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como manifestação mais freqüente, as pacientes queixam-se de pruri- do, por vezes intenso, ardor e dispareunia. Nos homens, quando a uretrite ou a próstato-vesiculite se torna sintomática, há disúria e polaciúria, com secreção matutina mucóide ou purulenta, prurido e escoriações bálano- -prepuciais. A evolução pode ser crônica. O quadro clínico não sendo específico, o diagnóstico requer uma pesquisa de parasitos nos exsudatos. Se necessário, fazer cultura em meio de Küpferberg. O tratamento é feito, por via oral, com um dos medicamentos seguintes: - Metronidazol, 2,0 g em dose única; ou 2 ou 3 doses de 250 mg durante 10 dias; ou - Ornidazol, dose única; - Tinidazol, dose única; - Nimorazol, durante 6 dias. Eles devem ser ministrados, ao mesmo tempo, aos pacientes e aos seus parceiros sexuais. As mulheres devem aplicar ao mesmo tempo, localmente, tam- bém as geléias com a mesma droga (após higiene com subs- tâncias acidificantes). A prevenção baseia-se na higiene pessoal rigorosa e nas medidas de prevenção das doenças sexualmente transmiti- das. Metronidazol 23 Flagelados do intestino humanoFlagelados do intestino humano No intestino humano podem viver vários protozoários flage- lados que são pouco pato- gênicos, como a giárdia (D), ou não-patogênicos, como os outros aqui figurados. Giardia duodenalis apresenta- -se sob duas formas: trofozoíta (D) e cisto (E). Os esquemas ao lado mostram suas estruturas internas pares: núcleos, axonemas, aparelhos de Golgi e 8 flagelos. Os cistos (E) têm organelas duplicadas, mas sem flagelos. (F) – representa o trofozoíta de Chilomastix mesnili, com seus 3 flagelos livres e um no citóstoma; (G) é sua forma cística. (H) – é a única forma conhecida de Retortamonas intestinalis, com um flagelo anterior e outro recor- rente, no citóstoma. (I) – Enteromonas hominis possui 2 flagelos livres e outro aderente à membrana. 24 Giardia duodenalis Giardia duodenalis (= Giardia intesti- nalis, G. lamblia ou Lamblia intestinalis), é um flagelado que mede 10 a 20 µm de comprimento por 5 a 15 µm de largura. Possui corpo piriforme (1), mas bas- tante deformável (2), simetria bilateral e achatamento dorsoventral. Na face ventral há um disco suctorial ou citóstoma (C), que lhe permite aderir ao epitélio intestinal, e 3 pares de flagelos (D a F), além de um par caudal que sai do extremo posterior (G). Internamente possui, ainda, 2 núcleos iguais e simétricos (A, A’) e o aparelho de Golgi ou corpo parabasal (H). Ao longo do eixo celular há um feixe longitudinal de microtúbulos - o axóstilo - junto ao qual (Ax) nascem os flagelos. Não possui mitocôndrias. Nutre-se por pinocitose ou por trans- porte através da membrana celular. A reprodução é assexuada, por divisão binária longitudinal. Vista frontal (1) e lateral (2) de Giardia. A, A’, núcleos com os nucléolos; Ax, axonemas; B, blefaroplastos; C, disco suctorial. Flagelos: anterior (D), mediano (E), ventral (F) e caudal (G). H, corpos parabasais. (Segundo Pessoa & Matins, 1973.) 25 GiardíaseGiardíase O parasitismo por Giardia é, em geral, assintomático, mas pode causar diarréia aguda ou formas de diarréia crônica e de má absorção intestinal. Os trofozoítas vivem no duodeno e início do jejuno, aderidos à mucosa em tal número que interferem com a absorção dos alimentos, além de desenvolverem efeito tóxico. Invadem, por vezes, as vias biliares. Os trofozoítas são abundantes nas fezes liquefeitas, mas, nas formadas predominam os cistos elipsóides com 12 µm, que se contam por milhões ou bilhões produzidos diariamente. Cultura sobre substrato de colágeno com os trofozoítas aí fixados pelo disco suctorial (Foto da Dra. Fátima Knaippe, UNAM, México).. 