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Histologia - TECIDOS CONJUNTIVO E ADIPOSO pt.2

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE- DEPARTAMENTO DE MORFOLOGIA
Profa.Dra.Ivana Beatrice Manica da Cruz
CAPÍTULO 3
TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO E ADIPOSO
3. 1Características gerais
	O tecido conjuntivo forma a base de sustentação das partes moles do corpo bem como atua como barreira de proteção aos órgãos internos e auxilia na defesa contra microorganismos. Genericamente podemos dizer que é o tecido que “recheia, envolve” os órgãos internos. Assim sua função inclui o de apoiar e ligar os outros tipos de tecidos fazendo com que o corpo apresente-se como uma unidade tridimensional harmônica e sem espaços vazios.
	Sua propriedade de sustentação é conseqüência das seguintes características:
este tecido possui uma grande quantidade de material intracelular
as células são distanciadas uma das outras porque também existe uma grande quantidade de matriz extracelular. 
Apresenta função de difusão e fluxo de compostos metabólicos
É fundamental para a defesa corporal contra microorganismos já que quando ocorrem inflamações ou infecções as células do sistema imune precisam se deslocar para os tecidos atingidos e o fazem via tecido conjuntivo (ou seja as células imunes saem do sangue e vão para dentro do tecido conjuntivo onde chegam na área em que ocorreu invasão microbiana).
3.2 Histogênese
O tecido conjuntivo se origina no MESODERMA a partir de uma célula primordial não especializada que é denominada de célula mesenquimal. Estas células são citologicamente alongadas e possuem um alto potencial de diferenciação celular. É dela que se originam outros tecidos corporais importantes como o tecido cartilaginoso, ósseo, adiposo, muscular, e sangüíneo. Por isto dizemos que tais tecidos são tecidos conjuntivos modificados (Figura 1)
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Figura 1 Esquema geral da histogênese de tecidos derivados das células mesenquimais. O sangue também é considerado um tecido conjuntivo modificado.
3.3 Características Cito-Histológicas do Tecido Conjuntivo
 	Uma vez que a sua principal função é o preenchimento de espaços corporais e a ligação de tecidos e órgãos, o tecido conjuntivo apresenta além de grande quantidade de material intra-celular uma grande quantidade de matriz extracelular onde encontra-se fibras colágenas. A matriz é uma massa amorfa de aspecto gelatinoso e transparente constituída principalmente de fibras colágenas, reticulares e fibras elásticas. Do ponto de vista estrutural os principais componentes deste tecido são:
Células – fibroblastos
Fibras (colágenas, reticulares e elásticas)
Substância fundamental (amorfa); que é um complexo viscoso e altamente hidrofílico que contém diversos tipos de moléculas que se ligam as proteínas como as integrinas. Este conjunto de moléculas confere rigidez a matriz e suporte ao corpo. Estes três componentes são responsáveis pela notável diversidade funcional do tecido conjuntivo e patologias a ele associadas.
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3.4 Tipos de Tecidos Conjuntivos
	O tecido conjuntivo pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito e tecidos derivados (sangue, adiposo, cartilaginoso e ósseo). A Tabela 1 apresenta uma síntese das principais diferenças entre estes tecidos. Existem os seguintes tipos de tecidos conjuntivos propriamente dito: tecido conjuntivo propriamente dito (denso e frouxo), tecido conjuntivo elástico, tecido conjuntivo reticular e tecido conjuntivo mucoso.
3.4.1 Tecido Conjuntivo Propriamente Dito
	O tecido conjuntivo propriamente dito que se divide em denso e frouxo possui as seguintes características morfo-funcionais.
 	Tecido Conjuntivo Frouxo 
Suporta estruturas que geralmente estão sujeitas a pressão e atritos pequenos. Este tipo de tecido é freqüente no corpo humano, preenchendo os espaços entre as células musculares. Dá suporte as células epiteliais e forma camadas ao redor dos vasos sangüíneos. As células mais numerosas deste tecido são os fibroblastos e os macrófagos (células do sistema imunológico do corpo). O tecido conjuntivo frouxo é flexível, bem vascularizado e não muito resistente a trações. Este tipo de tecido é encontrado na derme (que forma a pele), abaixo do epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado da traquéia, abaixo do epitélio da mucosa intestinal (Figura 2).
