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ADITIVOS EM ALIMENTOS Profª Dra. Roberta J Ramos 2017-2 Introdução INGREDIENTE: é qualquer substância, incluídos os aditivos alimentares, empregada na fabricação ou preparação de um alimento e que permanece no produto final, ainda que de forma modificada. ADITIVO: É qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos, sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento. Conceitos FAO ADITIVO: é “uma substância não nutritiva, adicionada intencionalmente ao alimento, geralmente em quantidades pequenas para melhorar a aparência, sabor, textura e propriedades de armazenamento”. Substâncias adicionadas com a finalidade de ↑ o valor nutritivo (vitaminas, minerais), NÃO são consideradas aditivos, mas em alguns casos, substâncias adicionadas para melhorar a qualidade do alimentos podem ↑ o valor nutritivo. . INGREDIENTES ADITIVOS Introdução As especificações e o modo de emprego dos aditivos são disciplinadas internacionalmente pela OMS e tornadas legais em diversos países; As normas contidas nas legislações de aditivos são atualizadas de acordo com novos conhecimentos e avaliações de atividade; A liberação ou exclusão de uso ocorre devido ao grau de toxicidade; Normas e tolerâncias variam entre os países. Introdução ENTRETANTO: Em diferentes países, não há uniformidade dos aditivos permitidos; As doses máximas permitidas quantidade muito aquém de sua ação tóxica; Introdução Na prática, a segurança do consumidor é garantida por: Valores mínimos estabelecidos para aditivos; Suficiente margem de dose estipulada, para evitar danos a saúde; Avaliação dos níveis mínimos capazes de provocar alterações no comportamento fisiológico de animais de laboratório; Escolha etária a que se destina o produto; Introdução Alimentos exportados Podem ser elaborados de acordo com as normas dos países a que se destinam.... Desde que... Declare no rótulo: “Produto destinado a exportação, não podendo ser vendido em território nacional” Introdução UTILIZAÇÃO DE ADITIVOS NOS ALIMENTOS Deve haver necessidade de sua utilização Deve ser inócuo em relação à saúde pública. Introdução RESTRIÇÃO DE USO DOS ADITIVOS: 1- O uso dos aditivos deve ser limitado a alimentos específicos, em condições específicas e ao menor nível para alcançar o efeito desejado. 2-Necessidade tecnológica aditivo deve ser justificada sempre que proporcionar vantagens de ordem tecnológica e não quando estas possam ser alcançadas por operações de fabricação mais adequadas ou por maiores precauções de ordem higiênica ou operacional. Introdução O emprego de aditivos justifica-se por razões tecnológicas, sanitárias, nutricionais ou sensoriais, sempre que: 1- Sejam utilizados aditivos autorizados em concentrações tais que sua ingestão diária não supere os valores de ingesta diária aceitável (IDA) recomendados. 2 - Atenda às exigências de pureza estabelecidas pela FAO-OMS, ou pelo Food Chemical Codex. Introdução É proibido o uso de aditivos em alimentos quando: Houver evidências ou suspeita de não ser seguro para consumo pelo homem; Interferir sensível e desfavoravelmente no valor nutritivo do alimento; Servir para encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas de manipulação; - Encobrir alteração ou adulteração da matéria-prima ou do produto já elaborado; - Induzir o consumidor a erro, engano ou confusão; Origem e tipos de aditivos Segundo a origem Naturais: Obtido por processos de extração. Ex: óleo de cravo da índia Semi-sintéticos: Obtidos de substâncias naturais por fracionamento. Ex: eugenol de cravo. Sintéticos: Obtidos em laboratório por processos de síntese. Os aditivos podem ser: Intencionais: Propositalmente agregados aos alimentos em razão de seu processamento. “aditivo intencional, é toda a substância ou mistura de substâncias, dotadas ou não de valor nutritivo, que se junta ao alimento com a finalidade de impedir alterações, manter, conferir ou intensificar seu aroma, cor e sabor, modificar ou manter seu estado físico normal” Os aditivos podem ser: Intencionais: Optativos: Não influenciam na estrutura do produto (adicionar ou não fica a critério do fabricante). Ex: corante. Obrigatórios: Devem ser incorporados ao produto e fazem parte da estrutura. Ex: Espessantes. Os aditivos podem