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RESUMO AULAS 7º PERIODO DIREITO FAMILIA PROF ROBERVAN FREITAS

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DIREITO DE FAMÍLIA
7º PERÍODO
PROF. ROBERVAN FREITAS
INTRODUÇÃO:
	A família é uma realidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a organização social. É uma instituição necessária e sagrada que merece ampla proteção do Estado.
	Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela afinidade e pela adoção.
	A estrutura da família era patriarcal, legitimando o exercício dos poderes masculinos sobre a mulher – poder marital, e sobre os filhos – pátrio poder. O pater famílias exercia sobre os filhos direito de vida e de morte. Podia desse modo, vendê-los, impor-lhes castigo, penas corporais e até mesmo tirar-lhes a vida. A mulher era totalmente subordinada à autoridade marital.
	O ascendente comum vivo e mais velho era, ao mesmo tempo, chefe político, sacerdote e juiz.
	A função econômica desenvolvida pela família perdeu o seu sentido, pois para a família – era necessário o maior número de membros, principalmente filhos. Entretanto, hoje a família não é mais unidade produtiva nem seguro contra a velhice, pois essas atribuições que foram transmitidas a previdência social.
	Já a sua função procracional, fortemente influenciada pela tradição religiosa, também foi desmentida pelo grande número de casais sem filhos, seja pela escolha, ou pela priorização da vida profissional. Portanto, a procriação já não é mais imprescindível. Nessa direção caminha a grande aceitação da natureza familiar das uniões homossexuais.
	Assim, hoje temos um novo modelo de família: o número de membros diminuiu, há mais casais sem filhos, aumento das famílias monoparentais e aumento do número de solteiros.
	Conforme prescreve nossa Carta Magna (art. 3º, I), a família atual busca sua identificação na solidariedade, se fundamenta na afetividade, após o individualismo triunfante no passado.
	Dessa forma, podemos dizer que o direito de família atua em três setores, a saber: relações pessoais, patrimoniais e assistenciais.
	Por fim, abstraindo as discussões acerca de um modelo inicial único (patriarcal ou matriarcal, monogâmico ou poligâmico), o mais adequado é reconhecer que, na Antiguidade, os grupamentos familiares eram formados, não apenas com base na afetividade (que, como veremos, é o princípio básico do direito de família brasileiro moderno), mas sim na instintiva luta pela sobrevivência, independentemente de isso gerar, ou não, uma relação de afeto.
	Hoje, cada vez mais a família se afasta da estrutura do casamento. A família atual já não se condiciona aos paradigmas originários de casamento, sexo e procriação.
	Como prova da evolução do conceito de família, temos a Lei 11.340/06 (Maria da Penha), que em seu artigo 5º, inciso III, disciplina família como qualquer relação de afeto. Vejamos:
“Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: Citado por 338
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; Citado por 32
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa; Citado por 40
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.”
PRINCÍPIOS DO DIREITO DE FAMÍLIA:
Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana:
	Decorrente do art. 1º, III, da nossa Carta Magna, busca esse novo direito a tutela à dignidade da personalidade de seus membros, em especial dos filhos. Para tanto, temos por exemplo, a intervenção do Estado no sentido de proteger seus integrantes e coibir a violência doméstica. (art. 226, §8º, CF).
	O princípio da dignidade da pessoa humana constitui, assim, base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente. Art. 227, CF.
Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros:
	Antes, com a vigência do CC de 1916, o marido era o chefe da sociedade conjugal, competindo-lhe a administração dos bens comuns e particulares da mulher.
	Hoje, com a CF de 1988, os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher, nesse sentido é o art. 226, §5º da CF. Referido princípio acaba com o poder marital (patriarcalismo) e deixa de ver a mulher restrita a tarefas domésticas e à procriação.
	O dever de prover a família também deixou de ser apenas um encargo do marido, incumbindo também à mulher, de acordo com as possibilidades de cada um. (art. 1568, CC).
	Temos hoje a igualdade no exercício conjunto do poder familiar (cogestão). Devendo as divergências, quando necessário, ser solucionadas pelo juiz. Art. 1567, parágrafo único do CC.
Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos:
	Consubstanciado no art. 227, §6º da CF, os filhos havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
	O dispositivo em apreço estabelece absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo qualquer distinção entre filiação legítima, ilegítima ou adotiva, antes existentes (CC 1916). Hoje todos são apenas filhos, uns havidos do casamento outros fora, mas com iguais direitos – art. 1596.
Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar:
	Referida responsabilidade é de ambos os genitores (art. 226, §7º da CF e art. 1565 do CC). O planejamento familiar é de livre decisão do casal, vedado qualquer interferência por parte do Estado.
	Nada impede porém, que o Estado possa ser chamado a intervir quando houver ameaça ou lesão a interesse jurídico de qualquer dos integrantes da estrutura familiar. Exemplo disso, é o judiciário intervindo no direito de guarda e no direito de visitas.
Princípio da comunhão plena de vida:
	O fundamento básico da família e da vida conjugal é a afeição entre os cônjuges e a necessidade de que perdure completa comunhão de vida, ou seja, não prevalece mais a ideia de unidade familiar baseada no casamento, mas sim aquela voltada para o desenvolvimento da personalidade de seus membros, podendo ser formada, inclusive, por famílias monoparentais.
	Estes novos rumos conduzem à uma família socioafetiva, onde prevalecem os laços de afetividade e afinidade sobre os elementos meramente formais.
	Assim, a dissolução da sociedade conjugal, hoje pelo divórcio, não se dá mais pela culpa de um dos cônjuges, mas simplesmente, pelo fim do afeto entre ambos. Nesse sentido é a EC 66, da CF.
	Berenice Dias chama referido princípio de solidariedade, e ele está presente no dever dos pais de assistência aos filhos (art.229, CF). Presente também na obrigação alimentar (art. 1694)
Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar:
	Seja pelo casamento ou pela união estável (art. 226, §3º, da CF), podemos ver que a CF alargou ao conceito de família, passando a interá-lo as relações monoparentais e homossexuais. Deixa de exigir para a configuração de uma família a necessidade de um par, o que por consequência subtraiu da família sua finalidade a proliferação.
	Tal princípio abrange também a livre decisão da família no planejamento familiar. Liberdade de escolha do modelo de formação educacional, cultural e religiosa. (art. 1634 do CC), a liberdade de aquisição e administração do patrimônio familiar, liberdade para escolha e alteração do regime de bens (art. 1639 – salvo os casos do art. 1641).
	Por outro lado, defende alguns autores, como Berenice Dias que a imposição do regime de separação legal aos maiores de 70 anos é umaafronta ao princípio da liberdade.
NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO FAMILIAR:
	A família constitui o alicerce mais sólido em que se assenta toda a organização social, por isso, merece pelo Estado toda proteção, inclusive, a CF em seu art. 226, preleciona que a família é a base da sociedade.
	E mais, os direitos deferidos à família, os quais são disciplinados pela CF e pelo Código Civil, assumem na maior parte dos casos, caráter de dever, pois a cada dia vem tendo mais e mais uma crescente intervenção do Estado, o qual busca conceder à família mais proteção e melhores condições de vida às gerações mais novas.
	Posto isso, alguns doutrinadores arriscam, inclusive, a classificar o direito de família como direito público, direito sui generes ou direito social, afastando cada vez mais do direito privado. Entretanto, este não é o entendimento predominante, ou seja, em que pese as peculiaridades do direito de família, ele deve permanecer no ramo do direito privado. Esses acréscimos não alteram o caráter predominante de direito privado.
	Família e casamento:
	O CC de 1916 prescrevia que o primeiro objetivo do casamento era a constituição da família, a família constituída fora do casamento era considerada ilegítima, então chamado de concubinato.
	Os filhos que não procediam de justas núpcias, eram classificados como ilegítimos e não tinham filiação assegurada pela lei.
Naturais – aqueles concebidos de homem e mulher sem impedimentos;
Espúrios - aqueles concebidos de homem e mulher com impedimentos, seja pelo parentesco, afinidade ou casamento anterior.
Adulterinos - se o impedimento resultasse do fato de um deles ou de ambos serem casados.
Incestuosos - se decorresse de parentesco próximo, como entre pai e filha ou entre irmãos.
	Entretanto, antes mesmo da nova carta magna, aos poucos, alguns direitos da concubina foram sendo reconhecidos, nesse sentido, o STF através da Súmula 380 que prescreve: Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
	Assim, hoje, com o advento da CF de 1988, temos a família podendo ser constituída por relações monoparentais ou homossexuais, afastando a ideia de que a família só pode ser constituída pelo casamento ou por um par.
	Ao reconhecer a possibilidade de se constituir uma família pela união estável, a CF em seu art. 226, § 3º, conferiu juridicidade ao relacionamento fora do casamento.
	Porém, somente em 1994 é que surgiu a primeira Lei (8.971) regulamentando a previsão constitucional de uma família ser constituída por união estável.
	E finalmente, o CC trouxe um capítulo exclusivo para tratar da união estável, em especial dos aspectos pessoais e patrimoniais.
	Portanto, duas novas entidades familiares passaram a ser reconhecidas, a união estável e a monoparental, formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
	Com o advento da CF e do CC temos nítida a evolução do direito de família, pois os vínculos de afeto se sobrepõem à verdade biológica, passou a priorizar a família socioafetiva, a não discriminação de filhos, a corresponsabilidade dos pais quanto ao exercício do poder familiar e também o reconhecimento da família monoparental (art. 226, §4º, CF) e agora também a união homoafetiva, está última somente reconhecida pela jurisprudência, em especial pelo STF.
