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Artigo Científico conceito A. O abandono afetivo e sua interferência na aprendizagem

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1 
 
 
 
O ABANDONO AFETIVO E SUA INTERFERÊNCIA NA 
APRENDIZAGEM 
 
 
Derli Medeiros Farias
1
 
Aline Maria Ferreira de Souza dos Reis
2
 
 
RESUMO 
 
O presente artigo científico aborda o tema “O abandono afetivo e sua interferência na 
aprendizagem”, sua finalidade é refletir sobre a afetividade e seus benefícios no processo 
educativo, nas interações sociais e de aprendizagem, trata a afetividade como ferramenta 
primordial para a existência de um elo de confiança na relação professor/aluno, relação essa, 
que no ambiente escolar impacta no resultado do processo educativo de forma positiva, 
considera que o professor transmite além do conhecimento, o afeto necessário para que o 
aluno reconheça a sua importância e valor através das interações sociais. Sua metodologia é 
qualitativa e de observação, fundamentada nas teorias de Henri Wallon e Lev Vygotsky, em 
relação à afetividade e aprendizagem mediante as relações sociais, busca despertar no 
professor um posicionamento crítico e reflexivo sobre a sua prática no resgate dessa relação. 
 
Palavras-chave: Artigo científico. Abandono afetivo. Aprendizagem. 
 
ABSTRACT 
 
This article deals with the theme "Abandoning affective and its interference in learning", its 
purpose is to reflect on the affectivity and its benefits in the educational process, in the social 
interactions and of learning, treats the affectivity as a primordial tool for the existence of a 
relationship of confidence in the teacher / student relationship, which in the school 
environment positively impacts on the outcome of the educational process, considers that the 
teacher transmits beyond the knowledge, the affection necessary for the student to recognize 
its importance and value through the social interactions. His methodology is qualitative and 
observational, based on the theories of Henri Wallon and Lev Vygotsky, in relation to 
affectivity and learning through social relations, seeks to awaken in the teacher a critical and 
reflexive position on his practice in the rescue of this relation. 
 
Keywords: Scientific article. Emotional abandonment. Learning. 
 
 
1
Discente do curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá – EAD. E-mail: derlimedeirosfarias@gmail.com 
2
 Mestre em Filosofia pela Universidade Gama Filho. 
 
2 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A escolha do tema “O abandono afetivo e sua interferência na aprendizagem” tem a 
finalidade de demonstrar que a falta da afetividade impacta diretamente o sujeito no processo 
de aprendizagem, com base em estudos e teorias de Henri Wallon e Lev Vygotsky, 
considerando suas análises de aprendizagem, apresentando as teorias individualmente e 
relacionando-as, na tentativa de resolução de problemas de abandono afetivo. Abordando que 
o fracasso escolar, não está necessariamente ligado a um problema de saúde mental, mas que 
em muitos casos, as interações sociais podem afetar negativamente o indivíduo, tornando-o 
agressivo ou recluso, e que o olhar atento e investigativo do professor, poderá levá-lo às novas 
descobertas e estratégias, utilizando esse aprendizado de forma crítica e reflexiva, para 
mudança de postura em relação à identificação dos casos, mudança de metodologia do ensino-
aprendizagem, resgate do aluno em processo de abandono afetivo, inclusão social e propondo 
ao professor que mantenha um olhar indissociável de afetividade e aprendizagem. 
A problemática se encontra no nível da aprendizagem, certamente não se resolverão os 
problemas de ordem familiar ou social do aluno, mas no que diz respeito ao aprendizado, o 
professor comprometido com o processo de ensino-aprendizagem, deverá rever a sua prática, 
buscar informações, fazer pesquisas, mudar suas estratégias pedagógicas, para alcançar esse aluno 
em situação de abandono afetivo. 
O que nos leva a questionar, ‘‘O abandono afetivo interfere na aprendizagem? 
 
Questões Norteadoras 
 
 Como identificar o aluno que não aprende por consequência do abandono afetivo? 
 Até que ponto o abandono afetivo pode interferir na aprendizagem? 
 Qual é a postura do professor diante dessa interferência: abandono afetivo x 
aprendizagem? 
 
