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Aplicação do estudo da Gravitação a Satélites Artificiais George Lima Marques Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas – Universidade Estadual de Santa Cruz Ilhéus – Bahia –Brasil Resumo. O conteúdo deste relatório refere-se à aplicação do estudo da gravitação para o funcionamento correto dos satélites artificiais, analisando a importância desse grande avanço tecnológico e como, a partir do estudo dos conceitos relacionados à Gravitação, pode se entender como é possível realizar tal feito. Utilizando das relações físicas e matemáticas conhecidas da Gravitação e seus conceitos, chegamos ao entendimento do movimento do satélite artificial. 1 – A história do Satélite Artificial Astronomicamente falando, denomina-se satélite qualquer objeto que orbita ao redor de um planeta. Os satélites podem ser naturais ou artificiais; um satélite artificial (figura 1) é uma peça tecnológica construída pelo homem e enviada ao espaço montado em um foguete. O termo satélite, visto como veículo espacial e suporte de uma estrutura receptora e emissora, foi criado por Artur C. Clark, um radioamador britânico. Em, 1957, com o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputinik-1 (figura 2), um satélite russo com uma única missão, transmitir sinais de rádio, deu início a aplicação do termo. O Sputinik-1 não ficou em órbita por muito tempo, apenas três meses, mas foi tempo necessário para que a humanidade expandisse os horizontes no ramo da ciência tecnológica espacial. Do seu lançamento até dias atuais, mudou o conceito e a preocupação acerca do lançamento dos satélites, agora há maior precaução sobre destino final, afim de que ele não se torne lixo espacial. [1] Figura 2: Satélite Sputinik-1 2 - Como funciona o Satélite Um satélite moderno contém vários componentes eletrônicos que são capazes de resistir ao lançamento e funcionar nas condições hostis do espaço. Sua energia é proveniente de baterias carregadas por células solares que lhe dão um aspecto característico. Eles se classificam segundo suas órbitas: os satélites de órbitas baixas estão a uma distância de 160 a 2000 km; os satélites de órbitas médias chegam até 10.000 km de altitude; satélites de órbitas elípticas e os satélites geoestacionários que Figura 1: Satélite artificial tem velocidade de translação igual a velocidade de rotação da terra, ficam sendo fixo sobre um mesmo ponto do planeta, a uma distância fixa de 35.000 km sobre o equador, essa situação oferece uma formação pentagonal para as comunicações. [2] Satélites permitem o uso de antenas sem necessidade de mudança de posição, isso assegura o contato permanente com o satélite. O sinal se destina a transmissão de TV, telefonia e transmissão de dados. Cada satélite é construído e programado para executar uma função específica: comunicação, meteorológico, navegação, militares, observação e os científicos. Os sinais transmitidos por satélites são captados por antenas como, por exemplo, as antenas parabólicas domésticas de TV que em posição fixa captam o sinal de um satélite estacionário. Outra forma de captar sinais é através de um aparelho GPS, este necessitam de três satélites para um posicionamento bidimensional e de pelo menos quatro satélites para um posicionamento tridimensional, determinando a altitude, longitude e velocidade que viajamos. [2] 3 – O lançamento A velocidade é um elemento chave para por um satélite em órbita, se ele for colocado com velocidade baixa ele logo cairá, se for lançado com velocidade para fazer com que ele não atinja a camada superior da atmosfera de menor densidade ele sofrerá com a resistência do ar e seu movimento cessará. Para colocar um satélite em órbita ao redor da Terra, a certa altitude, deve-se impulsioná-lo até atingir uma velocidade onde a força da gravidade fica equilibrada pela força produzida pela velocidade do satélite em órbita. [3] Para uma alta velocidade, ele atingirá a velocidade de escape, que é exigida quando há a necessidade de enviar satélites para outros planetas: Aplicando o princípio da conservação de energia, vamos calcular essa velocidade de escape, onde será desprezada a resistência do ar. Onde é a massa do foguete, é a massa da Terra, é a constante gravitacional e o raio da Terra. Sendo e temos Onde obtemos Substituindo os valores de (6,67 N m²/Kg²), de (5,97 × 10 24 kg) e de (6 38 x 10 6 m) encontramos: [4] Se o satélite artificial for lançado a essa velocidade ele irá escapar totalmente da Terra e há a possibilidade dele se perder no espaço, porém utilizando estabilizadores e motores direcionadores ele pode orbitar outro astro. Então, o impulso ideal para o satélite entrar em órbita na Terra, a 300 km de altitude, que é a linha acima da mesosfera onde a atmosfera é menos densa, é de 27 800 km/h. O lançamento de um satélite possui basicamente três estágios (Figura 1): acopla-se ao satélite um foguete que é carregado com tanques de combustível, e então é realizado o lançamento, usando o combustível pra impulsionar o conjunto. Após o uso do combustível ele despreza os tanques, e então, por fim, o foguete é desacoplado e o satélite entra em órbita. A velocidade com que o satélite é lançado é de tal forma que ele não possa mais aterrissar e então eles continuam caindo continuamente em direção a Terra, pois são atraídos por ela, mas a curvatura da superfície da Terra o impede de aterrissar. Graças a essa atração exercida pela Terra, que, quando em órbita o satélite não escapa em linha reta se perdendo no espaço. [3] Figura 3: Lançamento de um satélite Na linha do Equador, a velocidade de rotação da Terra é maior do que em qualquer outro parte do planeta e isso faz com que os foguetes que carregam os satélites ganhem um impulso extra, economizando combustível. Somando os custos de vários lançamentos, a economia chega à casa dos milhões de dólares, então, boa parte das bases de lançamentos são construídas em regiões próximas a linha do Equador. [5] Uma alternativa ao lançamento acoplado a um foguete era enviar os satélites como carga dos ônibus espaciais, mas estes foram aposentados em 2011. 4 – As forças gravitacionais: A órbita do satélite Segundo a lei gravitacional de Newton, um corpo de massa m é atraído por um corpo de massa M por uma força dada por: Sendo r a distância entre seus respectivos centros e G a constante gravitacional que tem valor 6,67 N m²/Kg² A órbita circular é o caso mais simples de órbita de um satélite, sendo também um caso importante, pois diversos satélites artificiais têm órbitas quase circulares. Quando o satélite está em órbita circular a única força que atua sobre ele é a atração gravitacional da Terra, que está orientada na direção do centro da mesma. Esse efeito faz com que o satélite descreva um movimento circular uniforme com velocidade constante, porém em sua queda o satélite não vai em direção a Terra, ao invés disso ele permanece em órbita devido a sua velocidade tangencial que o mantém a uma distância constante do centro da Terra. [4] Para um raio de órbita r, podemos encontrar a velocidade constante v de um satélite em órbita circular, sendo que o satélite tem aceleração em módulo: , segundo a segunda lei de Newton, podemos igualar: Isolando v, obtemos (1) Então podemos ver que em órbita circular, a velocidade deum satélite artificial independe da massa do satélite e basicamente é determinada pela distância entre os corpos. Podemos também encontrar relações para o período e a Energia mecânica de um satélite em órbita circular Como o período T é Substituindo o resultado (1), obtemos A Energia mecânica total é: [4] Substituindo o resultado (1), obtemos (2) Mudando de órbita, para um satélite artificial com órbita elíptica, sua Energia mecânica total seria dada por (2), substituindo, nela, r por a, que representa o semi eixo maior da elipse, obtendo [6] 5 – As forças perturbadoras: Permanecendo em órbita Perturbações no movimento orbital do satélite fazem com que ele se desvie da sua órbita causando uma contração na órbita e o desvio do satélite em direção a terra. Constantemente, o movimento orbital dos satélites é influenciado por algumas forças que o perturbam como: - A força gravitacional devida ao potencial do corpo: Como já dito, a Terra exerce sobre o satélite uma força atrativa que tende a atraí-lo para seu centro, essa força é equilibrada pela velocidade tangencial do satélite. Caso essa velocidade reduza, o satélite pode ser atraído para mais próximo da Terra e até seguir em direção ao solo. - A atração gravitacional do sol e lua: A força gravitacional tem uma grande importância devido a seu modo de ação, ela permite que dois corpos a longa distância possam