	O elemento que distintivo da família não é mais o casamento, e sim a presença de um vínculo afetivo a unir as pessoas com identidade de projetos de vida e propósitos comuns, gerando comprometimento mútuo. A família de hoje já não se condiciona aos paradigmas originários: casamento, sexo e procriação.
DO CASAMENTO:
	Casamento é um contrato que se constitui pelo consentimento livre dos cônjuges, os quais, por efeito de sua vontade, estabelecem uma sociedade conjugal que, além de determinar o estado civil das pessoas, dá origem às relações de família, reguladas, nos pontos essenciais, por normas de ordem pública.
	“Temos também aqueles que entendem que casar em nosso hemisfério monógamo, é perder metade de seus direitos e duplicar seus deveres”.
	Apesar de não termos no ordenamento jurídico a definição do que é casamento, a lei declina sua finalidade (art. 1511) ao prescrever que ele estabelece a comunhão plena de vida, e é baseado na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. Prevê ainda seus efeitos ao atribuir encargos ao casal de assumirem mutuamente a condição de consortes e responsáveis pelos encargos da família – art. 1565.
	O casamento é ato complexo (instituição e contrato), é ato de autonomia privada, é ato que reveste-se de diversos caracteres, dentre eles, há elevados interesses morais pessoais. Para Berenice Dias, poderíamos dizer que casamento é um contrato de adesão, pois seus efeitos e formas estão previamente estabelecidos em lei, não havendo espaço para a vontade dos noivos, salvo dizer sim.
	É ato eminentemente solene – é um dos atos mais solenes do direito civil, o que pode ser visto no processo de habilitação, na publicação do edital e por fim na cerimônia. Referida solenidade busca dar mais segurança aos atos, garantir a validade e enfatizar a sua seriedade, inclusive, sua inobservância torna o ato inexistente.
	As normas que o regulamentam são de ordem pública – não podem ser derrogadas por convenções particulares, pois estas são definidas em princípios insculpidos na CF e nas leis civis. Assim, malgrado, a liberdade concebida a toda a pessoa de escolher o seu cônjuge, não é dado aos nubentes discutir com o celebrante o conteúdo e a extensão dos seus direitos e deveres, nem impor regras sobre a dissolução do vínculo ou reconhecimento de filho.
	Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges – nesse sentido é o art. 1511 do CC, assim como o art. 1565, o qual prescreve que com o casamento o homem e a mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. Referida união estabelece diversos direitos e direitos, dentre eles a fidelidade recíproca, vida em comum, mútua assistência e sustento e guarda dos filhos.
	Representa união permanente – ainda há aqueles que entendem que o casamento é permanente, inclusive, em alguns países o divórcio não é permitido. Porém, predominam atualmente os que consagram a dissolução do casamento pelo divórcio.
	No Brasil o divórcio foi introduzido pela EC nº9, de 1977, que deu nova redação ao art. 175 da CF de 1969, rompendo neste instante com o princípio da indissolubilidade do casamento. Posteriormente, tivemos a edição da Lei ordinária nº6.515 de 1977 que regulamentou referida previsão constitucional. A CF de 1988, por sua vez reduziu o prazo da separação judicial para 1 ano, no divórcio-conversão, criou ainda uma modalidade de divórcio direto, desde que comprovada a separação de fato por mais de 2 anos. Nesse sentido, também veio o CC de 2002, que em seus art. 1571, IV, §1º e 1580, caput e § 2º transcrevem os mandamentos constitucionais.
	Por fim, hoje temos a EC 66/2010, que eliminou tacitamente o divórcio conversão manteve somente o divórcio direito, inclusive, sem a necessidade de prazo mínimo para sua decretação.
	Diversidade de sexos – A CF só admite casamento ente homem e mulher, a diferença de sexos era requisito natural do casamento, a ponto de serem consideradas inexistentes as uniões homossexuais. A lei maior veda, inclusive, a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Porém, em meados de 2011, o STF em decisão inédita e histórica reconheceu as uniões homoafetivas como entidade familiar. E mais, hoje temos também a possibilidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
DO PROCESSO DE HABILITAÇÃO PARA O CASAMENTO: art. 1525 a 1532 – CC
Da capacidade para o casamento:
	O interesse do Estado é a constituição regular das famílias, por isso o casamento é cercado de verdadeiro ritual, exigindo uma série de formalidades, que o consentimento dos nubentes seja um ato solene, demonstrandoliberdade, e facilitando também a prova do ato.
	Todas essas formalidades nada mais é do que o processo de habilitação desenvolvido perante o oficial do Registro Civil – art. 1526, CC (introduzido pela lei 12.133/09). O qual destina-se a constatar a capacidade para o casamento, a inexistência de impedimentos e dar publicidade à pretensão dos nubentes. Ou seja, tem a finalidade de comprovar que os nubentes preenchem requisitos que a lei estabelece para o casamento.
	O Código de 1916 confundiu, no art. 183, incapacidade para o casamento com impedimento matrimonial. O primeiro significa inaptidão do indivíduo para qualquer casamento, chamado por alguns autores de impedimento absoluto, ou seja, com qualquer pessoa, como por exemplo, o menor de 16 anos e da pessoa já casada. Já o segundo, se funda, todavia, na ideia de falta de legitimação, de impedimento relativo, é uma inaptidão para o casamento com determinada pessoa. O nubente não é incapaz, entretanto, não lhe é permitido casar com determinadas pessoas, por exemplo, dos ascendentes com descentes e dos colaterais em segundo grau.
Requisitos gerais e específicos:
	A rigor, antes mesmo dos 16 anos, as pessoas encontram fisicamente aptas a procriar. No entanto, muitas vezes sem maturidade suficiente para assumirem tal responsabilidade. Como a lei objetiva proteger pessoas inexperiente, imaturas.
	Assim, como o desenvolvimento das pessoas são diferentes uns dos outros, ficando difícil determinar as condições de cada indivíduo, o sistema jurídico prefere presumir a existência dessa capacidade a todos que atingirem certo limite de idade, no caso 16 anos. Dessa forma, realizado o casamento sem ter atingido aquela idade, pode-se promover a anulação, mediante iniciativa própria ou de seus representantes legais. (1916 – a idade para casara era de 16 para as mulheres e 18 para os homens).
	Imperioso ressaltar ainda que a uma vez desfeito o vínculo matrimonial pela viuvez ou divórcio, mantém-se a capacidade civil. O casamento nulo, entretanto, não produz nenhum efeito (art. 1563 CC). Proclamada a nulidade, ou mesmo a anulabilidade, o emancipado retorna à situação de incapaz, salvo se o contraiu de boa-fé.
	De acordo com o art. 1517 CC, é necessário que o homem e a mulher tenham 16 anos de idade, autorização dos pais enquanto não atingida a maioridade civil. Não havendo acordo entre os pais, cabe a qualquer deles socorrer-se do judiciário para solução da lide. E mais, sendo a denegação da autorização injusta, pode ser suprimida pelo juiz (art. 1519 CC).
	Em seu art. 1520, o CC prescreve ser permitido em casos excepcionais o casamento de quem ainda não tenha alcançado a idade núbil, para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
	Entretanto, a idade núbil não é o único requisito para a capacidade matrimonial, há também outras situações em que o interessado não pode casar com qualquer pessoa, impedimento absoluto, como a loucura e a existência de outro casamento.
Suprimento Judicial de idade:
	Prescreve o art. 1520, CC, que excepcionalmente será permitido o casamento de quem ainda não atingiu a idade núbil para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em decorrência de gravidez.
	Entretanto, em razão da recente reforma penal, lei 11.106/05, não mais se cogita do casamento como causa de extinção da punibilidade do agente, nos crimes de sedução e de estupro, por exemplo. Disso decorre que, para aqueles que ainda não atingiram a idade núbil, resta apenas a prova da existência de gravidez." (Apelação Cível n° 398.434-4/4, Rei. Francisco Loureiro, j . 12.01.06) - APELAÇÃO CÍVEL N° 591.389-4/5.
	Entretanto, ainda há na doutrina minoritária o entendimento que o CC refere-se a qualquer sanção penal e não exclusivamente às anteriormente previstas no art. 107, CP.
	Para Pablo Stolze, a primeira hipótese do artigo 1520 quedou-se profundamente esvaziada, ou seja, estamos diante de uma penal pública incondicionada, afigurando-se incabível a autorização para o casamento.
	Entretanto, somente diante de um caso concreto, o juiz poderá determinar solução diversa. Isso porque, se ficar configurado ter havido namoro sério e também ficando demonstrado que há há uma inequívoca maturidade das partes e ocorrendo anuência dos pais, poder-se-ia, em tese, reconhecer a atipicidade para casar.
	Contudo, em recentes julgados o STJ e STF, já decidiram pelo não reconhecimento de união estável, sempre que em uma das partes, havia pessoa absolutamente incapaz. (STJ-HC77.018 e STF-RE418376/MS).
	Imperioso ressaltar ainda que o suprimento de idade não dispensa o consentimento dos pais, atitude que deve ser analisada sempre com olhos para o interesse do filho.
