Buscar

A LEI DO SOFTWARE COMENTADA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 33 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

A LEI DO SOFTWARE
Lei nº 9.609, de 19/02/98
Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País e dá outras providências.
 
A DEFINIÇÃO DE PROGRAMA DE COMPUTADOR.
CAPITULO I - DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º. Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para faze-los funcionar de modo e para fins determinados.
Este pode ser considerado um dos defeitos da nova lei: conservar desnecessariamente uma definição de software; a mesma definição da Lei 7.646/87. Qualquer artigo de lei que defina programa de computador é potencial de risco: de congelar em algo estático como uma lei federal – considerando que leis possuem o caráter de permanência e alterá-las significa considerável custo e demanda de tempo - o conceito de algo como programa de computador, que muda permanentemente não só sua forma de apresentação como sua própria natureza. Sendo imperativa, a definição poderia ser mais concisa e menos comprometedora, a exemplo da adotada pela União Européia em 1988:
"Programa de computador é um conjunto de instruções cujo propósito é fazer um aparelho de processamento de informação, ou seja, um computador, processar suas funções". 
Também a definição norte-americana é resumida e mais eficiente: 
"Programa de computador é um conjunto de comandos a serem utilizados direta ou indiretamente em um computador de forma a produzir um certo resultado".
Diríamos que programa de computador é um conjunto de instruções que faz uma máquina trabalhar para fins determinados. Nada mais que isso. É totalmente desnecessário, podendo confundir ao invés de esclarecer, explicar que os comandos podem ser em linguagem natural ou codificada, pois a linguagem será sempre codificada; ou informar que as instruções serão contidas em suporte fisico de qualquer natureza, quando se corre o risco de ser inexato, já que programas comercializados por teleprocessamento são transferidos de máquina para máquina sem necessidade de qualquer suporte físico. Cadeias de "bits" podem viajar pelo espaço, em meio a satélites e estações transmissoras, ou através de fibras óticas, ou convencionais fios de cobre. Eventualmente, apenas, programas de computador são comercializados gravados em disquetes, CDs, fitas ou mesmo "chips".
A concepção da necessidade de "meio físico", ou "suporte físico" é herdada dos Direitos de Autor (ou "copyright") que concebe, desde o século passado, mais precisamente desde 1886, quando foi sancionada a Convenção de Berna, ser a expressão da idéia o direito protegido, desde que a mesma seja contida ou gravada em suporte físico ("corpus mechanicus"). Assim, pinturas, fotografias, obras literárias, música, filmes, etc., todas expressas sobre um meio físico. Tal concepção, de fato, remonta ao século XVIII, e é um dos fatores complicadores quando da aplicação dos Direitos de Autor a programas de computador. Sua Majestade, a Rainha da Inglaterra, decidiu proteger os direitos dos artistas que viviam na corte e outorgou aos autores de peças teatrais, música ou obras escritas, o direito de receber, durante sete anos, um rendimento percentual sobre o lucro das apresentações daquelas obras ou a reprodução dos textos escritos - sete anos a partir do momento em que a obra era publicada ou divulgada. Partindo daí e por um bom tempo os prazos de proteção aos direitos de autor eram, sempre, múltiplos de sete.. Mesmo nos Estados Unidos, depois de algum tempo, o Copyright Act deu proteção por 28 anos, renovável por mais 28. A legislação moderna sobre Direito Autoral, no entanto, nasceu com a Revolução Francesa.. Outros fatores complicadores, entre vários outros que não se adaptam a software, seriam o conceito de cópia, de reprodução de obra protegida e de obra derivada, adotados pela lei dos Direitos Autorais e o fato de que os Direitos Autorais, desde suas origens, protegem obras científicas, literárias e artísticas.
Também inexato é afirmar que as instruções são de "emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento de informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga..." É assumir um compromisso desnecessário com a realidade atual. As instruções são para emprego em computadores, somente, quaisquer que sejam suas formas, níveis, estado da arte, exigências de configuração, em termos de periféricos ou terminais (PCs, "mainframes", sistemas de controle de processos, especialistas que requerem diferentes formas de "hardware", etc.) e não necessariamente baseadas em "técnica digital". A técnica, que, por acaso, hoje ainda é digital, é ditada pela época em que vivemos e pelo estado atual da tecnologia. Já se trabalham em projetos de gerações de novas máquinas as quais certamente irão operar de forma diferente da digital, como conhecemos, a qual foi concebida na década de 40 e possui as limitações próprias do momento da sua criação.
Software é bem de comércio que independe do meio físico que o conduz, podendo ser comercializado sem a utilização de meio físico, como já se viu. É adquirido para prestar um serviço, processar informações e gerar outras informações que façam movimentar máquinas para um fim determinado - até que os programas mais avançados, como é o caso dos programas de Inteligência Artificial já não mais estabeleçam fins determinados, mas as máquinas formulem raciocínios dedutivos, indutivos e outras espécies de conclusões lógicas e acessem bases de conhecimento, aprendendo com a experiência e tomando decisões. 
Quando o usuário adquire um programa está adquirindo um conjunto de instruções que faz uma máquina processar dados, independentemente do meio físico que contém o software. Se este meio físico se quebrar ou danificar pode o usuário reclamar outra cópia - pagando o preço do novo meio físico, as despesas de gravação, frete, taxas, etc., sem precisar pagar, novamente o programa - que foi adquirido como entidade imaterial - que se manifesta e se expressa por um conjunto de impulsos eletrônicos sucedidos no interior do hardware, os quais impressionam os bits na base de zeros e uns - ao que damos um significado numérico/alfabético, o qual compreendemos e denominamos Informação.
A mesma Informação que é "lida" pela máquina, seguindo ordens de outros programas e que a faz trabalhar para fins determinados ou indeterminados. A Informação pode ser a mudança na velocidade do vento, que faz um avião alterar o jorro do fluxo de gasolina nas turbinas, ou a mudança da temperatura do lado externo da aeronave, a fumaça nos banheiros, a proximidade de um objeto do facho da célula fotoelétrica que faz abrir uma porta, o salário bruto ou o total de horas extras do empregado, que dá origem a cálculos da folha de pagamento, o valor do lançamento contábil, que gera o balancete ao final do mês, o atingimento do nível de tolerância de um controle de estoques, a identificação da proximidade de um objeto, de uma tormenta ou de um terremoto, etc.. Basta uma certa informação para estimular o programa que faz a máquina trabalhar. E TUDO pode ser considerado informação.
A questão do suporte físico, por seu lado, não existia da forma como veio se manifestar no software, pois não se conseguia e não se concebia destacar do suporte físico a obra imaterial ou intelectual. Só com a invenção de imprensa (Gutemberg) é que começou a surgir, no começo da idade moderna, a concepção de que é possível separar a criação intelectual do seu suporte físico.
 
OS DIREITOS AUTORAIS.
CAPITULO II - DA PROTEÇÃO AOS DIREITOS DE AUTOR E DO REGISTRO
Art. 2º. O regime de proteção à propriedade intelectual de programas de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no Pais,observado o disposto nesta Lei.
 
