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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA VIBRAÇÕES MECÂNICAS, LABORATÓRIO DE VIBRAÇÕES MECÂNICAS E GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO CEZZAR CASTRO PAES GABRIEL SOARES QUIXABA GERARDO ALVES NOGUEIRA BRAGA NETO HELDER MONTEIRO SANTANA LUÍZ CLÁUDIO ESPÍNDULA AMORAS JÚNIOR PLANO DE MANUTENÇÃO E ANÁLISE DE VIBRAÇÕES EM UMA BOMBA CENTRÍFUGA NORMALIZADA DO TIPO MANCAL BELÉM 2018 SUMÁRIO INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1 Manutenção mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.1 Tipos de manutenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.2 Planejamento, programação e controle . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.1.3 Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Bombas centrífugas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2.1 Construção mecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.2.2 Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 2 PLANO DE MANUTENÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.1 Apresentação do objeto de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.1.1 Alterações no conjunto original . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 2.2 Manutenção recomendada pelo fabricante . . . . . . . . . . . . . 9 2.3 Manutenção recomendada pela equipe . . . . . . . . . . . . . . . . 10 2.4 Criação de um FMEA para o case . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.4.1 Análise de falhas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 3 ANÁLISE DE VIBRAÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 3.1 Resultado das Análises . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.2 Dimensionamento de Isoladores de Vibração . . . . . . . . . . . . 18 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 APÊNDICE A – Tabela FMEA para o conjunto motobomba 21 ANEXO A – Vistas em corte e explodida e lista de peças . . 23 ANEXO B – Curvas Características de Desempenho . . . . . 27 ANEXO C – Modelo de relatório de consertos . . . . . . . . . 30 2 INTRODUÇÃO Em meados do século XVIII, marca-se como o inicio da I Revolução Industrial, atrelado a isto, o surgimento dos instrumentos de produção. No qual traz a necessidade de manter equipamentos em condições de pleno funcionamento e garantir a produção normal dos produtos, com isto tem-se o surgimento da manutenção industrial. Durante a II Guerra Mundial desenvolveu-se técnicas de organização, controle e planejamento da manutenção, devido a demanda de garantir constante nível de operação de materiais e homens. Anos depois, através da qualidade e hegemonia no setor produtivo, empresas japonesas aprimoraram conceitos e métodos de gestão de fábricas e processos de principais países da Europa e América, assim reconquistando competitividade mundial neste setor. No decorrer da década de 60, várias técnicas foram agregadas como manutenção pós-quebra, manutenção para melhoria, prevenção da manutenção. Atualmente, com a globalização da economia, a busca da qualidade total em serviços, produtos e gerenciamento ambiental passou a ser a meta de todas as empresas. Atender a este objetivo significa diminuição ou ininterrupção da produção, atender demandas e evitando atrasos nas entregas, redução de riscos de perdas financeiras e aumento de custos planejados, evitar insatisfação do cliente e perda de participação no mercado. Por isso tem-se grande motivação das empresas em geral em se prevenir de falhas de equipamentos na sua produção. A manutenção, independentemente do tipo, tem como objetivo manter um fun- cionamento adequado dos equipamentos, afim de atender os objetivos descritos. Assim, faz-se necessário um plano de manutenção para os equipamentos de uma planta industrial, devendo-se aplicar as técnicas de manutenção que melhor se adequam a cada equipamento. No caso das bombas