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Introdução ao Direito e às Obrigações Professor Manuel das Neves Pereira ESGHT

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*
DIREITO CIVIL
Parte I 
INTRODUÇÃO AO DIREITO
 
*
*
PARTE I NOÇÕES ELEMENTARES DO DIREITO
1. DO SISTEMA JURÍDICO
1.1. Aproximação à Noção de Direito
A presença do Direito sente-se, sobremodo, através da imperatividade da lei ou da sentença judicial. Quando alguém clama por justiça ao entender injustificadamente perturbado o regular curso da sua vida — aí, sente não apenas violado um seu direito, como percebe a violação concomitante da Ordem Jurídica 
Contudo, o Direito não se assume em primazia como uma estrutura sancionatória-penal ou incindível do patológico; pois o Direito é, antes de mais, estrutura de, e para a, justiça, ordem e paz sociais. 
*
*
Sentidos da expressão “direito”:
Subjectivo - situação jurídica concreta de vantagem (poderes ou faculdades de fazer ou não fazer, de exigir ou de pretender)
Normativo - conjunto dos princípios e das normas criadoras ou reveladoras de organizações, funções, faculdades, direitos e deveres 
Objectivo - complexo normativo (princípios e normas) e toda a realidade juridicamente relevante, constituindo o sistema -ou um subsistema- jurídico 
	
Noção de Direito:
 Sistema normativo social,
 coactivamente protegido 
 porque mobilizado à realização da justiça. 
 
*
*
1.2. Características e Estrutura do Sistema
  
Aspectos essenciais do sistema normativo:
— uma ordem de elementos;
— uma unidade de sentido normativo.
Características especiais do sistema jurídico: 
1ª - Abertura;
2ª - Heterogeneidade estrutural, com mobilidade de raciocínios argumentativos;
1.2.1. Abertura do sistema - preserva direitos e estatutos ou situações e orienta normativamente a evolução destas situações e, ainda, o sistema reconstrói-se permanentemente em interacção com a realidade extra-sistemática. Não é um sistema lógico-formal mas sim um sistema axiológico.
1.2.2. Heterogeneidade estrutural e mobilidade 
	A — Princípios B — Normas C — Realidade sócio-jurídica 
 