A proteção existe no Código Civil (Art. 48, III) - independentemente de qualquer outra - e na Lei dos Direitos Autorais, Lei 9.610, de 19/02/98 (Art. 7º, incisos XII e XIII, parág. 1º), enquanto se trata o software como um bem móvel, de natureza intelectual ou imaterial.
Quando, a Lei do Software evoca a proteção pelos Direitos Autorais e conexos, insere-se o software no âmbito das coisas protegidas pela legislação internacional, entendendo-se como tal as convenções internacionais, e o software deixa de pertencer somente ao Direito Interno dos países conveniados. Há que estar, porém, protegido por lei interna não conflitantes com as convenções internacionais. Com raras e honrosas exceções, o Direito Interno é soberano e a norma específica é que vale, neste caso. Nenhum tratado, convenção, pacto ou qualquer outro acordo celebrado entre países consegue estabelecer-se acima das leis internas – exceção feita a conglomerados de países, cujo exemplo típico é a União Européia.
O fato de encontrar-se, por força de disposição legal, submetido ao regime dos Direitos Autorais não quer dizer que, tecnicamente, programa de computador se identifique com os bens imateriais protegidos pela Lei 9.610/98. Entretanto, mesmo que não concordemos com as disposições legais - e mesmo que as disposições legais careçam aperfeiçoamentos - devemos, não obstante criticá-las e combatê-las, segui-las, por uma questão de ordem, enquanto vigirem.
A Lei dos Direitos Autorais protege obras da criação do espírito, como as obras de arte, livros, brochuras, obras fotográficas e fonográficas, pinturas, desenhos, etc. A criação é elemento fundamental e indispensável. A criação, aliás é tudo. A lei é clara: "... criações de espírito de qualquer modo exteriorizadas...". 
Ao entender que "...o software é uma expressão criativa do trabalho intelectual e pessoal de quem o prepara ...para ser protegido como tal basta a criatividade subjetiva, entendida como trabalho pessoal do programador", Orlando Gomes, in A Proteção Jurídica do Software, certamente se refere aos programas de "antigamente", desenvolvidos para os computadores de "segunda geração", quando as coisas estavam começando, a tecnologia ainda era incipiente e o trabalho do programador era, realmente, um trabalho pessoal, demorado, delicado e a exigir dispêndio de tempo e uma enorme paciência e dedicação - um trabalho eminentemente artesanal, intimamente relacionado com a pessoa que o executava. Hoje (ano 2.000 - computadores de quarta e quinta gerações) a tarefa de desenvolver programas é uma verdadeira indústria, com "linhas de montagem", inclusive, onde inexiste o caráter pessoal. Há programas que ajudam a fazer programas. Há rotinas prontas. O programador tornou-se um "montador", graças às linguagens de quarta geração, às ferramentas de desenvolvimento de software e aos poderosos compiladores. Antigamente, para programar um computador era necessário empregar códigos especiais e agir em nível de bit, carecendo praticamente entrar no interior da máquina. Hoje escrevem-se os comandos em inglês corrente, quase da mesma forma como se redige uma carta, ou de uma forma idêntica a um recado escrito que deixamos para que alguém faça alguma coisa. Muitas vezes, principalmente nos casos de sistemas complexos, ou programas mais extensos, partes de tarefas de programação/codificação são distribuídas entre grupos de trabalho, que operem distantes, independente e padronizadamente. Há situações, até, em que o programador sequer possui uma visão de conjunto - apenas codifica um determinado segmento do programa, para que se execute um certo trecho de funções, sem se dar conta do todo.
Programa de Computador não é, somente, resultado da criação do espírito e seus fins não são, comprovadamente, os mesmo fins inerentes às obras relacionadas na Lei 9.610/98. O software é, considerado por lei, um bem de utilidade, que modifica o trabalho do homem, aumenta sua produtividade e qualidade. É patrimônio da empresa que o possui, assim estabelece a portaria nº 4/85, da Receita Federal, que faculta considerar o software como Ativo Imobilizado e estabelece prazo de 5 anos para sua amortização;
A Lei dos Direitos Autorais estabelece, em seu Art. 14, que "É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra caída em domínio público...". É evidente, entretanto, que quem adapta ou quem traduz um programa de computador não se torna titular dos direitos da sua autoria.
Os Arts. 11 a 17, da Lei dos Direitos Autorais, estabelecem a autoria das obras intelectuais, dizendo, com outras palavras, quem é o autor da obra - no caso do programa estará determinando quem é o proprietário do programa. Não há como se concordar que se considerará proprietário do programa aquele que tiver indicada ou anunciada esta qualidade na sua utilização (Art. 13, in fine), ou será considerado co-autor aquele em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada. 
A questão da propriedade do software transcende as fronteiras das regras estabelecidas para a propriedade autoral conforme o texto da Lei 9.610/98. Também, não há como se admitir, para o software (Art. 24 da Lei dos Direitos Autorais) a incidência do "Direito Moral", que faculta ao proprietário retirar a obra de circulação. As características do software, como bem econômico, comercializável, utilizado para prestar um serviço, faz com que os usuários do software adquiram direitos, na proporção dos deveres impostos ao fornecedor: como o de manter o programa atualizado, fornecer garantias, etc.
Por último, o contrato de edição, previsto no Art. 53 da Lei 9.610/98, é incabível para regular o software, já que os termos da lei estabelecem que "... mediante contrato de edição, o editor, obrigando-se a reproduzir e a divulgar a obra literária, artística ou científica, fica autorizado, em caráter de exclusividade, a publicá-la e a explorá-la pelo prazo e nas condições pactuadas com o autor."
A lei 9.610/98, nova Lei dos Direitos Autorais, sancionada pelo presidente da República no mesmo dia, hora e local em que sancionou a Lei do Software, regula os direitos autorais no Brasil, em acordo com a Constituição Federal e com a Convenção de Berna, estabelecida em 1886, na Suíça, para consolidar as regras mundiais acerca do "copyright" e dos direitos de autor, atualizada de tempos em tempos e administrada pela OMPI/WIPO - Organização Mundial da Propriedade Intelectual, com sede em Genebra, da qual a quase totalidade dos países do mundo é signatária. A ultima versão em vigor da Convenção de Berna é a Convenção, ou Ato de Paris, de 1971. Nenhum dos dois institutos - Convenção de Berna ou Ato de Paris - menciona a palavra programa de computador, ou dá a entender, mesmo de forma implícita, que governa programa de computador ou assemelhado. A Convenção de Berna foi concluída em 9 de setembro de 1886, revista em Paris em 24/07/1971 e, através do Decreto nº 75.699, de 06/05/75, do então Presidente Ernesto Geisel, publicado no D.O.U. de 09/05/75, passou a vigir no Brasil. A Convenção de Berna fixa as normas básicas de proteção a qualquer tipo de criação intelectual que possua suporte físico.
Esta questão, ou seja, a originária não-aplicabilidade dos direitos autorais ou "copyright" a programas de computador, é tão antiga quanto o são os programas de computador e os direitos autorais; e também controversa, pois os direitos autorais, ou "copyright", apesar de todos os conflitos teórico-acadêmicos com relação a programas de computador, possuem aspectos práticos indiscutivelmente benéficos, principalmente para os proprietários/produtores de programas, ou detentores dos direitos de titularidade sobre o software - tais como a informalidade e instantaneidade da proteção, independentemente de qualquer registro, além da estrutura já centenária do principio legal, à qual juristas (e juízes) da maioria dos países do mundo estão habituados.
Por outro lado, entretanto, o conceito de Direitos Autorais, ou "Copyright"– instituições quase idênticas que identificam os direitos autorais na Inglaterra e E.U.A., suas colônias e ex-colônias e no restante do mundo - distancia-se cada vez mais do de programas de computador, na medida em que a tecnologia se desenvolve e os programas de computador assumem novas características.
A questão continua sendo conflitante em todo o mundo. Nos E.U.A. e na Europa, principalmente, um número crescente de renomados professores de direito e advogados praticantes, assim como profissionais da área técnica, produzem permanentemente artigos criticando a aplicação dos direitos autorais e do "copyright" a programas de computador. A concepção generalizada é a de que programa de computador e direitos autorais/"copyright" estariam um para outro assim como "pinos quadrados estão para buracos redondos": "It is evident that software and Copyright are related to each other like square pegs and round holes". 
Juízes, em geral, em todo mundo, quase sempre sem preparo técnico em informática e até, em alguns casos mais graves, sem condição de eleger assistência técnica adequada, produzem uma interminável série de decisões conflitantes, algumas contendo erros básicos, que denotam o não conhecimento de questões primárias relativas à tecnologia de programas. 
Alguns autores comentam que a continuar como está a questão ficará cada vez pior, pois multiplicam-se os conflitos na medida em que a tecnologia de programas de computador se desenvolve, torna-se mais complexa e se dissemina na sociedade. Sistemas de inteligência artificial, realidade virtual e multimídia começam a ser comercializados cada vez com mais frequência, a Internet se populariza - e continua-se a proteger programas de computador como se fossem obras literárias. Na Comunidade Européia a exposição de motivos da "Directiva" sobre software, explícita e enfaticamente estabelece que programas de computador devem ser protegidos como obras literárias mesmo, não como se fossem "assemelhados a obras literárias" ou como se fossem "uma sub-categoria de obras literárias"; o que é amplamente caracterizado como um absurdo. Do original: "computer programs must be protected as literary works and not as if they were literary works or assimilated to literary works,... similarly they should not be treated as a new and separate "sub-category"of literary work".
O possível futuro protocolo à Convenção de Berna, em lento desenvolvimento, insiste em submeter programas de computador aos critérios, estabelecidos por editores de livros e produtoras, para proteger publicações literárias e obras musicais e artísticas em geral - isso só faz aumentar o atrito.
Esta, entretanto, é mais uma questão internacional que nacional, ou seja, que deva ser tratada quando da modificação da lei brasileira. Antes de tentar mudar a lei interna é preciso modificar a própria convenção internacional, ou estabelecer um critério global para tratar do assunto. Programa de computador não é um bem nacional, apenas. É um produto de âmbito multinacional e possui importância estratégica-econômica que transcende as fronteiras de qualquer país no mundo. 
A questão da proteção e regulamentação internacional de programas de computador é complexa e ainda não resolvida a contento. Software é, ainda, uma tecnologia nova, que aumenta de importância na mesma rapidez com que se modifica. Legisladores e juristas, em geral, nos quatro continentes do Planeta tentam proteger software por Direitos Autorais e "copyright", mas confessam-se confusos quando devem decidir sobre detalhes da regulamentação. 
Ao ser inserido no regime dos Direitos Autorais o software passa a ter as características de um bem objeto de criação de espírito e, com isso, submete-se às mesmas condições impostas às obras da criação do espírito e reguladas na Lei 9.610/98, tais como o conceito de obra derivada ou originária, contrafação (reprodução não autorizada de obra), edição, obra em colaboração e, até os de Direito Moral do autor e outras diferenças conceituais existentes, por exemplo, entre Cessão e Licença de direitos, que possuem alguma influência no âmbito dos contratos comerciais relativos a software.
Em suma, além das regras gerais encontradas na Constituição Federal, no Código Civil Brasileiro e em outras leis ordinárias, Decretos, Decretos-lei remanescentes e normas, em geral, mesmo as expedidas pelo Poder Executivo (como Banco Central, Receita Federal, CACEX (ex-), INPI, CNDA e, mesmo a antiga SEI-Secretaria Especial de Informática e o CONIN-Conselho Nacional de Informática e Automação); aplicam-se ao software as determinações estabelecidas na Lei dos Direitos Autorais, Lei nº 9.610/98 e, especificamente, as determinações da Lei do Software, Lei nº 9.609/98. Somando-se todas as normas, de todas as espécies e de todas as origens, contam-se para mais de cem que estão em vigor e tratam, diretamente, de questões relacionadas com a Informática.
Importante não deixar de lado os quase cem Projetos de Lei em curso nas casas do Congresso Nacional, que visam a alterar a Lei da Informática, a Lei do Software, a Lei dos Direitos Autorais e a da Propriedade Industrial - sem contar o importante projeto de lei complementar proposto pelo Deputado Ibsen Pinheiro que trata da alteração da Lista de Serviços do ISS - Imposto Sobre Serviços, e que afeta profundamente o setor de software e serviços. Registre-se que há mais de trinta projetos, em andamento tratando dos Direitos Autorais e que ainda tramita pelo Congresso Nacional, desde abril de 1984, o projeto de lei do Senador Roberto Campos, sobre a Política Nacional de Informática (que, em algumas coisas, pode ser aproveitado). Em 27 de março de 1991, o projeto retornou à Comissão de Constituição e Justiça "face as novas disposições constitucionais" e nunca mais aflorou.
O Software No Código Civil Brasileiro
A proteção legal e a regulamentação do software, como bem de natureza imaterial ou intelectual, encontra previsão: a) no Capítulo VI, do Código Civil, que trata "Da Propriedade Científica, Literária e Artística", cujos Arts. 649 a 673 foram revogados pela Lei dos Direitos Autorais; b) quando o Código Civil relaciona (Art. 48, III) os Direitos de Autor no elenco dos bens móveis. Por definição, os programas de computador são considerados, também, como coisas fungíveis e indivisíveis (Arts. 50 e 52).
No setor de software e serviços, ainda que se utilizem os termos "compra" ou "venda" de software, informal e verbalmente, ou até por escrito (e as pessoas usam tais termos indistintamente, por hábito, ou porque julgam estar facilitando a comunicação, ou porque desconhecem esta peculiaridade jurídica) isto não significa que os programas sejam efetivamente vendidos (ou comprados), porque não se caracteriza, quase nunca, a transferência da propriedade do programa; o que acontece, juridicamente, é uma outorga dos direitos de usar, ou de usar e fruir, e comercializar, alterar, se for o caso, o bem intelectual contido no disquete ou gravado em qualquer outro meio físico, ou simplesmente transmitido de um para outro computador, sem meio físico, na forma de ondas, quaisquer, ou impulsos elétricos.
Para que haja a transferência da propriedade, em primeiro lugar, é preciso que isto fique bem escrito, no contrato e, depois, é preciso que TODOS os direitos sejam transferidos - inclusive a faculdade, do proprietário, inerente ao direito de propriedade, que lhe permite "dispor" da coisa, a seu próprio critério, inclusive vendê-la para terceiros, alterá-la, destruí-la, etc.; sempre guardados os direitos de terceiros, em geral, tais como consumidores, vizinho, etc.. A propósito dos direitos do consumidor é de extrema conveniencia mencionar a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, publicada no Diário Oficial do dia 12 de setembro de 1990, que regulamenta as relações de consumo, a qual se aplica inteiramente aos negócios envolvendo programas de computador. Para o Código de Proteção ao Consumidor, o fornecedor de software é um fornecedor como outro qualquer, o software é um produtocomo outro qualquer e o usuário de software é um consumidor, como qualquer outro.
O Cessionário e/ou Licenciado de software são titulares de direitos reais sobre coisas alheias, conforme institui o Código Civil, em seu Art. 674, III e IV, e assemelham-se ao usufrutuário (Art. 713) e ao usuário (Art. 742).
Os contratos em geral, por sua própria natureza jurídica e, com a mesma razão, os contratos de software, encontram proteção e regulamentação no Direito das Obrigações (Art. 863 e segs.) e, mais especificamente, no Título IV, "Dos Contratos" (Arts. 1079 e segs.).
Tendo sido previamente definido como bem móvel, o software (programa de computador) pode ser objeto de contratos de depósito (regulados pelos Arts. 1.265 e segs.) e, sendo coisa fungível, o software pode ser objeto de contratos de mútuo (previstos nos Arts. 1.256 e segs. do Código Civil).
Por ser coisa fungível e por previsão específica da Lei dos Direitos Autorais e da Lei 9.609/98, o software não pode ser objeto de contratos de locação (Arts. 1.188 e segs. do Código Civil), mas, sim, de contratos de cessão ou de licença de uso. (vide neste volume comentários às diferenças entre Licença de Uso de Programa de Computador e Locação de Bens Móveis.)
O instituto da evicção, estabelecido nos Arts. 1.107 e seguintes do Código Civil, segundo o qual o adquirente pode perder a posse da coisa, desde que constatado existir, por sentença, um direito de terceiro, aplica-se, tipicamente, nos Contratos de Cessão ou de Licença de Uso de Programas de Computador. 
Os Arts. 1.346 a 1.358, do Código Civil, que previam o instituto da edição, também foram revogados pela antiga Lei nº 5.988/73. Encontra-se hoje regulado pelos Arts. 53 e segs. da Lei dos Direitos Autorais.
 