centrifugas, segundo Morais (2016), a manutenção toma uma acrescida importância quando diz respeito à distribuição de água potável para a população, onde mais importante do que reduzir custos de manutenção é garantir que não falte água a nenhuma habitação. Seu plano de manutenção deve combinar as manutenções técnicas corretivas (quando necessário), preventivas (de acordo com o fabricante) e preditivas, sendo a análise de vibrações amplamente utilizada para detecção de defeitos mecânicos em equipamentos rotativos. Este trabalho tem como objetivos introduzir a aplicação de um plano de manutenção preventiva para uma bomba centrífuga e aprofundar o conhecimento sobre a constituição de uma bomba centrífuga. 3 1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1.1 Manutenção mecânica 1.1.1 Tipos de manutenção A manutenção pode ser realizada com diferentes enfoques: manutenção preventiva ou preditiva, situações em que se planeja e organiza a intervenção, tomando providências sem que a máquina tenha falha ou pane; e manutenção corretiva, na qual a intervenção é emergencial feita após uma falha ou pane no equipamento. A manutenção corretiva é definida de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de 1994 como “manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane, destinada a colocar um item em condições de executar a função requerida”. Em contrapartida a manutenção preventiva efetua serviços em intervalos pré- determinados destinados a reduzir a probabilidade de o equipamento falhar e assim obter um maior controle sobre o mesmo (VIANA, 2002). E a manutenção preditiva visa acompanhar o equipamento por meio de técnicas de monitoramento, a fim de predizer a proximidade da ocorrência da falha. (VIANA, 2002) destaca que o objetivo deste tipo de manutenção é o de determinar o tempo correto para intervenção, utilizando-se o componente até o máximo de sua vida útil. As técnicas de monitoramento mais utilizadas nas indústrias são: análise de vibrações mecânicas; termografia; ensaio de ultra-som; e análise de óleo lubrificante. 1.1.2 Planejamento, programação e controle Nas instalações industriais, as paradas para manutenção constituem uma preocupa- ção constante para a programação da produção. Se as paradas não forem previstas, ocorrem vários problemas, tais como: atrasos no cronograma de fabricação, indisponibilidade da máquina, elevação dos custos etc. Para evitar esses problemas, as empresas introduziram, em termos administrativos, o planejamento e a programação da manutenção. A função planejar significa conhecer os trabalhos, os recursos para executá-los e tomar decisões. A função programar significa determinar pessoal, dia e hora para execução dos trabalhos. Onde em geral um plano de manutenção deve responder perguntas tais quais: como? O quê? Em quanto tempo? Quem? Quando? Quanto?. As três primeiras perguntas são essenciais para o planejamento e as três últimas, imprescindíveis para a programação. O plano de execução deve ser controlado para se obter informações que orientem a tomada de decisões quanto a equipamentos e equipes de manutenção. O controle é feito 4 por meio de coleta e tabulação de dados, seguidos de interpretação. É desta forma que são estabelecidos os padrões ou normas de trabalho. 1.1.3 Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) A manutenção corretiva, onde prontamente após a falha são executadas correções ou melhorias em um determinado produto e/ou processo para que este volte a executar a sua finalidade operacional, é cada vez menos desejada. Mesmo com os baixos investimentos necessários para implantação, mão-de-obra, e outros fatores. Com isto aumenta-se a busca da qualidade total, onde a confiabilidade é um dos fatores mais importantes no qual busca-se otimizar. Atualmente, existem diversas técnicas e metodologias para estes fins, tais como, FMEA, Diagrama de Ishikawa,Ciclo PDCA, e etc. Especificamente