Objetivo Geral 
Compreender através das teorias de Henri Wallon e Lev Vygotsky sobre a afetividade e 
interação social no processo de aprendizagem da criança, utilizando esse aprendizado para uma 
reflexão crítica e mudança de postura em relação à identificação dos casos e posterior mudança de 
metodologia do ensino-aprendizagem. 
 
3 
 
Objetivos Específicos 
 
 Propor um resgate do aluno em processo de abandono afetivo, permitindo sua inclusão 
social no ambiente escolar e de aprendizagem. 
 Propor uma mudança na metodologia do ensino, para o alcance desse aluno, com 
afetividade. 
 Propor uma reflexão ao professor, para que mantenha um olhar crítico e indissociável de 
afetividade e aprendizagem. 
 
Justificativa 
 
Na busca da descoberta da causa e do grau de interferência do abandono afetivo na 
aprendizagem, esse estudo tem como objetivo a compreensão das dificuldades de aprendizagem a 
partir das relações familiares, das influências sociais, das práticas pedagógicas e das relações 
afetivas das crianças. 
As relações familiares afetuosas são cativantes, proporcionam segurança e maturidade 
aos filhos, contribuindo para o seu desenvolvimento pleno, quando essas relações não são afetuosas, 
ou acontecem de forma turbulenta, tendem a provocar uma desordem emocional nas crianças, que 
não tem nenhuma habilidade para lidar com as causas e consequências adultas. 
Do mesmo modo, as influências sociais externas, como o preconceito, o bullying, entre 
outros, proporcionam constrangimento a criança, que por muitas vezes não consegue dialogar 
sobre esses temas na família, tornado-se ainda mais reclusa. 
Quando seguem para a escola, o seu ambiente de aprendizado e descoberta, já se 
encontram tão inseguras, tão incapazes de lidar com suas emoções, que já não conseguem estar 
abertas para o ensino-aprendizagem, não conseguem conviver e nem aprender nesse espaço de 
interação social. 
A afetividade é uma ação familiar, porém também é uma ação social, e a aprendizagem está 
ligada a ação social. 
Pessoas emocionalmente bem resolvidas, felizes, reflexivas, são capazes de aprender sobre 
qualquer tema, enquanto pessoas infelizes, que não sabem do próprio valor e espaço que ocupam 
na sociedade, vivem emocionalmente como incapazes. 
A aprendizagem e o desempenho escolar dependem, primeiramente, da inter-relação 
familiar e, posteriormente, da relação professor-aluno. 
4 
 
O educador Rubem Alves
3
 aborda esse tema de forma poética, quando nos afirma que: 
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do 
voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono 
pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados têm sempre um dono. 
Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que 
são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em 
voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas 
não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser 
ensinado. Só pode ser encorajado. (ALVES, 2004). 
 
Esse estudo irá demonstrar o valor transformador que a educação reflexiva pode 
proporcionar aos seus alunos. 
Demonstrar que a maneira como administramos nossas emoções pode definir a nossa 
qualidade de vida, pessoas emocionalmente bem resolvidas têm autocontrole, empatia, compaixão, 
automotivação, autoconhecimento, resiliência,habilidades nos relacionamentos interpessoais, 
assertividade. 
Demonstrar que podemos reverter esse processo de abandono afetivo e sua interferência na 
aprendizagem, conscientizando esses professores e alunos de que a vida humana apresenta reveses, 
mas que eles precisam ser capazes de transformar as adversidades em oportunidades e aprendizado. 
 
Procedimentos Metodológicos 
 
Para investigação do tema proposto, foram realizadas pesquisas bibliográficas utilizando 
referências de autores como: Henri Wallon (1879-1962), Lev Vygotsky (1896-1934), Rubem 
Alves (1933-2014), LDBEN (1996), com o objetivo de conhecer o posicionamento e 
argumentos sobre o tema afetividade, interação social e aprendizagem, assim como outros autores 
pesquisados na base Scielo e ANPEd - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em 
Educação. 
Para nortear essa pesquisa, será necessário contextualizar o processo de ensino 
aprendizagem de uma turma do 2º ano das séries iniciais do ensino fundamental, da Escola Municipal 
Argemiro de Paula Coutinho, a partir da importância da observação e reflexão do comportamento 
das crianças em relação às interações sociais no processo de aprendizagem, através de uma 
pesquisa qualitativa, através da observação. Sendo assim, questionar-se sobre: O abandono afetivo e 
sua interferência na aprendizagem. 
Após observação realizada com crianças na faixa etária das séries iniciais do ensino 
 
