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FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG FUNDAMENTOS DA MATEMÁTICA AULA 40 – TEORIA DAS PROBABILIDADES: 40.1 – INTRODUÇÃO: Como introdução desta aula, vamos adaptar resumidamente um breve histórico a respeito desta teoria, que é apresentado no livro: “MATEMÁTICA , Walter Facchini, Editora Saraiva, São Paulo-SP, 2a Edição, 1997. Historicamente, os primeiros estudos matemáticos sobre “chances” ou “probabilidades” foram feitos pelos italianos Gerônimo Cardano (1501-1576) e Galileu Galilei (1564-1642) e eram relacionados com jogos de dados. Em 1654, quando Pascal dedicava-se a uma obra chamada “As Cônicas”, um amigo seu, jogador profissional, chamado Chevalier de Meré, propôs questões do tipo: “Em oito lances de um dado, um jogador deve tentar lançar o número 1, mas, depois de três tentativas fracassadas, o jogo é interrompido por seu oponente. Como poderia ele ser indenizado?” Tendo resolvido as dificuldades de Meré, Pascal escreveu a seu amigo Pierre de Fermat (matemático francês, 1601-1665) expondo-lhe vários problemas. A correspondência entre eles, na qual encontram-se inúmeros problemas probabilísticos resolvidos, foi o verdadeiro ponto de partida da moderna teoria das probabilidades. As idéias de Cardano, que já tinham cem anos, foram esquecidas. Pascal e Fermat nada publicaram a respeito, mas o matemático holandês Christiaan Huygens (1629-1695), tendo conhecimento desses estudos, passou a interessar-se e publicou, em 1657, um pequeno livro com o título “De ratiociniis in ludo aleae” (Sobre o raciocínio em jogos de dados), sendo este o primeiro livro sobre a teoria das probabilidades. Dentre os matemáticos que contribuíram para a evolução dessa teoria, destacamos: Jacob Bernouilli (suíço, 1654-1705); Abraham de Moivre (francês, 1667-1754); Pierre Simon de Laplace (francês, 1749-1827), que publicou “Théorie analytique de probabilités (Teoria analítica das probabilidades); Pafnuti L. Tchebycheff (russo, 1821-1894) e Andrei Andreyevitch Markov (russo, 1856-1922). FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG Hoje, a teoria das probabilidades tem uma importância muito grande em aplicações na estatística, economia, engenharia, física, química, teoria dos jogos estratégicos, sociologia, psicologia, biologia e vários outros campos da ciência. Nesta aula nos propomos a fazer uma breve introdução a este assunto, já que ele é muito vasto e é objeto de estudos mais avançados quando deve ser aplicado à resolução de problemas mais complexos. 40.2 – EXPERIMENTO ALEATÓRIO: Chama-se de Experimento Aleatório a todo e qualquer experimento, cujo resultado é imprevisível, pois depende unicamente do acaso. Por exemplo, são experimentos aleatórios: • O lançamento de uma moeda; • O lançamento de um dado; • A retirada de uma carta de um baralho com 52 cartas, tendo as faces voltadas para baixo. No primeiro exemplo, temos 2 possibilidades: dar cara ou coroa. No segundo exemplo, temos 6 possibilidades, pois a face do dado voltada para cima pode apresentar qualquer número de 1 a 6. No terceiro exemplo, temos a possibilidade de tirar 52 cartas diferentes. É importante observar que, para ser aleatório, o experimento não pode sofrer influência externa nenhuma. Assim, por exemplo, o baralho não pode ter cartas marcadas. 40.3 – ESPAÇO AMOSTRAL: Em todo experimento aleatório existe um conjunto finito de resultados possíveis de serem obtidos. Esse conjunto recebe o nome de Espaço Amostral. Quer dizer, o Espaço Amostral é o conjunto de todos os resultados possíveis num experimento aleatório. FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG Vamos designar esse conjunto por E e o número de elementos que ele contém por ( )En . Assim, por exemplo: • No experimento aleatório “lançamento de uma moeda” o Espaço Amostral é o conjunto { }coroacaraE ,= e o número de elementos é ( ) 2=En . • No experimento aleatório “lançamento de um dado e leitura da face voltada para cima”, o Espaço Amostral é { }6,5,4,3,2,1=E e o número de elementos é ( ) 6=En . 