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Microrganismos patogênicos de importância em alimentos INTRODUÇÃO Alguns microrganismos presentes em alimentos podem ser responsáveis por: Doenças microbianas de origem alimentar ou Toxinfecções alimentares Números crescentes no Brasil e no mundo NOS HUMANOS No TGI, a principal sítio de absorção de nutrientes dos alimentos é o intestino delgado Maior concentração de MO: intestino grosso Microbiota variada, principalmente de anaeróbios facultativos ou estritos. Dentre os MO patogênicos mais importantes: enteropatogênicos. ENTEROPATÓGENOS Interferem nas vilosidades do IG Enterotoxinas que agem na fisiologia celular Colonização do intestino: adesão às mucosas Diferentes sítios Maioria atuam de forma aguda Sintoma mais comum: diarréia. SN, aparelho urogenital, corrente sanguínea, etc Doenças de origem alimentar Surto: ocorrência de 2 ou mais casos de doença associados a um único alimento. Identificação: inquérito epidemiológico conduzido entre quem comeu e quem não comeu o alimento suspeito, que tenham sintomas carcaterísticos, exames laboratoriais e análise das amostras. Doenças de origem alimentar Nem todo indivíduo que consome a mesma cepa terá os mesmos sintomas. Período de incubação, gravidade e duração da doença diferem Idade, estado nutricional, sensibilidade individual e quantidade de alimento consumido. Método mais eficaz de detecção de alimento causador MECANISMOS DE DEFESA Nem todo alimento contaminado causará doença: Acidez gástrica e enzimas digestivas Microbiota intestinal e mucosa íntegra, muco Ácidos biliares: inibem MO Motilidade intestinal x fibras Microbiota do hospedeiro DOENÇAS MICROBIANAS DE ORIGEM ALIMENTAR Intoxicação alimentar: ingestão de alimentos com toxinas bacterianas pré formadas durante a intensa proliferação Infecções alimentares: ingestão de células viáveis de MO patogênicos através de alimentos Adesão à mucosa e colonização. Algumas podem também produzir toxinas INTOXICAÇÃO ALIMENTAR Ingestão de alimentos com toxinas bacterianas pré formadas durante a intensa proliferação Clostridium botulinum, Staphilococcus aureus, Bacillus cereus forma emética e fungos INFECÇÕES ALIMENTARES Ingestão de células viáveis de MO patogênicos através de alimentos Adesão à mucosa e colonização. Salmonela, Shigella, Escherichia coli invasora, Yersinia enterocolítica, Listeria monocytogenes Algumas podem também produzir toxinas: Vibrio cholerae, Escherichia coli enterotoxigênica DOENÇAS MICROBIANAS DE ORIGEM ALIMENTAR Principais características dos MO patogênicos e toxinfecções alimentares que causam: Bactérias Gram-positivas Bactérias Gram-negativas Fungos produtores de micotoxinas Vírus GRAM POSITIVAS CLOSTRIDIUM BOTULINUM Bacilos Gram positivos formadores de esporos, móveis anaeróbios obrigatórios; Linhagens de C. botulinum são classificadas em 4 grupos (I a IV\), de acordo com o tipo de toxina que produzem (A a G); Amplamente distribuído na natureza => solo e ambiente aquático. Reprodução: 3,5 – 10° C até 45 – 50° C pH: 4,6 a 9 <número> CLOSTRIDIUM BOTULINUM Bastante comum em peixes, pela distribuição aquática Conservas caseiras Mel: grande quantidade de esporos BOTULISMO Alimentos contaminados com a toxina produzida; Período de incubação: 12 a 36h; Inicia-se as vezes com sintomas TGI. Após, fadiga e fraqueza muscular, visão dupla, dificuldades para falar ou engolir, e paralisia; Conservas de origem vegetal, carnes cozidas, latas amassadas, estufamento das embalagens. Tratamento: soroterapia para neutralização e lavagem CLOSTRIDIUM BOTULINUM Mecanismo neurotóxico: Ligação da toxina aos sítios receptores na membrana pré sináptica Internalização da toxina* Bloqueio na liberação do neuro transmissor Cada cepa produz uma neurotoxina Acúmulo intracelular Após essa fase: nao é possivel bloquear efeito neurotoxico <número> MEDIDAS DE CONTROLE Impedir germinação de esporos e Proliferação de células Saúde do hospedeiro Nitritos e