3 ALVES, R. Gaiolas ou Asas: A arte do voo ou a busca da alegria de prender. Porto: Edições Asa, 2004. 
 
 
5 
 
fundamental, percebeu-se que muitas crianças, apresentam dificuldades de relacionamentos que 
afetam e influenciam no processo de aprendizagem e que o trabalho de orientação pedagógica e 
escolar associados à metodologia inclusiva do professor tende a resgatar o aluno, proporcionando 
segurança, inclusão social e aprendizado. 
 
2 O QUE É O ABANDONO AFETIVO? 
 
2.1 Conceito de abandono afetivo 
 
 Abandono afetivo é a omissão de cuidados em sua totalidade, é a negligência, falta de 
amparo e cuidados na esfera emocional e afetiva, cuidados esses, necessários ao 
desenvolvimento da pessoa por parte da família, da escola e da sociedade, e que de acordo 
com a Constituição Federal de 1988
4
, em seu artigo 227, nos afirma o seguinte: 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao 
jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, 
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 
1988). 
 
2.2 Como identificar o aluno que não aprende por consequência do abandono afetivo? 
 
A tristeza contínua e não recorrente, a aversão ao contato seja físico ou mesmo no olhar, a 
isenção de vontade de perceber o ambiente e de pertencer ao mesmo, são alguns sinais que indicam que 
algo não vai bem com esse aluno. 
Em tempos de tantos transtornos, de tantas novas informações que surgem no 
cotidiano da educação, a escola ainda não consegue perceber uma das muitas causas de 
fracasso no processo de aprendizagem, que é o abandono afetivo. Temos em nossas escolas, 
em salas de aulas, em pátios de recreações, em quadras esportivas, em áreas públicas e 
reservadas, um número enorme de pessoas quase invisíveis, não fosse o fato de serem 
reconhecidas e lembradas por suas avaliações, realmente não seriam vistas, ouvidas, 
percebidas ou solicitadas por ninguém. O abandono afetivo traz consequências devastadoras 
para o processo de aprendizagem. 
Os alunos que sofrem com esse abandono tem sua autoestima reduzida em todo o seu 
 
4 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro 
de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação 
Brasileira). 
 
 
6 
 
processo histórico-social, afetando sua capacidade de desenvolvimento proximal, que de 
acordo com Vygotsky
5
 (1998,p.11), é o que leva a aprendizagem no meio social, com ajuda 
do outro. 
Trazem consigo as dores e inseguranças sofridas na família, não conseguem verbalizar 
seus sentimentos e são confundidos em muitos momentos com pessoas que necessitam de 
algum tipo de intervenção na área da saúde mental, neurológica e/ou comportamental. 
 Por outro lado, nos deparamos com uma equipe de professores e profissionais da 
educação, sem capacitação para o reconhecimento de um abandono afetivo e por falta dessa 
capacidade, enxerga nesse aluno um problema, transferindo-o para uma área de saúde ao 
contrário de mudar a estratégia pedagógica e alcançá-lo, resgatando-o novamente no processo 
de ensino-aprendizagem. 
Quanto à formação e atuação do professor, Wallon
6
 nos afirma que: ‘a formação 
psicológica dos professores não pode ficar limitada aos livros. Deve ter uma referência 
perpétua nas experiências pedagógicas que eles próprios podem pessoalmente realizar.’ 
(WALLON, 1995, p.366). 
O abandono afetivo ainda é visto como um problema de saúde de ordem psiquiátrica, 
neurobiológica e/ou psicológica, ainda não se tem profissionais especializados dentro das 
instituições de ensino para observação dos casos, muito menos para que se faça algum tipo de 
intervenção. 
De acordo com Bassani e Bleidão
7
, sobre a medicalização do fracasso escolar: 
Essa concepção medicalizante parece gerar, não por acaso, explicações que além de 
justificadoras de um sistema econômico perverso, isentam o Estado da 
responsabilidade de efetivar condições de ensino nas instituições escolares, assim 
como isentam professores e pedagogos da responsabilidade sobre a aprendizagem 
desses alunos, uma vez que, transformados em problemas médicos, passam a ser de 
responsabilidade da equipe de saúde, composta por médicos, psicólogos, 
fonoaudiólogos, etc. E quando o contexto social não permite o acesso a esses 
profissionais, o que é muito comum nas escolas públicas brasileiras, essas crianças e 
seus familiares passam a sofrer um constante ritual de humilhações no contexto 
escolar. (BASSANI E BLEIDÃO, 2015). 
 
