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Controle de Constitucionalidade - Marcos Sampaio

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DIREITO CONSTITUCIONAL
Professor: Marcos Sampaio
Controle de Constitucionalidade
1. Conceito
A supremacia da constitucionalidade reclama a existência do controle.
“O controle de constitucionalidade consiste numa atividade de verificação da conformidade ou adequação da lei ou do ato do poder público com a Constituição.” (Dirley da Cunha Júnior).
2. Pressupostos
2.1. Constituição formal. A costumeira ou histórica não enseja o controle, em face da supremacia do parlamento.
2.2. Constituição rígida
2.3. Previsão de um órgão competente
3. Antecedentes Históricos e Sistemas
Atenas: nómoi (espécies de leis constitucionais) e pséfisma (Cf. Cappelletti).
Idade Média: direito natural com primazia.
Inglaterra (antes da Revolução Gloriosa de 1688, na doutrina de Sir Edward Coke), pregava-se a supremacia do Common Law mesmo sobre o Rei e o Parlamento. Após 1688 passou a valer a supremacy of the Parliament.
Sistema Americano
O art. VI, cláusula 2, da Constituição de 1787 – supremacy clause
1803 - O célebre caso Marbury x Madison (juiz Marshall)
Os juízes devem negar aplicação a uma lei contrária a constituição.
A interpretação era atividade específica dos juízes.
No conflito entre CF e Lei somente existe a possibilidade de escolher uma lei como a válida.
Estratégia de Marshall -> Escolheu um caso em que o presidente Thomas Jefferson tinha grande interesse partidário, tendo-lhe sido a decisão inteiramente favorável.
Indecente caso de politicagem: nomeação de Marbury.
Sistema difuso-incidental
Sistema Austríaco
Kelsen (início do Século XX).
Sistema concentrado
Tribunal Constitucional
Como se examina o problema em abstrato, o Legislador é um Negativo.
4. Modelos de Controle de Constitucionalidade
4.1 - Espécies de Inconstitucionalidade:
a) Material (o conteúdo da norma contraria princípio ou preceito da Constituição, ou há excesso de poder legislativo�) e Formal (a formação da norma é viciada pelo autor ou pelo procedimento).
b) Por ação (edição de uma norma contrária, material ou formalmente, à Constituição) e por omissão (não edição de uma norma, exigida pela Constituição).
c) originária (o ato violador é posterior à vigência da norma constitucional) e superveniente (o ato violador é anterior à vigência da norma constitucional�).
4.2 - Sistemas de controle de constitucionalidade:
a) Controle político (Ex.: França) - Órgãos de natureza política, distintos do Poder Judiciário�. Ex: Legislativo, Executivo ou um órgão especial (Conselho Constitucional francês).
b) Controle jurisdicional (Ex.: EUA, onde é denominado JUDICIAL REVIEW.) - Feito pelo Poder Judiciário. Sofre críticas no sentido de que o Poder Judiciário transformaria-se em um superpoder. Porém, isso seria superado em razão do judiciário ser o poder que menos oferece perigo aos direitos fundamentais.
c) Controle misto (ex.: Suíça) - Certas categorias de leis são submetidas ao controle político (ex: leis federais) e outras ao controle jurisdicional (ex: leis locais). É também misto quando o controle é exercido por um órgão formado por membros do Poder Judiciário e por terceiros estranhos a ele, como as Cortes Constitucionais.
4.3 - Tipos de controle:
	4.3.1 - Quanto à oportunidade:
		a) Preventivo - antes da norma entrar em vigor.
		b) Repressivo - Após a norma entrar em vigor.
	4.3.2 - Quanto à concentração:
		a) Difuso - Exercido por vários órgãos.
		b) Concentrado - Exercido por um único órgão.
	4.3.3 - Quanto ao modo de manifestação do controle
		a) por via incidental;
		b) por via principal.
	4.3.4 - Quanto à natureza:
a) abstrato� - não há uma lide, há um processo objetivo, que ataca uma lei� ou ato em tese, sem discussão de situações individuais subjetivas;
b) concreto - há uma lide, uma situação concreta, discutindo-se a repercussão de uma lei dentro da esfera dos direitos individuais de alguém, a partir do entendimento de ser ou não a norma violadora da Constituição. A idéia de controle de constitucionalidade começou com o controle concreto�.