nitratos Tratamento térmico elevado (80°C por 30” ou 100°C) Refrigeração ou congelamento: sem efeito CLOSTRIDIUM PERFRINGENS Bacilo gram positivo, anaeróbio Esporulado, imóvel Cepas se classificam em 5 tipos Produz ptn de ação tóxica ou atividade enzimática Enzima alfa: hemolítica e Enterotoxinas CLOSTRIDIUM PERFRINGENS Intensa atividade metabólica nos alimentos Grande variedade de enzima hidrolíticas: colagenase, proteases que hidrolisam a caseína e gelatina Fermentam HC: glicose, lactose, frutose, maltose, manose, amido, sacarose. Intensa produção de gás e acidificação Reproduz-se em altas temperaturas (40-45° C), multiplicam-se em 15 a 51,7° C pH: 6 e 7 faixa ótima Aa mais alta: 0,95 e 0,97 CLOSTRIDIUM PERFRINGENS Toxinfecção alimentar Cepas A: forma clássica e Cepas C: enterite necrótica grave Dor abdominal aguda, diarréia com nauseas e febre Sintomas: 8 a 12h com recuperação 12 – 24h Enterite: sintomas mais graves, com vômito e necrose do intestino Associa-se a carne de porco mal cozida e grandes quantidades de céls viáveis CLOSTRIDIUM PERFRINGENS Amplas distribuição na natureza, intestino de homens e animais Proliferação em alimentos produzidos em grandes quantidades, que esperam muito tempo em temperaturas inadequadas Alimentos a base de carne bovina e de frango Estabelecimentos institucionais BACILLUS CEREUS Gênero bacilos, com 48 espécies no grupo Intensa atividade metabólica: enzimas que degradam muitos substratos orgânicos Dificil identificação Bacilo grande, aeróbio, mesófilo, com flagelos Produz esporos Mesófilo: temperatura moderada 15 – 40oC <número> BACILLUS CEREUS Ampla distribuição na natureza: solo reservatório natural (principalmente úmido). Contamina facilmente vegetais, cereais e condimentos, carnes de animais Associa-se com a planta do arroz todo o desenvolvimento Mesófilo: temperatura moderada 15 – 40oC <número> BACILLUS CEREUS Utilizam vários carboidratos: glicose, frutose, sacarose, maltose, lactose, etc. Hidrolisam amido, caseína e gelatina Catalase postitivos Multiplica-se entre 10 – 48°C Aa mínima: 0,95, com crescimento reduzido na adição de NaCl a 7,5% Ampla faixa de pH: 4,9 a 9,3 BACILLUS CEREUS Formas distintas de gastrenterites: Diarréica e emética Sintomas a partir de número elevado de céls viáveis Diarréica: Incubação: 8 a 16h Dor abdominal intensa e tenesmos retais Vegetais crus e cozidos, produtos cárneos, pescados, massas, leite, sorvete, etc BACILLUS CEREUS Formas distintas de gastrenterites: Diarréica e emética Emética: Incubação: 1 a 5h Vômitos, náuseas e mal estar em geral. Diárreia que dura no máx 24h. Quase exclusivamente associado a farináceos, principalmente o arroz (moda chinesa) BACILLUS CEREUS São capazes de produzir toxinas Termolábeis e sensíveis a pH mais baixos (< 4) Pode ter forte componente necrótico Ainda não é bem conhecida em humanos Esta estrutura característica lembra cachos de uva. STAPHYLOCOCCUS AUREUS Gram Positivos Imóveis Anaeróbios facultativos Mesófilos: temperatura varia entre 18-40ºC (ótimo: 40 – 45ºC) Toleram concentrações maiores de NaCl e nitratos STAPHYLOCOCCUS AUREUS Colonização persistente ou por curto período de tempo nas narinas de 20-40% de adultos (ambiente hospitalar e em manipuladores de alimentos); São capazes de sobreviver em superfícies secas por longos períodos de tempo; As infecções estafilocócicas têm distribuição mundial. STAPHYLOCOCCUS AUREUS STAPHYLOCOCCUS AUREUS Intoxicação alimentar estafilocócica (Enterotoxinas A-E, H e I) Ingestão de alimento contaminado com cepas produtoras de enterotoxinas termoestáveis. Alimentos mais comumente contaminados: carnes processadas, bolos recheados com creme, produtos de padaria, salada de batata e sorvete. Contaminação através de pessoas com colonização nasal. Após 2-6 horas da ingestão de alimentos contaminados: dores abdominais ou náuseas, diarréia, vômitos. Sem febre Em 24 horas não há maissintomas. L. monocytogenes Gram positivo, não formador de esporo Anaeróbio