando se um determinado direito 
está presente em múltiplas dimensões que, por sua vez, estão na mesma realidade 
dinâmica, quais sejam: dimensão individual-liberal (primeira dimensão); dimensão social 
(segunda dimensão); dimensão de solidariedade (terceira dimensão); e dimensão 
democrática (quarta dimensão), já que não há hierarquia entre as dimensões. Em suma, 
cada direito fundamental (ex.: direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente 
equilibrado) deverá ser analisado em todas as quatro dimensões, já que cada uma delas 
conceberá de uma nova forma o direito analisado. 
4. Princípios Fundamentais, Gerais e Setoriais ou Especiais 
Segundo definição de Luis Roberto Barroso, “princípios constitucionais são 
precisamente, a síntese dos valores mais relevantes da ordem jurídica – consubstanciam as 
premissas básicas de uma dada ordem jurídica, irradiando-se por todo o sistema – indicam 
o ponto de partida e os caminhos a serem percorridos”. 
A classificação dos princípios, no que concerne sua abrangência dentro do sistema 
normativo, se dará em: princípios fundamentais, princípios gerais e princípios setoriais ou 
especiais. 
Princípios Fundamentais: São aqueles responsáveis pela estruturação e pela 
organização política do Estado. Constituem cláusulas pétreas (imutáveis) do ordenamento, 
podendo, todavia, expandirem-se primando sempre pela integração do sistema normativo 
infraconstitucional (Ex.: Princípio Republicano, Federativo, do Estado Democrático de 
Direito, etc). 
Princípios Gerais: A maioria das vezes especificam os princípios fundamentais 
irradiando-se por todo o sistema normativo como se fosse um desdobramento destes. 
Normalmente definem direitos, como ocorre, por exemplo, no princípio da legalidade, no 
princípio da liberdade, no princípio da isonomia, etc. 
Princípios Setoriais ou Especiais: Irão atuar e informar apenas um determinado ramo 
jurídico, um determinado título ou capítulo da CF (Ex.: as vezes podem apenas explicitar 
os princípios gerais – ex: princípio da legalidade aplicado ao direito penal, ao direito 
tributário ou ao direito administartivo; ou as vezes podem ser autônomos – ex.: princípio 
da defesa do consumidor ou da defesa do meio ambiente). 
Isto posto, faz-se oportuno ressaltar que os princípios servirão de fundamento para 
as decisões políticas fundamentais do Estado, atuarão na busca da unidade do sistema 
normativo e, por derradeiro, condicionarão a atuação dos Poderes Executivo, Legislativo e 
Judiciário de acordo com as premissas básicas definidas. 
 
15 
 
EXERCÍCIOS 
DIREITOS HUMANOS 
 
1. Aponte a afirmativa incorreta: 
a) os direitos humanos têm como características: a UNIVERSALIDADE, a 
INVIOLABILIDADE, a INDISPONIBILIDADE, a IMPRESCRITIBILIDADE e a 
COMPLEMENTARIEDADE. 
b) pode-se falar em três ápices na evolução dos direitos humanos: o ILUMINISMO, a 
REVOLUÇÃO FRANCESA e a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. 
c) a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL foi decisiva na criação da ONU e na declaração de 
inúmeros Tratados Interrnacionais de Direitos Humanos. 
d) a real positivação dos direitos humanos teve início com a Magna Carta de 1.215. 
 
2. Procedendo as modernas declarações de direitos humanos fundamentais, certos 
documentos e estatutos, elaborados na Inglaterra, já visavam garantir esses direitos. 
Dentre tais textos, um se notabilizou na defesa da liberdade individual, especialmente 
suprimindo a possibilidade de prisões arbitrárias. 
É correto afirmar que o documento em referência foi: 
a) a Bill of Rights, de 1.689; 
b) o Habeas Corpus Act, de 1.679; 
c) o Act of Seattlement, de 1.701; 
d) a Magna Charta libertatum. 
 
 
3. Segundo a moderna concepção doutrinária, os direitos humanos fundamentais 
podem ser classificados como “de primeira, segunda e terceira gerações”. Os direitos 
de terceira geração consagram o princípio da: 
a) solidariedade ( ou fraternidade); 
b) liberdade; 
c) igualdade; 
d) efetividade. 
4. Os direitos humanos, tal como compreendidos hoje, surgiram como uma reação: 
a) à barbárie da I Grande Guerra; 
b) à chamada Guerra Fria entre os Estados Unidos e União Soviética 
c) à miséria na África e ao regime de segregação racial na África do Sul;

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