para produtos e processos, o FMEA é uma das principais ferramentas aplicadas. Onde seu principal objetivo é diminuir as chances de um produto ou processo falhar durante a sua operação. A Análise FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é uma metodologia que objetiva avaliar e minimizar riscos por meio da análise das possíveis falhas (determinação da causa, efeito e risco de cada tipo de falha) e implantação de ações para aumentar a confiabilidade. Esta técnica pode ser desenvolvida tanto para processos como produtos. A meto- dologia para a análise segue as mesmas etapas e maneira de realização, diferenciando-se apenas pelo objetivo final. Assim a análise FMEA divide-se em dois tipos: • FMEA de produto: o objetivo desta análise é evitar falhas no produto ou no projeto. É comumente denominada de FMEA de projeto. • FMEA de processo: o objetivo desta análise é evitar falhas no planejamento ou exe- cução do processo, ou seja, evitar falhas no processo com base nas não conformidades e relatos de falhas de produtos. A análise é aplicada através de grupos de pessoas, com conhecimentos técnicos sobre o produto/processo, onde são identificados para o objeto de análise em questão os tipos de falhas que podem ocorrer, os efeitos e as possíveis causas desta falha. Em seguida são avaliados riscos de cada falha relacionada através de índices, que posteriormente são classificados e utilizados como base para tomadas de decisão sobre as ações e medidas necessárias para diminuição do risco de falhas, aumentando a confiabilidade do produto e/ou processo. 5 1.2 Bombas centrífugas 1.2.1 Construção mecânica Dentre as variadas formas construtivas das bombas centrífugas, destacam-se as ho- rizontais normalizadas de acordo com a ISO 2858 (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 1975). Conhecidas popularmente como bombas “mancaliza- das”, este tipo de equipamento é comumente adquirido de fábrica com base, acoplamento e motor, formando o conjunto motobomba apresentado na Figura 1. Dado o propósito deste trabalho, o detalhamento da forma construtiva da motobomba será focado nas peças de maior desgaste. Todas as afirmações, dimensões e especificações aplicam-se somente à bomba centrífuga horizontal do tipo mancal. Figura 1 – Partes de um Conjunto Motobomba Fonte: Modificado de KSB aktiengesellschaft (website oficial) Externamente à bomba, realizando a conexão entre o eixo da bomba e o eixo do motor, há o acoplamento. Dezenas de marcas, modelos e construções permitem a escolha do acoplamento ideal para resistir aos esforços torcionais da transmissão de potência, ao desgaste natural e para atender praticamente todo tipo de aplicação. Um dos tipos mais utilizados é o acoplamento de cubos metálicos com elemento elástico polimérico (MANCUSO, 2004), similar ao mostrado na Figura 2. Dentro do mancal exposto na Figura 1 e detalhado internamente com a vistas em corte e explodida no Anexo A é possível verificar a presença de rolamentos radiais de esferas (pos. 321) e do eixo na posição 210. Entre os rolamentos anterior e posterior está o reservatório de óleo para lubrificação dos rolamentos. Nas posições 502.1 e 503.1 encontram-se os anéis de desgaste que atuam como vedações adicionais além de sofrerem o desgaste preservando partes mais importantes do 6 Figura 2 – Acoplamento Elástico da marca Acionac. Fonte: Acionac Indústria e Comércio (website oficial) equipamento como o rotor (pos. 230) e o corpo espiral/voluta (pos. 102). Normalmente os anéis são fabricados do mesmo material da bomba, mas com algum tratamento térmico para redução da dureza do material, como o recozimento. Na posição 461, estão as gaxetas. Esses elementos são semelhantes à cordas com seção quadrada e servem para vedar o espaço da tampa tampa de pressão (pos. 163) por onde passa o eixo. São instaladas comprimidas pelo aperta gaxetas (pos. 452). Ainda refente ao Anexo A, é possível verificar na posição 230 o rotor ou impelidor. Este elemento tem contato direto e constante com o fluido bombeado podendo estar sujeito a um funcionamento em condições severas que podem reduzir drasticamente sua vida útil, como acidez incompatível com o material construtivo, água com dureza elevada e cavitação. 