Tecido Conjuntivo Denso 
 Este tipo de tecido,ao contrário do tecido conjuntivo frouxo, é adaptado a oferecer resistência e proteção aos tecidos. É formado pelos menos compostos do tecido frouxo, porém possui uma quantidade maior de fibras colágenas. Por este motivo é menos flexível. Um exemplo é o tecido que forma os tendões corporais que são estruturas longas e cilíndricas que conectam os músculos estriados aos ossos. Por ser um tecido muito rico em fibras colágenas sua coloração é esbranquiçada (Figura 3). Quando as fibras formam feixes de colágeno denominamos o mesmo de tecido conjuntivo denso modelado (Figura 4).
Tecido Conjuntivo Elástico
Este tecido é composto por feixes espessos e paralelos de fibras elásticas. O espaço entre as fibras é ocupado por fibras delgadas de colágeno e fibroblastos achatados. A abundância de fibras elásticas dá ao tecido uma coloração amarelada. Não é muito freqüente no organismo. Está presente nos ligamentos amarelos da coluna vertebral.
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Tecido Conjuntivo Reticular
Este tecido é muito delicado e forma uma rede tridimensional que suporta as células de alguns órgãos. Fornece uma estrutura arquitetônica que cria um ambiente especial para órgãos linfóides e hematopoiéticos (medula óssea vermelha, linfonodos, nódulos linfáticos, baço).
Tecido Conjuntivo Mucoso 
Este tecido possui uma consistência gelatinosa que lhe é conferida pela grande quantidade de ácido hialurônico. Este tecido possui pouca quantidade de fibras em relação aos demais tipos de tecidos conjuntivos. As principais células deste tecido são os fibroblastos. É o principal tecido que compõe o cordão umbilical (geléia de Warton). Também é encontrado na polpa jovem dos dentes.
Tabela 1 Tecidos conjuntivos e tecidos derivados: síntese das principais características (Fonte: Silverthorn, 2002).
	Tecido
	Substância básica
	Tipos de fibras e arranjos
	Principais tipos de células
	Tecidos associados
	Conjuntivo Frouxo
	Gelatinosa, mais substância básica do que células e fibras
	Colágeno, elástica, reticular, arranjo ao acaso
	Fibroblastos
	Pele, ao redor dos vasos sangüíneos e órgãos, abaixo do epitélio
	Denso e irregular
	Mais fibras do que substância básica
	Rica em colágeno, arranjo ao acaso
	Fibroblastos
	Músculo e bainhas dos nervos
	Denso e regular
	Mais fibras do que substância básica
	Colágeno, arranjo paralelo
	Fibroblastos
	Tendões e ligamentos
	Adiposo
	Muito pouca
	Nenhuma
	Gordura marron (adipócito multilocular) e gordura branca (adipócito unilocular)
	Localização dependente do sexo e idade
	Sangüíneo
	Aquosa
	Nenhuma
	Células do sangue
	Vasos sangüíneos e linfáticos
	Cartilaginoso
	Firme mas elástica; ácido hialurônico
	Colágeno
	Condroblastos,
Condrócitos
	Superfícies de ligação, coluna, nariz, laringe, orelha
	Ósseo
	Rígida devido aos sais de cálcio
	Colágeno
	Osteoblastos, osteócitos, osteoclastos
	Ossos
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Figura 2 Tecido conjuntivo frouxo abaixo do epitélio da mucosa intestinal.
Figura 3 Tecido conjuntivo denso não-modelado presente na derme profunda.
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Figura 4. Tecido conjuntivo denso modelado do tendão mostrando a disposição das fibras no tecido.
Aspectos Funcionais do Tecido Conjuntivo Propriamente Dito de Interesse Clínico 
O Colágeno e patologias associadas
Ao longo do desenvolvimento animal muitas proteínas foram se modificando no sentido de auxiliar na composição de graus variados de rigidez tecidual permitindo assim a “construção dos organismos vertebrados”. Entre estas proteínas destacam-se as genericamente conhecidas como colágeno. 
Com certeza o colágenoé a proteína mais abundante que existe no organismo humano representando 30% da quantidade total de proteínas corporais. A produção do colágeno é feita por diversos tipos de células existindo também diversas isoformas de colágenos (diversos tipos de colágenos). Conforme a sua estrutura e também a sua função as moléculas de colágeno podem ser classificadas em diversos grupos. A Tabela 2 apresenta uma síntese dos principais tipos de colágeno (ainda que existam outros).