ser: Incidentais: São substâncias residuais ou migradas encontradas nos produtos nas fases de processamento ou no produto final; São originados de produtos utilizados na pulverização de vegetais e frutas; Ex: hidróxido de cálcio (cal, usado no refino de açúcar); Podem ocorrer em animais resultante de produtos aplicados na pele (tratamentos contra parasitas); Materiais de embalagens Importância do emprego de aditivos Na proteção da matéria prima: Possibilita aproveitamento de excedentes de produção; evita desperdício; Atua como agente complementar em processos de preservação e conservação; Na produção, segurança e melhoria do processo: Ajuda manter qualidade sanitária e organoléptica; Realça ou substitui caracteres dos alimentos; Aumento da vida de prateleira; Age como complemento em processos de conservação; Importância do emprego de aditivos No interesse do consumidor: Possibilita a existência do produto no mercado maior variedade em todas as épocas; Confere maior competitividade aos produtos Categorias de aditivos Conservantes Antioxidantes Aromatizantes Corantes Edulcorantes Acidulantes Estabilizantes Espessantes Umectantes Antiumectantes Antiespumante CONSERVANTES São ácidos orgânicos com diferentes propriedades e aplicações recomendadas em vários alimentos em função do pH. Utilizados nos alimentos para eliminar, total ou parcialmente, os MOS ou criar condições inadequadas ao seu crescimento. Sua função depende → Das propriedades físico-químicas do alimento, dos agentes contaminantes e das condições de armazenamento. CONSERVANTES CONSERVANTES Podem ser aplicados em: sucos e néctares de frutas, vinho, refrigerantes, queijos, carnes curadas, refrescos, margarinas, picles e azeitonas, leite de coco esterilizado, adoçantes de mesa e outros. A legislação brasileira permite o uso desses aditivos até um valor específico. ANTIOXIDANTES Função: Retardar ou impedir a deterioração dos alimentos, especialmente óleos e gorduras, evitando o ranço oxidativo → Reagir com os radicais livres. OU SEJA, cada molécula do antioxidante vai inativar um radical livre → Efeito limitado. Atuam melhor no início das reações. Antioxidantes permitidos pela legislação brasileira São utilizados em: alimentos infantis, cervejas, vinhos, refrigerantes, margarinas, cogumelos, refrescos, biscoitos, leite de coco, goma de mascar, óleo e gorduras, ANTIOXIDANTES Exemplos: Ácido ascórbico cerveja, conservas de carnes, margarinas, sorvetes; Ácido cítrico conservas vegetais, gorduras, margarinas; BHT Óleos e gorduras, produtos de cacau; Fosfolipídios (lecitina) Doce de leite, leite em pó instantâneo, sorvetes, biscoitos ACIDULANTES São substâncias que fornecem sabor ácido aos produtos Acidulantes Acidificantes Pequena mudança de pH; Apenas para melhoria de sabores Ácidos mais fortes que modificam o meio; Ex: produção de coalhada ACIDULANTES Uso: Balas, refrigerantes, hortaliças em conservas, gomas de mascar, geléias, produtos cárneos curados. AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES São correlacionados entre si por se complementarem mutuamente Aromatizantes: é a substância que confere e intensifica o aroma dos alimentos. Flavorizante:Substancia natural ou sintética, que transmite ou exalta o sabor e o aroma dos alimentos. Classificação: Naturais Obtidos exclusivamente por métodos físicos, microbiológicos ou enzimáticos, a partir de produtos de origem animal ou vegetal, aceitáveis para consumo humano, contendo substâncias odoríferas, em seu estado natural ou após tratamento enzimático ou outros. Compreendem: Óleos essenciais (ex.: de limão, de cebola, ...); extratos líquidos ou secos (ex.: de guaraná); bálsamos, substâncias aromatizantes/ aromas naturais isoladas (ex.: mentol – hortelã, vanilina – baunilha). AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES Classificação: Artificiais São compostos quimicamente definidos obtidos por processos químicos, compreendendo aromas idênticos ao natural e artificiais. Ex.: mentol Os idênticos ao natural possuem estrutura química igual às matérias-primas naturais e podem ser de origem vegetal, animal ou microbiana. Já os artificiais são obtido por síntese e ainda não forma percebidos em produtos de origem animal, vegetal ou microbiana. Ex.: etilmaltol AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES AROMATIZANTES E FLAVORIZANTES As principais rotas químicas de substâncias aromáticas em alimentos são: -Reação de Maillard - Caramelização - Autoxidação de lipídios - Autoxidação de carotenóides CORANTES São utilizados para conferir, intensificar ou restaurar a cor de um alimento. São classificados em: Corante orgânico natural É obtido a partir de vegetal, eventualmente do animal, cujo princípio corante foi isolado com emprego de processo tecnológico. Ex.: Urucum (+ importante), carmim de cochonilha, curcumina, clorofila, antocianinas, betanina, xantofilas, ... Corante orgânico sintético É obtido por síntese orgânica através de processo tecnológico adequado, artificial (não encontrado em produtos naturais) ou idêntico ao natural (estrutura química similar ao princípio ativo). CORANTES A legislação permite o uso em iogurtes, leites aromatizados, queijos, licores, balas, refrescos, refrigerantes, ... EDULCORANTES De acordo com a ANVISA, edulcorantes são substâncias, diferentes dos açúcares, que conferem sabor doce aos alimentos. Edulcorantes calóricos e não-calóricos Usados como substitutos de açúcar; Objetivos: Diminuir quantidade de calorias em alimentos Para fins especiais; Edulcorantes não calóricos; Edulcorantes calóricos 4cal/g Edulcorantes alternativos calóricos Contempla sorbitol, manitol e o xilitol São polióis; O sorbitol obtido pela redução da glicose. Fornece 4,0 Kcal/g Cristalizado é um pó branco muito higroscópico (afeta estabilidade); Seu metabolismo não requer insulina (absorção passiva sem aumento glicemia) alimentos para diabéticos; Doses excessivas podem causar flatulência e desconforto intestinal Manitol obtido pela redução da manose; Alto custo econômico; Valor calórico 2,4 Kcal/g, segundo a FAO e OMS a dose diária deve ficar entre 50 e 150 mg manitol/kg de peso. Potencial doçura: 0,45 o valor da sacarose; É metabolizado no fígado onde é transformado em frutose; Edulcorantes alternativos calóricos Xilitol obtido pela hidrogenação da xilose; Oferece 4 Kcal/g Seu poder edulcorante varia em função da temperatura e do pH; Único que pode ser subituído pela mesma quantidade que a sacarose (1:1); Altas doses pode causar problemas intestinais; Em alguns países é utilizados em doces infantis pra redução de cáries; Edulcorantes alternativos calóricos Contempla: sacarina, ciclamato, aspartame, acelsulfame K, sucralose; Sacarina Deriva do benzeno (petróleo); Poder adoçante: até 300 x maior que a sacarose; Estudos demonstraram que ela pode causar câncer (em alguns países é proibida); 5,0 mg/peso corporal/dia; Na gravidez estudos apontam que ela atravessa a placenta; Pode ir ao fogo porque mantém seu poder de adoçar, em alta temperatura; deixa gosto residual doce metálico Edulcorantes alternativos não calóricos Ciclamatos ácido ciclâmico e seus sais Não deixa sabor residual; Poder adoçante até 40 x maior sacarose; Usado para agir sinergicamente com outros edulcorantes; 11mg/peso corporal/dia; Edulcorantes alternativos não calóricos Aspartame formado quimicamente por dois aminoácidos muito comuns nas proteínas; L-ácido aspártico e L-fenilalanina; Muito doce uso moderado (200 x maior sacarose); Limite ingestão 40 mg/kg/dia Sensível a altas temperaturas (cozimento); Na comercialização deve-se advertir o consumidor que contém fenilalanina para pessoas que sofrem de fenilcetonúria (dificuldade congênita de metabolizar esse aa); Edulcorantes alternativos não calóricos Acelsulfame K sal de potássio metilado; Poder adoçante 200 x maior que a sacarose; Tolera temperaturas elevadas; Limite 9 a 15 mg/Kg/dia É usado como potencializador do poder edulcorante (junto com o aspartame); Não deixa sabor residual; Edulcorantes alternativos não calóricos Sucralose sacarose onde foram substituídas três das suas OH por moléculas de Cl; Aproximadamente 600 a 800 x mais doce que o açúcar 15mg/Kg/dia (FDA); Possui a mesma solubilidade do açúcar; Tolera altas temperaturas (maior estabilidade); Embora a sucralose seja feita do açúcar, o corpo não o reconhece como açúcar ou outro carboidrato. A molécula de sucralose passa pelo corpo sem se modificar, isto é, não é metabolizada, e é eliminada após o consumo. Edulcorantes alternativos não calóricos Esteviosídeo extração folhas de