	Já no que tange a gravidez, esta prescinde-se de eventual cometimento de crime, mesmo porque, pode ela resultar de relacionamento sexual consentido. Assim, o objetivo principal neste caso é proteger a prole vindoura. Inclusive, se do casamento ilegal (idade) resultar gravidez, este não poderá ser anulado (art. 1551 CC).
	No que tange à gravidez, o mesmo ocorreria se o homem fosse o menor de 16 anos e a mulher maior? Ou seja, se um adolescente engravidar uma mulher maior de 18 anos, ocorrerá o suprimento de idade? Para Pablo Stolze, cabe aqui o princípio da igualdade, cabendo ao juiz analisar o discernimento dos envolvidos, assim, como ocorre quando a mulher menor engravida.
	Destarte, uma vez suprida a idade dos nubentes, o casamento será realizado no regime de separação de bens (art. 1641, CC), entretanto, haverá a comunicação dos aquestos provenientes do esforço comum, a teor do estatuído na Súmula 377, do STF.
Suprimento judicial do consentimento dos representantes legais:
	Conforme dispõe o art. 1517, CC, o homem e a mulher com 16 podem casar, desde que obtenham autorização de seus pais ou representantes legais. Caso a autorização seja denegada, prescreve o art. 1519 do CC, que o juiz pode suprir referida autorização quando for injusta.
	Assim, se houver divergência entre os pais, qualquer deles poderá recorrer ao judiciário para solução do desacordo. (art. 1517, § único e art. 1631, ambos do CC).
	Procura o legislador dar remédio contra o despotismo dos pais tiranos, caprichosos. Entretanto, o código não especifica os casos em que a denegação do consentimento deve ser considerada injusta, a matéria esta entregue ao prudente critério do juiz, mas podemos reputar como justos e fundados a existência de impedimento legal, grave risco a saúde, embriaguez habitual, incapacidade para o trabalho, maus antecedentes criminais e etc...
	Se o pedido de suprimento do consentimento for deferido, será expedido alvará, a ser juntado no processo de habilitação.
	Para viabilizar o pedido, admite-se que o menor outorgue procuração a advogado, sem assistência de seu representante legal, já que os interesses aqui não são comuns. Entretanto, comumente, o próprio representante do Ministério Publico encarrega-se de requerer ao juiz a nomeação de advogado dativo para o menor.
O procedimento para a habilitação:
	O processo de habilitação tem a finalidade de comprovar que os nubentes preenchem os requisitos legais para o casamento, busca constatar a capacidade para a realização do ato, a inexistência de impedimentos, de causa suspensivas. É neste momento que as partes comprovam através de documentos, estar em condições de convolar as justas núpcias.
	O primeiro dos requisitos é a diversidade de sexo, mencionada no art. 1514, que se reporta ao casamento entre homem e mulher. No Brasil o casamento entre pessoas do mesmo sexo é considerado inexistente. Posteriormente temos o consentimento entre os nubentes e a celebração na forma da lei.
	Com tal habilitação procura-se também o exame de situações que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública, como o parentesco próximo dos nubentes.
Documentos necessários – art. 1525 do CC
	Prescreve o art. 1525 do CC que o requerimento de habilitação para o casamento será firmado de próprio punho, ou a seu pedido por procurador. Devendo opedido ser feito no cartório do domicílio dos nubentes ou de qualquer um dos dois caso morem em cidades diferentes, mas sua publicação precisa sair em ambas as cidades. Tudo prescrito nos art. 67 a 69 da lei 6015/73 – lei dos registros públicos.
	Em sua redação original o art. 1526 do CC dispunha que após audiência do Ministério Público, a habilitação seria homologada pelo juiz, tal inovação foi objeto de inúmeras críticas, visto que sobrecarrega o judiciário já abarrotado.
	Assim, com o advento da lei 12. 133/09, que deu nova redação ao referido artigo, a habilitação será feita sem a homologação do juiz, salvo havendo impugnação do Oficial, do MP ou de terceiro.
	Dessa forma, decorrido o prazo de 15 dias da fixação do edital, o oficial entregará aos nubentes certidão com a respectiva habilitação de ambos, a qual tem validade de 90 dias (art. 1532 do CC).
	Entretanto, prescreve o § único do art. 1527 que a autoridade competente, havendo urgência, poderá dispensar a publicação dos proclamas. Tudo a critério do juiz, após petição direcionada ao mesmo com os fundamentos e provas. Isto porque, não há na legislação o que seria motivos urgentes, podendo portanto ser: iminente risco de vida de um dos cônjuges, viagem imprevista e demorada, prestação de serviço público obrigatório ou até mesmo parto próximo de futura mulher. Devemos observar que não cabe recurso da decisão tomada pelo juiz.
	O art. 1540 do CC dispensa não só a publicação dos proclamas como também a própria habilitação e a celebração presidida pela autoridade competente quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade competente. Entretanto, há outras exigência a serem preenchidas, conforme prescreve o art. 1541 do CC.
	Assim, presente a situação prevista no art. 1540, poderá o casamento ser celebrado na presença de 6 testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou na colateral, até segundo grau.
	Após realizado o casamento, as testemunhas comparecem perante a autoridade judiciária dentro de 10 dias pedindo que tome a termo as declarações.
Que foram convocados por parte do enfermo;
Que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
Que declararam espontaneamente suas vontades de casar;
Autuado o pedido o juiz vai realizar as diligências necessárias para saber se os contraentes poderiam contrair a núpcias, dentro de 15 dias;
Não havendo recurso, mandará registrar a união, o qual retroagirá a data da celebração.
Se o enfermo convalescer, estará dispensada a realização destas formalidades.
Certidão de nascimento ou documento equivalente:
	Principal objetivo com a apresentação de referido documento é auferir a idade dos nubentes para o casamento.
	Sendo menor de 18 anos precisam ou de autorização ou suprimento de idade (16 anos). De oura banda, sendo maior de 60 anos (art. 1641, II do CC), o regime de bens deve ser o da separação de bens.
Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem ou ato judicial que supra:
	Se os genitores não souberem escrever, o assentimento será assinado a rogo, na presença de duas testemunhas.
	Conforme prescreve o artigo 1631, havendo divergência entre os genitores, poderá ser o judiciário acionado para resolver este desacordo.
	O pródigo precisa da autorização de seu curador.
	Já o surdo-mudo somente poderá casar caso tenha recebido educação adequada, que o habilite a enunciar a sua vontade.
	Por fim, a autorização dada pelos genitores pode ser revogada até a celebração do casamento (art. 1518 do CC), caso tenha algum fato novo.
Declaração de duas pessoas maiores, parentes ou não, que atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento:
	A apresentação de tais documentos tem por objetivo completar e ratificar a identificação dos nubentes e reforçar a prova de que não há impedimentos.
Declaração do estado civil, do domicílio e da residência dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos:
Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do registro da sentença de divórcio:
RELAÇÕES DE PARENTESCO:
	Parentesco e família não se confundem, ainda que dentro do conceito de família esteja contido o parentesco. As relações de parentesco são identificadas como vínculos decorrentes da consanguinidade e da afinidade.
	Com o advento da CF88, art. 226, §6º, ocorreu uma verdadeira desbiologização da paternidade-maternidade-filiação, isso porque, a vontade, o consentimento e a afinidade assumirão missões relevantes. Ainda mais, após a evolução da engenharia genética (art. 1597), com a reprodução assistida, não sendo mais possível limitar os vínculos de parentesco à verdade biológica.
Classificação:
	O parentesco admite variadas classificações e pode decorrer das relações conjugais, companheirismo, filiação biológica, filiação civil, filiação adotiva, por afinidade em linha reta ou colateral.
	Imperioso esclarecer que a identificação dos vínculos de parentesco tem reflexos nos impedimentos matrimoniais, em especial, para evitar o incesto nos casos de parentes em linha reta que não podem casar – art. 1521, I.
	Já em sede de alimentos, é fundamental identificar o parentesco em face da reciprocidade da obrigação alimente entre os parentes mais próximos – art. 1696.
	Quanto ao direito sucessório, a qualificação dos parentes é importante na medida em que os mais próximos possuem preferência na vocação hereditária – art. 1829.
	Os parentes na linha reta descendem uns dos outros e, na linha colateral, têm somente um ascendente comum.
	O parentesco em linha reta é ilimitado e, na linha colateral, limita-se ao quarto grau, ao menos para efeitos jurídicos.
	Os vínculos em linha reta são perpétuos (art. 1595, §2º)– quer decorrentes da relação de consanguinidade ou da relação de afinidade. Já com relação ao parentesco colateral, se for consanguíneo, ele se estenda até o quarto grau e nunca se dissolve, já se for por afinidade, o limite é até o segundo grau e pode ser dissolvido pelo fim do relacionamento.
Parentesco natural e civil:
	Historicamente, sempre se reconheceu os vínculos de consanguinidade aquele decorrente do parentesco natural, já o parentesco civil era aquele decorrente da adoção. Entretanto, após a CF88 não há mais espaço para a diferenciação entre os filhos naturais do adotivo, assim, soa descabida essa diferenciação – art. 226, §6º. 
	Não bastasse isso, com o advento das modernas técnicas de reprodução assistida, tivemos o surgimento de outros vínculos de parentesco civil, como pro exemplo, a reprodução heteróloga – art. 1597.
	Hoje, a relação afetiva impõe-se sobre a verdade biológica, ampliando-se assim, o conceito de filiação. Nos dias atuais, a paternidade, maternidade e filiação decorrem de sentimentos nobres, como o amor, desejo de constituir família, carinho e afetividade.