OS DIREITOS MORAIS.
Par. 1º. Não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito do autor de reivindicar a paternidade do programa de computador e o direito do autor de opor-se a alterações não-autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação.
 
Os "Direitos Morais", estabelecidos no Art. 24 da Lei dos Direitos Autorais, os quais evidentemente não se aplicam ao software - sob pena de inviabilizar sua livre produção e seu livre comércio - assim como outros que serão mencionados mais adiante, englobam um conjunto de direitos que permitem ao autor: "reivindicar a autoria da obra (inciso I); ter seu nome (pseudônimo, etc) indicado (inciso II); conservar a obra inédita (inciso III); assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações (inciso IV); modificar a obra antes ou depois de ser utilizada (inciso V); retirar a obra de circulação (inciso VI)". Como "Direito Moral" consta ainda a transmissão hereditária dos direitos mencionados nos incisos I a IV do Art. 24.
O direito à paternidade, sem qualquer expressão financeira, pode ser benéfico ao analista de sistemas, programador ou grupo de técnicos que participaram do desenvolvimento do programa, para efeito de seu curriculum profissional, independentemente da discutível obrigatoriedade de menção do nome do autor no programa ou no meio físico que o armazena.
Direitos morais fazem parte da cultura dos paises do direito civil, ou "civil law" e, historicamente, sempre inexistiram na cultura dos de direito consuetudinário, ou comuns, ou "common law", que são os Estados Unidos, vários paises de cultura norte-americana, e a Inglaterra e suas colônias e ex-colônias. A "common law" enfatiza os aspectos econômicos do Copyright, e a Inglaterra estabeleceu pragmaticamente que não existem direitos morais no âmbito da propriedade intelectual de programas de computador. Na União Européia, a Directiva sobre software não aborda o assunto dos direitos morais, deixando os estados-membros livres para adotar ou não o conceito.
A controvérsia acerca dos direitos morais foi uma das razões que manteve os Estados Unidos fora da Convenção de Berna durante mais de um século. Quando, finalmente, o regime norte-americano evoluiu e os Estados Unidos se tornou signatário de Berna, o Congresso norte-americano estabeleceu que nenhuma mudança deveria ser feita na legislação do país, já que o conjunto de dispositivos existentes fornecia adequada proteção aos direitos morais.
A atual lei 9.610/98, Lei dos Direitos Autorais, em continuidade à Lei 5.988/73, nas disposições preliminares, Art. 22 , determina que "pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou." E relaciona (Art. 24) uma série de direitos considerados "morais", tais como o de reivindicar a paternidade da obra, o de ter o nome ou pseudônimo ou sinal indicado ou anunciado como sendo o autor, quando da utilização da obra, o de assegurar a integridade da obra, o de conservá-la inédita, o de retirar a obra de circulação, o que, evidentemente, não se aplica a programas de computador.
Parece-nos inaplicável, senão potencialmente problemático para a indústria e comércio de software, o direito do autor, moralmente considerado, ou seja o direito do analista/programador ou grupo de técnicos "...opor-se a alterações não-autorizadas, quando estas impliquem deformação, mutilação ou outra modificação do programa de computador, que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação", como reza o parágrafo 1º.
 