7 1.2.2 Funcionamento Uma bomba centrífuga é uma máquina rotativa na qual fluxo e pressão são gerados dinamicamente. A entrada do fluido não é isolada em relação saída, como é o caso das bombas de deslocamento positivo. Em vez disso, uma bomba centrífuga fornece energia útil para o fluido em grande parte através de mudanças de velocidade que ocorrem à medida que esse fluido escoa através do rotor e das passagens fixas associadas da bomba; isto é, é uma bomba “rotodinâmica” (KARASSIK, 2008). Segundo Macintyre (1997), o funcionamento de uma bomba centrífuga acontece da seguinte forma: Logo que se inicia o movimento do rotor e do líquido contido nos canais formados pelas pás, a força centrífuga decorrente deste movimento cria uma zona e maior pressão na periferia do rotor e, consequentemente, uma baixa pressão na sua entrada, produzindo o deslocamento do líquido em direção à saída dos canais do rotor e à boca de recalque da bomba. Estabelece-se um gradiente hidráulico entre a entrada e a saída da bomba em virtude das pressões nela reinantes (MACINTYRE, 1997, p. 54). 8 2 PLANO DE MANUTENÇÃO 2.1 Apresentação do objeto de estudo O objeto de estudo deste trabalho é um conjunto motobomba horizontal padrão do fabricante KSB Brasil. A motobomba está instalada no Laboratório de Hidráulica do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, localizado na Universidade Federal do Pará (UFPA) campus Belém. O conjunto motobomba estudado (Fig. 3) é formado atualmente pelos seguintes elementos: Figura 3 – Conjunto disponibilizado para estudo. Fonte: Autoria própria. • Bomba: marca KSB, modelo Meganorm, tamanho 25-150. Tag B-2A-004, Número de série 970494, fabricada em 2007. Definida como centrífuga horizontal normalizada, vedação por gaxetas, bipartida radialmente, monoestágio e back pull-out; • Motor: marca Siemens, modelo 1LA7075-2EA90, potência 0, 75 kW (1 CV) a 3500 rpm, trifásico (220/380/440 V), rotor tipo gaiola de esquilo; • Acoplamento: marca Vulkan, modelo Flexomax G, tamanho 50, com elemento elástico, sem espaçador; • Base: tipo soldada, em aço carbono, suporta bomba e motor. 2.1.1 Alterações no conjunto original É válido salientar que durante uma visita inicial ao laboratório, constatou-se que o equipamento disponibilizado para o estudo possuía alterações em alguns elementos do conjunto, eles são: 9 • Base: não é a utilizada por padrão do fabricante. Esta alteração não compromete o funcionamento do conjunto; • Protetor de acoplamento: por padrão de segurança, o fabricante fornece os conjuntos motobomba com protetor de acoplamento instalado (Fig. 1), no conjunto estudado não havia proteção de acoplamento. Esta alteração não compromete o funcionamento do conjunto, mas aumenta o risco de acidentes em sua operação; • Motor: o motor original do conjunto operava em 1750 rpm. Esta alteração não compromete o funcionamento do conjunto, visto que a mecânica destes modelo e tamanho permite rotações entre 1500 a 3600 rpm. Entretanto, deve-se observar três alterações importantes: a nova curva de desempenho, a nova potência consumida no eixo e a lubrificação do mancal. Ao alterar a rotação nominal do bombeador, altera-se sua curva padrão (ver Anexo B com as curvas de desempenho em 1750 e 3500 rpm). É necessário verificar se a nova curva da bomba atenderá a curva do sistema na nova rotação; A potência consumida no eixo da bomba também será alterada (ver Anexo B com as curvas de potência consumida em 1750 e 3500 rpm). Em 1750 rpm a potência máxima consumida é ≤ 0, 5 CV no rotor com diâmetro máximo. Em 3500 rpm a potência máxima consumida é ≥ 3, 0 CV norotor com diâmetro máximo. A não observância desta diferença poderá ocasionar a queima do motor elétrico ou danos na instalação elétrica, se não dimensionada para a alteração; O fabricante recomenda utilizar óleo de menor viscosidade cinemática acima de 3000 rpm (ver Figura 4 para mais detalhes). Utilizar óleo com viscosidade não indicada na lubrificação dos mancais poderá comprometer a vida útil dos rolamentos (CHANG, et al. 2017). 