	Imperioso ressaltar também, a existência de irmãos germanos – bilaterais aqueles filhos do mesmo pai e da mesma mãe e, os irmãos unilaterais (meio-irmãos), que são aqueles filhos ou só do pai ou só da mãe. No entanto, mister esclarecer que para Berenice Dias essa diferenciação entre os irmãos nada mais é do que uma enorme inconstitucionalidade, em especial porque a CF/88 veda qualquer discriminação entre irmãos. Referida injustiça fica ainda mais gritante, no direito sucessório, quando a norma prescreve que os irmãos bilaterais recebem o dobro dos irmãos unilaterais, conforme prescreve o art. 1841.
Parentesco por afinidade:
	A afinidade associava-se ao casamento, mas, com a constitucionalização da união estável, a lei estendeu-se ao vínculos de afinidade, nesse sentido é o art. 1595, ao prescrever que o vínculo ocorre entre o cônjuge ou o companheiro em relação ao seu par.
	O vínculo que se estabelece ocorre tanto na linha reta como na linha colateral. Na linha reta, não há limite de graus. Já na linha colateral, a afinidade se limita ao segundo grau, ou seja, se restringe aos cunhados, este último, é bom lembrar, se dissolve coma dissolução da união.
DOS IMPEDIMENTOS:
	Para que o casamento tenha existência jurídica, é necessária a presença dos elementos denominados essenciais: diferença de sexo, consentimento e celebração a forma da lei. Para que seja válido e regular, deve preencher outras condições.
	Assim, em que pese o CC não mencionar os requisitos de existência jurídica, está implícita a necessidade de sua presença.
	Com isso, o CC busca evitar uniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública. A sua inobservância fulmina de nulidade o ato.
	A expressão impedimento é de origem canônica e salienta o caráter excepcional da regra proibitiva, uma vez que, em princípio, todos podem casar-se.
	Segundo Washington de Barros, impedimentos são circunstâncias que impossibilitam a realização de determinado matrimônio.
	O CC considera impedimentos apenas os dirimentes absolutos, ou seja, os que visam evitar uniões que possam, de algum modo, ameaçar a ordem pública, resultantes de circunstâncias ou fatos impossíveis de serem supridos ou sanados.
	Dessa forma, os impedimentos visam preservar a eugenia (pureza da raça) e a moral familiar, obstando a realização de casamentos. Assim, podemos dividir os impedimentos em três categorias. Vejamos: a) impedimentos do parentesco que se subdividem em impedimentos de consangüinidade, entre ascendentes e descendentes e entre colaterais até o terceiro grau – incisos I a IV, impedimento de afinidade, que abrange os afins em linha reta – inciso II, os impedimentos de adoção – incisos III e V; b) impedimento resultante de casamento anterior – inciso VI e c) impedimento decorrente de crime – inciso VII. Todos no artigo 1521, I a VII, do Código Civil
Impedimentos resultantes do parentesco (consangüinidade, afinidade e adoção):
A consanguinidade:
	De acordo com o art. 1521 do Código Civil, não podem casar: I – os ascendentes com os descentes, seja o parentesco natural ou civil, irmãos, unilaterais ou bilaterais e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive. A proibição abrange todos os parentes em linha reta, ou seja, sem limitação de graus. 
	Assim, as relações sexuais entre parentes por consangüinidade caracterizam o incesto, o qual sempre foi combatido, pois o CC não admite núpcias incestuosas, principalmente porque o casamento entre parentes consanguíneos próximos pode provocar o nascimento de filhos defeituosos.
	Importante ressaltar também que é irrelevante para questões de impedimentos tratar-se de descendente havido do matrimonio, de união estável, de concubinato ou de encontros esporádicos.
	Já com relação ao impedimento referente ao parentesco civil, existente entre adotante e adotado (art. 1593), este se justifica pelo fato de a adoção imitar a família. Inspira-se, pois, em razões de moralidade familiar. O adotante apresenta-se em face do adotado, aos olhos da sociedade, no lugar de pai.
	Já no que tange ao impedimento na linha colateral, os irmãos são parentes em segundo grau porque descendem de um tronco em comum. Assim, o impedimento alcança os irmãos havidos ou não de casamento, sejam unilaterais ou bilaterais. Estes últimos filhos de mesmo pai e mesma mãe. Já os primeiros, podem ser irmãos somente por parte de mãe – uterinos, ou somente por parte de pai – consanguíneos.
	Os tios e sobrinhos são colaterais em terceiro grau, e de acordo com a regra do art. 1521, IV, do CC, são impedidos de casar.
	No direito pré-codificado o impedimento compreendia apenas o segundo grau, permitindo assim, livremente, as uniões conjugais entre tio e sobrinha.
	Com a edição do CC de 1916, este estendeu o impedimento até o parente colateral em terceiro grau, tudo atendendo ao reclamo da doutrina.
	Entretanto, em meados de 1941, foi publicado o Decreto-Lei nº3.200, o qual veio permitir tal casamento desde que as partes se submetessem a exame pré-nupcial, realizado por dois médicos nomeados pelo juiz durante o processo de habilitação.
	Posteriormente, como o CC de 2002 não fez nenhuma menção a possibilidade de casamentos entre tios e sobrinhas, à primeira vista, ante a mencionada omissão, poder-se-ia entender vedado o casamento, e, portanto, revogado o mencionado Decreto-Lei pela lei posterior.
	Entretanto, acabou prevalecendo o entendimento (maioria doutrinária) no sentido de que o Decreto-Lei é regra especial em relação ao CC, portanto, sua disciplina se mantém íntegra. Portanto, haverá impedimento somente se comprovada a inconveniência das núpcias no que tange a saúde das partes e de sua prole.
	Por fim, os primos não são atingidos pela restrição do art. 1521, e, portanto, podem casar-se sem nenhum problema, porque são colaterais em quarto grau.
A afinidade:
	De acordo com o inciso II, do art. 1521, do CC, os afins em linha reta não podem casar.
	Parentesco por afinidade é o que liga um cônjuge ou companheiro aos parentes do outro (art. 1595). Resulta, pois do casamento ou da união estável. Entretanto, a proibição refere-se apenas à linha reta.
	Assim, dissolvido o casamento ou a união estável que deu origem ao aludido parentesco, o viúvo não pode casar-se com a enteada, nem com a sogra, porque a afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamento/união que a originou.
	Dessa forma, a afinidade na linha colateral, desde que haja a dissolução do casamento, não será empecilho ao casamento. Portanto, o cônjuge/companheiro viúvo ou divorciado pode casar-se com a cunhada.
	Por fim, não afinidade, portanto, impedimento, em relação a futuros parentes de seu ex-cônjuge ou ex-companheiro, que na época não chegaram a ser parentes. Assim, não há afinidade e impedimento entre o homem e a filha da mulher de quem ele se divorciou, pois essa foi concebida com terceiro depois de dissolvido o casamento.
	Outra questão é o ao reconhecimento da afinidade, e por consequência do impedimento, caso a união ou casamento tenham sido declarados nulos ou venham a serem anulados. (a união não se constituirá se ocorrerem os impedimentos).
	Por derradeiro, não há mais o chamado parentesco espiritual, originário do batismo, existente entre padrinho e afilhado e entre pais do batizado e os padrinhos.
A adoção:
	De acordo com o artigo 1521, não podem casar, o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; e, o adotado com o filho do adotante.
	A razão da proibição é de ordem moral. Mesmo porque, como já vimos anteriormente, a adoção imita a família (art. 1521, I, II e IV), portanto, seria desnecessária referida menção.
	Já com relação ao impedimento entre o adotado e os filhos do adotante, a mesma se dá por tratarmos de irmãos, conforme prescreve a CF e o inciso IV do art. 1521.
	Na realidade, alguns doutrinadores inclusive defendem que não haveria necessidade dos incisos III e V, do art. 1521, isso porque, conforme prescreve a CF, o adotado não pode ser taxado de forma a diferenciá-lo dos demais filhos (art. 227, §7º, CF), assim, não era preciso dizer que o adotante não pode casar-se com quem foi cônjuge do adotado, pois se configura, na hipótese, afinidade na linha reta que já tem previsão impeditiva no inciso II do mesmo dispositivo legal. Também desnecessária a menção a impedimentos entre adotado e o filho do adotante, pela curial razão de que são simplesmente irmãos, por isso enquadráveis no inciso IV.
Impedimento resultante de casamento anterior:
	Não podem casar também as pessoas já casadas – art. 1521, VI, CC.
	Procura-se com essa proibição combater a poligamia e prestigiar a monogamia, sistema que vigora em nosso país.
	Referido impedimento só desaparece após a dissolução do anterior vínculo matrimonial pela morte, invalidade, divórcio ou morte presumida dos ausentes – art. 1571,§1º, CC.
	Assim, se pessoa já casada constituir novo casamento, este último será declarado nulo. Podendo o infrator responder pelo crime de bigamia, com pena que varia de dois a seis anos de reclusão. 
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena - reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º Aquele que, não sendocasado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
72024626 - PESSOAL. PENSÃO CIVIL. BIGAMIA. ILEGALIDADE. 1. Tendo em vista que a legislação pátria rechaça a bigamia, não há como se considerar válido novo matrimônio contraído quando ainda subsistia juridicamente o casamento anterior. 2. Consoante o artigo 1.727 do Código Civil, as relações não eventuais entre o homem e a mulher impedidos de casar constituem concubinato. 3. É ilegal a inclusão de concubina no rol de beneficiários de instituidor casado à data do óbito (Tribunal de Contas da União TCU; PenCiv 000.306/2007-8; Ac. 3757/2010; Primeira Câmara; Rel. Min. Marcos Bemquerer Costa; Julg. 22/06/2010; DOU 30/06/2010) CC, art. 1727.