PRAZO DE PROTEÇÃO: 50 ANOS+VIDA/+ANO CORRENTE.
Par. 2º. Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.
 
O prazo de proteção é de 50 (cinquenta) anos, ao contrário de outras obras de Direitos Autorais, cujo prazo é de 70 (setenta) anos (Art. 41 da Lei 9.610/98). A lei antiga dizia "...contado a partir de seu lançamento em qualquer país". A atual quer que o prazo comece a contar "...a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação, ou, na ausência desta, da sua criação.". 
Urge modificar o texto do Par. 2º, Art. 2º, tendo em vista a inaplicabilidade da expressão "publicação", quando dirigida a um programa de computador e, da mesma forma, ser de extrema dificuldade estabelecer, para início da contagem do tempo, o exato momento da "...criação" de um programa. Tornar-se-á imperativo registrar de algum modo o software, para que se caracterize com precisão a contagem do tempo de tutela dos direitos, o que vem a contrariar frontalmente o que preceitua a Convenção de Berna, mãe natural dos direitos autorais e do "copyright".
Tempo de proteção de 50 anos era considerado incongruente com a relativamente curta vida comercial dos programas de computador. Hoje, muito por força do problema do "bug" do milênio, ou do século, verifica-se que há software produzido na década de setenta que ainda continua operante. Na Europa, o prazo da Directiva do software também é de 50 anos após a morte do autor. Quando o autor for pessoa jurídica – que vem a ser o caso de quase 100% das empresas de software e serviços do País - o prazo começa a contar a partir do momento em que o programa é, legalmente, colocado à disposição do público. O Art. 6º, do revogado Decreto 96.036/88, definia o que vem a ser lançamento: "O momento em que o autor do programa o utiliza ou põe à disposição de outrem."
Ainda na Europa, a Directiva que visa a harmonizar os prazos de proteção dos direitos autorais/copyright, de forma a estabelecer um alto nível de proteção, ao mesmo tempo adequado ao mercado interno da Comunidade, estabeleceu em 70 anos após a morte (ou seja: vida mais 70 anos), ao invés de 50, o prazo de proteção. A nova Lei dos Direitos Autorais, no Brasil, estabelece, em seus arts. 43 e 44 que o prazo será de 70 anos para obras anônimas ou pseudônimas ou para obras audiovisuais e fotográficas.
Na época, a comissão para alteração da Lei do Software manteve o prazo de 25 anos na proposta entregue aoCONIN. Entre os integrantes do CONIN alguns pretendiam reivindicar uma redução deste prazo por acharem-no excessivamente longo. Na proposta a Comissão incluiu a definição de lançamento, que antes constava no Decreto regulamentador. O CONIN não alterou a maioria dos artigos, assim como deixou intacto o Art. 3(167). A Comissão para alteração da Lei do Software incluiu, reunidas, no texto do anteprojeto proposto ao CONIN várias disposições que constavam da antiga Lei 7.646/87 e do Decreto 96.036/88, tais como as informações básicas que o requerente do registro deve apresentar ao INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial e a determinação do sigilo que deve resguardar as informações que fundamentam o pedido de registro.
O Art. 6º, do antigo Decreto nº 96.036/88, definia o que vem a ser lançamento como "o termo inicial". "O momento em que o autor do programa o utiliza ou o põe à disposição de outrem". Como a questão do lançamento ficou um tanto incerta, restando caracterizar com mais precisão o seu momento e, com isso, garantir com maior certeza os direitos do autor, é recomendável registrar o programa e, com isso, garantir eficientemente a propriedade sobre o mesmo. Para se provar direitos, por outro lado, relativamente a um bem semelhante ao software é fundamental a prova da anterioridade. Por isso - a por prevenção - recomenda-se o registro do software o quanto antes.
Lançamento de um programa pode ser o momento em que o autor o utiliza ou em que o autor põe o programa à disposição de outrem. Ora, "utilizar" um programa é (pode ser) uma relação sem testemunhas, entre o usuário e o computador, por isso fica difícil a comprovação do momento da utilização - com isso fica difícil caracterizar seu "lançamento". 
"Por um programa à disposição de outrem" pode ser divulgar publicamente a existência do programa, anunciar seu lançamento, fazer propaganda do programa com a finalidade de comércio. A data da divulgação dos folhetos, dos anúncios ou da assinatura de contratos, que tenham como objeto o programa de computador, caracterizam com maior segurança o momento do seu lançamento.
 
O REGISTRO É FACULTATIVO-I.
Par. 3º. A proteção aos direitos de que trata esta Lei independe de registro.
A Convenção de Berna, promulgada no Brasil pelo decreto 75.699/75, em seu Art. 5º, e a UCC - Convenção Universal sobre Direitos de Autor (Art. 3º), promulgada no Brasil pelo Decreto 76.905/71, além da própria Lei dos Direitos Autorais, em seus Arts. 18 a 21, estabelecem a não obrigatoriedade do registro para que se obtenha a titularidade dos direitos autorais sobre programas de computador. Querendo registrar, entretanto, o autor podia optar pela FBN-Fundação Biblioteca Nacional, com seus escritórios regionais, ou pelo INPI-Instituto Nacional da Propriedade Industrial. O Decreto nº 2.556, de 20/04/98, veio regulamentar o registro de programas, estabelecendo que o registro pode ser feito no INPI. Um acordo entre ministérios, em fins de 1.999, veio estabelecer que apenas o INPI está autorizado a registrar programas de computador.
A nosso ver, entretanto, não só pelo processo bem mais desburocratizado e pelo razoável valor cobrado como emolumentos, mas por uma questão de regulamentação por um diploma legal hierarquicamente superior, o registro deveria continuar sendo feito na FBN-Fundação Biblioteca Nacional tendo em vista a determinação emanada do Art. 3°, Parág. 1º, Inc. I a III e Parág. 2º, da lei 9.609, de 19/02/98 (Lei do Software no Brasil) e do Art. 19 da lei 9.610, de 19/02/98 (Lei dos Direitos Autorais). O Art. 19 da lei dos Direitos Autorais determina que é "...facultado ao autor registrar a sua obra no órgão público definido no caput e no parágrafo 1º do art. 17 da lei nº 5.988, de 14/12/73." Que dispõem claramente, "...para segurança dos direitos do autor" que o programa de computador deve ser registrado na Biblioteca Nacional e, na dúvida, (parágrafo 3º do Art. 17) no Conselho Nacional de Direito Autoral. Não se faz menção ao INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial, órgão tradicionalmente dedicado ao registro das patentes e marcas
Sem nenhuma razão para isto, que não seja o próprio interesse na arrecadação das taxas cobradas, o INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial divulga, amplamente, em todo o território nacional (incluindo o horário oficial da Voz do Brasil) a necessidade do registro de programas de computador para que se garanta a sua propriedade. 
Os Arts. 3 e 4, da Resolução nº 057/88, do CNDA, dizem que qualquer co-autor de programa de computador poderá requerer o registro, pessoalmente ou através de procurador investido de poderes especiais. Qualquer pessoa, em suma, desde que apresente procuração específica, poderá requerer o registro de programa de computador. O art. 9 da resolução nº 057/88, do CNDA, determina que "para valer perante terceiros" a cessão de direitos autorais de programas de computador deverá ser, sempre, por escrito, ou seja, mediante contratos e deverá ser averbada à margem do registro a que se refere a resolução.
O que nos parece criaria um irrazoável excesso de burocracia e emperrar o carro, atravancando toda a necessária dinâmica do comércio de software, no País. Imagine-se que todo o intenso comércio de software se faz através de contratos. Imagine-se que todos os contratos devam ser "averbados à margem do registro", no INPI. Um sério embaraço aos negócios daqueles programas registrados no INPI.
O INPI expedirá outras normas complementares - quanto mais normas mais burocracia - regulamentando os procedimentos para registro (art. 10, da Resolução 057/88) e, indeferido o pedido de registro, pelo INPI, caberá recurso em 15 dias ao CNDA - que deveria, na época, ouvir a SEI.
Vale mencionar, a bem do excesso de burocracia, que o INPI não aceita o fato de que uma empresa, pessoa jurídica, seja, por si, titular dos direitos patrimoniais sobre programas de computador, exigindo, quando o pleito de registro é apresentado por pessoas juridicas, a juntada de um "termo de cessão", onde uma pessoa natural (física) cede à empresa os direitos sobre o programa. Acrescente-se que ao dar entrada em pedidos de registro em algumas delegacias ou representações do INPI, após ter juntado os documentos requeridos nos "envelopes" próprios e recolhido o valor da taxa por programa, o solicitante recebe, como único comprovante, um tacanho, lacônico, informal e mal redigido protocolo, que não transmite nenhuma segurança.
 