5
 VYGOTSKY, L. S. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
 
6
 WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70,1995. 
 
7
 BASSANI, E.; BLEIDÃO, M.S. A Medicalização do “Fracasso Escolar” em Escolas Públicas Municipais 
de Ensino Fundamental de Vitória – ES. Pôster GT 20 Anped. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em :> 
http://www.anped.org.br/biblioteca/item/medicalizacao-do-fracasso-escolar-em-escolas-publicas-municipais-de-
ensino > Acesso em 12 Out 2017. 
 
7 
 
3 O QUE É APRENDIZAGEM? 
 
3.1 Conceito de Aprendizagem 
 
Aprendizagem é a prática do aprendiz, é absorver o aprendizado em uma atividade, na 
qual se adquire o conhecimento, descobrir e redescobrir esse conhecimento através das 
experiências, das emoções, das relações e interações entre o cognitivo e o ambiente que o 
cerca. 
De Acordo com a LDBEN (1996) 
8
, em seu Art. 2º, sobre a educação e o direito à 
aprendizagem, ‘A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de 
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento 
do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho’. 
 
3.2 Até que ponto o abandono afetivo pode interferir na aprendizagem?O valor transformador que a educação reflexiva proporciona aos alunos reflete nas 
suas emoções e pode definir a qualidade de vida e de aprendizagem dos mesmos, pois pessoas 
emocionalmente bem resolvidas têm autocontrole, empatia, motivação, autoconhecimento, 
resiliência, habilidades nos relacionamentos interpessoais e assertividade. 
No processo de ensino e aprendizagem, o aluno precisa aprender que a vida apresenta 
reveses, mas eles precisam ser capazes de transformar as adversidades em oportunidades e 
aprendizado. 
Essa interferência está relacionada ao ambiente da aprendizagem, à atuação do 
professor mediador, ao resgate da confiança e suporte emocional que for oferecido a esse 
aluno. 
Precisamos compreender a importância da afetividade no resgate e desenvolvimento 
da criança que se encontra em um momento de abandono afetivo, com dimensões que afetam 
o processo de ensino aprendizagem, perceber que o afeto cativa a criança e contribui com o 
seu desenvolvimento, sendo assim, a família, a escola e principalmente os professores, no 
caso de ensino aprendizagem, assumem um papel de reflexão nesse processo de reversão do 
abandono afetivo, tomando consciência da importância da afetividade de forma indissociável 
da aprendizagem. 
 
8 BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Ministério da Educação, 1996. 
 
8 
 
 O afeto trabalha a autoestima, cria laços, ambiente de confiança, produz uma sensação 
de bem estar e acolhimento, permite à criança o sentimento de pertencimento no grupo, 
permite a troca do conhecimento, que segundo Almeida
9
: 
[...] são as diferenças de estabilidade e estrutura dos meios que proporcionam à 
criança o crescimento enquanto indivíduo e a constituição do seu eu para, 
posteriormente, associar-se aos grupos, conforme seus interesses e vontade. Dessa 
maneira, não devem ser igualadas relações como a dos pares mãe-filho e professor-
aluno que são funcionalmente distintas (ALMEIDA, 1994, p. 99). 
 
4 O QUE É AFETIVIDADE? 
 
4.1 Conceito de Afetividade 
 
A afetividade é uma capacidade individual, ligada às emoções e aos sentimentos e 
pode estar ou não destacada no caráter do indivíduo, ela é extremamente importante no 
processo de aprendizagem do aluno, e influencia profundamente o seu crescimento cognitivo, 
ela permite a criação de laços de amizade e confiança, facilitando o processo de ensino-
aprendizagem. 
 