	4.3.5 - Quanto ao parâmetro de controle
		a) Toda constituição formal;
		b) Parte da Constituição’;
		c) Bloco de constitucionalidade
	4.3.6 - Quanto ao objeto:
		a) Atos normativos;
		b) Atos normativos e/ou concretos.
	4.3.7 - Quanto a finalidade do controle
		a) Subjetivo.
		b) Objetivo.
1.4 - Nulidade ou anulabilidade da lei inconstitucional 
Tradicionalmente o Direito brasileiro tem abraçado o dogma da nulidade ipso iure da lei inconstitucional, sob a influência da doutrina constitucional americana, para quem, nas palavras de Mauro Cappelletti�, “a lei inconstitucional, porque contrária a uma norma superior, é considerada absolutamente nula (‘null and void’) e, por isso, ineficaz, pelo que o juiz, que exerce o poder de controle, não anula, mas, meramente, declara uma (pré-existente) nulidade da lei inconstitucional”. Inconstitucionalidade e nulidade seriam praticamente sinônimos. Essa visão, portanto, confere à decisão de inconstitucionalidade difusa do direito norte-americano efeitos declaratórios, ex-tunc e inter partes, o que veio a ser posteriormente modificado no que concerne ao stare decisis das decisões de controle emanadas da Suprema Corte.
Diverso é o sistema austríaco, fortemente influenciado por Hans Kelsen�, onde a publicação de uma decisão de inconstitucionalidade proferida pela Corte Constitucional tem o condão de anular a lei a que se refere, a qual, até esse momento, é considerada válida e eficaz. Aliás, a Corte austríaca pode até mesmo “dispor que a anulação da lei opere somente a partir de uma determinada data posterior à publicação (‘Kundmachung’) de seu pronunciamento, contanto que este diferimento da eficácia constitutiva do pronunciamento não seja superior a um ano”�. Neste sistema, temos efeitos constitutivos, ex-nunc e erga omnes.
Sem querer adentrar na discussão acerca do sistema mais adequado�, é forçoso reconhecer que há no Brasil um movimento no sentido da adoção da teoria da anulabilidade, que pode ser identificado na doutrina�, em várias decisões do Supremo Tribunal Federal� e na recente Lei nº 9.868, de 10 de novembro de 1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal, cujo artigo 27 prevê que “Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado”. Tal decisão, ainda segundo o mencionado diploma normativo, têm eficácia contra todos e efeito vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal (parágrafo único do artigo 28).
Também é significativa a hipótese, aparentemente admitida pela recente Emenda Constitucional nº 32/2001, de que uma medida provisória pode ser rejeitada pelo Congresso devido à sua inconstitucionalidade e, mesmo assim, os efeitos produzidos entre a sua edição e a sua rejeição serem perpetuados no ordenamento jurídico se o Congresso Nacional não edita decreto dispondo em sentido contrário no prazo de sessenta dias a partir da rejeição.
A partir de tais considerações, não podemos deixar de afirmar, calcados pela mera observação da realidade circundante, que leis e atos que contrariam a constituição, enquanto não fulminados pelo Poder Judiciário ou retirados do ordenamento normativo por outro meio, como a revogação, influenciam o mundo jurídico, produzindo efeitos concretos. Mesmo adotando-se a teoria de que atos inconstitucionais são nulos, e não meramente anuláveis, não é possível negar que, em que pese os efeitos serem ex-tunc, há um período entre a edição da norma e a declaraçãoda sua inconstitucionalidade no qual a lei, pragmaticamente, produz conseqüências jurídicas.
Controle Concentrado de Constitucionalidade
HISTÓRICO: O capítulo inicia lembrando que o controle concentrado despontou no direito brasileiro, embora timidamente, a partir da CF/34, com a representação interventiva (confiada ao Procurador Geral da República, perante o STF (art. 12, §2º), nas hipóteses do art. 7º, I, alienas a e h (ditos princípios sensíveis).
Com a Emenda Constitucional n. 16/65 se instalou a representação genérica de inconstitucionalidade (hoje ADIN), nos moldes europeus, de competência reservada exclusivamente ao STF.