Par. 4º. Os direitos atribuídos por esta Lei ficam assegurados aos estrangeiros domiciliados no exterior, desde que o país de origem do programa conceda, aos brasileiros e estrangeiros domiciliados no Brasil, direitos equivalentes.
 
O parágrafo 2º, do Art. 3º, da lei 7.646/87, também estabelecia a reciprocidade de direitos para estrangeiros domiciliados no exterior - desde que o país de origem do programa conceda a brasileiros e estrangeiros, domiciliados no brasil, direitos equivalentes em extensão (os mesmos direitos concedidos pela legislação brasileira) e duração (mínimo de 25 anos; agora 50 anos).
  
A FUNGIBILIDADE – PORQUE NÃO LOCAÇÃO DE SOFTWARE.
Par. 5º. Inclui-se dentre os direitos assegurados por esta Lei e pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País aquele direito exclusivo de autorizar ou proibir o aluguel comercial, não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa.
Par. 6º. O disposto no parágrafo anterior não se aplica aos casos em que o programa em si não seja objeto essencial do aluguel.
 
Programa de computador, ou software, é bem imaterial, do âmbito dos bens suscetíveis à propriedade intelectual, da esfera dos direitos autorais. Protegido no Brasil, até esta data, sucessiva e cumulativamente, pelas leis 9.610/98 e 9.609/98, além de alguns decretos e dispositivos de leis anteriores não revogados.
Software é também bem móvel, definido em lei - Código Civil, Arts. 47 e 48 - e coisa fungível - CódigoCivil, Art. 50. Sendo tal, programas não podem ser objeto de locação, mas, de cessão ou licença, conforme estabelecido no Código Civil, Art. 1.188, já que um determinado programa de computador é perfeitamente substituível por outro que solucione os mesmos problemas, obtendo os mesmos resultados .
Pode-se afirmar que o usuário paga para que lhe seja fornecido um programa - qualquer cópia, não uma cópia específica - que execute determinadas funções e obtenha determinados resultados, solucionando determinados problemas. Quando, por exemplo, se quebra ou se deteriora, de alguma forma, o meio físico que contém determinado software, não importa, para o usuário, que lhe seja enviado outra cópia do software, desde que a cópia enviada substitua eficazmente a anterior. 
A título de ilustração, também os serviços de suporte e manutenção de programas, especificamente, são considerados fungíveis, ou seja, não carecem ser prestados por uma determinada pessoa natural ou jurídica. O que interessa é o atendimento às necessidades do usuário e não a identidade da pessoa que o presta.
Os Parágrafos 5º e 6º, ao mencionarem a hipótese do aluguel de programas contradizem a própria lei, que estabelece que "... o uso de programas de computador no País será objeto de contrato de licença" (Art. 9º), não de aluguel. O Art. 7º também menciona contrato de licença de uso de programa, não de aluguel. O Art. 27 da Lei 7.646/87 estabelecia, da mesma forma, que "...a exploração de programas de computador, no País, será objeto de contratos de licença ou cessão, livremente pactuados pelas partes". Acredita-se que a menção ao aluguel é específica e exclusiva para os casos de jogos eletrônicos e outros programas de entretenimento gravados em CDs e fornecidos nas casas locadoras de filmes e jogos eletrônicos.
O texto do Par. 5º não é claro quando se refere ao fato de que o direito não é "...exaurivel pela venda, licença ou outra forma de transferencia da cópia do programa". Carece substancial explicação, sob o risco de complicar a vida dos advogados praticantes. Suspeita-se, apenas, que os autores do projeto tentaram, de forma um tanto insegura, explicar que não se aplica no Brasil o principio da primeira venda, ou da exaustão do direito de distribuição após a primeira venda do produto (conhecido nos E.U.A e Inglaterra, agora também na União Européia, como"the first sale doctrine"), aplicável a fitas de video, por exemplo. Acontece que o principio da primeira venda só se aplica quando o produto é "vendido". Programas de computador podem ser, mas não são vendidos, com quase nenhuma frequência, mas licenciados para uso - daí as "outras formas de transferência" mencionadas na lei. O artigo 4 (c) da Directiva Européia sobre software estabelece o principio da exaustão do direito de distribuição após a primeira venda, daquela cópia, naquele território. O texto da Directiva européia é bem semelhante ao da lei brasileira.
O REGISTRO É FACULTATIVO-II.
Art. 3. Os programas de computador poderão, a critério do titular, ser registrados em orgão ou entidade a ser designado por ato do Poder Executivo, por iniciativa do Ministério responsável pela política de ciência e tecnologia. 
Par. 1º. O pedido de registro estabelecido neste artigo deverá conter, pelo menos , as seguintes informações: 
I - os dados referentes ao autor do programa de computador e ao titular, se distinto do autor, sejam pessoas físicas ou jurídicas;
II - a identificação e descrição funcional do programa de computador; e 
III - os trechos do programa e outros dados que se considerar suficientes para identificá-lo e caracterizar sua originalidade, ressalvando-se os direitos de terceiros e a responsabilidade do Governo.
Par. 2º. As informações referidas no inciso III do parágrafo anterior são de carater sigiloso, não podendo ser reveladas, salvo ordem judicial ou a requerimento do próprio titular.
Como mencionado nos comentários ao parágrafo 3º, do Art. 2º, as convenções internacionais e a própria Lei 9.610/98 estabelecem a não necessidade do registro para a aquisição e proteção da propriedade sobre o software. O registro é facultativo como também estabelece a Lei 9.609/98 (Art. 3º).
Na lei anterior (7.646/87), o Art. 4º e Par. 1º estabeleciam que o registro facultativo, a critério do autor, poderia ser feito em órgão a ser designado pela CNDA-Conselho Nacional de Direito Autoral, regido pela Lei 5.988/73. Na lei anterior não havia uma descrição detalhada das especificações a serem submetidas quando do pedido de registro facultativo, a descrição ficou a cargo do Decreto 96.036/88.
O parágrafo 2º, do Art. 3º da Lei do Software, estabelece que as informações que fundamentam os pedidos de registro são de caráter sigiloso, não podendo ser reveladas a não ser por ordem judicial ou a requerimento do próprio titular. Tal providência de sigilo deverá ser tomada pelo próprio órgão recebedor do registro, seja a Fundação Biblioteca Nacional ou o INPI, que, consequentemente, não poderá divulgar informações relativas aos programas em registro ou já registrados, o que garante, até certo ponto, que informações técnicas importantes poderão ser mantidas em segredo.
 
 DIREITOS DO EMPREGADO E DO EMPREGADOR.
Art. 4. Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador, contratante de serviços ou órgão publico, os direitos relativos ao programa de computador desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, contratado de serviços ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra da própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos.
Par. 1º . Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado.
Par. 2º. Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado de serviço ou servidor, os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou orgão público.
Par. 3º. O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos em que o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados. 
 
O Art. 4 e seus parágrafos tratam da tradicional questão do programa desenvolvido por profissional com vínculo empregatício. Salvo estipulação, por contrato, em contrário, a propriedade pertence ao empregador e "...a compensação do trabalho ou serviço prestado prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado". A questão regulamenta-se igualmente em quase todo o mundo.
Entretanto, o parágrafo segundo do Art. 4, também remanescente das legislações anteriores, pode, em alguns casos, ser causador de certa confusão, pois admite que o empregado tenha outra atividade em paralelo com o seu trabalho remunerado, isto é, possa desenvolver programas de computador de sua autoria, fora do horário do expediente, nos fins de semana e férias, por exemplo, sem utilizar-se dos equipamentos, instalações, informações, segredos, etc., do empregador. 
Esta questão é polêmica pois programadores e analistas, em geral, trabalham com informação, que vem a ser uma entidade "invisivel", imaterial, a qual muitas vezes fica copiada não só nos discos, mas também no cérebro da pessoa humana e pode ser utilizada para fins diferentes daqueles originais. Além disso é precário afirmar que um determinado programa desenvolvido por um programador não contenha, em si, a tecnologia aprendida e trazida, pelo profissional, por força do desenvolvimento de programas antecedentes. Para desenvolver programas não há necessidade de certos equipamentos e instalações.Basta um PC convencional. 
Para solucionar o problema o parágrafo segundo deveria ser eliminado e as questões deveriam ser deixadas para serem decididas entre empregados e empregadores com base na legislação civil e penal e nos fatos existentes para cada situação.
A redação do caput do Art. 4º é bem clara quando se refere a contratante de serviços ou órgão público, ou seja: as disposições aplicam-se, também, nas relações de desenvolvimento de sistemas entre empresas públicas e/ou privadas, onde a empresa "A", contratada, desenvolve software para a empresa "B", contratante, ou nos casos de desenvolvimento de sistemas por pessoal free lancers.
A expressão "...expressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento" provoca confusão na inteligência do texto: o que vem a ser programa expressamente destinado a "desenvolvimento"?
O entendimento é que o Art. 4º vem regular (já regulava na Lei 7.646/87) a relação patrão x empregado x direito de propriedade sobre programas desenvolvidos. O parágrafo 1º define melhor o assunto quando diz que " ... a compensação do trabalho ou serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado", ressalvado ajuste em contrário.
Mesmo havendo determinação expressa em lei sobre quem é o dono do programa desenvolvido, as empresas, em seus contratos de trabalho com pessoal técnico e nos contratos, em geral, de desenvolvimento de sistemas, devem fazer constar cláusulas específicas sobre o assunto. Contratos de trabalho - e, porque não, contratos sociais de formação de empresas - devem regular com cuidado a questão da propriedade sobre software e, em geral, sobre a propriedade de bens imateriais, em particular os bens objeto de direitos autorais. Devem especificar com clareza quem é (será) o proprietário do programa e das informações técnicas que o acompanham, a respeito das quais deve ser guardado sigilo. Vide no capítulo de modelos de contratos, neste volume, os termos aditivos ao contrato de trabalho que tratam de propriedade dos programas desenvolvidos por empregados no exercício da sua função.
 