4.2 Qual é a postura do professor diante dessa interferência: abandono afetivo x 
aprendizagem? 
 
Quando o professor tem a sensibilidade de observar os seus alunos no seu aspecto 
comportamental, em relação à sua interação social, ele tem oportunidade de incluir esse aluno 
no contexto da aprendizagem, a partir de suas respostas ou da falta delas, incluindo-o nas 
atividades, mudando os pares de convivência, despertando em outros alunos o interesse de 
acolhimento do colega, mudando a abordagem, conquistando a confiança do mesmo. 
As amizades podem ser muito benéficas permitindo segurança e acolhimento, 
permitindo trocas de informações, de conhecimentos e posterior aprendizagem. 
O posicionamento do professor em sala de aula deve ser investigativo, sensível, um 
olhar reflexivo pode mudar uma situação, pode permitir novas interações, novas descobertas, 
uma metodologia diferenciada para alcançar alunos diferenciados. 
O professor precisa ser o mediador nesse processo de interação social. 
 
9 ALMEIDA, A. R. S. A emoção na sala de aula. 6ª edição. Campinas,SP: Papirus, 1994. 
 
9 
 
Segundo Vygotsky
10
 (VYGOTSKY, 2001, p. 143), sobre a mediação do professor, ele nos 
afirma que nenhuma forma de comportamento é tão forte quanto aquela ligada a uma emoção, 
daí a necessidade do cuidado nessa relação de afeto e ensino, em um ambiente de confiança, 
que proporcione além do conhecimento, a segurança de retorno de emoções positivas. 
A escola precisa estar pronta para oferecer o conhecimento, instigar a investigação, 
proporcionar experiências cativantes e envolventes que despertem na criança o gosto pela 
descoberta, o encorajamento necessário para a inclusão no processo da descoberta, o fazer e o 
saber partindo do conhecimento próprio dessa criança ou ainda da sua curiosidade. 
A afetividade, diferentemente do que conhecemos no senso comum, traz implícita uma 
concepção que diz respeito ‘[...] à capacidade, à disposição do ser humano de ser afetado pelo 
mundo externo e interno por meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou 
desagradáveis’ (ALMEIDA e MAHONEY, 2007, p. 17).11 
 
5 HENRI WALLON 
 
5.1 Afetividade e aprendizagem 
 
Em relação à busca do conhecimento, da aprendizagem, Henri Wallon defende que é 
uma relação indissociável, biológica e psíquica, portanto, segundo ele, a aprendizagem está 
diretamente ligada á essa relação de afeto e cognição. 
A aprendizagem é um processo conduzido pelo próprio estudante, conforme o 
momento de desenvolvimento do mesmo, que é um sujeito concreto e completo. 
A aprendizagem se dá em estágios, de forma integrada, dentro do conhecimento do 
aluno. 
A teoria de desenvolvimento de Henri Wallon auxilia a compreensão do processo de 
constituição da pessoa, desde o bebê até adulto, considerando a sua cultura. 
Ela é um instrumento que proporciona compreensão e reflexão aos professores, sobre 
as necessidades do aluno no processo ensino-aprendizagem, fornece elementos para criar 
intencionalmente condições favoráveis nesse processo, permitindo a aprendizagem de novos 
comportamentos, novas ideias e valores. 
 
10
VYGOTSKY, L. S. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 
 
11
 ALMEIDA, L. R.; MAHONEY A.(Orgs.) Afetividade e aprendizagem - Contribuições de Henri Wallon. São 
Paulo:Edições Loyola, 2007. 
 
10 
 
Essa teoria propõe a aprendizagem em situação concreta, que provoque 
questionamentos, que fuja do previsível, que integre os sentidos cognitivo e afetivo ao 
ambiente de aprendizagem. 
Quanto ao professor, Henri Wallon o define como aquele que enxerga o aluno na sua 
totalidade, tanto intelectual, quanto no seu desenvolvimento humano. 
Henri Wallon afirma que as relações sociais devem ser justas e democráticas, uma vez 
que o meio social interfere na cognição e afetividade. 
O seu método é o de modelo de desenvolvimento integral, sempre respeitando a 
indissociabilidade entre cognição e afetividade, corpo e mente, teoria e prática e sujeito e 
objeto. 
Segundo Wallon
12
, sobre a afetividade e aprendizagem: 
O afeto é essencial para todo o funcionamento do nosso corpo nos dando 
coragem, motivação, interesse, e contribuindo para nosso desenvolvimento. E é 
pelas sensações que o afeto nos proporciona que sabemos quando algo é 
verdadeiro ou não. (WALLON, 1995). 
6 LEV VYGOTSKY 
 