	Assim, na vigência de um casamento anterior válido não se pode contrair novas núpcias. Sendo que o impedimento se dá por ser casado e não por ter sido casado.
	Para Berenice Dias, não se pode permitir o enriquecimento sem causa do cônjuge, logo, no mínimo deveria haver o reconhecimento de união estável – vale observar que já encontramos alguns julgados nesse sentido.
Impedimento decorrente de crime:
	Por fim, o CC em seu art. 1521, VII, dispõe que o cônjuge sobrevivente não pode casar com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
	Mais uma vez o impedimento é de ordem moral.
	Contudo, somente gera a proibição o homicídio doloso, principalmente porque somente neste tipo de crime existe tentativa de homicídio. Assim, por no homicídio culposo não haver a intenção de matar, não temos o impedimento.
	Além do mais, este tipo de delito deveria causar repugnância. E mais, um eventual relacionamento entre algoz e o cônjuge sobrevivente demonstra uma ausência de sentimento de piedade para com o de cujus, gerando inclusive uma sensação de conivência entre ambos.
	Entretanto, para configuração do impedimento necessário se faz a haver a condenação. Pois se ocorrer absolvição, prescrição ou extinção de punibilidade não se configura a proibição.
	Portanto, não é suficiente a existência de inquérito policial ou até mesmo processo penal em andamento para caracterizar o impedimento.
	Parte da doutrina defende não existir o impedimento caso a condenação tenha ocorrido após a realização do casamento.
	Por fim, o impedimento obsta também que os impedidos de se casar passem a viver, legalmente, em união estável – art. 1723, §1º, CC.
DAS CAUSAS SUSPENSIVAS:
	São determinadas circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento, se argüidas tempestivamente pelas pessoas legitimadas a fazê-lo, mas que não provocam quando infringidas a nulidade ou anulabilidade. O casamento é apenas considerado irregular, tornando, obrigatório o regime de separação de bens – art. 1641, I, CC.
	Referidas causas suspensivas buscam proteger interesses de terceiros, em geral da prole (herdeiros), evitando a confusão de patrimônio e de sangue. Entretanto, podem não ser aplicadas pelo juiz, caso prove a inexistência de prejuízo para essas pessoas.
	Assim, de acordo com o CC, “não devem casar” as pessoas influenciadas pela causas suspensivas (art. 1523), mas desde que a oposição seja tempestiva e realizada por algum dos legitimados (art. 1524).
	Dessa forma, se comprovadas as causas invocadas o casamento não poderá se realizar enquanto não sanada a causa suspensiva ou se este já tiver sido realizado, vigorará o regime de separação de bens – art. 1641.
	Não bastasse a possibilidade de aplicação do regime de separação de bens, o CC ainda prescreve uma segunda sanção no caso de realização de casamento em desacordo com a orientação do inciso I do art. 1523, que é a hipoteca aos filhos, sobre os imóveis do pai ou mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior, conforme artigo 1489, II.
	Como se verá no capítulo seguinte, a oposição deverá ser feita em até 15 dias da publicação dos editais. 
	E mais, ainda que haja as causas suspensivas (I, III e IV), o juiz ainda pode afastar a aplicação das sanções caso comprove 	que não haverá prejuízos às pessoas que a lei visa proteger (§ único do art. 1523).
Confusão de patrimônio:
	Segundo prescreve o art. 1523, inciso I, não devem casar o “viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros”.
	Observe que não basta o início do inventário, se faz necessário a partilha da herança homologada por sentença. Sempre interessante observar que caso todos sejam maiores, referida partilha poderá ser realizada administrativamente e cartório, conforme prescreve o art. 982, CPC, com redação dada pela Lei 11.441/07.
	No atual CC, na parte de Direito de família, a aplicação do regime de separação de bens é a única sanção aplicável aos infratores da nora suspensiva. Entretanto, na parte do Direito das Coisas, há uma outra sanção ao infrator, que é a incidência da hipoteca legal em favor dos filhos sobre imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior (art. 1489, II, CC).
Divórcio:
	Ainda buscando evitar a confusão patrimonial nosso legislador (art. 1523, III, CC) também estabeleceu norma específica relacionada ao divorciado enquanto não houver realizado a homologação ou decidida a partilha dos bens do casal.
	Busca nosso legislador evitar controvérsias a respeito dos bens comuns do casal anterior, ou seja, busca evitar confusão entre o patrimônio da antiga e da nova sociedade conjugal. Contudo, referida causa suspensiva pode ser afastada caso seja provado a inexistência de prejuízo para o ex-cônjuge (§ único art. 1523).
	Imperioso ressaltar que nossa legislação não coloca óbice ao divórcio sem a prévia partilha dos bens, mas neste caso, temos presente a causa suspensiva.
	Devemos observar também que com a Lei 11. 441/07, que acrescentou o art. 1.124-A do CPC, o divórcio consensual poderá ser realizado administrativamente, desde que não haja filhos menores.
Confusão de sangue (turbatio sanguinis)
	Dispõe o inciso II do art. 1523, que não devem casar a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal.
	Trata-se de causa suspensiva imposta somente à mulher que busca exclusivamente evitar dúvidas em relação a paternidade.
	Isso porque, caso seja permitido a união antes de decorrido este prazo, a criança terá tanto o anterior como o atual companheiro da mãe como supostos pais, pois conforme prescreve os incisos I e II do art. 1597, os filhos nascidos até 300 dias após a dissolução da sociedade conjugal, da morte, da separação, ou da nulidade do casamento, presumem-se concebidos na Constancia da união. De outra banda, aqueles nascidos após 180 dias de estabelecida a união presumem-se nascidos na constância da união. Portanto, teríamos aqui a presunção de dois pais para uma única criança.
	Para Berenice Dias se hoje temos a possibilidade do exame de DNA que identifica com segurança o vínculo de filiação, soa retrógrada manter as presunções, fato que revela a negligência do legislador, que se limitou a copiar a lei anterior.
	Entretanto, conforme prescreve o § único do art. 1523, não subsiste a proibição caso a nubente prove o nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.
	Entende a doutrina também ser hipótese de não aplicação da causa suspensiva se houver aborto ou se a gravidez for evidente quando da viuvez ou da anulação do casamento. 
	Por fim, não se aplica também caso se prove a impotência coeundi absoluta e anterior ao casamento ou também a total impossibilidade física de coabitação entre o casal.
	No que tange a sanção, é a mesma aplicada às demais causas suspensivas, a aplicação do regime de separação de bens, salvo demonstradoa inexistência da gravidez, tudo após decisão do juiz (§ único do art. 1523).
Tutela e Curatela:
	Por fim, também prescreve o art. 1523, inciso IV, que não devem casar o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
	A finalidade da regra em apreço é a proteção do patrimônio do incapaz, evitando o locupletamento do representante ou de seus parentes a suas expensas.
	Cessa a causa suspensiva com a extinção da tutela e da curatela e com a aprovação das contas pelo juiz competente. Não vale a quitação dada pelo próprio tutelado ou curatelado, pois ela só é feita perante juízo.
	Entretanto, referida suspensão pode ser afastada desde que prove a inexistência de prejuízo ao tutelado ou curatelado, conforme prescreve o § único do art. 1523.
DA OPOSIÇÃO DOS IMPEDIMENTOS E DAS CAUSAS SUSPENSIVAS:
Da oposição dos impedimentos:
	Nada mais é do que a comunicação escrita feita por pessoa legitimada, até a celebração do casamento perante a pessoa que realiza processo de habilitação.
Pessoas legitimadas:
	A legitimação para a oposição dos impedimentos rege-se pelo disposto no art. 1522, o qual pode ser realizado por qualquer pessoa.
	O juiz ou oficial de registro que tenha conhecimento do impedimento será obrigado a declará-lo. O não cumprimento não tem nenhuma sanção prevista em lei, mas com certeza da margem a uma possível indenização por não ter impedido a realização de casamento posteriormente anulado por tal razão.
	Devemos observar também que em que pese não haver previsão legal, o MP também tem legitimidade ativa para opor os impedimentos.
	Por fim, a oposição do impedimento ou a sua declaração de ofício, susta a realização do casamento até final decisão.
Momento da oposição dos impedimentos:
	De acordo com o art. 1522, a oposição dos impedimentos pode ser realizada a qualquer momento até a celebração do casamento.
Formas de oposição:
	Buscando evitar imputações levianas, caluniosas e paixões incontidas, torna-se necessário uma rigorosa forma de oposição dos impedimentos. Devendo os mesmos serem fundados em elementos que demonstrem a sua veracidade. Inclusive não é permitido a oposição anônima.
	Prescreve o art. 1529 que a oposição será realizada em declaração escrita e assinada, instruída com as provas dos fatos alegados, ou com o lugar onde podem ser obtidas.
	De outra banda, aos nubentes após conhecimento das alegações, será dado prazo razoável para fazer prova contrária (art. 1530, CC).
	Devemos observar ainda que a oposição poderá se dar em local diferente ao que foi processada a habilitação, oportunidade em que o oficial deve comunicar o cartório onde processa a habilitação para sobrestar o casamento.