2.2 Manutenção recomendada pelo fabricante No site do fabricante do conjunto é possível encontrar os manuais técnico, de serviço e de operação do equipamento. Esta seção deste trabalho foi baseada nestes manuais. No manual de serviços, o fabricante sugere uma série de inspeções a serem realizadas semanalmente, mensalmente, semestralmente e anualmente para, se necessário, a execução de manutenção preventiva. Estas sugestões foram organizadas na Tabela 1. Para a substituição do óleo contido no mancal de rolamentos, o fabricante recomenda os tipos e marcas mostrados na Figura 4. 10 Tabela 1 – Sugestões de supervisão para manutenção preventiva. Inspeção Semanal Mensal Semestral Anual Ponto de operação da bomba • Corrente elétrica e tensão • Pressão de sucção • Vibrações e ruídos anormais • Nível de óleo • Vazamento nas gaxetas • Intervalo de troca de óleo • Temperatura dos mancais • Parafusos de fixação • Alinhamento do acoplamento • Elementos internos de desgaste • Fonte: Adaptado de KSB Brasil. Figura 4 – Tipos e marcas de óleos recomendados. Fonte: Extraído de KSB Brasil, manual de serviços. 2.3 Manutenção recomendada pela equipe O equipamento estudado não possui registros de manutenção ou qualquer outro histórico que possa auxiliar no levantamento de um backlog. Logo, assume-se que nenhuma manutenção preventiva foi realizada no equipamento desde sua fabricação em 2007. Ao assumir esta situação, considerou-se que o equipamento já atingiu todos os prazos de manutenção recomendados na Tabela 1. Uma análise externa não indicou necessidade de manutenção corretiva por falha em alguma parte constituinte do conjunto, entretanto a ausência da proteção de acoplamento está em desacordo com a NR-12 do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2018), o que exige sua aquisição e instalação. Como medidas preventivas, e baseando-se nas recomendações do fabricante, determinou- se a manutenção preventiva descrita na Tabela 2. 11 Tabela 2 – Manutenção preventiva sugerida pela equipe Ação Critério para Manutenção Trocar o óleo do mancal Viscosidade errada e prazo excedido Reapertar os parafusos de fixação Prazo de verificação excedido Substituir jogo de juntas Abertura da bomba Substituir gaxetas Provavelmente ressecadas Trocar anéis de desgaste, se preciso Muitas horas de operação (1) Rebaixar rotor para �100 mm Diminuir a potência requerida (2) Fonte: Autoria própria. Duas ressalvas são feitas para a Tabela 2, sendo: (1) Há necessidade de verificação dos anéis de desgaste, sendo a troca prescrita somente se as folgas entre o anel e o rotor e entre o anel e a tampa de pressão for ≥ 0, 9 mm. (2) O rebaixamento do rotor reduz a potência consumida pela bomba. Em �100 mm a potência consumida máxima será de 1 CV, porém esta alteração implica em uma nova curva característica. É fundamental a verificação da curva do sistema e se a bomba atenderá o ponto de operação. Se no novo diâmetro do rotor o sistema não for atendido é necessário um motor de maior potência ou a alteração do sistema. Os dados das análises deverão ser organizados em um relatório de conserto seme- lhante ao visto no Anexo C, cedido para demonstração pela KSB Brasil ltda. 2.4 Criação de um FMEA para o case Esta seção baseia-se e é uma adaptação do trabalho de Jardim, Riffel e Costa (2016) que fizeram uma análise semelhante. A análise de falhas foi adequada para a realidade do conjunto disponibilizado para estudo. 