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1 .............................................................................................. 1 Modo a Volume Gráficos: Sensibilidade a Fluxo Ajustada e Ciclagem a Volume Concluindo... Modo à Pressão Concluindo... Modo Mandatório Intermitente Concluindo... Modo Espontâneo Considerações Finais Referências Bibliográficas 2 Nesta Seção será abordado os modos convencionais da Ventilação Mecânica, a seguir os descreveremos detalhadamente. Modo a Volume Agora vamos apresentar o modo a volume, que consiste num modo ventilatório cujo objetivo é garantir o volume corrente fornecido ao paciente a cada ciclo respiratório. Pode ser utilizado como: controlado, assisto-controlado, mandatório intermitente e mandatório intermitente sincronizado. Na ventilação controlada a volume, o início do ciclo respiratório (disparo) ocorre devido uma frequência respiratória pré-estabelecida (por tempo); A ciclagem (mudança da fase inspiratória para expiratória) pode ocorrer após atingir o volume pré-estabelecido ou por tempo (quando utilizado pausa inspiratória); Nesse modo ventilatório, o ciclo ventilatório é totalmente controlado pelo ventilador conforme os ajustes do profissional; A pressão de via aérea nesse modo será uma consequência da mecânica respiratória do paciente. Caso o paciente apresente piora da mecânica pulmonar, para o mesmo volume corrente ajustado, a pressão de via aérea será maior e vice-versa. 3 Os parâmetros ventilatórios a serem ajustados no modo ventilatório diante de um pulmão normal, são: Neste momento abordaremos o ajuste adequado dos alarmes presentes no ventilador mecânico. É extremamente importante que estes alarmes sejam realmente acertados, com o objetivo de minimizar as complicações associadas. Os possíveis alarmes que podem ser ajustados dependendo do ventilador em questão são: Alarme de Pico de Pressão (para evitar barotrauma – o ideal é ajustar esse alarme em 40 cmH2O). Alarme de Volume Minuto (ajustar volume minuto mínimo em torno de 4 l/min e máximo em torno de 15 l/min). Volume minuto abaixo de 4 l/min gera hipoventilação podendo levar a presença de atelectasia e retenção de secreção pulmonar, consequentemente levando a retenção de CO2 e hipoxemia se não revertido rapidamente. Volume minuto acima de 15 l/min pode gerar aprisionamento aéreo (auto-PEEP), além de ser um sinal de alta demanda ventilatória do paciente. Alarme de PEEP alguns ventiladores permitem esse ajuste, sinalizando caso a PEEP caia abaixo do valor estipulado podendo ser sinal de vazamento do circuito. 4 Na ventilação assisto-controlada a volume, permite-se a detecção do esforço inspiratório do paciente para iniciar o ciclo respiratório. Note no esquema abaixo como este modo se desenvolve. Em relação aos ajustes dos parâmetros ventilatórios, deve-se ajustar os mesmos parâmetros do modo controlado a volume, porém deve-se ajustar também a sensibilidade do ventilador (ajuste da detecção do disparo). A sensibilidade do ventilador como mencionado, pode ser ajustado por variação de fluxo ou pressão. O ajuste da Sensibilidade do Ventilador é realizado pela variação do fluxo ou da pressão. 5 Sensibilidade a Fluxo Este critério tende a ser mais próximo do fisiológico e consequentemente tende a ser mais agradável para o paciente. 6 Gráficos: Sensibilidade a Fluxo Ajustada e Ciclagem a Volume MODO VENTILATÓRIO ASSISTO-CONTROLADO A VOLUME COM SENSIBILIDADE A FLUXO AJUSTADA. MODO VOLUME ASSISTO-CONTROLADO, COM CICLAGEM A VOLUME (AO ATINGIR O VOLUME PRÉ-DETERMINADO ABRE-SE A VÁLVULA EXPIRATÓRIA), DISPARO A FLUXO. 7 Sensibilidade à Pressão A sensibilidade ajustada à pressão é uma alternativa de ajuste que deve ser iniciada quando o ciclo respiratório detecta um diferencial de pressão, ou seja, redução da pressão ao final da expiração. Recomenda-se o ajuste da sensibilidade a pressão entre 2-4 cmH2O, valores menores que 2 resultam em auto-disparo do ventilador, e ajustes acima de 4 cmH2O resultam em maior esforço do paciente para iniciar o ciclo respiratório favorecendo a fadiga do paciente. O mesmo acontece com valores baixos e altos de sensibilidade a fluxo. Concluindo... Em vista do conteúdo apresentado torna-se claro as diferenças entre os modos básicos da ventilação mecânica - controlado, assisto controlado, intermitente e espontâneo. Sendo possível compreender como cada um se inicia, se mantém e finaliza o ciclo respiratório. 