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Tabela 2 Principais tipos de colágenos e suas características gerais (Fonte: Junqueira, 2004)
	Tipo de Colágeno
	Distribuição
	Célula produtora
	Função principal
	Organização molecular
	Tipo I
	Derme, tendões, ossos, fibrocartilagens
	Fibroblastos, osteoblastos, odontoblastos, condroblastos
	Resistência a trações
	Forma fibrilas
	Tipo II
	Cartilagem hialina, disco intervertebral
	Condroblastos
	Resistência a pressão
	Forma fibrilas
	Tipo III
	Músculo liso, tecido conjuntivo reticular
	Células musculares lisas, células reticulares, células e Schwann
	Manutenção da estrutura de tecidos delicados e expansíveis
	Forma fibrilas
	Tipo IV
	Lâminas basais
	Células endoteliais, epiteliais e de Schwann
	Suporte de estruturas delicadas, filtração
	Forma rede tridimensional
	Tipo V
	Derme, tendão, osso, fibrocartilagem
	Fibroblastos
	Participam das funções do colágeno do tipo I
	Forma fibrilas
	Tipo VII
	Derme
	
	Une as células ao tecido conjuntivo
	Colágeno de ancoragem
	Tipo IX
	Cartilagem hialina
	Condroblastos
	Associação lateral das fibrilas
	Colágeno associado as fibrilas
	Tipo XI
	Cartilagem hialina, disco intervertebral
	Condroblastos
	Participa das funções do colágeno do tipo II
	Forma fibrilas
	Tipo XII
	Tendão, ligamentos
	Fibroblastos
	Associação lateral das fibrilas
	Colágeno associado as fibrilas
Os principais grupos de colágeno de acordo com a sua estrutura e função podem ser agrupados como se segue:
Colágenos que formam fibrilas: moléculas de colágeno se agregam e formam fibrilas sem que haja gasto de energia. O colágeno do tipo 1 que pertence a este grupo é a molécula de colágeno mais abundante do corpo formando estruturas tradicionalmente denominadas fibras colágenas que estão presentes nos ossos, dentina, tendões, cápsulas de diversos órgãos, etc.
Colágenos associados a fibrilas: são moléculas pequenas que se ligam a outras fibrilas de colágeno e também a componentes da matriz extracelular. Este é o caso dos colágenos do tipo IX e XII. 
Colágeno que forma rede: o colágeno do tipo IV tipicamente forma uma rede tridimensional sendo um dos componentes principais da lâmina basal que une o epitélio ao tecido conjuntivo. 
Colágeno de ancoragem: o colágeno do tipo VII é chamado colágeno de ancoragem por que se une a outras fibrilas de colágeno do tipo I que se prendem as lâminas basais
Composição química do colágeno – a unidade protéica básica que forma o colágeno é o tropocolágeno que tem cerca de 280nm de comprimento e 1,5 nm de espessura. Esta molécula é formada por três cadeias polipeptídicas de forma helicoidal. As diferenças na estrutura destas cadeias polipeptídicas que são geneticamente determinadas é que origina as diferentes isoformas (os diferentes tipos) de colágeno. Nos colágenos I, II e III as moléculas de tropocolágeno se agregam em unidades chamadas microfibrilares para formar as fibrilas. As fibrilas de colágenos são alongadas e delgadas com diâmetro variável . O colágeno do tipo IV que é característico das lâminas basais não forma fibrilas. As fibras colágenas do tipo I são as mais freqüentes e a fresco possuem uma cor esbranquiçada. A coloração branca dos tendões é conseqüência da grande quantidade de fibras de colágeno do tipo I. Em muitos tecidos as fibras de colágeno do tipo I aparecem sob a forma de feixes. Estas fibras em cortes histológicos corados com hematoxilina-eosina são acidófilas ficando com uma tonalidade rosada. As fibras reticulares são compostas principalmente de colágeno do tipo III.