A CF/88 aperfeiçoou o modelo concentrado (novas ações, efeito vinculante, jurisdição concentrada dos TJ’s), nos aproximando dos Tribunais europeus (p. 159/160).
CONCEITO DE INCONSTITUCIONALIDADE: Lembra a lição de Jorge Miranda para quem a inconstitucionalidade é expressa uma relação: “uma relação, respectivamente, de conformidade e desconformidade que se estabelece entre a Constituição e o comportamento estatal” (p. 160). O autor lembra que o termo Constituição deve ser vista, aqui, “não na sua globalidade ou em bloco, mas, sim, por referencia a uma norma certa e determinada” (p. 160) e o comportamento pode ser comissivo ou omissivo, ou, em suas palavras “Assim, há transgressão da Constituição tanto quando se faz o que ela proíbe, como quando se deixa de fazer o que ela impõe”.
A desconformidade tem que ser direta. Por isso o autor lembrar que a inconstitucionalidade é exclusiva do Poder Pública, mas, em nota de rodapé 312, aborda a questão da eficácia horizontal dos direitos fundamentais (p. 161).
Diferencia a inconstitucionalidade da ilegalidade que importaria apenas numa violação reflexa da CF.
TIPOS DE INCONSTITUCIONALIDADE
Formal e material: a formal compreende a orgânica (vício de incompetência do órgão de onde provém o ato normativo) e a formal propriamente dita (inobservância do processo legislativo fixado na CF/88). (p. 163). A material refere-se ao conteúdo do ato normativo que não se ajusta ao da Constituição.
Total e parcial: total quando o vício contamina todo o ato e parcial quando o ato apenas em parte é incompatível (não se aplica a regra do §2º do artigo 66 da CF/88). (p. 164). 
Obs.: i) em regra a inconstitucionalidade formal fulmina todo o ato; e, 
ii) o STF tem admitido que a inconstitucionalidade parcial pode implicar na nulidade de todo o ato quando: 1-quando em conseqüência da declaração de inconstitucionalidade de uma norma, se reconheça que as normas restantes, conforme à CF, deixam de ter significado autônomo; 2-quando a norma inconstitucional fizer parte de uma regulamentação global à qual emprestava sentido e justificação.
Original e superveniente: originária quando surge desde o nascimento do ato e é superveniente quando se manifesta posteriormente em face de uma alteração constitucional (ou de uma mutação). O autor registra que “não se tem admitido, em princípio, a inconstitucionalidade formal superveniente. (...) em sentido inverso, o ato normativo anterior incompatível materialmente com a nova norma constitucional será automaticamente atingido pela inconstitucionalidade material superveniente.” (p. 165). Nesse caso a norma é revogada e não cabe ADIN (mas cabe ADPF)
Antecedente (ou imediata) e conseqüente (ou derivada): a antecedente decorre da direta e imediata violação de uma norma e a conseqüente decorre de um efeito reflexo da inconstitucionalidade imediata. Esta é a inconstitucionalidade por arrastamento ou por atração. (p. 166)
Progressiva: quando ocorre o trânsito de uma norma, ainda constitucional, para o terreno da inconstitucionalidade. Ex.: a regra do artigo 68 do CPP.
AS AÇÕES DIRETAS: Avança introduzindo os capítulos seguintes, em que cada ação será detidamente analisada, e onde ficará evidenciado o processo objetivo (natureza da ação objetiva) com causa de pedir aberta.
Capítulo VII
Ação Direta de Inconstitucionalidade
ORIGEM: EC 16/65. Com a Emenda Constitucional n. 16/65 se instalou a representação genérica de inconstitucionalidade (hoje ADIN), nos moldes europeus, de competência reservada exclusivamente ao STF.
Atualmente: artigo 102, I, “a” da CF/88.
CONCEITO E FINALIDADE: Defesa genérica de todas as normas constitucionais, sempre que violadas por alguma lei ou ato normativo do poder público. Por isso mesmo é também conhecida como ação genérica.
Em face dela se instaura, no STF, a fiscalização abstrata. Não há lide, nem partes confrontantes. Trata-se de um “processo objetivo destinado a eliminar do sistema jurídico a lei ou ato normativo impugnado que contraria uma norma constitucional” (p. 173).