2.4.1 Análise de falhas • Rotor Função: fornecer energia para elevação de pressão do fluido. Modo de falha: fornecimento de energia insuficiente. Causa 1: cavitação. Efeitos: diminuição do rendimento; vibração excessiva. Detecção: ruídos estranhos; oscilação no manômetro de sucção; alteração no material cavitado. Ações corretivas: preencher os espaços cavitados com solda; substituição do rotor. 12 Ações preventivas: manter o NPSH disponível maior que o NPSH requerido. Causa 2: desgaste por recirculação. Efeitos: mesmos da cavitação. Detecção: verificar se a vazão da bomba está abaixo do mínimo. Ações corretivas: rever o projeto do sistema ou a instalação da bomba. Ações preventivas: selecionar o bomba adequada para o sistema; alterar a rotação ou instalar bypass para superar a vazão mínima indicada. • Corpo espiral: Função: transformar a energia cinética fornecida pelo rotor em pressão. Modo de falha: baixo rendimento; vazamentos. Causa: corrosão e/ou erosão. Efeitos: diminuição do rendimento; vazamentos. Detecção: a superfície interior da voluta fica com aparência lisa; há fluido nas proximida- des do bombeador. Ações corretivas: preencher os espaços erodidos com solda; substituição da voluta. Ações preventivas: aplicação interna de primer ou revestimento cerâmico. • Mancal de rolamento: Função: dar suporte ao eixo. Modo de falha: não dá suporte adequado. Causa 1: desgaste ou quebra de rolamento. Efeitos: desalinhamento do acoplamento; danos às gaxetas. Detecção: sobreaquecimento do mancal; ruídos característicos; visualização de desgastes. Ações corretivas: substituição dos rolamentos. Ações preventivas: verificar o nível, a qualidade e a viscosidade do óleo; manter o alinhamento do conjunto dentro dos limites adequados. Os índices de severidade, detecção e ocorrência foram utilizados da literatura, sendo a principal fonte a versão adaptada do autor Lafraia (2001, p. 112 apud Jardim et al., 2016, p. 9). Foi gerado um relatório FMEA que pode ser visto no Apêndice A 13 3 ANÁLISE DE VIBRAÇÕES Para a análise de vibração do conjunto motobomba foi considerado os principais fenômenos que ocorrem para esse tipo de sistema. • Vibração da passagem das pás do impelidor: geralmente não é sinal de gravi- dade se atuarem isoladamente, pois trata-se da normal vibração de um elemento, apesar de gerar ruído. Pode, no entanto, significar problemas nos rolamentos ou desgaste dos componentes. A frequência de passagem das pás, BPF (blade pass frequency), é determinada multiplicando o número de pás do rotor pela velocidade de rotação. • Cavitação: ocorre quando gases sobre pressão se dissolvem no fluido. Quando essa alta pressão é reduzida drasticamente, para valores próximos dos valores de pressão de vapor do fluido, surgem então bolhas causadas pela vaporização do fluido. À medida que essas bolhas passam pelo impulsor, aumenta novamente a pressão, provocando a implosão entre elas, que têm potencial energético suficiente, na forma de impactos, para perturbar o funcionamento da bomba e causar danos aos componentes internos, principalmente erosão gradual do impulsor. Cada implosão gera um impacto, o que resulta num espectro com zonas aleatórias a altas frequências. A detecção da cavitação é feita medindo diretamente no corpo da bomba ou ainda na tubagem de sucção (entrada), e não na zona dos rolamentos, como se faz para a detecção dos outros problemas. • Elementos mecânicos soltos: Folgas internas: pode ocorrer entre o impelidor e o eixo da bomba, ou entre os rolamentos e o eixo, quando há ajustes incorretos, produzindo um espectro irregular preenchido com harmônicas majoritariamente na direção radial. Pode também gerar múltiplas sub harmônicas; Entre a máquina e a fundação: associado a apertos defeituosos dos parafusos que fixam a máquina à sua fundação, causando problemas na estrutura ou nos rolamentos. É gerado um espectro com múltiplas harmônicas com amplitudes elevadasdevido ao impacto dos parafusos; A nível estrutural: relacionado com folgas estruturais ou enfraquecimento da fundação, consequência dos apertos dos parafusos ou da qualidade do concreto, causando a sua deformação, fenômeno denominado por soft foot. Medições feitas em cada apoio da fundação mostrará um espectro em 1 rpm. Para o conjunto estudado, as vibrações foram medidas em seis posições por meio de acelerômetro. As posições estão indicadas nas Figura 5 14 Figura 5 – Posições do acelerômetro. Fonte: Modificado de KSB Brasil, manual de serviços. 