*
*
1.2.2.1. Os princípios e o debate: Direito natural "versus" Direito positivo
a) O que são os princípios fundamentais segundo o jusnaturalismo
São princípios que se distinguem das normas pelo maior grau de abstracção e menor grau de determinabilidade de aplicação, portanto carecendo de mediação densificadora normativa para a sua aplicação. 
E porque, sobretudo, destas (normas positivas) são discerníveis dado que (os seus superiores valores de Humanidade) integram o sistema jurídico independentemente da sua positivação pela vontade do legislador situado, em razão de se ancorarem afinal num nível superior aos sistemas positivos. 
A esta fundamentação com validade intemporal e universal, 
ou fundamentação com validade ampla mas temporal e espacialmente determinada 	ou um complexo com ambas as dimensões, 
mas sempre com fundamentação material e superior 
						tem sido chamado o Direito Natural.
O entendimento deste Direito Natural, contudo, tem sido matizadamente defendido na história do pensamento jurídico, gerando assim diversas orientações jusnaturalistas 
*
*
b) O que são os princípios fundamentais segundo o positivismo
O procedimento argumentativo lógico-subsuntivo legal-positivista, parte da equação entre Direito e legislação. 
Ora, entendendo esta como a pura expressão democrática da vontade dos membros da sociedade e seguindo linearmente o princípio da repartição (separação e hierarquia) de poderes, tal argumentação conclui que o juiz apenas deve pronunciar a lei — resolvendo o caso concreto através do seu característico silogismo judiciário: 
- premissa maior: a regra indicada pela interpretação; 
- premissa menor: os factos (da questão) juridicamente caracterizados (identificados e representados num conceito jurídico — aqui a subsunção); 
- conclusão: a solução, consequência jurídica do caso ou situação. 
O positivismo afirma o direito como ciência sem fundamentação metafísica. 
Direito é só o positivo, posto, escrito, expresso sob a forma de princípios ou de leis, quer vigore num determinado momento — e para este espaço temporal é dito “Direito vigente” — quer já não vigore. 
Tipos de positivismos: científico, físico-naturalista, legalista, normativista.
*
*
b) Os princípios fundamentais segundo a nossa síntese
Da ideia de justiça, decorrem dois tipos de princípios: 
— a) Mais próximos, em densidade, das normas, quando propugnados pela intenção ético-política dominante numa sociedade, estabelecendo o projecto de realização desta. Portanto mutáveis e em regra positivados.
— E que são menos densos e mais abstractos quando se aproximam mais da ideia central da justiça e da paz e dos seus pressupostos jurídico-axiológicos últimos — a igual autonomia e liberdade fundamentais no momento da individualidade, a igual responsabilidade social dos homens no momento da estrita socialidade. 
Tendo como valor superior: a dignidade da pessoa humana, eco-cosmologicamente entendida.
A partir destes valores e princípios, podem apontar-se princípios que exprimem valores igualmente morais e religiosos decalógicos: não matar, não mentir, não furtar. 
Princípios geralmente positivados nos textos constitucionais (v. art. 24º da CRP)
*
*
1.2.2.2. Normas (remissão)
1.2.2.3. Realidade jurídica
A realidade jurídica é essencialmente distinta dos princípios e das normas pois não comunga da natureza de normatividade destes. 
É que o Direito não se esgota no seu "dever-ser" ideal. Este dever-ser validado pelos princípios e densificado nas normas, para que se complete como Direito, exige a componente realidade (factualidade social concreta juridicamente relevante). 
A realidade jurídica manifesta-se: 
*  Momentaneamente - aplicação individual e concreta da lei - da abstracta normatividade. 
 - “realização”da normatividade - aplicação imediata (espontânea — pelos membros da sociedade), ou mediata (através da função judicial, da administrativa ou da política).
*  Duradouramente - relações jurídicas duradouras concretas 
 (ex.: o gozo das coisas próprias e estas coisas; as relações contratuais e societárias; as pessoas físicas e as jurídicas - sociedades comerciais, instituições, etc.)  
 
*
*
...2. Formulações legais típicas 
* Conceitos determinados são expressões normativas com sentidos jurídicos claros e invariáveis no tempo e perante a diversidade dos casos, constituindo assim os elementos chave para a certeza e segurança do sistema jurídico. 
(ex.: aquisição da capacidade de exercício – art. 130º; presunções – art. 349º; hipoteca - art. 686º CC)
 
* Conceitos indeterminados são expressões normativas que deixam o aplicador do direito preencher o significado da expressão do legislador, atendendo ao tempo da aplicação ou ao caso concreto 
(ex.: usos da praça; ordem pública; interesse digno de protecção legal).
 
* Cláusulas fechadas são regras que se caracterizam por apresentarem uma previsão taxativa.
 (ex.: responsabilidade civil independente de culpa – art. 483º/2) 
* Cláusulas gerais ou abertas, são regras que se caracterizam por não apresentarem uma previsão taxativa, deixando assim em aberto o seu campo de aplicação
(ex.: responsabilidade civil culposa – art.483º/1) 
*
*
1.3. Estrutura, Características e Classificações das Normas
 
1.3.1. Estrutura da norma
— A previsão (ou hipótese)
A previsão é o primeiro elemento lógico-estrutural da norma.
Facto singular ou concreto ou tipo de factualidade (evento, conduta, relação ou situação), o qual, uma vez verificado, desencadeará o que determinar a estatuição .
 
— A estatuição
Resultado da implicação que o Direito impõe, sempre que se verifique a previsão.
Tipo de evento, de conduta, ou de alteração de relação ou de situação
A estatuição é geral e abstracta; caso contrário haverá preceito individual e concreto, ou então, um terceiro género (nem acto individual e concreto nem norma gerale abstracta): preceito ou norma atípica.
— A sanção 
A reacção cominada ao não cumprimento da estatuição. 
Nem sempre se apresenta uma específica sanção cominada à violação da estatuição duma norma. 
 