8 Modo à Pressão O modo à pressão pode ser utilizado nos modos ventilatórios controlado, assisto-controlado, mandatório intermitente, mandatório intermitente sincronizado, e espontâneo. No modo controlado à pressão, os seguintes parâmetros ventilatórios devem ser ajustados: Pressão Controlada Valor de pressão que será transmitido ao paciente. Geralmente ajustado conforme o volume corrente que gostaríamos que o paciente realizasse. Recentemente alguns estudos vêm mencionando o cuidado em ajustar esse parâmetro ventilatório para minimizar a abertura e fechamento cíclico das unidades alveolares, frente a esse raciocínio os estudos vêm demonstrando valores seguros abaixo de 15 cmH2O de pressão controlada – pressão acima da PEEP. PEEP PEEP (ajustar conforme mecânica e troca gasosa do paciente – não recomenda-se usar PEEP abaixo de 5 cmH2O nos pacientes em ventilação mecânica a fim de evitar o colapso da via aérea ao final da expiração). Frequência Respiratória Frequência Respiratória (geralmente de 12 a 15 rpm – ajustar conforme pressão arterial de dióxido de carbono). 9 Assim como no modo a volume, precisamos ajustar os alarmes no modo à pressão. Os seguintes alarmes devem ser ajustados quando o ventilador permitir: Como exemplo, de ventilação Modo Pressão Controlada, temos limitada à pressão, com disparo e ciclagem a tempo. Fração Inspirada de Oxigênio Fração inspirada de oxigênio (FiO2) – manter saturação de pulso (SpO2) > 92%. Tempo Inspiratório Tempo inspiratório (com o objetivo de manter relação inspiratória e expiratória de 1:2; geralmente tempo inspiratório ajustado entre 0,90 a 1,2 segundos). 10 Na ventilação assisto-controlada, a pressão permite a detecção do esforço do paciente para iniciar o ciclo respiratório, porém, caso não ocorra a detecção do esforço do paciente, o ventilador inicia o ciclo respiratório conforme frequência respiratória pré-estabelecida. Neste modo ajusta-se a frequência respiratória, o tempo inspiratório ou a relação I:E, o limite de pressão inspiratória, e a sensibilidade (a fluxo ou pressão). Em relação ao ajuste da sensibilidade, pode-se pensar no mesmo raciocínio descrito acima no modo assisto-controlado a volume. MODO PRESSÃO CONTROLADA MODO VENTILAÇÃO ASSISTO-CONTROLADA À PRESSÃO COM DISPARO À PRESSÃO 11 No modo à pressão também há a possibilidade de ventilar em modo mandatório intermitente, mandatório intermitente sincronizado e espontâneo. Concluindo... Nesta seção pôde-se observar o raciocínio necessário quanto à forma de se ventilar no modo à volume controlado e assisto controlado (VCV) e sua respectiva representação gráfica, ressaltando suas particularidades básicas em fluxo constante. E por fim, quanto aomodo pressão controlada ou assisto controlado (PCV) frente sua particularidade em pressão fixa, levando-nos a sugerir maior segurança nesse modo ventilatório. 12 Modo Mandatório Intermitente Na ventilação mandatória intermitente a volume, permite-se a realização de ciclos espontâneos entre os ciclos mandatórios pré-estabelecidos a uma frequência respiratória pré-determinada. Os parâmetros de ajuste necessários para esse modo ventilatório seriam os mesmos ajustados no modo a volume assisto-controlado, porém, devido ao ciclo espontâneo deve-se ajustar o valor de pressão de suporte quando optado pelo modo SIMV. Recomenda-se o ajuste da PSV para manter o volume corrente adequado (em torno de 6-7ml/kg de peso predito, porém verificando o quanto interfere na frequência respiratória total além de esforço do paciente). Vamos ver agora, dois gráficos referentes ao modo ventilatório mandatório intermitente. 13 MODO VENTILATÓRIO MANDATÓRIO INTERMITENTE SINCRONIZADA A VOLUME, SEM PAUSA INSPIRATÓRIA COM PRESSÃO DE SUPORTE (PSV). MODO VENTILATÓRIO MANDATÓRIO INTERMITENTE SINCRONIZADO A VOLUME SEM PAUSA INSPIRATÓRIA COM CICLO ESPONTÂNEO COM PRESSÃO POSITIVA CONTÍNUA NAS VIAS AÉREAS (CPAP). 14 Na ventilação mandatória intermitente à pressão, permite-se a realização de ciclos espontâneos entre os ciclos mandatórios pré-estabelecidos, a uma frequência respiratória pré-determinada. No modo SIMV tanto a volume quanto à pressão, permite-se que o paciente ventile em modo mandatório (controlado ou assisto-controlado), e modo espontâneo (CPAP ou PSV conforme ajuste dos parâmetros). No entanto a janela dos ciclos mandatórios é fixa, isso quer dizer que se a frequência respiratória for ajustada em 12 rpm, teremos um ciclo mandatório a cada 5 segundos sendo iniciado. Caso o paciente apresente esforço inspiratório nesse momento, o ventilador permitirá apenas a entrega do modo mandatório e não espontâneo, para que o modo espontâneo seja possível, o esforço inspiratório deve ocorrer entre esses 5 segundos apenas. Recomenda-se o ajuste da PSV para manter o volume corrente adequado (em torno de 6-7ml/kg de peso predito, porém, verificando o quanto interfere na frequência respiratória total além de esforço do paciente). 