LEGITIMIDADE: Dado a natureza objetiva, os legitimados são em número restrito, embora a CF/88 tenha ampliado bastante esse rol, quebrando o monopólio do Procurador Geral da República.
Os legitimados não são partes mas apenas requerentes (p. 175) meramente formais. O AGU, a despeito do que prevê o artigo 103, §3º, também não é parte passiva, mas curador da presunção de constitucionalidade da lei, devendo, pois, obrigatoriamente, defender o ato impugnado. (p. 174)
O autor segue registrando o papel do AGU em casos de aparente contradição mas lembra que são atividades distintas e que a regra que impõe a defesa do ato vem sendo abrandada, como no caso da ADIN 1.616 (leading case no tema). O AGU funcionará também na defesa da constitucionalidade do ato estadual.
PERTINÊNCIA TEMÁTICA: do Governador, Mesa da Assembléia e da Confederação Sindical/Entidade de Classe nacional se exige pertinência temática, ou seja, interesse de agir. Não se exige isso dos demais legitimados. Logo, existem dois grupos: os legitimados universais e os legitimados não universais ou especiais.
ASPECTOS GERAIS ACERCA DOS LEGITIMADOS: 
No âmbito sindical – somente as Confederações, na forma do artigo 535 da CLT.
Partidos políticos – somente os Diretórios Nacionais. Importante registrar a ADIn 350 onde o STF, revendo a posição anterior, afirmou que a perda da representação no Congresso Nacional não leva a extinção da ação.
Entidade de Classes – o STF entende que deve existir associado e membros em nove estados. Admite-se (pós Adin-AGR 3153) a legitimidade das entidades associativas de segundo grau (associações de associações).
O STF tem entendido que não necessidade de advogado, a não ser do partido político, da Confederação Sindical e da Entidade de Classe. Vide ADIN (QO) 2.187-BA.
COMPETÊNCIA: STF ou, quando o parâmetro de controle for a Carta Estadual, o TJ. O autor segue discorrendo sobre as normas de reprodução e de imitação. Para as primeiras, cabe recurso extraordinário do TJ para o STF. Para as segundas, não.
Para as normas municipais, não há controle concentrado no STF, a não ser via ADPF.
PARÂMETRO E OBJETO: Tendo em vista que a ação direta de inconstitucionalidade apresenta-se como uma ação constitucional destinada a defesa genérica de todas as normas constitucionais, ela tem por parâmetro toda a Constituição, englobando as normas da parte permanente e da parte transitória do texto constitucional. 
No entanto, o seu objeto é restrito, compreendendo apenas as leis e os atos normativos do poder público. Ficam excluídos desta ação, por conseguinte, os atos normativos de natureza privada (convenções, regulamentos de entidades associativas, etc.) e os atos concretos, ainda que estes últimos provenham do poder público (p. 183).
Mesmo as leis de efeitos concretos não podem, a luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, ser objeto daquelas ações.
“Essa posição do Suprcmo Tribunal Federal mereceu a apropriada censura de GILMAR FERREIRA MENDES e CLÈMERSON MÉRLIN CLÉVE. Segundo estes autores,se é certo quc a Constituição exigiu a normatividade dos atos do poder público,para, só então, sujeitá-los ao crivo do controle abstrato da constitucionalidade, não menos certo é que a Carta Magna não distinguiu entre leis formais de efeitos abstratose de efeitos concretos, dc modo que, cuidando-se de leis formais, todas elas expõem-se a fiscalização abstrata. Defendem os citados autores, portanto,que toda e qualquer norma sob a forma de lei - seja de efeitos abstratos ou de efeitos concretos - possa desafiar o controle abstrato através da Adin ou de outra ação direta.Compartilhamos com a posição destes autores.” (p. 184)
Tem o Supremo Tribunal Federal exigido que esses atos normativos sejam contemporâneos ao parâmetro constitucional de controle, vedando o controle abstrato de constitucionalidade do direito pré-existente (p. 185).
Espécies: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII – resoluções; VIII) Tratados Internacionais; IX – Regulamentos; X Regimentos dos Tribunais; XI – Sentenças Normativas; XII – Súmulas; XIII – Leis Orçamentárias; XIV – Convenções Coletivas de Trabalho.