exercer uma força entre eles. Quando em órbita, o satélite alem de sofrer a atração da Terra, sofre atração do Sol e da Lua: Força de atração do sol - Onde a massa do sol é 1,9891 x 10 30 Kg Força de atração da lua – Onde a massa da lua é 7,3474271 × 10 22 kg - Pressão da radiação solar: A pressão de radiação é a pressão exercida sobre certa superfície devido à incidência de uma onda eletromagnética. Isto ocorre em decorrência de uma onda eletromagnética possuir momento linear e massa, apesar de possuir massa de repouso igual a zero. Logo, o princípio da conservação de momento linear demonstra que a interação da radiação eletromagnética sobre a superfície deve transmitir momento linear, e, a partir da segunda lei de Newton, pode-se averiguar que a variação do momento linear de um corpo material é resultante de uma força aplicada sobre tal corpo. [7] Todas essas perturbações alteram o movimento do satélite, e pra voltar a situação de equilíbrio, permanecendo em órbita, o satélite possui motores propulsores que o redireciona a sua órbita. 6 - Lixo espacial Ao redor da Terra encontram-se satélites desativados, fragmentos de satélite ou de foguetes, e até mesmo instrumentos e ferramentas perdidos por astronautas durante missões espaciais, todos esses materiais são considerados lixos espaciais (figura 4). Figura 4: Lixo espacial ao redor da Terra Segundo a NASA, desde 1957, com o lançamento do Sputnik, pela União Soviética, cerca de 4.000 satélites foram lançados na órbita do nosso planeta, muitos deles atualmente desativados. Esses objetos ficam “viajando” pelo espaço a uma velocidade de até 36.000 km/h, e aproximadamente 200 deles caem na Terra todo o ano. Quanto maior a altitude de um lixo espacial, mais tempo ele permanecerá em órbita. Essa formação de lixo espacial representa perigo para satélites ativos e naves espaciais tripuladas no espaço (e futuras expedições espaciais), os habitantes da Terra estão protegidos, pois, ao entrar em contato com a atmosfera, grande parte dos destroços é queimada e destruída. [8] 7 – Considerações finais O uso dos satélites artificiais causou uma transformação no modo de vida das pessoas aumentando de forma grandiosa a velocidade nas comunicações, aumentando as formas de entretenimento, permitiu um amplo aumento no estudo meteorológico e também o avanço para os estudos astronômicos. Mas também deve se levar em conta o risco em se colocar mais e mais satélites em órbitas gerando o lixo espacial, uma saída para essa situação seria a construção de satélites com maior durabilidade. O lançamento do primeiro satélite marcou o início da Era Espacial, esse avanço tecnológico e científico só foi possível devido aos estudos feitos por Isaac Newton no século XVII sobre as interações gravitacionais e as posteriores descobertas fundadas no estudo de Newton. E então vimos que os satélites artificiais são um perfeito exemplo da aplicação dos conhecimentos físicos para o avanço tecnológico e aumento na qualidade de vida. 8 – Referências Bibliográficas. [1] Pesquisado em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sat%C3%A9lite_artificial#Lan.C3.A7amento> Acesso: 29/05/13. [2] Pesquisado em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/satelites2.htm> Acesso: 02/06/13. [3] Pesquisado em: <http://www.mundofisico.joinville.udesc.br/index.php?idSecao=8&idSubSecao=&i dTexto=160> Acesso: 29/05/13. [4] Young, H.D. Freedman, R.A. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12 ed. São Paulo. [5] Pesquisado em: <http://mundoestranho.abril.com.br/materia/por-que-os- satelites-costumam-ser-lancados-a-partir-do-equador> Acesso: 29/05/13. [6] HALLIDAY, D.; RESNICK, J. W. Fundamentos de Física. Vol. 2, 8ª edição, Rio de Janeiro, Editora LTD, 2011. [7] Pesquisado em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o_de_radia%C3%A7%C3%A3o> Acesso: 02/06/13. [8] Pesquisado em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Detrito_espacial> Acesso: 06/06/13. Figura 1: <http://petmcem.ufsc.br/pesquisa-sobre-satelites>; Figura 2: <http://www.bisbos.com/sputnik.html>; Figura 3: <http://www.geocities.ws/saladefisica5/leituras/lancamento.html>; Figura 4: <http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Cientistas_alertam_para_acumul o_de_lixo_no_espaco&posic=dat_20060120-070240.inc>;
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