3.1 Resultado das Análises As medições foram efetuadas com a orientação do Prof. Sérgio de Souza Custódio Filho, e plotadas nas Figuras 6, 7, 8, 9, 10 e 11, mostradas abaixo. Figura 6 – Ponto 1, vertical. Fonte: Autoria própria 15 Figura 7 – Ponto 2, horizontal. Fonte: Autoria própria Figura 8 – Ponto 3 vertical. Fonte: Autoria própria Figura 9 – Ponto 4, horizontal. Fonte: Autoria própria 16 Figura 10 – Ponto 5, axial. Fonte: Autoria própria Figura 11 – Ponto 5, horizontal. Fonte: Autoria própria 17 Para a análise de vibração do mancal da bomba é necessário ter conhecimento das frequências relacionada aos rolamentos. As frequências de rolamento foram obtidas no aplicativo SKF bearing calculator e são apresentadas na Tabela 3 Tabela 3 – Frequências relacionadas aos rolamentos. Frequência Hz F de rotação 58,3 Fi de rotaçao da pista interna 0 Fg de rotaçao da gaiola 22,3 Fr de rotaçao da esfera 116,4 Fip de rolagem de um ponto no anel interno 288,5 Fep de rolagem de um ponto no anel externo 178,1 Fp de passagem das pás 350 Fonte: Extraído de SKF bearing calculator. A Figura 12 mostra a aceleração medida no mancal da bomba, nota-se que as maiores amplitudes estão próximas as frequências de possíveis defeitos dos elementos do rolamento. Figura 12 – Aceleração medida no mancal da bomba. Fonte: Autoria própria 18 3.2 Dimensionamento de Isoladores de Vibração Segundo o manual de serviço disponibilizado pelo fabricante, a forma correta de instalação do conjunto motobomba é a mostrada na Figura 13. Figura 13 – Instalação recomendada pelo fabricante. Fonte: Extraído de KSB Brasil, manual de serviços. No entanto, a base do conjunto dever ser isolada do restante da edificação na qual ela se encontra. Para isso propõe-se um sistema construtivo para evitar a transmissão de excitação. Um sistema construtivo possível para essa finalidade e mostrado na Figura 14. Figura 14 – Instalação proposta para isolamento. Fonte: Modificado de KSB Brasil, manual de serviços. 19 CONCLUSÃO O entendimento de vibrações mecânicas e os danos que podem ocorrer a equipamen- tos e a elaboração de um plano de manutenção são de grande importância para o profissional da engenharia mecânica. Sendo seu aprendizado um critério de profissionalismo. Conclui-se que os objetivos propostos foram alcançados. Determinou-se um plano de manutenção preventiva e um FMEA para o equipamento estudado, estudou-se as vibrações geradas no seu funcionamento. Também houve a demonstração das partes fundamentais, externas e internas de um conjunto motobomba. 20 REFERÊNCIAS [1] BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-12 – Segurança no tra- balho em máquinas e equipamentos. Brasília, DF, 2018. Disponível em: <http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR12/NR-12.pdf>. Acessado em: 10 julho 2018. [2] CHANG, Z. et al. Main failure mode of oil-air lubricated rolling bearing installed in high speed machining. Tribology International, v. 112, p. 68-74, 2017. [3] INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 2858: End- suction centrifugal pumps (rating 16 bar). Designation, nominal duty point and dimensions. Genebra, Suíça. 1975 [4] JARDIM, J; RIFFEL, D; DE MORAES C. Análise de falhas de uma bomba centrífuga. in: congresso nacional de engenharia mecânica, IX, 2016, Fortaleza. Anais... Research Gate, 2017. [5] KARASSIK, I. J. et al. Pump handbook. New York: McGraw-Hill, 2001. [6] MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de Bombeamento. 