O CONTRATO DE TRABALHO EM EMPRESA DE SW.
Além de um contrato de trabalho completo e bem redigido, entre a empresa e seus empregados, sejam eles técnicos ou não técnicos, a empresa de software e serviços carece termos aditivos que: a) considerem a questão da confidencialidade de informações e deixem claro para o empregado o risco de veicular informações não autorizadas, ou consideradas privilegiadas; b) impeçam a entrada de programas "piratas" ou software "contaminado" na empresa, estabelecendo uma certa rigidez de procedimentos para a utilização de programas de computador por empregados, incluindo "sharewares" e "freewares", além de deixar claro as responsabilidades.
O empregado deve tratar qualquer informação a que tenha ou que venha a ter acesso para cumprimento de suas atividades, bem como as que tenha ou venha a ter acesso através das empresas para as quais a empresa atual tenha algum tipo de contrato, como sendo de exclusiva propriedade da empresa para a qual trabalha, de forma a não usar as informações de mercado, ou as informações tecnológicas sensíveis da empresa, nas quais se incluem, sem se limitar a, desenhos, projetos, conceitos, esquemas, idéias, patentes, invenções, especificações técnicas, políticas de preço, informações financeiras, etc., que não sejam de domínio público, quer sejam estes de propriedades intelectual reconhecida ou potencialmente reconhecível como pertencente à empresa.
É justo que se deixe claro que as informações de propriedade da empresa, ou seja, as consideradas valiosas e relativas aos produtos, serviços, estruturas e estratégias da instituição, não se confundem com as informações relativas ao conhecimento de propriedade do empregado, adquirido pelo mesmo no processo natural da sua evolução pessoal e profissional. 
 
DERIVAÇÕES E NOVAS VERSÕES.
Art. 5. Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular dos direitos de programa de computador, inclusive sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário.
A lei deveria proibir alterações ou "derivações" desautorizadas, assim como admite as autorizadas e sua exploração econômica. O texto é claro: devem ser alterações autorizadas feitas por pessoa autorizada, admitindo-se estipulação contratual que estabeleça diferentemente.
Entende-se que somente quando estipulado em contrato é que terceiros poderão fazer modificações tecnólogicas ou obter "derivações" do programa. O termo "derivações", originária dos direitos autorais, não é uma expressão conhecida da área de software; deve significar, salvo melhor entendimento, "novas versões" do programa, ou qualquer forma subsequente do programa obtida a partir do original. Não havendo disposição escrita a respeito, as novas versões e modificações pertencem ao produtor do software, independentemente de quem as fizer. O texto não esclarece, mas subentende-se que deva ser com autorização escrita do titular dos direitos.
Quando o produtor do programa contrata distribuidores ou "revendedores" e estes firmam licenças de uso com distantes usuários finais, ou quando os programas são comercializados em prateleiras como quaisquer outros produtos, licenciados através de simples contratos de adesão, os usuários não se tornam conhecidos do produtor. São estas as ocasiões, dependendo evidentemente da política de comercialização de cada empresa e das características de cada produto, de se adotarem cautelas específicas quanto à possibilidade de existência de violação de direitos autorais: alterações no programa, cópias indevidas, etc..
Somente quando estipulado em contrato, entre as partes, é que os direitos sobre as modificações tecnológicas e derivações, incluindo os direitos de exploração econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer. Não havendo estipulação escrita a respeito, as derivações e modificações pertencem ao cedente/autor/fornecedor do programa de computador, independentemente de quem as fizer.
Além disso, no texto legal existe a expressão "... pertencem à pessoa autorizada que as fizer...", onde se destaca a palavra "autorizada", ou seja: que tem autorização, presume-se, expressa e escrita, para fazer as modificações.
Quando o produtor contrata distribuidores e estes assinam "Licenças de Uso", com usuários finais, muitas vezes tais usuários sequer se tornam conhecidos do produtor. São estas as ocasiões - dependendo da política comercial da empresa fornecedora e das características do produto - de se adotarem cautelas específicas quanto à possibilidade de existência de violações ao direito de propriedade (alterações no programa, cópias indevidas, etc.). Algumas vezes as distâncias entre os usuários finais e o fornecedor originário são excessivamente grandes - sem contar os intermediários que podem existir pelo caminho.
É certo que para programas vendidos no varejo, chamados "produtos de prateleira", nem interessa ao produtor/fornecedor conhecer o usuário final - não existe preocupação quanto a pirataria assim como também não há interesse em firmar contratos extensos (opta-se pelo de adesão) ou estabelecer qualquer tipo de relação comercial mais detalhada.
 
A CÓPIA PARA "BACKUP".
Art. 6. Não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de computador:
I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;
II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos respectivos;
III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão;
IV - a integração de um programa, mantendo-se suas característicasessenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu.
O Art. 6º estabelece as exceções às violações de direitos de autor de programas de computador. São disposições de resultados duvidosos, pois permitem interpretações diversas dos enunciados, especialmente o enunciado do ítem III, que admite não constituir violação de direito de autor a ocorrência de semelhança de um programa "A" com outro programa "B" quando tal semelhança se der por força das "...características funcionais da sua aplicação...", ou por força da "... limitação de forma alternativa para a sua expressão". 
Não há maiores explicações acerca do que vem a ser "...características funcionais" da aplicação de um programa. Com isso ambas as partes de um litígio sobre similaridade de um programa podem argumentar com base no Art. 6º, III. Sem dúvida o advogado do "pirata", se for o caso, irá afirmar que o programa de seu cliente só é igual ao outro por força das "...características funcionais da sua aplicação", já que ambos os programas, por exemplo - os argumentos são infindáveis - funcionam sob o mesmo ambiente de processamento, mesmos sistemas operacionais, mesmo hardware, etc., e ambos os programas são aparentemente iguais porque foram elaborados usando a mesma linguagem de programação, etc.. Ficará dificil para um juiz, e mesmo para o próprio perito, identificar e determinar que "B" é, ou não é, cópia de "A", ou vice-versa, ou, então, que ambos os programas são semelhantes, mas que tal semelhança não constitui (ou constitui) violação de direito autoral. 
Parece-nos que o ítem III dá chances preciosas para argumentos infundados que podem favorecer a pirataria, sob quaisquer modalidades em que a mesma se manifeste. Tais questões deveriam ser matéria de prova nos tribunais e tratadas caso a caso, nunca definidas previamente em lei, abrindo caminho por onde podem enveredar todos os "copiadores" de software e elaboradores de engenharia reversa mal-intencionados.
Também no ítem II, quando se permite a citação parcial de informações e dados técnicos relativos ao programa abre-se espaço para o fornecimento e divulgação de informações sigilosas, capazes de ocasionar prejuízos aos direitos do autor.
O ítem I, que permite "...a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico,...", vem preencher uma lacuna deixada pela Lei 7.646/87, cujo Art. 7º, I permitia a reprodução de cópia legitimamente adquirida, para fins de "backup", mas não especificava que tal reprodução deveria ser "... em um só exemplar".
Seria conveniente estabelecer, antecipando uma futura e certa discussão a respeito, que quando do uso autorizado e normal de programas de computador, a simples "carga" do programa na memória, ou a transferência do programa de um meio fisico para outro não constitui cópia desautorizada do programa nem requer especial autorização do detentor dos direitos.
O provedor de serviços, em redes de computadores (Internet) deveria ficar responsável, de alguma forma, pela transmissão de cópia ilegal de programa de computador - e isso tanto pode ser legislado no projeto sobre redes quanto pode ser uma alteração na legislação sobre programas.
Toda a redação do texto do Artigo 6º e seus parágrafos é mal elaborada, dando margem a dúvidas. Esse artigo, por inteiro, é dispensável, já que não se deve estabelecer, em lei, tais exceções.
A questão da cópia extra, agora denominada de "cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico" (ou backup), poderia ser tratada isoladamente, no capítulo dos direitos do usuário, por exemplo e a lei, sob hipótese alguma deveria permitir, ou autorizar, a existência de programas semelhantes "... por força das características funcionais da sua aplicação...". Isto é o mesmo que dar chances preciosas para argumentos infundados que podem favorecer a pirataria, sob quaisquer modalidades em que ela atue. Tais questões deveriam ser matéria de prova nos tribunais (ou perante os Órgãos Públicos), tratadas caso a caso - nunca definidas previamente em lei. Com isso a lei abriu um caminho por onde poderão seguir todos os "copiadores" de software e elaboradores de engenharia reversa mal intencionados, além de facilitar aqueles que visam a "atirar a esmo", alegando, de forma aventureira, a similaridade entre seus programas e os dos concorrentes.
 