26 Quadro clínico da giardíase Efeito citotóxico de Giardia duodenalis sobre células epiteliais, mostrando a destruição de vilosidades em contato com a margem dos discos suctoriais. (Dra. F. Knaippe, UNAM, México.) Nos casos sintomáticos, o período de incubação é, em geral, de 1 a 3 semanas. Mais de 90% dos casos acom- panham-se de diarréia, com grande número de evacuações líquidas ou pastosas, com muco nas fezes, flatulência e cólicas intestinais. Ela pode ser autolimitada ou recorrente. Em surtos epidêmicos, a duração varia de 1 a 30 semanas (6 semanas, em média). Há formas subagudas e outras evoluindo eventualmente para a cronicidade, com diarréias intermi- tentes e perda de peso. Em imunodeprimidos, a infecção chega a ser grave. 27 Diagnóstico e tratamento da giardíase Tem por base a pesquisa dos cistos em fezes formadas ou de trofozoítas e cistos em fezes diarréicas, após fixação e colo- ração. Os trofozoítas podem ser reconhecidos a fresco, diluindo- se as fezes em salina. Se negativo, repetir o exame microscópico várias vezes com técnicas de concentração. Os parasitas costumam estar presentes no conteúdo duodenal obtido por sonda. O tratamento é feito com os derivados nitroimidazólicos: me- tronidazol, ornidazol, tinidazol e nimorazol. Também com a furazolidona ou a quinacrina. Microscopia de varredura que mostra o disco suctorial (dv) e os flagelos (svc). A flecha aponta protrusões da membrana. (Doc. da Dra. Fátima Knaippe, UNAM, México.) 28 Epidemiologia e controle A giardíase é uma doença cosmopolita, prevalente nas regiões de clima temperado e incidindo sobretudo entre as crianças. Homens, cães, gatos e alguns animais silvestres são reservatórios do parasito. A transmissão pode dar-se por águas contaminadas ou pela falta de higiene, principalmente devido aos pacientes assinto- máticos, que são eliminadores de cistos. Ela é maior entre os grupos populacionais que vivem em instituições fechadas (creches, asilos, orfanatos etc.), onde as condições higiênicas sejam precárias. A suscetibilidade à infecção varia com as diferentes linhagens de Giardia e com as condições dos indivíduos expostos ao risco. Numerosas epidemias regis- tradas nos EUA foram devidas à contaminação das águas de abastecimento, com a produção de muitos milhares de casos. A prevenção requer aquelas condições de higiene que impedem a transmissão de agentes infecciosos por fezes ou por mãos sujas. A cloração habitual da água potável não é suficiente para destruir os cistos de giárdia. Mas a filtração é eficaz. 2929 Leituras complementaresLeituras complementares REY,REY, LL.. –– BasesBases dada ParasitologiaParasitologia.. 22aa ediçãoedição.. RioRio dede Janeiro,Janeiro, GuanabaraGuanabara--Koogan,Koogan, 20022002 [[380380 páginas]páginas].. REY,REY, LL.. –– ParasitologiaParasitologia.. 33aa ediçãoedição.. RioRio dede Janeiro,Janeiro, GuanabaraGuanabara--Koogan,Koogan, 20012001 [[856856 páginas]páginas].. WORLDWORLD HEALTHHEALTH ORGANIZATIONORGANIZATION –– BasicBasic LaboratoryLaboratory MethodsMethods inin MedicalMedical ParasitologyParasitology.. Geneva,Geneva, WHO,WHO, 19911991.. 1 5. AMEBÍASE E BALANTIDÍASE 5. AMEBÍASE E BALANTIDÍASE PARASITOLOGIA MÉDICA PARASITOLOGIA MÉDICA Complemento multimídia dos livros “Parasitologia” e “Bases da Parasitologia Médica”. Para a terminologia, consultar “Dicionário de termos técnicos de Medicina e Saúde”, de Luís Rey Fundação Oswaldo Cruz Instituto Oswaldo Cruz Departamento de Medicina Tropical Rio de Janeiro 2 Amebas parasitas do Amebas parasitas do Amebas parasitas do Amebas parasitas do homemhomem Amebas patogênicas e oportunistas 3 São organismos eucariotas, unicelulares que se deslocam por meio de pseudópodes. Há espécies parasitas e outras de vida livre, das quais algumas apresentam uma fase flagelada. Entre as de vida livre há espé- cies que são parasitos opor- tunistas, podendo infectar even- tualmente o homem. Na