2a edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois SA, 1987. [7] MANCUSO, J. And you thought all flexible pump couplings were the same. World Pumps, v. 2004, n. 451, p. 25-29, 2004. [8] MORAIS, B. Análise de vibrações a grupos de eletrobombas de uma estação elevatória. Universidade Nova de Lisboa. Dissertação de Mestrado. 2016. [9] VIANA, H. PCM - Planejamento e Controle da Manutenção. 1aed. Rio De Janeiro: Qualitymark, 2002. 21 APÊNDICE A – Tabela FMEA para o conjunto motobomba Tabela de Análise de Modos de Falhas e Efeitos para o conjunto motobomba Meganorm 25-150 instalado no laboratório de hidráulica do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFPA. Cod_peça: B-2A-004 Nome peça: Conjunto motobomba Data 10/07/2018 Idíces Ações de melhoria Indices Esperados Descrição do Produto Funç(ões) do Produto Tipo de Falha Potencial Efeito de Falha Potencial Causa da falha em potencial Controles atuais S O D R Ações recomendadas Responsável/ Prazo Medidas implementadas S O D R 1 Cavitação Ruídos estranhos; oscilação no manômetro de sucção; alteração no material cavitado. 3 4 2 24 A1: Preenchimento com solda; A2: Substituição do rotor; A3: N/A; A1: Cezzar; A2: Luiz; A3: N/A; A1: N; A2: N; A3: N/A; 3 4 2 24 2 Recirculação Verificar a vazão da bomba, rever o projeto do sistema ou a instalação 3 4 1 12 A1: alterar a rotação ou instalar bypass ; A2: selecionar o bomba adequada para o sistema; A3: N/A; A1: Cezzar; A2: Luiz; A3: N/A; A1: N; A2: N; A3: N/A; 3 4 1 12 3 Corpo espiral Transformar a energia cinética fornecida pelo rotor em pressão Baixo rendimento; vazamentos Diminuição do rendimento; vazamentos Corrosão e/ou erosão. Superfície interna com aparência lisa; há fluido proximo ao bombeador 3 3 2 18 A1: Preencher os espaços erodidos com solda; A2: Substituição da voluta; A3: aplicação interna de primer ou revestimento cerâmico; A1: Cezzar; A2: Luiz; A3: Gabriel; A1: N; A2: N; A3: S; 3 3 2 18 4 Mancal de rolamento Dar suporte ao eixo Desalinhamento do acoplamento; danos às gaxetas Não dá suporte adequado Desgaste ou quebra de rolamento Sobreaquecimento do mancal; ruídos característicos; visualização de desgastes 4 2 1 8 A1: Substituição dos rolamentos; A2: Verificar o nível, a qualidade e a viscosidade do óleo; A3: Alinhamento do conjunto dentro dos limites adequados; A1: Cezzar; A2: Luiz; A3: Gabriel; A1: N; A2: S; A3: S; 4 2 1 8 15 Rotor Fornecer energia para elevação de pressão do fluido Diminuição do rendimento; vibração excessiva Fornecimento de energia insuficiente 23 ANEXO A – Vistas em corte e explodida e lista de peças Vista em corte axial, vista explodida e lista de peças. Retirados dos manuais técnico e de serviços fornecidos pelo fabricante. � � � 27 ANEXO B – Curvas Características de Desempenho Curvas características de desempenho para a bomba KSB Meganorm tamanho 25-150 com rotações em 3500 rpm e 1750 rpm. 30 ANEXO C – Modelo de relatório de consertos Modelo de relatório de consertos de bombas centrífugas, gentilmente cedido pela KSB Brasil ltda. SUMÁRIO INTRODUÇÃO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Manutenção mecânica Tipos de manutenção Planejamento, programação e controle Failure Mode and Effect Analysis (FMEA) Bombas centrífugas Construção mecânica Funcionamento PLANO DE MANUTENÇÃO Apresentação do objeto de estudo Alterações no conjunto original Manutenção recomendada pelo fabricante Manutenção recomendada pela equipe Criação de um FMEA para o case Análise de falhas ANÁLISE DE VIBRAÇÕES Resultado das Análises Dimensionamento de Isoladores de VibraçãoCONCLUSÃO REFERÊNCIAS Tabela FMEA para o conjunto motobomba Vistas em corte e explodida e lista de peças Curvas Características de Desempenho Modelo de relatório de consertos
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