6.1 As interações sociais 
 
Lev Vygotsky afirma que a busca do conhecimento se dá especificamente pela função 
psicológica do aluno, através do contato com outros alunos ou pessoas no ambiente de 
aprendizagem, que as informações serão internalizadas, a aprendizagem tem caráter social e 
cultural. 
O aluno como ser social vai se apropriando dos instrumentos e sistemas simbólicos, 
através da interação com os pares, sendo assim, sobre as interações sociais na aprendizagem, 
Vygotsky
13
 (1984, p. 97 apud ZANELLA, 1994) afirma que: 
A distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento 
potencial, caracteriza o que Vygotsky denominou de Zona de Desenvolvimento 
Proximal: ‘A Zona de DesenvolvimentoProximal define aquelas funções que ainda 
 
12
 WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70,1995. 
 
13 ZANELLA, A.V. Zona de desenvolvimento proximal: análise teórica de um conceito em algumas situações 
variadas. Temas psicol., Ribeirão Preto , v. 2, n. 2, p. 97-110, ago. 1994 Disponível em: < 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1994000200011> Acesso em 03 Out 
2017. 
 
 
 
11 
 
não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que 
amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário’ 
(VYGOTSKY, 1984). 
Quanto ao professor, é o mais experiente, sendo assim, ele regula e controla esse 
processo de ensino aprendizagem como mediador, explorando a Zona de Desenvolvimento 
Proximal. 
Precisa criar estratégias que proporcionem o convívio e a troca de experiências, 
interações reflexivas, contextualizadas, que ampliem a visão do conhecimento, possibilidades 
de interação e aprendizagem. 
Então, além de internalizar o conhecimento, o aluno ele se relaciona no processo com 
os pares entre os mais aptos e os menos aptos que ainda necessitam aprender. 
É necessária a reflexão por parte do professor em relação ao ensinar, sua preocupação 
deve considerar a relação entre emoção e pensamento, que segundo Vygotsky: 
A emoção não é uma ferramenta menos importante que o pensamento. A 
preocupação do professor não deve se limitar ao fato de que seus alunos pensem 
profundamente e assimilem a geografia, mas também que a sintam. […] as reações 
emocionais devem constituir o fundamento do processo educativo (VYGOTSKY 
2003, p.121). 
 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Durante todo o período de observação em estágio, fixei o meu olhar na criança, afinal, 
com quem mais poderia aprender o que de mais precioso existe nessa relação de ensino 
aprendizagem? Certamente observei com total atenção a professora, a mediadora desse 
processo do conhecimento, observei o seu conhecimento fazendo uma reflexão entre teoria e 
prática, mesmo somente observando, concordei e discordei todo o tempo dentro dessa 
reflexão, dessa observação, desse processo de descoberta. Foi nesse processo que surgiu a 
inquietação do porquê de algumas crianças tão distantes emocionalmente daquele ambiente de 
aprendizado, presentes fisicamente, mas emocionalmente ausentes de todo o processo social e 
educativo que ocorria diariamente. Fiquei bastante incomodada com a forma que ocorria a 
naturalidade no olhar de todos quanto à ausência emocional desses alunos, alguns entravam 
mudos e saiam calados, outros gritavam por socorro através de suas atitudes de indisciplinas. 
 
O que acontece com esses alunos? Por que são tão tristes, reclusos, e alguns 
considerados ‘ indisciplinados’ e desse grupo todos totalmente alheios ao aprendizado? 
Procurando entender o porquê desses ‘comportamentos’, busquei na professora uma 
resposta, e fui informada que eram casos diversos, muitos alunos com famílias 
12 
 