15 Dessa forma esse modo ventilatório propicia uma maior chance de assincronia paciente-ventilador. Ao usar frequências respiratórias mais baixas como até 4 rpm, essa janela de tempo para permitir os ciclos espontâneos aumenta para 15 segundos minimizando a possiblidade de assincronia em alguns casos, se tornando um modo ventilatório interessante para realizar suspiros respiratórios (que fisiologicamente realizamos em alguns momentos), e para garantir uma frequência respiratória mínima na fase de transição do modo controlado para espontâneo num curto espaço de tempo. Exemplo de modo ventilatório mandatório intermitente sincronizado à pressão com pressão de suporte. Em relação aos alarmes do ventilador, devem-se manter os mesmos cuidados citados no modo assisto-controlado. MODO VENTILATÓRIO MANDATÓRIO INTERMITENTE SINCRONIZADO À PRESSÃO COM PRESSÃO DE SUPORTE 16 Concluindo... Faz-se necessário o entendimento dos ciclos intermitentes (SIMV/VC com PS) com seus riscos, para o cenário de assincronia paciente-ventilador, visto que a frequência respiratória programada, conforme janela de tempo, serão realizadas pelo ventilador, acrescidas de frequência respiratória espontânea do paciente conforme demanda metabólica, contudo, vale optar por tal modalidade quando se objetiva suspiro ventilatório ou em baixa frequência respiratória programada. 17 Modo Espontâneo Na ventilação espontânea tanto o disparo quanto a ciclagem são controlados pelo paciente. 18 Quando a ventilação espontânea não é assistida pelo ventilador, o mesmo mantém uma pressão positiva contínua durante todo o ciclo respiratório, tanto na inspiração como na expiração, conhecida como pressão positiva nas vias aéreas (CPAP). Ajusta-se a pressão contínua desejada (PEEP) e fração inspirada de oxigênio (FiO2). Já o volume corrente dependerá do esforço inspiratório e da mecânica pulmonar do paciente. EXEMPLO DE VENTILAÇÃO MECÂNICA MODO PRESSÃO DE SUPORTE 19 Nesse modo não há auxílio na fase inspiratória e não há redução do trabalho respiratório, vale lembrar que o tubo endotraqueal, por si só, gera uma resistência adicional ao paciente, favorecendo o aumento do trabalho respiratório. Na prática o uso do modo CPAP acaba sendo mais utilizado em pacientes traqueostomizados do que em pacientes intubados. O modo CPAP apresenta um fator limitante - funciona apenas quando o paciente apresenta o “drive” respiratório. Portanto, é extremamente importante saber se o ventilador possui ventilação de apneia como backup ou se apenas alarma quando o paciente realiza apneia. EXEMPLO MODO CPAP 20 Caso o ventilador permita a opção de Ventilação de Apneia, é necessário sempre mantê-la ativada, ajustando os parâmetros de backup, adequadamente, afim de evitar prejuízos na ventilação do paciente. Vale salientar, que os alarmes devem estar sempre ajustados corretamente. Os mesmos parâmetros de alarme citados anteriormente devem ser ajustados, porém o tempo de apneia deve ser ajustado também (normalmente ajusta-se o tempo de apneia entre 20 a 40 segundos). Com o objetivo de resumir os modos ventilatórios abordados, vejamos um esquema descrevendo rapidamente cada um deles. Posteriormente há um fluxograma para auxiliar na escolha do melhor modo ventilatório para o paciente. 21 Fluxograma para auxiliar na escolha do melhor modo ventilatório para o paciente. Resumo dos modos ventilatórios e parâmetros a serem ajustados em cada modo. SIMV (Ventilação Mandatória Sincronizada Intermitente); PSV (Ventilação de Pressão de Suporte); CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas); PC (Pressão Controlada); FR (Frequência Respiratória); FiO2 (Fração Inspirada de Oxigênio); PEEP (Pressão Positiva ao Final da Expiração); Tinsp (Tempo Inspiratório); VT (Volume Corrente). 22 Considerações Finais Nesta Unidade, você pôde conferir como se realiza os ciclos respiratórios com os modos básicos de ventilação mecânica, compreendendo conceitos como disparo, ciclagem, limite ventilatório e possíveis parâmetros a serem ajustados em cada modalidade, por meio, do entendimento teórico com sua aplicabilidade clínica. 23 Referências Bibliográficas 1 Carvalho C. R. R, editor. Ventilação Mecânica volume I – básico. São Paulo: Atheneu; 2003. 2 III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 54-S 70. 3 Tobin M, editor. Principles and Practice of Mechanical Ventilation – Third Edition. United States: McGraw-Hill ebooks;2013.
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