Da oposição das causas suspensivas:
	Causas suspensivas são circunstâncias ou situações capazes de suspender a realização do casamento, quando opostas tempestivamente, mas que não provocam, quando infringidas, a sua nulidade ou anulabilidade.
Pessoas legitimadas:
	Diferentemente dos impedimentos, nas causas suspensivas, temos um elenco restrito de pessoas que podem apresentar articular as causas suspensivas, conforme elenca o art. 1524, apenas os parentes em linha reta de um dos nubentes, consanguíneos ou afins (pais, avós, sogros...), e os colaterais em segundo grau, consanguíneos ou afins (irmão e cunhado).
	Para Pontes de Miranda, teria legitimidade também aquele que foi casado com um dos nubentes que não respeitou o prazo de 300 dias (dez meses), pois tal causa suspensiva tem como objetivo evitar a confusão de sangue (art. 1523, II).
Momento da oposição das causas suspensivas:
	Diversamente dos impedimentos que podem ser opostos até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa. As causas suspensivas devem ser articuladas no curso do processo de habilitação, até o decurso do prazo de 15 dias da publicação dos proclamas.
	Assim, se o casamento se realiza a despeito da causa suspensiva, será válido, mas os nubentes sofrerão as sanções já mencionadas.
Formas de oposição:
	Deverão ser opostas em declaração escrita e assinada, instruída com as provas, ou indicação do lugar onde podem ser encontradas. Seguindo as mesmas regras dos impedimentos.
	Prescreve o art. 1529 que a oposição será realizada em declaração escrita e assinada, instruída com as provas dos fatos alegados, ou com o lugar onde podem ser obtidas.
	De outra banda, aos nubentes após conhecimento das alegações, será dado prazo razoável para fazer prova contrária (art. 1530, CC).
	Devemos observar ainda que a oposição poderá se dar em local diferente ao que foi processada a habilitação, oportunidade em que o oficial deve comunicar o cartório onde processa a habilitação para sobrestar o casamento.
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO:
	O casamento é cercado de um verdadeiro ritual. Constitui um negócio jurídico solene. Todas essas formalidades vêem atribuir certeza e seriedade ao ato, garantindo e facilitando sua prova e resguardando o interesse de terceiros no tocante à publicidade da sociedade conjugal.
	Assim, a celebração do casamento sem o atendimento dos rigores da lei torna inexistente o ato, salvo casos excepcionais de dispensa, no casamento nuncupativo e na conversão da união estável em casamento.
	Cumpridas as formalidades já estudadas anteriormente, os nubentes de posse da certidão de habilitação, devem requerer à autoridade que presidirá o ato de celebração a designação data, hora e local para o realização do ato. (art. 1533)
	Em geral o local é a sede do cartório de habilitação, entretanto, pode ser escolhido outro lugar, sempre com o consentimento da autoridade que irá celebrar o ato. Contudo, referido local deve permanecer com todas as portas abertas, pois o ato deve sempre ser realizado com toda a publicidade possível para que possa possibilitar uma eventual oposição de impedimentos. Por fim, para realização do ato necessário ainda a presença sempre de pelo menos 2 testemunhas, parentes ou não (art. 1534).
	Assim, com relação ao local, de acordo com o § 1º do antigo em tela, a celebração do casamento pode ser realizada em edifício particular, devendo este ficar com as portas abertas durante o ato e ser realizado na presença de 4 testemunhas e não 2.
	Já com relação a hora, não há vedações, portanto, pode ser realizada a qualquer dia da semana, havendo apenas uma orientação de que não seja realizado de madrugada, pois poderia dificultar a oposição de eventuais impedimentos.
	Por fim, no que tange às testemunhas, estas são imprescindíveis, sendo necessário a presença de pelo menos 2, parentes ou não dos contraentes. Entretanto, se alguém não souber escrever, colher-se-ão impressões digitais e o número de testemunhas neste caso deve ser 4. A presença de 4 testemunhas também será necessária quando o ato for celebrado em edifício particular. (art. 1534, §§ 1º e 2º).
	A autoridade competente para a celebrar casamentos no Estado de São Paulo, enquanto não criados os juizados de paz mencionados na Constituição Federal (art. 98, II) e no art. 30 do ADCT, de caráter eletivo, é o juiz de casamentos, do lugar em que se processou a habilitação. A Lei de organização judiciária de cada Estado é que designa a referida autoridade. Em alguns Estados chama-se juiz de paz; em outros, o próprio juiz de direito é incumbido desse mister.
	No Estado de São Paulo, a nomeação do juiz de casamentos é feita pelo Secretário de Justiça. Cada Município e cada circunscrição territorial tem o seu juiz de casamento e dois suplentes, todos sem remuneração. (art. 1539, §1º).
Momento da celebração:
	Prescreve o art. 1535, que presentes os nubentes, as testemunhas e o oficial de registro, havendo a afirmação dos nubentes de que pretende se casar por livre e espontânea vontade haverá a declaração do casamento.
	 Assim, o comparecimento dos nubentes deve ser simultâneo, assim, como a vontade de se casar que deve sermanifestada no ato da celebração, contudo, os nubentes podem ser representados por pessoa que possua procuração específica.
	As formalidades do casamento são de extrema importância, pois a sua não observância pode geral a inexistência do ato. Assim, no ato da celebração os nubentes devem ao serem questionados se persistem no propósito do casamento, ambos devem responder de forma pessoal e oral, mas admite-se no caso de casamento de surdos que a pergunta e a declaração sejam escritas, e, para o casamento de mudos que a resposta seja por sinais. No caso de estrangeiro que não entenda bem o vernáculo admite-se a presença de um intérprete.
	Importante ressaltar que o silêncio neste caso, não importa em concordância. Não se admite também o casamento sujeito a termo ou condição.
	Dessa forma, tendo os nubentes manifestado o consentimento de forma inequívoca, o juiz declarará efetuado o casamento, proferindo as palavras sacramentais previstas no art. 1535. Portanto, a declaração do juiz é essencial para a realização do casamento, isso do ponto de vista do interesse do Estado na constituição da família, bem como do ponto de vista formal, buscando dar legitimidade ao ato.
	Nesse sentido é o que prescreve os arts. 1514, 1522 e 1538, todos do CC. Os quais confirmam a necessidade da declaração do juiz para a conclusão do casamento.
	Primeiro porque, conforme prescreve o art. 1522, os impedimentos podem ser opostos até o momento da cerimônia.
	Segundo, da interpretação do art. 1538, III, os nubentes podem manifestar arrependimento até a final declaração do juiz.
	E mais, da leitura do art. 1538, podemos verificar que há outras hipóteses que também podem gerar a suspensão da cerimônia. Vejamos:
	A celebração do casamento será imediatamente suspensa se um dos nubentes recusar a solene afirmação da sua vontade, se declarar que não é livre e espontânea ou por fim, como já visto acima, se manifestar-se arrependido.
	Para confirmar, prescreve o parágrafo único que não será admitido a retratação no mesmo dia, ou seja, ocorrendo a declaração de qualquer das hipóteses elencadas acima, o nubente não poderá se retratar no mesmo dia. E caso a cerimônia prossiga, está será inexistente por falta de elemento essencial, o consentimento.
	Assim, deve o ato ser agendado para uma data futura, mesmo que no próximo dia, tudo para permitir ao nubente uma serena reflexão, bem como evitar uma eventual coação para que retorne e realize a cerimônia.
	Ocorrera também a suspensão da cerimônia se ocorrer uma oposição de impedimento ou até mesmo se os pais, tutores ou curadores revogarem suas autorizações, conforme prescreve o art. 1518.
Assento do casamento no livro de registro:
	Completando o ciclo de formalidades, que se inicia com o processo de habilitação e prossegue com a cerimônia de casamento, ocorrerá logo após a cerimônia o assento no livro de registro com os elementos elencados nos art. 1536 e 173, da Lei dos Registros Públicos.
	O assento no livro de Registro destina-se dar não apenas publicidade ao ato e principalmente para servir de prova da realização do ato e do regime de bens.
	Assim, conforme prescreve o art. 1536, no registro do ato deve constar os prenomes, sobrenomes, data de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos cônjuges, dos pais, das testemunhas, a relação de documentos apresentados e por fim, se for o caso, o regime de casamento.
	É neste momento também que, sendo da vontade de qualquer dos nubentes, ele poderá acrescer o sobrenome do outro. (art. 1565, §1º).
Casamento por procuração:
	Conforme prescreve o art. 1542, o casamento também poderá ser realizado por procuração – por instrumento público – ou seja, o mandatário vai receber, em nome do mandante/outorgante, o outro contraente. A procuração pode ser outorgada tanto pelo homem como pela mulher.
	Referido dispositivo possibilita que um dos nubentes que esteja impossibilitado de comparecer a ato de celebração do casamento – reside em localidade diversa do outro e não pode deslocar-se ou quando um deles se encontra no estrangeiro em trabalho, estudo ou missão que não podem ser interrompidos - nomeie procurador com poderes especiais para representá-lo. Se ambos os nubentes não puderem comparecer deverão nomear procuradores diferentes.
	Entende a doutrina que este procurador tem algum pode de decisão caso entenda que o mandante não aceitaria a celebração do casamento caso tivesse conhecimento da realidade, ou seja, doença física ou psíquica do nubente por exemplo.