40.4 – EVENTO: Num Experimento Aleatório, cujo Espaço Amostral é E , chamamos de Evento a qualquer subconjunto desse Espaço Amostral. Indicamos o Evento por A e o seu número de elementos por ( )An . No lançamento de um dado e na observação da face que fica voltada para cima, temos o Espaço Amostral { }6,5,4,3,2,1=E , e podemos extrair desse experimento aleatório vários Eventos, como, por exemplo: • 1) a ocorrência de um número par; • 2) a ocorrência de um número primo; • 3) a ocorrência de um número menor ou igual a 4; • 4) a ocorrência de um número maior que 6; • 5) a ocorrência de um número menor que 8. Nestes exemplos, temos os Eventos: • 1) { } ( ) 36,4,2 =⇒= AnA ; • 2) { } ( ) 35,3,2 =⇒= AnA ; • 3) { } ( ) 44,3,2,1 =⇒= AnA ; • 4) { } φ== AouA (Conjunto Vazio) ( ) 0=⇒ An . • 5) { } ( ) 6,6,5,4,3,2,1 =⇒= AnA . Quando ( ) 0=An , como no exemplo (4), dizemos que o Evento é impossível e quando ( ) ( )EnAnEA =⇒= , como no exemplo (5), dizemos que o Evento é certo. FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG 40.5 – PROBABILIDADE: Chama-se de Probabilidade ( )AP de ocorrência de um Evento A dentro de um Experimento Aleatório cujo Espaço Amostral seja E ao quociente: PROPRIEDADES: Consideremos um Experimento Aleatório cujo Espaço Amostral E seja finito e não vazio e um Evento EA ⊂ . Nestas condições, podemos enunciar as seguintes propriedades: P1. A probabilidade da ocorrência de um Evento “impossível” é igual a zero. ( ) ( ) 0 0 == En P φ P2. A probabilidade da ocorrência de um Evento “certo” é igual a um. ( ) ( ) ( ) 1== En En EP P3. A probabilidade de ocorrer um Evento é um número que varia entre zero e um, ou que pode ser expresso em porcentagem entre zero e cem por cento. ( ) 10 ≤≤ AP ou ( ) %100%0 ≤≤ AP P4. Dado um Evento A , chama-se de Evento Complementar de A ao Evento AEA −= . A Probabilidade ( )AP de ocorrência do Evento A somada à Probabilidade ( )AP de sua não ocorrência é igual a 1, ou seja, ( ) ( ) 1=+ APAP ou ( ) ( )APAP −= 1 . E A A AEA −= ( ) ( ) ( )En An AP = FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG 40.6 – ADIÇÃO DE PROBABILIDADES: Consideremos um Experimento Aleatório cujo Espaço Amostral E seja finito e não vazio, e vamos tomar dois Eventos A e B desse Espaço Amostral. Chamamos de Adição de Probabilidades à chance de ocorrer o Evento A ou o Evento B . A Adição de Probabilidades será indicada por ( )BAP ∪ e será calculada tomando-se: Isto significa que teremos: Se φ=∩ BA , os Eventos são chamados de Eventos mutuamente exclusivos e, neste caso, temos: ( ) ( ) ( )BPAPBAP +=∪ . 40.7 – EVENTOS INDEPENDENTES E DEPENDENTES: Dizemos que dois Eventos são Independentes se a ocorrência ou a não ocorrência de um deles não afetar a ocorrência do outro. Por exemplo, se um dado é lançado duas vezes, a ocorrência do número obtido no primeiro lançamento não afetará a ocorrência do número que será obtido no segundo lançamento. Assim, se ocorreu o número 6 no primeiro lançamento, nada impede que o número 6 apareça novamente no segundo lançamento. Tratam-se, então, de Eventos Independentes.A B E ( ) ( ) ( ) ( )BAPBPAPBAP ∩−+=∪ ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )En BAn En Bn En An BAP ∩ −+=∪ FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG Por outro lado, dizemos que dois Eventos são Dependentes quando a ocorrência (ou não) do primeiro Evento afetar a ocorrência do segundo. Vamos considerar, por exemplo, que numa caixa existem 10 bolas, de mesmo tamanho e peso, numeradas de 1 a 10. Fazendo a retirada de duas dessas bolas, uma após a outra, e sem a devolução da primeira bola após a primeira retirada, vamos admitir que desejamos calcular as probabilidades de saírem duas bolas pares. Temos, neste caso, dois Eventos Dependentes, pois, na primeira retirada, haviam 5 bolas pares em 10 e, na segunda, apenas 4 bolas pares em 9 (caso a primeira bola retirada fosse par) ou 5 bolas pares em 9 (caso a primeira bola retirada fosse ímpar). Assim, a probabilidade de ocorrência do primeiro Evento (retirada de uma bola par) é 2 1 10 5 =⇒= PP . Já a probabilidade de que a segunda bola retirada seja par, vai depender daquela que saiu na primeira retirada, ou seja: • Se a primeira bola é par, a probabilidade de que a segunda também seja par é 9 4 =P . • Se a primeira bola é ímpar, a probabilidade da segunda ser par é 9 5 =P . 