DECISÃO E EFEITOS: encontra-se atualmente superada em razão do advento da EC nº. 45/2004, que, dando nova redação ao § 2 do art. 102 da Constituição Federal, atribuiu efeito vinculante a decisão proferida em sede de ação direta de inconstitucionalidade. Com efeito, consoante dicção do citado § 2º, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade (...) produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário c à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal". Essa decisão, todavia, não impede que o órgão legislativo reincida na prática da inconstitucionalidade editando novo ato com idêntico conteúdo do anterior, declarado inconstitucional. Embora censurável, juridicamente o legislativo tem a liberdade de reeditar a lei inconstitucional.
A vinculação, todavia, não alcança apenas o dispositivo da decisão. O Supremo Tribunal Federal vem atribuindo, não raro, efeito vinculante também aos fundamentos determinantes da decisão, e os aplicando a outras ações, com o que consagrou a teoria da transcendência dos motivos determinantes, como expôs, com propriedade, PEDRO LENZA.
Ainda em face dele, reconhece-se que a decisão que declara a inconstitucionalidade produz efeitos repristinatórios, ou seja, restabelece a legislação anterior revogada pela lei declarada nula. A própria Lei 9.868/99, no § 2, do art. 11, prevê esse efeito restaurador para a medida cautelar, prescrevendo que a "concessão da medida cautelar toma aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário". (p. 200)
A técnica da interpretação conforme a Constituição visa prestigiar a presunção juvis tantum de constitucionalidade dos atos normativos do poder público. Assim, em sede de controle abstrato de constitucionalidade, sendo possível mais de uma interpretação do ato impugnado (por tratar-se de norma polissêmica ou plurisignificativa), deve-se adotar aquela que possibilita ajustá-lo a Constituição. Nesse caso, tem o Supremo Tribunal Federal, na esteira da jurisprudência da Corte Constitucional Alemã, entendido que a ação direta de inconstitucionalida de deve ser julgada parcialmente procedente, para declarar inconstitucionais os sentidos admissíveis da norma que não o único compatível com a Carta Magna. Percebe-se, assim, que o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que a interpretação conforme a Constituição não deve ser vista como um simples princípio de hermenêutica, mas sim como uma modalidade de decisão do controle de constitucionalidade de normas, equiparável a uma declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto", porém, segundo entendemos, sem se confundir com esta técnica.
Já a técnica da declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto tem sido utilizada para considerar inconstitucional determinada hipótese de aplicação da lei, sem proceder a qualquer alteração do seu texto normativo. Isto é, distintamente da técnica da interpretação conforme, com base na qual o Supremo Tribunal Federal exclui determinadas hipóteses de interpretação da norma, para lhe emprestar aquela que a compatibilize com texto constitucional, a técnica da declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto possibilita ao Supremo excluir determinadas hipóteses de aplicação da norma, que aparentemente seriam factíveis e que a levaria a uma inconstitucionalidade.
Dito de outro modo, na interpretação conforme, o Tribunal exclui um ou mais sentidos da norma legal, com a atribuição de um outro sentido com o qual se possa compatibilizar a norma a Constituição; na declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto, a Corte considera inválida a aplicação ou incidência da norma legal sobre determinada situação, sem impedir a sua incidência legitima relativamente a outras situações.
APELO AO LEGISLADOR - a técnica do apelo ao legislador implica numa decisão de rejeição da inconstitucionalidade, vinculada, contudo, a uma conclamação ao legislador para que este entabule as medidas corretivas ou de adequação necessárias. Lembra Gilmar Mendes, na hipótese de o legislador não satisfazer a exortação do Tribunal, a lei declarada ainda constitucional considerar-se-á válida até que, devidamente provocada, venha a Corte proferir nova decisão.
DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE SEM A PRONÚNCIA DA NULIDADE - O STF vem adotando esta técnica de decidir quando a situação que ensejou a propositura da ação direta se mostrar absolutamente inalterada em razão do estado de fato consolidado ou possibilitar um agravamento no seu estado de inconstitucionalidade caso pronunciado os seus efeitos
� O excesso de poder legislativo ocorre, v.g., quando há incompatibilidade da lei com os fins constitucionais, ou ofensa ao princípio da proporcionalidade.