	E mais, o mandado poderá ser revogado por instrumento público ou perderá sua eficácia no prazo de 90 dias, conforme dispõe os parágrafos 3º e 4º do art. 1542.
	Entretanto, no caso de revogação do mandato, a informação precisa chegar ao conhecimento do mandatário e do outro contraente, sob pena de perdas e danos. §1º, art. 1542. Contudo, caso o ato seja realizado após a revogação, mas sem o conhecimento do mandatário e do outro nubente, o casamento será anulável, pois caso venha ocorrer a coabitação entre os cônjuges, o casamento será válido, conforme leciona o art. 1550, V, CC.
	No direito de família a procuração ad nuptias em razão da natureza personalíssima do casamento, não precisa para cessar os efeitos da anterior ciência do mandatário/procurador. Diferentemente do direito das obrigações que necessitam da ciência do procurador. (art. 686 e 689, CC). Já que nestes casos se mantêm os efeitos até conhecimento da revogação.
	Já no caso da caducidade da procuração pela morte do mandante entre o período da outorga e a realização, teremos a inexistência do casamento. Diferentemente do que ocorre com o direito das obrigações, em que todos os atos são válidos até o mandatário tomar ciência da morte do mandante.
	Por fim, se sobrevier loucura após a constituição de procurador e antes da celebração do casamento, haverá a revogação da procuração. Entretanto, se efetuado o casamento sem que tenham conhecimento da revogação, e, posteriormente, após a loucura, vier o mandante manter relações sexuais ou venha a praticar qualquer ato de assentimento com o outro contraente, sanada estará a nulidade relativa.
	Imperioso ressaltar ainda que o nosso CC trouxe a possibilidade de aquele cônjuge que não estiver em iminente risco de vida – casamento nuncupativo – poder se casar por procuração. Devendo somente obedecer as exigências previstas nos arts. 1540 e 1541, entre elas a necessidade de 6 testemunhas não parentes (linha reta ou colateral até 2º grau) dos contraentes e que os mesmos compareçam em juízo para que a autoridade tome por termo as declarações.
DA INEXISTÊNCIA DO CASAMENTO E DA INVALIDADE DO CASAMENTO:
Casamento inexistente:
	Malgrado o CC em seu capítulo VIII “da invalidade do casamento” fazer referência somente a nulidade e anulabilidade do matrimônio, ou seja, nulidade absoluta e a relativa. A doutrina inclui, todavia, no gênero casamento inválido, o casamento inexistente, distinguindo, destarte, três espécies: casamento nulo, anulável e inexistente.
	Todavia, o plano da existência antecede o da validade, antes de verificar se o casamento sé válido, faz-se mister averiguar se ele existe. Existindo, pode ser válido ou inválido.
	Para que o casamento exista, é necessária a presença dos elementos denominados essenciais ou estruturais: diferença de sexo, consentimento e celebração a forma da lei. Caso contrário, haverá apenas aparência de um casamento.
	Dessa forma, a admissão da categoria de casamento inexistente vale como uma complementação necessária ao capítulo das nulidades do ato, com a vantagem adicional de impedir que se arguam a prescrição e a decadência, as quais não são aplicáveis ao caso em estudo. Assim, havendo inexistência do ato, o juiz pode a qualquer tempo, pronunciá-lo sem a necessidade de propor ação ordinária, isso, salvo os casos abaixo elencados.
	Na regra geral, em razão de o ato inexistente constituir um nada no mundo jurídico, não há necessidade de ação própria paracombatê-lo. No entanto, se, apesar da identidade de sexos, ignorada pelo celebrante, houve a celebração e lavratura do assento, far-se-á necessária propositura de ação para cancelamento do registro. Também será imprescindível a propositura de ação se for exigida a provas do fato alegado, como a hipótese de ausência de consentimento.
	Não podemos deixar de esclarecer que há na doutrina uma corrente, da qual Silvio Venosa participa, que entende que as hipótese de inexistência nada mais são do que nulidades absolutas, ou seja, ato nulo.
Diversidade de sexos: ??????? e agora com a decisão do Supremo???
	Ainda que de forma indireta, podemos encontrar em nossa Carta Magna e nossa legislação infraconstitucional, diversas passagens em que fica claro que legalmente só é reconhecido a possibilidade de celebrar o matrimônio entre pessoas de sexo diferente.
	Em nossa CF, em seus art. 226, §§3º 3 5º, fica claro referido posicionamento quando ela prescreve que deve haver facilitação da conversão de união estável entre homem e mulher em casamento. Outro momento é ao estabelecer que os direitos e deveres conjugais devem ser exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
	Já na legislação infraconstitucional, o CC, em seu art. 1517, também deixa claro seu posicionamento ao tratar da capacidade para o casamento, dizendo que homem e mulher com 16 anos podem casar. Nesse mesmo sentido também é o art. 1565, ao dizer que pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes. Por fim, o art. 1514, deixa ainda mais implícito tal proibição ao prescrever que o casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher...
	Portanto, hoje, no Brasil, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é considerado inexistente, entretanto, há no Congresso Nacional, projeto de lei com o objetivo de disciplinar a relação entre pessoas do mesmo sexo.
	Assim, malgrado, alguns países como Espanha, Holanda e Canadá admitam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, no Brasil tal espécie de união legal não pode ocorrer, mesmo que os nubentes sejam oriundos desses países, mesmo perante seus consulados, pois no Brasil, aplica-se as regras brasileiras, de acordo com nossa LICC.
	Entretanto, a ausência de diversidade de sexo não deve ser confundida com a hipóteses de dubiedade de sexo, malformação dos órgãos genitais e de disfunção sexual, que em regra, induzem a anulabilidade.
	Questão mais complexa ainda é a dos transexuais, especialmente quando este se submete ao tratamento cirúrgico e vem a ter alterados seus caracteres sexuais externos, retificando nome e sexo o registro civil.
	Durante muitos anos a doutrina e a jurisprudência se orientam no sentido de não admitir a troca de nome e de sexo, ao fundamento de que a mulher possuí outras características além da órgão genital que a caracteriza.
	Malgrado tal posicionamento, nos autos do proc. 621/89 da 7ª Vara da Família e Sucessões de São Paulo, foi deferido a primeira mudança de nome masculino para feminino, de transexual que havia se submetido a cirurgia, determinando que constasse em seu registro no lugar do sexo masculino a expressão transexual, tudo para que terceiro não caia em erro.
	Posto isso, parece inegável a possibilidade de casamento de transexual com pessoa de sexo igual a seu antigo, porém, não impede a possibilidade de eventuais anulações por erro essencial.
	Não bastasse, a situação pode ficar ainda mais complexa quando transexual casado resolve fazer a cirurgia, passando a ter caracteres semelhantes aos de sua cônjuge. Para parte da doutrina, haveria neste caso, a perda de um dos pressupostos do matrimônio, o que em tese caracterizaria a inexistência do casamento. Entretanto, o entendimento predominante é no sentido de que há nesta situação apenas a possibilidade de anulação por erro, pois a identidade de sexo é superveniente à celebração.
	Para Berenice Dias, o STF reconheceu as uniões de pessoas do mesmo sexo como união estável.
	Não bastasse isso, a Lei Maria da Penha, ao definir família, como uma relação intima de afeto, independentemente da orientação sexual, acabou por identificar a relação entre pessoas do mesmo sexo como família – art. 5º, III, $ único da Lei 11.340/06.
Falta de consentimento:
	A ausência total de consentimento, como ocorre nos casos de procuração outorgada sem poderes específicos e de completo silêncio ou mesmo de resposta negativa ante a indagação da autoridade celebrante, não se confunde com declaração defeituosa por vício de consentimento, como o caso de erro ou coação, em que o casamento existe, mas não é válido.
	Entretanto, para alguns a coação absoluta também seria causa de inexistência da união.
	Para Berenice Dias, a falta de manifestação de vontade configura, no máximo, vício de vontade, sob a forma de coação, a permitir a sua anulação (1559) e não o reconhecimento da inexistência do casamento.
Ausência de celebração na forma da lei:
	As autoridades competentes para exercer a presidência do ato solene são as indicadas nas leis de organização judiciária dos Estados, enquanto não forem criados os juizados de paz mencionados na CF e de caráter eletivo (art. 98, II, e 30 do ADCT), sendo, em algumas unidades da Federação, o próprio magistrado, os oficiais titulares dos cartórios do registro civil ou até mesmo os sacerdotes ou ministros do culto, no caso do casamento religioso com efeitos civis, também a autoridade consular (1544), nos casos de casamento no estrangeiro e até mesmo qualquer pessoa nos casos de casamento nuncupativo (1540)
 	Todavia, quem não tem, de modo absoluto, competência para a celebração do ato sequer pode ser reputado autoridade celebrante. Trata-se de casamento celebrado por particular sem autoridade alguma para presidir a solenidade nupcial e, neste caso, o casamento é inexistente.
	Para Berenice Dias, ainda que a doutrina insista em considerar a competência do celebrante como pressuposto de existência do casamento, o legislador considera somente anulável o matrimônio celebrado por autoridade incompetente (1550, VI).
	E mais, se o casamento for celebrado por quem se apresente publicamente como autoridade competente, e se este vier registrar o casamento, o casamento subsistirá – art. 1554. Portanto, para Berenice, as sequelas são somente penais (art. 238 e 239 CP).
	Por fim, para Berenice Dias, a ideia de casamento inexistente é inconveniente e inútil, além disso, o cancelamento de registro somente pode se dar por sentença.