	Existem uma série de patologias relacionadas a formação insuficiente ou alterada de fibras colágenas. Entre as morbidades de origem genética podemos citar: A síndrome de Ehlers-Danlos Tipo III em que ocorre falha na transcrição e na tradução do colágeno do tipo III este tipo de alteração leva a rupturas nas paredes da aorta e dos intestinos. A síndrome de Ehlers-Danlos Tipo VI em que ocorre devido a problemas pós-tradução da proteína com falha na hidroxilação do aminoácido lisina fazendo com que a pele apresente uma elasticidade aumentada e que possa ocorrer rupturas teciduais no globo ocular. A síndrome de Ehlers-Danlos Tipo VI é conseqüência da diminuição da atividade da função peptidase da molécula de pró-colágeno levando a um aumento na mobilidade articular o que tem como principal conseqüência luxações freqüentes nos seus portadores. Outro defeito genético que leva as alterações nas fibras colágenas é a Osteogenesis imperfecta que ocorre devido a modificação em um peptídeo nos genes do colágeno do tipo I. Esta alteração genética leva a um conjunto grande de alterações corporais incluindo a ocorrência espontânea de fraturas e insuficiência cardíaca.
	Fatores ambientais também podem levar a alterações nas fibras de colágeno como é o caso do escorbuto causado por deficiência nutricional da vitamina C (ácido ascórbico) que por sua vez leva a diminuição na síntese corporal de colágeno. Por conseqüência ocorrem ulcerações na gengiva (que é feita de tecido conjuntivo frouxo) e hemorragias. Esta doença era comum durante as grandes navegações quando os navegadores ficavam muito tempo no mar comendo comida salgada e protéica e com restrição de comidas frescas, principalmente frutas e vegetais.
Existem doenças cuja etiologia não é totalmente esclarecida (provavelmente ocorrem devido a alterações genético-ambientais) que podem apresentar alterações nas moléculas de colágeno como é o caso da esclerose sistêmica progressiva. Nesta doença quase todos os órgãos apresentam acúmulo excessivo de colágeno (fibrose) principalmente na pele, sistema gastrointestinal, músculos e rins levando a um enrijecimento que leva a problemas funcionais. Outro tipo de fibrose é o quelóide caracterizado por um espessamento localizado na pele como conseqüência de depósito excessivo de colágeno que se forma em cicatrizes. Quelóides são uma grande dor de cabeça em cirurgias principalmente, estéticas. 
	
	O Tecido Conjuntivo e a Ocorrência de Tumores
	O tecido conjuntivo também pode levar a formação de neoplasias como é o caso dos tumores desmóides que também são conhecidos como fibromatoses músculo-aponeuróticas. Este tipo de tumor é caracterizado por ser uma neoplasia não encapsulada o que leva a um crescimento exuberante com uma prevalência muito baixa (0,03 a 0,13%). Assim, estima-se uma incidência de 2,4 a 4,3 casos novos a cada 100 mil habitantes por ano. Este tipo de tumor tem baixo potencial metastático (de formar um tumor maligno secundário em outra região do corpo) e ocorre preferencialmente nas mulheres. 
3.5 Tecido Adiposo
Um tipo de célula especializada em tecido conjuntivo é a célula adiposa (adipócitos) cuja principal função é o armazenamento de energia (maior depósito de energia corporal) sob a forma de triglicerídeos (gorduras neutras). Os adipócitos podem ser encontrados no organismo isoladamente ou formando pequenos grupos celulares no tecido conjuntivo. Em um adulto jovem o tecido adiposo corresponde a cerca de 15% do corpo ocorrendo aumento nesta proporção com o passar dos anos. Assim, em pessoas idosas cerca de 30% do corpo é constituído por gordura (tecido adiposo). As moléculas de triglicerídeos presentes nos adipócitos estão sendo continuamente renovadas sendo fortemente influenciadas por estímulos neuro-endócrinos. 
Funções
Além da função de armazenamento energético possui outras funções como: (1) por se localizar abaixo da pele modela o corpo; (2) aumenta o isolamento térmico já que as gorduras de modo geralsão má-condutoras de calor; (3) auxilia no preenchimento de espaços vazios do corpo; (4) auxilia na manutenção de certos órgãos na sua posição apropriada. 
Tipos de Tecido Adiposo
Existem dois tipos de tecido adiposo no organismo: o tecido adiposo comum, amarelo ou unilocular e o tecido adiposo pardo ou multilocular. 