� Não ocorre a recepção. Para alguns, há revogação.
� Vale lembrar que o controle de constitucionalidade sempre tem forte conotação política.
� Surgiu de uma proposta de Kelsen, dentro da sua concepção da pirâmide jurídica (a constituição está no topo), quanto à criação de um advogado para defender a Carta, ex officio, deflagrando o controle de normas sempre que uma espécie normativa lhe parecesse contrária ao Regramento Maior.
� Aqui o controle de constitucionalidade faz com que o STF atue como legislador negativo.
� Caso Marbury x Madison.
� In O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado. 2ª edição. Tradução de Aroldo Plínio Gonçalves. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1994, pág. 115/116.
� O pensamento de Kelsen sobre os efeitos da lei inconstitucional e a sua anulabilidade podem ser conferidos na sua obra A teoria pura do Direito, 2ª edição brasileira, tradução João Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes Editora Ltda., 1987, pág. 287/294.
� Cf. Mauro Cappelletti, in O controle judicial de constitucionalidade das leis no direito comparado. 2ª edição. Tradução de Aroldo Plínio Gonçalves. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1994, pág. 116.
� Há ainda quem entenda que o ato inconstitucional é inexistente. Sobre o tema, vide, dentre outros: Gilmar Ferreira Mendes, Controle de Constitucionalidade: aspectos jurídicos e políticos. São Paulo: Saraiva, 1990, pág. 6/25; Gilmar Ferreira Mendes, Jurisdição Constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. São Paulo: Saraiva, 1996, pág. 249/262; Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional. 7ª edição, revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Malheiros Editores, 1997, pág. 301/310; J.J. Gomes Canotilho, Direito Constitucional e Teoria da Constituição. Coimbra: Livraria Almedina, 1997, pág. 796/797; Clèmerson Merlin Clève, A fiscalização abstrata de inconstitucionalidade no direito brasileiro, 2ª edição, revista, atualizada e ampliada. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2000, pág. 243 e seguintes.
�Rodrigo Lopes Lourenço, por exemplo, anota três problemas a serem suplantadospara que a tese da nulidade impere sem reservas no Brasil. Em primeiro lugar, afirma o autor que “no controle concreto de constitucionalidade (...), o órgão jurisdicional, quando entende que o preceito contestado é inconstitucional, apenas deixa de aplicá-lo, decidindo a lide como se o mesmo jamais tivesse existido”, razão pela qual a inconstitucionalidade constitui apenas razões da decisão e não faz coisa julgada, não parecendo exato “acoimar-se de nulo um ato jurídico que pode continuar sendo aplicado por inúmeros órgãos jurisdicionais indefinidamente”. Depois, “a única forma de dar efeitos gerais a uma decisão que, em controle concreto, declarou a inconstitucionalidade de um comando, é a regulada pelo preceito constitucional inserto no art. 52, X (...)”, onde o Senado Federal “não declara nulo o ato jurídico julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, limitando-se a suspender-lhe a eficácia”. Por fim, diz o citado doutrinador que “a declaração de inconstitucionalidade de uma norma durante um procedimento de verificação abstrata de constitucionalidade nem sempre acarreta o reconhecimento da respectiva nulidade”, como sói acontecer quando é utilizada a técnica da interpretação conforme a constituição. In Controle de Constitucionalidade à Luz da Jurisprudência do STF. 2ª edição, revista e atualizada. Rio de Janeiro: Forense, 1999, pág. 89/92.
� O Supremo Tribunal Federal tem admitido alguns abrandamentos significativos do dogma da nulidade absoluta, apontando em direção à anulabilidade. São exemplos, dentre outros, a teoria do funcionário de fato, o respeito à coisa julgada e o princípio da irredutibilidade de vencimentos. Vale visitar Clèmerson Merlin Clève, A fiscalização abstrata de inconstitucionalidade no direito brasileiro, 2ª edição, revista, atualizada e ampliada. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2000, pág. 250 e seguintes; e Gilmar Ferreira Mendes, Jurisdição Constitucional: o controle abstrato de normas no Brasil e na Alemanha. São Paulo: Saraiva, 1996, pág. 252/263.
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