facultativo, móvel pH ótimo: 5 a 9 Resiste a temperaturas mais baixas e a presença de nitritos Alimentos associadas a: Carnes frescas (carne de porco e frango) Leite cru ou deficientemente pasteurizado Vegetais não cozidos Contaminação pós-processamento, como queijos moles e frios Sintomas – Infecção sistêmica Gripe comum, com febre, diarréia e dores musculares Sistema nervoso: Dor de cabeça e Torcicolo Confusão mental e Perda de equilíbrio Convulsões. Infecções durante a gravidez podem causar aborto, parto prematuro e infecções no recém-nascido, como bacteremia e meningite. MEDIDAS DE CONTROLE – ALIMENTOS Controle do MO nos pontos de origem da matéria-prima; Limpeza e sanificação dos equipamentos; Evitar contato com animais, poeira e insetos Evitar o contato do produto final com a matéria-prima; Controle de qualidade nos parâmetros de processamento e controle do ambiente, inclusive do pessoas Gram negativas SALMONELLAS Bacilo, na sua maioria móveis (com flagelos peritríquios), não esporulado, não capsulado Três espécies: Salmonella subterrânea, Salmonella bongori e Salmonella entérica SALMONELLAS SALMONELLAS ENTERICA Salmonella: >2.000 sorotipos. Ampla distribuição, longa permanência ambiental, todos são considerados patogênicos Sorotipos: Typhi, Paratyphi, Gallinarum, Pullorum, Choleraesuis, Enteritidis, Typhimurium, Agona, Heidelberg..... Ingestão de alimentos contaminados Penetração na mucosa intestinal Disseminação via linfática e sanguínea Multiplicação FEBRE TIFÓIDE Salmonella Typhi FEBRE TIFÓIDE INFECÇÕES ENTÉRICAS Período de incubação: 6 a 48h Duração: 3 semanas Sintomas clínicos são mais brandos (gastrenterite, febre e vômitos) Transmissão: consumo de água e alimentos, especialmente leite e vegetais crus, mariscos e ovos. MEDIDAS DE CONTROLE Supervisão da higiene pessoal e manuseio dos alimentos; Equipamentos distintos para matérias-primas e alimentos cozidos/ processados Limpeza e desinfecção rigorosa de equipamentos ou utensílios Separar fisicamente áreas em contato com matérias-primas daquelas com alimentos submetidos à cocção; Controle microbiológico de qualidade do ambiente, alimento em processamento e produto final. E. coli Theodor Escherich (1885) Gram negativos, forma bastão retos, móveis por flagelo ou imóveis Não esporulados e anaeróbios facultativos E. coli Agente etiológico de sepse, UTI, pneumonias, meningite neonatal e gastrenterites Linhagens patogênicas (EPEC, ETEC, EIEC, EHEC e EAEC) E. coli é comumente isolada em água e alimentos em condições higiênicas insatisfatórias Indicador de contaminação fecal E. coli enterotoxigênica (ETEC) E. coli enterohemorrágica (EHEC) E. coli invasora (EIEC) E. coli enteropatogênica (EPEC) E. coli Enteroagregativa (EAEC) Escherichia coli E. coli ENTEROTOXIGÊNICA (ETEC) Contágio por alimentos ou água contaminada (108 a 1010 células). Diarréia secretória Diarréia infantil humano “Diarréia do viajante” em países subdesenvolvidos. E. coli ENTEROTOXIGÊNICA Período de incubação:12 horas a 2 dias Sintomas: 3 a 5 dias Diarréia aquosa abundante, associado dor abdominal em cólica. Ação de enterotoxinas A e B (termolábil e termoestável) A febre é um achado incomum Não há sangue ou leucócitos nas fezes. Complicação: desidratação aguda E. COLI ENTEROHEMORRÁGICA (EHEC) Associada principalmente ao consumo de carne moída e leite cru Toxina - inibe síntese proteica - diarréia com complicações. Baixa dose infectante (<100 bactérias) Colite hemorrágica, diarréia com sangue e síndrome urêmica hemolítica (HUS) O período de incubação varia de 3 a 9 dias. A duração da doença varia de 2 a 9 dias E. coli ENTEROINVASIVA OU INVASORA Contágio por água e alimentos contaminados. A bactéria se adere, invade e destrói as células epiteliais do cólon. Causa diarréia aquosa com sangue e leucócitos nas fezes (disenteria). Acomete crianças e adultos Incubação: 8 a 24h E. coli ENTEROPATOGÊNICA (EPEC) Contágio por alimentos e água contaminada. Forte adesão à mucosa