	Dessa forma, de todas as hipóteses elencas pela doutrina que ensejam a inexistência do casamento, a única que poderia ter fundamento era a diversidade de sexo, porém, após o STF reconhecer a união estável entre homossexuais, a nossa jurisprudência já vem entendendo possível o casamento de pessoas do mesmo sexo, logo, não há que se falar em casamento inexistente.
Casamento inválido:
	O casamento inválido pode ser nulo ou anulável, dependendo do grau de imperfeição, ou seja, de inobservância dos requisitos de validade exigidos na lei.
	A distinção entre casamento nulo e anulável diz respeito à natureza do vício que o macula: vício sanável gera nulidade relativa; vício insanável leva à nulidade absoluta. No entanto, em ambas as hipóteses, o casamento existe, foi celebrado e produziu efeitos jurídicos. Tanto o casamento nulo como o anulável, para serem desconstituídos, dependem da chancela judicial. Não sendo proposta uma ação, ambos os casamentos continuam existindo e produzindo efeitos jurídicos.
	O casamento quando realizado com infração a impedimentos de ordem pública, DEVE ser desconstituído, pois há interesse social na dissolução do casamento nulo. Já o casamento anulável decorre de afronta a norma que protege interesse individual, PODE ser desconstituído, a depender do interesse da parte, não se preocupando o Estado com a sua dissolução.
	A nulidade não se convalida, logo, a ação pode ser proposta a qualquer tempo. Em se tratando de casamento anulável, ainda que a lei fale em prescrição, a pretensão anulatória estásujeita a prazo decadencial, só podendo a ação ser proposta dentro de determinado s e distintos lapsos de tempo (1560). 
	Quando um casamento se realiza com infração de impedimento imposto pela ordem pública, por ameaçar diretamente a estrutura da sociedade, este reage violentamente, fulminando de nulidade o casamento que a agrava. Nos casos em que, entretanto, a infração se revela mais branda, não atentando contra a ordem pública, mas ferindo apenas o interesse de pessoas que a lei quer proteger, o legislador apenas defere a este uma ação anulatória para que seja por elas usada, se lhes aprouver. Se o cônjuge, que podia anular o enlace não prejudicial à ordem pública, se mantém inerte, o casamento convalesce e ganha validade, não mais podendo ser infirmado.
	Imperioso esclarecer que a teoria das nulidades apresenta algumas exceções, assim, muito embora os atos nulos em geral não produzirem efeitos, há uma espécie de casamento válido para o cônjuge de boa-fé.
	Dessa forma, malgrado o juiz deva pronunciar de ofício a nulidade dos atos jurídicos em geral (art. 168, § único), a nulidade do casamento somente poderá ser declarada por ação ordinária (art. 1549 e 1565), não podendo, pois, ser proclamada de ofício.
	Destarte, enquanto não declarado nulo por decisão judicial transitada em julgado, o casamento existe e produz efeitos, incidindo todas as regras sobre efeitos do casamento (deveres e regime de bens).
	Quando o casamento é nulo, a ação própria é a declaratória de nulidade, com efeitos ex tunc, retroagindo à data da celebração. Já a anulabilidade reclama a propositura de ação anulatória, com efeitos segundo parte da doutrina, ex nunc, a partir da sentença.
	Segundo prescreve Beviláqua, com muita clareza, “Se o casamento é nulo, nenhum efeito produz, e, quando anulável, desfaz-se como se nunca tivesse existido. Nem um nem outro forma sociedade conjugal, e sim mera união de fato, a que o direito atribui, em dados casos, certos efeitos jurídicos e econômicos. Somente quando se realizam as condições do casamento putativo é que há, propriamente, uma sociedade conjugal, que se dissolve pela nulidade ou anulação do casamento.”
	O prazo para a propositura da ação anulatória é decadencial, conforme prescreve o art. 1560. Já a ação declaratória, por ser ajuizada nos casos em que não se estabeleceu o vínculo da relação jurídica entre as partes, é imprescritível.
	Vejamos agora alguns efeitos da declaração de nulidade que merecem destaque. O casamento nulo não produz efeito de antecipar a maioridade pela antecipação, salvo caso de boa-fé. Nulo o casamento, o pacto antenupcial, de caráter acessório, segue o meso destino do principal.
	Em matéria de regime de bens, a sentença declaratória de nulidade irá retroagir, portanto, a liquidação das relações patrimoniais, eventualmente surgidas em função da vida em comum que existiu, deverá ser feita com base nas regras referentes à sociedade de fato, como se procederia na hipótese de concubinato. Isso, caso ambos os cônjuges tenham agido de má-fé, pois caso um ou ambos estejam de boa-fé, os efeitos em relação a este, será aquela aplicada ao casamento putativo.
	CASAMENTO NULO
	CASAMENTO ANULÁVEL
	Defeito grave
	Defeito menos grave
	Matéria de ordem pública
	Matéria referente a determinadas pessoas
	Legitimada ativa ampla
	Legitimidade ativa restrita
	Imprescritível 
	Prazo decadencial – art. 1560
	Reputadas insanáveis
	Possível convalidação dos atos
	Não ratificação
	Possível ratificação 
Casamento nulo:
	O CC, em seu art. 1548, prescreve dois casos de nulidade do casamento: quando contraído por enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil e quando infringe impedimentos.
	A primeira hipótese é compreensiva de todos os casos de insanidade mental, permanente e duradoura, caracterizada por graves alterações das faculdades psíquicas, que acarretam a incapacidade absoluta do agente – art. 3º, II, CC.
	Assim, quando a debilidade mental privar totalmente o indivíduo do necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, acarretará a incapacidade absoluta e a nulidade do casamento por ele contraído (art. 166, I); quando, porém, causar apenas a sua redução, acarretará incapacidade relativa e a anulabilidade do casamento, nos termos do art. 1550, IV.
	Imperioso ressaltar que somente a incapacidade por problemas de ordem mental gera a nulidade do casamento, isso porque, a incapacidade civil decorrente da idade não compromete a higidez da união e enseja tão somente sua anulabilidade, assim como ocorre com o casamento de menor de 16 anos, que mesmo sendo totalmente incapaz para os atos da vida civil (art. 3º) tem o seu casamento como sendo anulável – art. 1550, I.
	Já o inciso II, do art. 1548, estabelece, de forma genérica, que é nulo o casamento por infração de impedimentos (art. 1521, I a VII), apurando que um dos nubentes infringiu qualquer deles, é nulo o casamento. Isso porque, situações erigidas de impedimentos, não condizem com a ordem pública.
	Dessa forma, uma vez declarada a nulidade do ato, seus efeitos são ex tunc, retroagindo a data da celebração do casamento – art. 1563.
	Assim, por exemplo, os bens que se haviam comunicado pelo casamento retornam ao antigo dono e não se cumpre o pacto antenupcial. Salvo caracterizado o casamento putativo, em relação ao cônjuge de boa-fé.
	Imperioso ressaltar que, enquanto não declarado nulo por decisão judicial transitada em julgado, o casamento existe e produz todos os efeitos, especialmente quanto aos deveres conjugais e ao regime de bens.
Pessoas legitimadas a argüir a nulidade:
	No tocante a legitimidade para propor ação de declaração de nulidade de casamento, proclama o art. 1549, que pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo MP. Entretanto, essa legitimidade não é ampla, e sim reservada a apenas aquelas pessoas que tenham legítimo interesse, econômico ou moral, e ao MP, cujo interesse é de cunho social, este com o advento do CC 2002.
	Assim, podem alegar interesse moral os próprios cônjuges, ascendentes, descendentes, irmãos, cunhados, o primeiro cônjuge do bígamo, bem como o próprio bígamo e também o cônjuge de má-fé. Também possui interesse, porém, econômico, os herdeiros sucessíveis, os credores dos cônjuges e os adquirentes de seus bens.
Ação declaratória de nulidade:
	Quando o casamento é nulo cabe ação declaratória de nulidade, sendo ex tunc os efeitos da sentença, considerando-o retroativamente como não ocorrido.
	Podem, no entanto, a ação declaratória de nulidade e a ação anulatória começar com pedido de prévia separação de corpos. Comprovada a sua necessidade, como medida preparatória de ação de nulidade do casamento, de anulação, bem como de ação de divórcio e de dissolução de união estável, devendo ser concedida pelo juiz com a possível brevidade – art. 1562.
	Assim, a separação de corpos se mostra às vezes necessária, para proteger a integridade física e psicológica do casal, bem como para comprovar o dia a quo da separação de fato e também para antecipar a cessação dos deveres de coabitação e fidelidade recíproca.
	Com o advento da Lei 11.340/06 (conhecida como Maria da Penha), que criou mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, sendo necessário, o juiz poderá determinar a separação de corpos.
	Proposta a aludida ação, incumbe a quem alega o ônus da prova. Como a lide versa sobre diretos indisponíveis, regidos por princípio da ordem pública, a confissão do réu, por si só, é insuficiente para o decreto da procedência. Devendo o pedido ser sopesado com outros elementos/provas de convicção.
	Já no que tange à ação declaratória de nulidade, a sentença de nulidade do casamento opera retroativamente, devendo ser averbada no livro de casamentos do Registro Civil (art. 100, da Lei 6015/73). Antes da averbação do casamento, não produzirá efeitos contra terceiros.
	Com relação ao foro competente para julgar

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