GARANTIAS, PRAZO DE VALIDADE E NOVAS VERSÕES - DIREITOS DO CONSUMIDOR.
CAPITULO III - DAS GARANTIAS AOS USUÁRIOS DE PROGRAMA DE COMPUTADOR
Art. 7. O contrato de licença de uso de programa de computador, o documento fiscal correspondente, os suportes físicos do programa ou as respectivas embalagens deverão consignar, de forma facilmente legível pelo usuário, o prazo de validade técnica da versão comercializada. 
Art. 8. Aquele que comercializar programa de computador, quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular do direitos de comercialização, fica obrigado, no território nacional, durante o prazo de validade técnica da respectiva versão, a assegurar aos respectivos usuários a prestação de serviços técnicos complementares relativos ao adequado funcionamento do programa, consideradas as suas especificações. 
Par. único. A obrigação persistirá no caso de retirada de circulação comercial do programa de computador durante o prazo de validade, salvo justa indenização de eventuais prejuízos a terceiros.
Entende-se que o prazo de validade técnica da versão comercializada deva ser especificado no contrato de licença, no documento fiscal correspondente, no suporte fisico ou nas respectivas embalagens do programa, alternativamente.
A questão da validade técnica da versão comercializada é uma das mais polêmicas pois ainda não se sabe como prever prazos de validade técnica de versões do software (quantos meses ou anos a partir da data do licenciamento?). Poucas são as empresas produtoras - se é que existem - capazes de trabalhar com periodicidade previsível de emissão de novas versões do programa. A tendência óbvia seria conceder prazos curtos de forma a não comprometer o produtor. Para manter o prazo de validade técnica seria também necessário definir o que vem a ser "novas versões" de um programa, conceito cuja importância transcende a existência da lei. Novas versões pode significar, pelo que se sabe até agora, substanciais modificações técnicas e de desempenho do programa, em relação à versão anterior, o que continua, mesmo assim, vago e impreciso. Na prática, a vida útil de uma nova versão de software tem sido encarada pelo lado do "marketing" do produto, sem considerar os aspectos legais e contratuais.
Durante o indefinido "prazo de validade técnica", supõe-se, o produtor fica obrigado a acertar os erros de concepção e programação cometidos e a prestar manutenção, ou seja, "assegurar serviços técnicos complementares" que mantenham o programa funcionando adequadamente. A lei é clara ao imputar a responsabilidade pelos serviços técnicos complementares não só ao produtor, mas, também, ao distribuidor ou revendedor: "... quer seja titular dos direitos do programa, quer seja titular dos direitos de comercialização". Entende-se que o "... titular dos direitos do programa" é, a princípio, o produtor, ou titular dos direitos de propriedade sobre o programa.
Não há, no entanto, nada que impeça a cobrança de remuneração pelos serviços técnicos complementares ou de manutenção do programa, durante ou após vencido o prazo de validade técnica, a critério do fornecedor dos serviços, em comum acordo com o usuário, já que a lei não diz que tais serviços devam ser sem ônus.
Acrescente-se que constitui crime contra a ordem econômica e as relações de consumo, de acordo com a Lei 8.137, de 27/12/90, Art. 5º, II, "subordinar a venda de bem ou a utilização de serviço à aquisição de outro bem, ou ao uso de determinado serviço;" o que envolve vincular a prestação de serviçosde manutenção e suporte de programas ao fornecimento dos referidos programas, ou seja, como costuma ocorrer hoje em raros casos da prática, obrigar a contratação de serviços de manutenção e suporte quando do fornecimento de programas de computador. 
A garantia pretendida não se refere somente aos erros de gravação ou a problemas relacionados com o meio físico ou com a aderência do software ao meio físico, perda de dados, defeitos técnicos, impossibilidade de leitura, processamento inadequado, ou quaisquer tipos de problemas que envolvam a qualidade do meio físico e a fixação/recuperação de informações. Deve-se garantir, principalmente o adequado funcionamento do programa em acordo com seus manuais e especificações. Deve-se garantir que o programa não apresentará defeitos de qualquer espécie. Sugere-se garantir expressamente que o programa não apresentará qualquer problema quando da passagem do ano de 1.999 para o ano 2.000, ou seja, que o software estará isento do "bug" do milênio.
Saliente-se que, por definição, ao adquirir um programa o usuário paga o preço do software: o conjunto de instruções gravadas no meio físico e o preço do meio físico também. Por isso, caso se danifique o meio físico, por qualquer motivo, o usuário tem o direito de requerer nova cópia, pagando apenas o valor do novo meio físico, as despesas de gravação e o frete, se houver, visto que o programa (bem imaterial que independe do meio físico) já fora pago – daí a sua fungibilidade, o que é um dos fatores a impedir sua locação.
Geralmente o produtor garante o funcionamento do programa de acordo com as especificações e características contidas no manual do usuário que acompanha o produto licenciado, não garantindo, portanto, resultados não previstos. As garantias estipuladas não abrangem problemas, erros, danos ou prejuízos advindos de decisões tomadas com base em informações, quaisquer que sejam, fornecidas pelo programa, assim como não abrangem defeitos ou erros decorrentes de negligência, imprudência ou imperícia do usuário (culpa latu-sensu), seus empregados ou prepostos, assim como, problemas provenientes de "caso fortuito" ou "força maior", contemplados pelo Art. 1.058 do Código Civil Brasileiro.
O Art. 23, da antiga Lei do Software, que estabelecia a obrigatoriedade de constar nos suportes físicos, nas embalagens e nos contratos relativos a software o número do cadastro e o prazo de validade técnica da versão do programa, foi totalmente cancelado pela Comissão do Governo, em sua proposta - principalmente porque não mais haverá a figura do cadastramento do programa. Cancelados também foram os artigos 8 a 14, que tratavam das regras para o cadastramento de programas e 15 a 22, que tratavam da já inexistente "Quota de Contribuição" e tinham sido vetados pelo então Presidente da República quando da sanção da lei. Também vetados pelo então Presidente da República foram os artigos 20 a 22.
Já o entendimento do Art. 24 e seus incisos, do Art. 25 e do Art. 26 da Lei 7.646/87, foram mantidos (agora arts. 7º e 8º), além de serem acrescentadas disposições que reforçam a proteção ao usuário e esclarecem sobre a responsabilidade do fornecedor (assim a nova redação do Art. 8º, parág. único), como a obrigação do fornecedor manter serviços técnicos após a retirar o programa do mercado, ou indenizar por prejuízos causados a terceiros.
Houve uma proposta da Comissão Conjunta, formada pela Portaria nº 536, de 13/09/90, que encarregou-se de estabelecer, sem maiores explicações, um prazo de cinco anos, após a retirada de circulação comercial do software, durante o qual o fornecedor ficaria obrigado a responder pela qualidade do seu produto (Art. 10, II).
Supunha-se que fosse um prazo de garantia, dada pelo fornecedor ao usuário. Não se sabe como seria possível prever prazos de validade de versões, para muitas empresas produtoras ou fornecedoras. Poucas são - se é que existem - as empresas que trabalham com periodicidade previsível de emissão de novas versões de programas. Para manter o "prazo de validade técnica" seria preciso uma definição sobre o que vem a ser, também, "novas versões" de um programa; um conceito cuja importância independe da existência ou não de nova lei.
"Novas versões" pode querer dizer, pelo que se sabe até agora, "substanciais modificações técnicas e de preço" em relação à versão anterior, o que faz do conceito, ainda assim, algo um tanto vago e impreciso. Uma nova versão de um programa pode, hoje, conter pequenas modificações de ordem técnica, em relação à versão anterior, acrescidas de um radical "0, 1, 2, ..." seguido a um ponto (assim: Versão 1.0). A expressão "plus", ou a sigla da empresa (Versão 1.0 plus) também são comumente usadas para identificar novas versões e permitir, até, que programas sejam cadastrados como "novos" sem que o sejam. Uma nova versão, hoje em dia - enquanto não se define a questão - pode ser, muito mais, uma questão de "marketing" do produto.
Durante o obscuro "prazo de validade técnica", ou durante os cinco anos constantes da proposta da extinta Comissão - tudo se resume em prazo de "garantia" - o fornecedor fica obrigado a acertar os erros de concepção e programação cometidos e a prestar manutenção ("assegurar serviços técnicos complementares", que mantenham o programa funcionando adequadamente) ao programa. Não há nada que impeça a cobrança de remuneração pelos serviços técnicos de manutenção, a critério do fornecedor e, evidentemente, em comum acordo com o usuário. A lei não diz que os serviços técnicos complementares devam ser sem ônus para o usuário. Acertar os erros do programa significa providenciar para que o programa faça, corretamente, tudo aquilo que prometeu fazer.
A garantia, pretendida pela lei é não só quanto a erros de gravação ou a problemas relacionados com o meio físico ou com a aderência do software ao meio físico, perda de dados, defeitos técnicos, impossibilidade de leitura, processamento, etc., defeitos na junção software/hardware (quando um programa gera um comando que ativa o hardware, ou quando um programa retoma, a partir do fim de um trabalho de hardware, o ciclo de processamento - a passagem software/hardware e vice-versa) ou quaisquer tipos de problemas que envolvam a qualidade do meio físico e a fixação/recuperação de dados.
É preciso salientar, conforme já foi anteriormente explanado, que ao adquirir um programa o usuário paga o preço do software (o conjunto de instruções gravados no meio físico). Por isso, caso se danifique o meio físico, por qualquer motivo, o usuário tem direito de requerer uma nova cópia, pagando apenas o valor do novo meio físico, as despesas de gravação e o frete, se houver, visto que o programa (bem imaterial, que independe de meio físico) já fora pago.
O mal-definido prazo de validade técnica acaba sendo um prazo não só de garantia, mas de proteção ao consumidor. Aliás, cabe lembrar que o usuário de software é um consumidor, como qualquer outro, sendo submetido às leis que protegem o consumidor, além da lei específica que o protege como consumidor de software.
Divulgar as correções de eventuais erros não é o mesmo que corrigir os erros. Divulgar quer dizer tornar acessível, distribuir, publicar. O que obrigará o usuário a fazê-lo, se isto for possível, ou contratar alguém que o faça. Na verdade, a correção de erros e a colocação do programa em funcionamento normal, mesmo que não seja previsto e contratado, é responsabilidade do fornecedor perante o usuário. Faz parte dos direitos do consumidor.
Durante o prazo de garantia da versão comercializada, apenas, o programa não poderá ser retirado de circulação. Terminado o prazo, sim. Sempre o programa poderá ser tirado de circulação a qualquer tempo, desde que o titular dos direitos, ou responsável perante o usuário, continue garantindo o programa contra erros e prestando serviços técnicos complementares. Pensando em todas as obrigações a assumir, durante o antigo prazo de validade técnica, nunca muito bem definido, assim como não muito bem definidocontinua o conceito de versão de programa, os produtores/fornecedores de software, enquanto vigia a Lei 7.646/87, preferiam usar prazos suficientemente curtos e não muito comprometedores.
CONTRATOS DE LICENÇA DE USO DE SOFTWARE.
CAPITULO IV - DOS CONTRATOS DE LICENÇA DE USO, DE COMERCIALIZAÇÃO E DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA 
Art. 9. O uso de programa de computador no Pais será objeto de contrato de licença.
Par. único. Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso
Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de comercialização referentes a programas de computador de origem externa deverão fixar, quanto aos tributos e encargos exigíveis, a responsabilidade pelos respectivos pagamentos e estabelecerão a remuneração do titular dos direitos de programa de computador residente ou domiciliado no exterior.
Par. 1º - Serão nulas as cláusulas que:
I - limitem a produção, a distribuição ou a comercialização, em violação as disposições normativas em vigor:
II - eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vicios, defeitos ou violação de direitos de autor.
Par. 2º. O remetente do correspondente valor em moeda estrangeira, em pagamento da remuneração de que se trata, conservará em seu poder, pelo prazo de cinco anos, todos os documentos necessários à comprovação da licitude das remessas e da sua conformidade ao caput deste artigo.
Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial fará o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceitos.
Par. único. Para o registro de que trata este artigo, é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do código-fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessarios à absorção da tecnologia.
O comércio de programas de computador, no Brasil assim como em todo o mundo, é feito na base de contratos de licença ou de cessão de uso, supostamente livres, guardadas as restrições legais, assim estabelecem os Arts. 7º e 9º da lei do Software e o Art. 50 da lei dos Direitos Autorais. O tema dos contratos é mais amplamente discutido no capítulo dos contratos de software, neste volume.
Além da licença ou cessão do direitos de uso, relativamente a programas prontos ou semi-prontos, contratam-se o desenvolvimento de sistemas por encomenda, a parceria de desenvolvimento, a distribuição, revenda ou comercialização, a manutenção e suporte e a prestação de serviços com o uso de software, entre as espécies mais comuns de negócios no setor.
O parágrafo 1º, do Art. 10º, acima, não é claro ao determinar que serão nulas as cláusulas que limitem a produção, distribuição ou comercialização. Há certos limites, impostos em contratos, que não devem ser proibidos, tais como aqueles que restringem territórios de comercialização ou definem regras acerca acerca da prestação de serviços de manutenção e suporte. A liberdade de contratar é uma questão maior na nossa Ordem Jurídica. O próprio Código Civil brasileiro estabelece que desde que o objeto do contrato seja lícito, possível e determinado, ou determinável, desde que se sigam as formalidades legais, se houver e desde que as partes sejam capazes, o negócio juridico regulado pelo contrato passa a ser livre, permitido, válido e exigível. A questão da autonomia da vontade é sagrada no Direito brasileiro e nos regimes jurídicos de países que adotam princípios de democracia e livre mercado.
A lei do software - o que em muito facilitaria o mercado nacional - poderia dar um passo à frente e reconhecer formalmente a existência dos contratos de adesão para os casos de programas de computador comercializados como produtos acabados, em prateleiras de lojas ou "baixados" via Internet, e estabelecer uma certa ordem para esta questão, tal como determinar a responsabilidade judicial (civil e penal) do produtor em relação ao produto, independente de acerto contratual, referindo-se a questões como qualidade e erro do programa e consequente dano ao usuário, fornecimento de versões futuras, correção de erros, assistência tecnica e manutenção dos sistemas e execução da performance anunciada. Enfim, direitos e deveres que hoje não são claros e evidentes porque dependem de conceitos técnicos. Principalmente para os casos em que o usuário/adquirente não tem oportunidade de discutir as cláusulas contratuais mas paga o preço de um produto e espera que, ao abrir a caixa e fazer funcionar o programa, o mesmo faça o que anunciou de maneira satisfatória. Por mais eficaz que seja, a legislação de proteção ao consumidor tende a ser generalista e aborda bens e serviços de maneira geral.
Também seria conveniente esclarecer de vez questões como o fato de que programas de computador podem ser negociados livremente sem qualquer problema, ou seja, vendidos, cedidos para uso ou fornecidos sob forma de "leasing", em quaisquer tipos de meio físico (fita, disquete, CDs) ou até independentemente de meio fisico (via redes de computadores) e que nesses casos serão considerados como tendo a mesma natureza dos bens móveis e produtos acabados, para quaisquer efeitos, inclusive fiscais (Veja neste volume, a seguir, "Contratos de Licença de Uso de Software").
 