desestruturadas emocionalmente, alunos com problemas de aprendizagem relacionados à 
saúde, porém sem laudo médico, falta de participação da família no contexto escolar, entre 
outros fatores apontados pela professora, inclusive o de falta de pessoal de apoio em sala de 
aula, todas as questões comuns que ocorrem em sala de aula de escolas públicas. 
Em nenhum momento dessa fala foi apresentada uma proposta de resgate e inclusão 
desses alunos no processo de ensino-aprendizagem. 
Na dinâmica diária, alunos eram trocados de lugar apenas considerando o ganho de 
eliminar os reveses do comportamento, nenhuma tentativa de estratégia pedagógica para 
alcance através de alguma metodologia adaptada àquela situação. 
Tínhamos então dois casos distintos, de um lado os alunos que sofriam com o 
abandono afetivo parental e ao chegar à escola permaneciam nesse ambiente igualmente 
abandonados, sem oportunidades de acolhimento e inclusão social e de outro, o professor, dito 
mediador, cansado, sem perspectiva, apoiado em sua estabilidade profissional, seguro de si e 
de suas ações, com pouca ou nenhuma proposta de alcance de sua turma na totalidade, isento 
de reflexão e crítica da própria prática. 
Então, o que fazer para que ocorra a mudança, ser um profissional educador que reflita 
sobre a sua própria prática e a partir dela busque fundamentos e alternativas para além dos 
problemas existentes, como manter um olhar indissociável entre aprendizagem e afetividade, 
teoria e prática, abandono e resgate? 
O problema já existe, o que ocorre agora é a busca pelo conhecimento, quais as 
possibilidades de reverter essa situação, nessa turma de 2° ano? 
A criança tem direito a um desenvolvimento saudável em todos os aspectos, sejam 
esses cognitivos, biológicos ou sócio-afetivos. É necessário o sentimento de pertencimento no 
meio e pelo meio, é necessário sentir-se segura e acolhida, nisso vemos a importância que o 
ambiente de convivência diária, seja o lar, a escola ou todo o ambiente social de convívio, 
proporcione relações interpessoais positivas, acolhedoras, considerando a criança em sua 
totalidade, um ser com sentimentos, intenções, percepções, opiniões e valores próprios. 
Quanto à afetividade nesse contexto, não diz respeito apenas a que se manifesta em 
gestos ou atitudes de carinho físico, mas à afetividade que se manifesta no processo educativo 
em relação ao desenvolvimento cognitivo, processo de ensino-aprendizagem, troca de 
conhecimento de culturas, entender o outro, entender o seu conhecimento de mundo e 
aprendizado, permitir a interação, proporcionar a essa criança a possibilidade de ser um 
sujeito crítico, autônomo, e responsável, alguém capaz de superar os seus limites, expressar o 
seu conhecimento e também as suas dúvidas, alguém que tenha o direito de ser ouvido. 
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Se essa criança não tem a chance de ser ouvida e acolhida em casa, a escola precisa 
proporcionar no ambiente educativo a possibilidade da expressão, a possibilidade de aceitação 
como indivíduo, oferecer oportunidade de reflexão, possibilitar a ampliação da visão de 
mundo que o mesmo tem, e que ele possa comparar, interpretar e tomar decisões, é nesse 
ambiente indissociável de afetividade e aprendizagem que a criança pode igualmente ser 
indissociável entre ser reflexivo e crítico no meio social. 
Quanto ao professor, a necessidade é urgente e permanente, somente a formação 
continuada, a necessidade de obter o conhecimento, a capacidade não somente de ser nesse 
processo, mas de fazer parte do mesmo, ter a coragem de rever suas práticas, coragem de 
enxergar o aluno em sua totalidade, coragem de mudar, refazer, construir e reconstruir o 
processo de aprendizagem tantas vezes quanto necessário, porque ensinar é um processo 
contínuo, aprendemos enquanto ensinamos, pesquisamos e aprofundamos os nossos 
conhecimentos, e somos surpreendidos diariamente com novas informações. 
O posicionamento do professor é o de mediador, observador, aquele que vive o 
processo junto com o aluno, aquele que segue com a pesquisa e a capacitação. 
Ao fim dessa observação, pude compreender que o abandono afetivo existe e 
continuará existindo para infelicidade da criança, contudo, no que diz respeito ao processo de 
ensino-aprendizagem, quanto ao questionamento baseado nesse artigo, sim, o abandono 
afetivo e sua interferência na aprendizagem é um fato real e doloroso, mas, quanto à 
afetividade nesse processo de superação desse estado de abandono gerador de tristeza e 
exclusão, existe uma mediação possível, a presença do professor mediador, profissional 
crítico e reflexivo, alguém comprometido em fazer diferença onde persistea indiferença, 
alguém que enxerga possibilidades onde não existe esperança. 
 
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