40.8 – PRODUTO DE PROBABILIDADES: Consideremos num Experimento Aleatório com Espaço Amostral E , finito e não vazio, os Eventos A e B . Chamamos de Produto de Probabilidades à probabilidade de que ocorram os Eventos A e B , simultaneamente. Para o cálculo desse produto, é importante verificar primeiramente se eles são Independentes ou Dependentes. FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG EVENTOS INDEPENDENTES: A probabilidade de ocorrência simultânea de dois ou mais Eventos Independentes é igual ao produto das probabilidades de ocorrência de cada um individualmente. Por exemplo, a probabilidade de se obter coroa em todos os três lançamentos de uma moeda é dada por: 8 1 2 1 . 2 1 . 2 1 ==P . EVENTOS DEPENDENTES: Vamos considerar dois ou mais Eventos Dependentes uns dos outros. Se a probabilidade de ocorrer o primeiro Evento é 1 P , a probabilidade de ocorrer o segundo Evento após a ocorrência do primeiro é 2 P , a probabilidade de ocorrer o terceiro Evento após a ocorrência do primeiro e do segundo é 3 P , e assim por diante, então a probabilidade de que todos esses Eventos ocorram é obtida pelo produto: L... 321 PPPP = . Por exemplo, se numa caixa existem 10 bolas iguais numeradas de 1 a 10, a probabilidade de se retirar duas bolas pares, sucessivamente e sem reposição da primeira bola retirada, é igual a: 9 2 9 4 . 10 5 =⇒= PP EXEMPLOS: 01) Uma urna contém 50 bolas que se distinguem apenas pelas seguintes características: - x delas são brancas e numeradas de 1 a x ; - 1+x delas são azuis e numeradas de 1 a 1+x ; - 2+x delas são amarelas e numeradas de 1 a 2+x ; - 3+x delas são verdes e numeradas de 1 a 3+x . Retirando-se, ao acaso, uma dessas bolas, qual a probabilidade da bola retirada ser uma bola azul ou uma bola com o número 12? FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG SOLUÇÃO: Devemos ter 1144450321 =⇒=⇒=++++++ xxxxxx . Portanto, existem 11 bolas brancas, 12 bolas azuis, 13 bolas amarelas e 14 bolas verdes. O problema em questão trata de Adição de probabilidades, uma vez que a bola a ser retirada pode ser azul ou ter o número 12. Vamos considerar, então, os Eventos: • =A retirada de uma bola azul ( ) 12=⇒ An . • =B retirada de uma bola com o número 12 ( ) 3=⇒ Bn . Porém, um dessas 3 bolas de número 12 é azul. Neste caso, ( ) 1=∩ BAn . Então, podemos equacionar o problema da seguinte maneira: ( ) ( ) ( ) ( )BAPBPAPBAP ∩−+=∪ . ( ) ( ) ( ) ( )1212 númerocomazulPnúmeroPazulPBAP −+=∪ . Assim: ⇒−+= 50 1 50 3 50 12 P 02) Em uma urna há 10 fichas idênticas, numeradas de 1 a 10. Retiram-se 2 fichas ao acaso e sem reposição. Qual a probabilidade de que a soma dos dois números seja igual a 10? SOLUÇÃO: Temos um problema que envolve o produto de probabilidades de ocorrência de dois Eventos Dependentes, pois as fichas serão retiradas sucessivamente e sem reposição. Porém, temos que lembrar que, para a soma das duas fichas ser igual a 10, a primeira não pode ser nem 10 e nem 5. Assim, apenas 8 das 10 fichas servem para a primeira retirada. Uma vez retirada uma dessas 8 fichas, sobram apenas 9 delas na urna e, dessas 9, apenas uma delas serve para ser somada à outra e resultar na soma 10. ( ) ( ) %28 25 7 =∪=∪ BAPouBAP FÍSICA – LICENCIATURA – EAD Prof. Sebastião Fernandes – UNIFEI – Itajubá – MG Portanto, temos: ⇒=⇒= 9 1 . 10 8 . 21 PPPP 03) Um dado é jogado três vezes, uma após a outra. Qual a probabilidade de que a soma dos resultados seja maior ou igual a 16? SOLUÇÃO: Como cada um dos dados é numerado de 1 a 6, então o número de elementos do Espaço Amostral é ( ) ( ) 2166.6.6 =⇒= EnEn . O Evento A é que a soma dos três seja maior ou igual a 16. Neste caso, temos: ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ){ } ( ) 106,6,6,5,6,6,6,5,6,6,6,5,,5,5,6,5,6,5,6,5,5,4,6,6,6,4,6,,6,6,4 =⇒= AnA Portanto: ( ) ⇒= 216 10 AP 04) Num programa de televisão, existem duas urnas A e B, contendo bolas destinadas a um sorteio de brindes, Na urna A, existem 10 bolas amarelas e 2 azuis e na urna B, 9 bolas amarelas e 6 azuis. Um participante é convidado a retirar uma bola de cada urna, sabendo que será premiado, caso retire bolas de mesma cor. Qual a probabilidade deste participante ser premiado? SOLUÇÃO: Supondo que as bolas retiradas sejam amarelas: 2 1 15 9 . 12 10 == A P ; Supondo que as bolas retiradas sejam azuis: 15 1 15 6 . 12 2 == B P . Portanto, a probabilidade dele ser premiado é: ⇒+= 15 1 2 1 P 45 4 =P 108 5 =P 30 17 =P
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