intestinal. A bactéria se adere ao epitélio do intestino e destrói as microvilosidades. A diarréia se produz geralmente em crianças pequenas, pela redução da absorção intestinal. E. COLI ENTEROAGREGATIVA (EAEC) Bactérias caracterizam-se por aglutinação (parede de tijolo) Formação de uma biopelícula sobre as células epiteliais => mediada por fímbrias Lesão da mucosa, secreção de muco. A diarreia se produz geralmente em crianças e é persistente (+ de 14 dias). BIOPELÍCULA OU BIOFILME MEDIDAS DE CONTROLE Boas condições higiênicas para reduzir o risco de exposição a linhagens que causam gastrenterites; Comer alimentos bem cozidos, principalmente carnes de gado e frango VIBRIO CHOLEREA Bacilos curtos e curvo Gram-negativo Não formador de esporos. Sensíveis a ácido V. cholerae O1 e o V. cholerae O139 - liberam endotoxina VIBRIO CHOLEREA Período de incubação: 6 a 48H Duração da doença: 2-7 dias Bactéria sobrevive por até 5 dias em temperatura ambiente Resistente ao congelamento. No ambiente marinho, vive entre 10 e 30°C. Sensível a temperaturas acima de 80°C e ao cloro. SINTOMAS DO CÓLERA Fezes aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e cãibras. Pode evoluir para desidratação, acidose e colapso circulatório, com choque hipovolêmico e insuficiência renal. Frequentemente, a infecção é assintomática ou oligossintomática, com diarreia leve A acloridria gástrica agrava o quadro clínico MEDIDAS DE PREVENÇÃO Saneamento básico Fervura ou cloração de água e alimentos antes da ingestão; desinfecção de frutas e verduras Coleta de lixo rigorosa Enterrar as fezes longe de fontes de água, quando não houver saneamento básico adequado SHIGELLA Gram negativo, pode produzir toxinas Não produtor de esporos 4 espécies: relacionadas com E. coli Crescem entre 10 e 40°C Toleram concentrações de sal de 5 a 6% Relativamente sensíveis ao calor Cito, neuro, enterotoxica <número> SHIGELLA Desinteria: diarréia com muco e sangue Incubação de 1 a 7 dias Sintomas variáveis: leves a graves (infeccção leve ou assintomática até desinteria fulminante com tenesmos e até convulsões Contaminação por pessoas infectadas Sempre associada a más condições de higiene Medidas de controle micotoxinas MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS FUNGOS: Botrytis, Monilinea, Rhizopus, Colletotrichum, Alternaria, Penicillium, Aspergillus, Fusarium, Phitophtora, Rhizoctonia, Pythium, Septoria Esses fungos que ao infestarem os grãos e alimentos produzem substâncias tóxicas ou não. TIPOS DE MICOTOXINAS Aflatoxinas: São as micotoxinas mais estudadas, devido a sua ação hepatocarcinogênica e altamente toxigênica. ALIMENTOS SUSCEPTÍVEIS amendoim, milho armazenado, canjica, semente de algodão, centeio, trigo, cevada, nozes, ervilha, semente de girassol e oleaginosas, aveia, arroz, castanha do Pará, pistache, avelãs, soja, leite; Produtos lácteos, ovos, produtos cárneos curados, algumas frutas secas e chás; Em pequenas quantidades no fígado de ovinos, suínos e aves de corte. SINTOMAS O efeito da Aflatoxina é acumulativo e depende da dose e frequência da ingestão da mesma. Efeitos no homem: imunossupressão, síndrome de Reye (torna mais susceptível à hepatite B), câncer primário no fígado, hemorragias e morte. VIROSES ALIMENTARES Consumo de água e alimentos Relativamente poucas Hepatite A Poliomielite Gastrenterites por rotavírus VIROSES ALIMENTARES Hepatite A: suporta altas temperaturas (60°C por 30 min) Lesões de necrose no fígado Água, vegetais, moluscos Poliomielite: atinge SNC e medula óssea Vacina, pasteurização do leite e tratamento de alimentos Excepcionalmente resistentes: até 160 dias VIROSES ALIMENTARES Gastrenterites por rotavírus: crianças menores de 6 anos Atrapalham fluxo de água e eletrólitos e reabsorçãode fluidos gastrointestinais: diarréia Lesões no ID: topo e parede das vilosidades Incubação de 48h e segue por até 5 dias Água e alimentos; mais comum no inverno
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