*
*
1.3.2. Características formais ou externas
 
...1 Generalidade
A norma jurídica tem por âmbito subjectivo de aplicação uma generalidade de membros da comunidade jurídica
 (a totalidade, uma categoria de sujeitos, ou, um sujeito jurídico desde que funcionalmente determinado)  
...2 Abstracção
Abstrai da particularidade de cada caso; dirigindo-se a categorias ou tipos de factos 
(ex.: "os terrenos com as características X e Y não têm potencialidade edificatória“ -- e já não o acto administrativo e a sentença judicial).
 
...3 Imperatividade
Obrigatoriedade. É um comando ou ordem a acatar pelos seus destinatários.
Caso estes não a infrinjam sofrerão, em regra, uma consequência negativa para tal violação — a sanção.
A intensidade sancionatória jurídica pode assumir-se até ao uso da força.
Mas a imperatividade é mais uma característica do Direito do que de cada uma das suas normas – pois nem todas são regras de conduta.
 
*
*
1.3.3. Classificações das normas jurídicas (lato sensu)
 
1.3.3.1 Classificações relativas ao conteúdo da norma
 
....1 Critério do grau de juridicidade da norma:
	Normas axiológicas (frequente, mas indevidamente, ditas “éticas”)
	Normas técnicas
Normas axiológicas  
São próximas do valor da Justiça projecta-se em razão directa, na sua tutela jurídica, que é em regra presente e mais extensa (pode cumular formas privadas, públicas, preventivas e sancionatórias) e intensa (ex.: normas penais incriminatórias e consagradoras de direitos fundamentais).
Normas técnicas
Têm um conteúdo cuja ligação ao valor estritamente jurídico não é linear, acontecendo em regra ou através de outra norma (esta imediatamente jurídica) ou em resultado da sua integração num instituto ou instituição já de clara relevância imediatamente jurídica. (ex.: normas processuais, procedimentais (adjectivas), de trânsito)
....2 Critério do conteúdo da estatuição: Normas de estatuição material e jurídica 
*
*
1.3.3.2. Classificações relativas ao âmbito da norma
 
....1. Critério do âmbito material (substancial) da norma:
	Normas gerais
	Normas especiais
	Normas excepcionais
Normas gerais 
Têm o âmbito material potencialmente mais vasto da área jurídica. 
Âmbito que só é restringido quando existam normas especiais ou excepcionais.
Normas especiais
Distinguem-se das gerais por uma dúplice razão:
— têm um âmbito material menor que aquele que a área jurídica potencia;
— têm um conteúdo que densifica a norma geral 
Normas excepcionais
— têm um âmbito material geralmente muito restrito;
— têm um conteúdo que se opõe directamente ao regime regra, em razão da excepcionalidade da relação jurídica em causa face à generalidade das relações do mesmo tipo geral.
*
*
....2 Critério do âmbito espacial da norma:
	Normas internacionais
	Normas da UE
	Normas estaduais
	Normas regionais
	Normas locais
*
*
1.3.3.3. Classificações relativas à característica da imperatividade da norma
 
....1 Critério do grau de imperatividade:
	
	Normas injuntivas (cogentes ou directamente imperativas) » Preceptivas
							 » Proibitivas
	Normas permissivas (ou dispositivas) » Facultativas (ou permissivas puras)
						 » Supletivas 
....1.1 Normas injuntivas
Estatuem uma conduta obrigatória para os destinatários.
....1.1.1. Injuntivas preceptivas
Estatuem, apontam, um comportamento positivo (um “facere”, uma acção).
(ex.: entregar a coisa doada - art. 954º/b CC; celebrar escritura pública).
 