O tecido adiposo amarelo/branco apresenta uma única grande gota de gordura no seu citoplasma quando a célula está completamente desenvolvida. A cor da gordura varia entre o branco e o amarelo conforme a dieta do individuo. No adulto a gordura branca é a mais comum no organismo. Ele forma o chamado panículo adiposo que é a camada de gordura que temos abaixo da pele. As células adiposas uniloculares são grandes, quando isoladas possuem um formato esférico quando agrupadas possuem um formato poliédrico. Como na preparação histológica a gota de gordura acaba sendo removida pelo uso de xilol observamos apenas uma delgada camada de citoplasma. No tecido adiposo unilocular que está próximo ao tecido conjuntivo podem ocorrer septos de tecido conjuntivo que contém vasos sangüíneos e fibras nervosas. A membrana dos adipócitos possui receptores para diversos hormônios sendo o seu metabolismo altamente complexo. Algumas sensações como a fome e a saciedade são determinadas por rotas metabólicas neuro-endócrinas que envolvem as células adiposas. 
O tecido adiposo marrom apresenta uma grande quantidade de gotículas de lípidicas no seu citoplasma bem como grande quantidade de mitocôndrias. O tecido multilocular é também conhecido como tecido adiposo pardo por causa da sua coloração típica. A distribuição corporal do gordura marrom é mais localizada em algumas áreas corporais. No feto humano e no recém-nascìdo sua localização é bem determinada. Entretanto este tecido não cresce ao longo do crescimento do ser humano o que leva a ocorrência de baixa quantidade tecidual no adulto. As células do tecido adiposo pardo são menores do que os da gordura branca e estão histologicamente arranjadas como o epitélio (arranjo epitelióide) formando massas compactas associadas a capilares sangüíneos. A principal função do tecido adiposo marrom é a produção de calor que é muito importante principalmente no recém-nascido auxiliando na sua termorregulação. Esta produção de calor ocorre via oxidação dos ácidos graxos que ao invés de produzir ATP (adenosina tri-fosfato a molécula de energia do corpo) produz calor. A produção de calor ocorre por que na membrana interna das mitocôndrias do tecido pardo existe uma proteína denominada termogenina que altera os ciclos bioquímicos que produzem ATP. O calor produzido aquece o sangue que existe na rede de capilares que o tecido possui e é distribuído pelo corpo. No ser humano esta função está restrita aos primeiros meses de vida pós-natal protegendo o recém-nascido contra o frio excessivo. 
Tanto o tecido adiposo branco quando o pardo são inervados pelo sistema nervoso autônomo simpático. Entretanto, no tecido unilocular as terminações nervosas são encontradas somente nas paredes dos vasos sangüíneos, ou seja, os adipócitos não são diretamente inervados. Já no tecido adiposo pardo a inervação ocorre diretamente nos adipócitos. Em situações em que existe a necessidade de mobilizar energia (atividade física intensa, jejuns prolongados, frio, etc.) a liberação do neurotransmissor noradrenalina ativa a enzima lípase sensível ao hormônio que irá determinar o uso da gordura. Uma vez ativada esta enzima hidrolisa os triglicerídeos.
Lipogênese 
As células adiposas que formam o tecido unilocular se originam embriologicamente de células mesenquimais que dão origem aos lipoblastos. Os lipoblastos por sua vez começam a acumular gotículas de gordura no interior do citpoplasma até formar uma grande e única gota de gordura que caracterizada a célula adiposa madura (adipócito). Entretanto, se o organismo precisar mobilizar energia a partir da gordura acumulada nos adipócitos estas células podem retornar ao estado de lipoblasto. A histogênese do tecido multilocular é um pouco diferenciada. As células mesenquimais que irão formar este tecido se tornam, inicialmente, epitelióides adquirindo um aspecto glandular endócrina antes de acumularem gordura. Não existe formação deste tecido após o nascimento e nem ocorre a transformação de um tecido unilocular em multilocular e vice-versa.
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Aspectos Funcionais do Tecido Adiposo de Interesse Clínico 
A obesidade não é um fenômeno recente, no entanto sua prevalência nunca antes atingiu proporções epidêmicas nos dias de hoje. Em virtude da sua crescente prevalência na infância, da persistência ao longo da vida e da associação com riscos à saúde, a obesidade posiciona-se como um dos grandes problemas de saúde pública.
Várias explicações têm sido dadas para o aumento da prevalência da obesidade, sendo classificadas em três categorias: as que o atribuem às mudanças das características genéticas, as que o atribuem às condições ambientais e, finalmente, aquelas para as quais as mudanças se devem à interação de fatores genéticos e ambientais. Do ponto de vista epidemiológico, tudo conduz às explicações ambientalistas, uma vez que, nas últimas décadas, não ocorreram alterações substanciais nas características genéticas das populações, ao passo que as mudanças nos seus hábitos foram enormes. 