O CONTENCIOSO CIVIL E CRIMINAL – PIRATARIAS E OUTROS CRIMES.
CAPITULO V - DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES
Art. 12. Violar direitos de autor de programa de computador:
Pena - Detenção de seis meses a dois anos ou multa.
Par. 1º. Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente:
Pena - Reclusão de um a quatro anos e multa.
Par. 2º . Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no Pais, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral.
Par. 3º . Nos crimes previstos neste artigo, somente se procede mediante queixa, salvo:
I - quando praticados em prejuizo de entidade de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo poder público: 
II - quando, em decorrência de ato delituoso, resultar sonegação fiscal, perda de arrecadação tributária ou prática de quaisquer dos crimes contra a ordem tributária ou contra as relações de consumo.
Par. 4º . No caso do inciso II do parágrafo anterior, a exigibilidade do tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, processar-se-á independentemente de representação.
Art. 13. A ação penal e as diligências preliminares de busca e apreensão, nos casos de violação de direito de autor de programa de computador, serão precedidas de vistoria, podendo o juiz ordenar a apreensão das cópias produzidas ou comercializadas com violação de direito de autor, suas versões e derivações, em poder do infrator ou de quem as esteja expondo, mantendo em depósito, reproduzindo ou comercializando.
 
Art. 14. Independentemente da ação penal, o prejudicado poderá intentar ação para proibir ao infrator a prática do ato incriminado, com cominação de pena pecuniária para o caso de transgressão do preceito. 
Par. 1º. A ação de abstenção de prática de ato poderá ser cumulada com a de perdas e danos pelos prejuízos decorrentes da infração.
Par. 2º. Independentemente de ação cautelar preparatória, o juiz poderá conceder medida liminar proibindo ao infrator a prática do ato incriminado, nos termos deste artigo.
Par. 3º. Nos procedimentos cíveis, as medidas cautelares de busca e apreensão observarão o disposto no artigo anterior.
Par. 4º. Na hipótese de serem apresentadas,

Outros materiais