....1.1.2. Injuntivas proibitivas
Impõem um comportamento negativo (um “non facere”, omissão, abstenção), ou seja, proibem uma conduta.
*
*
....1.2. Normas permissivas
Concedem poderes ou contêm estatuição afastável pelos destinatários.  
....1.2.1. Permissivas facultativas (ou permissivas puras)
Facultam, autorizam, reconhecem ou atribuem faculdades ou direitos.
....1.2.2. Permissivas supletivas (ou externamente permissivas)
São as aplicáveis se, da interpretação do negócio jurídico, não resultar uma (suficientemente inequívoca) manifestação de vontade em contrário.
A norma supletiva pretende verter a vontade que mais provavelmente as partes manifestariam caso tivessem previsto o aspecto não regulado.
Com este interesse conjectural das partes, a norma supletiva pondera um outro: o da maior equidade e justiça na regulação do tipo de situação.
O peso destes dois interesses diverge em função da intensidade axiológico-jurídica das situações; por isto o conteúdo das normas supletivas pode ser predominantemente injuntivo ou facultativo. 
Exemplo deste último é o art. 1027º: “Se do contrato (…) não resultar o fim a que a coisa locada se destina, é permitido ao locatário aplicá-la a quaisquer fins lícitos (…)”. 
*
*
....2. Critério da classe de sancionabilidade
	Normas imperfeitas – sem qualquer sanção específica
	Normas menos que perfeitas – têm apenas sanção penal 
	Normas perfeitas - têm apenas sanção civil (v. invalidade)
	Normas mais que perfeitas - ~têm sanção civil e penal
1.3.3.4. Classificações relativas à estrutura da norma
 
...1. Critério de completude lógico-estrutural (completas e incompletas) 
	
....1.1. Normas completas – têm previsão e estatuição
....1.2. Normas incompletas – têm lacunas de previsão ou de estatuição
 
....1.2.1. Normas remissivas - remetem para estatuição de outra norma 
....1.2.2. Normas sobre interpretação – v. art. 9º e 236º
....1.2.3. Normas interpretativas – esclarece normas legais ou contratuais  
....1.2.3.1. Normas interpretativas da lei. 
As definições legais. 
As classificações legais. 
As leis interpretativas. ( art. 13º CC).
....1.2.3.2. Normas interpretativas de declarações contratuais 
*
*
1.4. A Tutela do Direito e dos direitos
 
A garantia da vigência do Direito é dada pelos meios da sua tutela.
A mais intensa tutela é o uso da força. Pelo que impõe o art. 1º do CPC: “A ninguém é lícito o uso da força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites da lei”.
Tutela	privada (ou autotutela)
	 arbitral (ou heterotutela privada)
	 pública (ou heterotutela pública)
 Privada civil	direito de resistência – art. 21º CRP
	 	acção directa – art. 336º CC
				legítima defesa – art. 337º CC
				estado de necessidade – art. 339º CC
			 excepção de não cumprimento contratual – art. 428º 
				 direito de retenção – art. 754º CC
				 revogação do negócio – arts. 265º/2, 406º, 448º CC
				 resolução do contrato – arts. 432º e 437º CC
 
	 Privada penal legítima defesa – art. 32º C. Penal
 		 direito de necessidade – art. 34º C. Penal
 			 estado de necessidade desculpante – art. 35º C. Penal
*
*
  Segundo o critério temporal da actuação do meio de tutela face ao da violação : • Preventiva; • Compulsiva; • Sancionatória
• Preventiva	geral	militar
			de polícia ou paramilitar
			meramente administrativa
		especial formalidades notariais e registrais
			 autorizações administrativas
			 procedimentos cautelares
		 medidas de segurança
 • Compulsiva — após o início da violação, mas antes do seu termo 
 • Sancionatória — com, ou após, a violação da norma ou do direito subjectivo.
*
*
Sancionatória	Inexistência – inconstitucionalidade sucessiva; art. 1628º CC
 jurídica	Ineficácia invalidades nulidade – art. 286º 					 anulabilidade – art. 287º 		 	 caducidade – arts. 1051º; 1174º; 1716º 
		 prescrição – art. 1287º
		 resoluçãorevogação 
 