Geralmente a obesidade é o resultado de diversas interações, nas quais se destacam os aspectos genéticos, ambientais e comportamentais. Assim, filhos com ambos os pais obesos apresentam alto risco de obesidade, bem como determinadas mudanças sociais estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Apesar de que haja concordância na idéia de que fatores genéticos e ambientais influenciam o peso corpóreo, ainda não está totalmente claro como eles interagem para determinar o peso de um indivíduo. Uma explicação proposta é que o peso corpóreo é ajustado em torno de um ponto fixo, similar ao ajuste de um termostato. Um ponto fixo acima do normal pode explicar a razão pela qual alguns indivíduos são obesos e porque a perda de peso e a manutenção da perda são difíceis para eles. 
A predisposição genética para a obesidade é um fenômeno biológico de alta complexidade, que envolve interações de mais de 250 genes diferentes. Geralmente um indivíduo obeso possui pais ou parentes próximos obesos. A obesidade genética freqüentemente aparece em vários membros de uma mesma família. Uma substância chamada Leptina tem sido responsabilizada como a causadora da obesidade quando o organismo a produz de forma deficiente ou quando seus receptores cerebrais (hipotalâmicos) não a reconhece. A leptina é responsável pela sensação de saciedade (sensação de estar satisfeito com a comida ingerida) e com a termogênese (gasto de energia do corpo). A leptina é um hormônio que foi descoberto em 1994 e que age em nível de sistema de segundo mensageiro e que requer um receptor no cérebro e se encarrega de regular o peso corporal. Estudos em ratos identificaram um gene responsável pela obesidade (gene ob) e que todos os ratos portadores deste gene possuíam níveis elevados de um peptídeo que foi posteriormente foi denominado de leptina. Os estudos posteriores mostraram que a leptina regularia o peso do nosso corpo muito mais do que por se comer muito ou jejuar. 
Assim se verificou que os níveis de leptina e de gordura corporal possuem uma grande correlação. Em pessoas obesas se observou também que na ocorrência de um defeito no receptor da leptina no cérebro, ocorreria uma saturação dos transportadores de leptina que circulam no sangue que levaria a obesidade. Este fenômeno fisiológico ficou conhecido como síndrome de resistência a leptina. As concentrações de leptina no líquido cerebroespinhal também estão elevadas em pacientes com excesso de gordura corporal ainda que sejam geralmente mais baixas do que no soro. A proporção de leptina no líquido cerebroespinhal em relação ao do soro também parece ser mais baixa nos indivíduos obesos.
Sendo a leptina um hormônio protéico específicoela é principalmente produzida e secretada pelo tecido adiposo, que funciona como um "adipostato", neste sentido existe uma teoria denominada Teoria Lipostática, que prediz que a composição e o peso corporais em humanos são determinados por interações entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais e sociais e da resposta a um sinal periférico produzido em quantidades proporcionais ao tecido adiposo no organismo. A existência desse fator circulante, que aumenta com os estoques de energia e age no cérebro para inibir a ingestão de alimentos e as reservas no tecido adiposo. 
A descoberta da leptina tem ajudado a esclarecer o papel dos adipócitos como sistema endócrino e de que modo ocorre a sinalização para a ingestão ou não de alimentos, bem como, a regulação do metabolismo energético. Assim, a coordenação do balanço energético e do peso corporal envolve uma regulação entre a ingestão de alimentos e gasto de energia em resposta a sinais agudos (insulina, catecolaminas como a adrenalina) e crônicos (gravidez, desnutrição, inflamações, caquexia e leptina). 
Quando a leptina é regulada de modo equilibrado ela pode ter um papel como um hormônio antiobesidade. Esta função é proveniente principalmente do seu papel como diminuidora do apetite e estimuladora do gasto energético. A propriedade inibidora do apetite deve-se a ação da leptina no hipotálamo. Nesta região cerebral ela estimula a síntese de diversos neuropeptídeos anorexogênicos (anti-apepite) que diminuem a ingestão dos alimentos porque produzem sensação de saciedade. Existem outras moléculas regulatórias que também são produzidas pelos adipócitos e que regulam o apetite como é o caso da grelina. 
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