Sancionatória civil cumprimento coactivo
 material 	 reconstituição específica (natural) – art. 562 º
		 não específica - por sucedâneo ou 						 equivalente pecuniário - art. 566º		 compensação por danos não patrimoniais - art. 496º 
		
 	 penal	penas
			medidas de segurança
	 mera ordenação social - coimas
 
*
*
1.4.1. Nulidade e anulabilidade
...1 Nulidade
I — Opera “ipso ivre”, ou seja, imediatamente por força da lei. É desnecessária sentença judicial e é declarável oficiosamente pelo tribunal em qualquer processo onde se encontrem os elementos necessários para a sua verificação (art. 286º CC).
II — É invocável por qualquer pessoa interessada — por sujeito de qualquer relação jurídica afectada na sua relevância jurídica ou prática pelo acto nulo (art. 286º CC).
III — É insanável pelo decurso do tempo, ou seja, há possibilidade de invocá-la a todo o tempo, sem dependência de prazo (art. 286º CC). Obviamente pode não ter é efeito prático a partir de determinados momentos, como p. ex. a verificação da usucapião do direito invalidamente transmitido.
IV — É insanável através de confirmação (art. 288º CC “a contrario”). Não se confunde confirmação de acto com renovação uma vez que esta não tem efeitos legais com retroactividade ao momento do acto nulo, desde logo.
Assim, o negócio nulo não produz desde a sua celebração os efeitos que visava.
*
*
...2. Anulabilidade
Produz os efeitos que visava, sendo tratado como válido se não for exercido o direito potestativo de anular por via de acção ou de excepção.
I — A anulabilidade tem de ser invocada por pessoa com legitimidade para tal, através de específica acção judicial (ou por via de excepção), não podendo ser declarada oficiosamente pelo tribunal.
II — Só pode ser invocada pelas pessoas para cujos interesses a lei a estabelece ou pelas que a lei indique (v.g. arts. 125º, 254º CC).
III — É sanável pelo decurso do tempo; isto é: decorrido o prazo de um ano, ou de outro especialmente previsto, já não pode ser anulado o negócio.
IV — É sanável mediante confirmação por quem a lei apontar.
 
*
*
...3. Efeitos da declaração de nulidade e da anulação
I — Operam retroactivamente
II — Em consequência, deve repor-se o estado de coisas anterior ao negócio, III — Excepcionalmente, a lei protege o interesse de terceiros de boa fé, como por força do art. 291º e/ou do 243º do CC.
..4. Regimes correntes
	Nulidade 
Falta da vontade – 240º/2, 245º, 246º
Vícios de forma – 220º
Vícios do objecto – 280º
Contrariedade à lei – 294º
	Anulabilidade 
Incapacidades de exercício – 125º , 
Vícios da vontade e divergências não absolutas entre vontade e declaração – erro, dolo, coacção, incapacidade acidental
*
p. 9
*
Pp. 9/10
*
P11
*
Pp. 17/18
*
Pp. 20-21
*
1.4. A Tutela do Direito e dos direitos
 
A garantia da vigência do Direito é dada pelos meios da sua tutela.
A forma mais intensa de tutela, a última (mas característica e necessária) das formas de protecção do Direito e dos direitos, consiste no uso da força.
A coercibilidade, reside exclusivamente nos órgãos legalmente dotados dessa competência, conforme aponta o art. 1º do CPC:
“A ninguém é lícito o uso da força com o fim de realizar ou assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites da lei”.
Pela permissão da excepção à regra da estadualidade da coacção, contida na parte final desta disposição, são admitidos positivamente alguns meios de tutela privada (ou autotutela); vejamos um quadro dos meios jurídicos de tutela, não o restringindo, portanto, aos meios coercivos:
Tutela	privada (ou autotutela)
	arbitral (ou heterotutela privada)(13)
	pública (ou heterotutela pública)
 Privada	civil	direito de resistência – art. 21º CRP
		acção directa – art. 336º CC
		legítima defesa – art. 337º CC
		estado de necessidade – art. 339º CC
			excepção de não cumprimento contratual – art. 428º CC
			direito de retenção – art. 754º CC
			revogação do negócio – arts. 265º/2, 406º, 448º CC
			resolução do contrato – arts. 432º e 437º CC
 
	penal	legítima defesa – art. 32º C. Penal(14)
		direito de necessidade – art. 34º C. Penal
		estado de necessidade desculpante – art. 35º C. Penal(15)
 
 
Segundo o critério da actuação do meio de tutela face ao momento da violação do direito ou da norma, teremos:
• Preventiva
• Compulsiva
• Sancionatória

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