estévia calorias/grama Zero Estabilidade a temperatura Estável a altas temperaturas; O esteviosídeo é até 300 vezes mais doce que a sacarose. Apresenta sinergismo associado a aspartame, acesulfame-K e ciclamato, mas não com sacarina. O perfil de sabor é semelhante ao da sacarose, contudo é mais persistente e mostra sabor residual amargo, que diminui com o aumento da pureza. A IDA estabelecida foi de 5,5 mg/kg de peso. Edulcorantes alternativos não calóricos Taumatina proteína extraída da Fruta Katemfe (África) composta por uma sequência de 207 aminoácidos, e é digerida pelo corpo humano e pelos animais seguindo o metabolismo normal de outras proteínas naturais (GRAS); Estabilidade a temperatura e baixo pH É até 3 mil vezes mais doce que a sacarose. Apresenta sinergismo associado a todos os outros edulcorantes. A taumatina é o único adoçante de alta intensidade aprovado sem limite máximo de uso (quantum satis) pela ANVISA. Edulcorantes alternativos não calóricos EDULCORANTES Há uma nova geração de novos adoçantes (dipeptídeos): Neotame: 7.000 a 13.000 x mais que o açúcarAutorizado no Brasil Alitame: 2.000 x mais doce que o açúcar Ainda não autorizado No Brasil ESPESSANTES DEFINIÇÃO São substâncias que aumentam a viscosidade de um alimento, que se apresentam como soluções, emulsões e suspensões, ou seja, aumentam a consistência do alimento. A maioria é constituído por CHO naturais (plantas, MOS). USO: goma de mascar, creme de leite esterilizado, balas, caramelos, gelatinas, flans, ... ESPESSANTES ESTABILIZANTES/ EMULSIFICANTES DEFINIÇÃO É a substância que torna possível a manutenção de uma dispersão uniforme de 2 ou mais substâncias imiscíveis em um alimento. Existem vários tipos, mas a maioria atua em emulsões. USO: Molhos e coberturas para saladas, leite achocolatado, refrigerantes de frutas, sucos de frutas, sorvetes, sobremesas e produtos de confeitaria. Ajudam também na formação de gel e no perfil de viscosidade desejada do alimento. ESTABILIZANTES/ EMULSIFICANTES EMULSÃO: Dispersão de um líquido não miscível em outro. EMULSIFICANTE: Ingrediente funcional com propriedades lipofílicas e hidrofílicas, que é absorvido na interface, formando um filme entre os dois produtos: Parte polar tem afinidade com a água e a apolar com a gordura. USO Carnes ou produtos cárneos, gastronomia molecular, ... ESTABILIZANTES/ EMULSIFICANTES ESTABILIZANTE UMECTANTES Definição • São substâncias que protegem os alimentos da perda de umidade em ambiente de baixa umidade relativa ou que facilitam a dissolução de uma substância seca em meio aquoso. • PROPRIEDADE → Retém a água dos alimentos para evitar ressecamento (Polióis que formam pontes de hidrogênio). UMECTANTE ANTIUMECTANTES DEFINIÇÃO São substâncias capazes de reduzir as características higroscópicas dos alimentos e diminuir a tendência de adesão, uma às outras, das partículas individuais. OU SEJA, retardam a absorção de umidade do alimento, permitindo um melhor fluxo do pó e evitando o empedramento do produto. USO: sal de mesa(Silicato de alumínio) , condimentos em pó, ovo desidratado, café solúvel, pós para refrescos(Carbonato de cálcio) , preparados sólidos para refrescos, refrigerantes, ... ANTIESPUMANTE DEFINIÇÃO É a substância que previne ou reduz a formação de espuma pela redução da tensão superficial. Quem é: Dimetilpolisiloxana (INS 900) – IDA 0 a 1,5 mg/ kg É um tipo de silicone usado em óleos e gorduras para fins industriais e preparados líquidos, para refrescos e refrigerantes Considerações sobre o uso de aditivos • Do ponto de vista industrial exercem inúmeras funções, garantindo alto padrão e maior tempo de durabilidade; • Do ponto de vista do consumidor alimentos são veículos de nutrição e não podem conter agentes agressivos; • As preocupações se fixam na toxidez: • Uso incorreto do aditivo; • Falha na padronização do seu uso; • Malefícios que podem causar a saúde humana; COMO DECLARAR?? Resolução RDC nº 259, de 20 de setembro de 2002 Os aditivos alimentares devem ser declarados fazendo parte da lista de ingredientes. Esta declaração deve constar de: a) a função principal ou fundamental do aditivo no alimento; b) seu nome completo ou seu número INS (Sistema Internacional de Numeração, Codex Alimentarius FAO/OMS), ou ambos. Quando houver mais de um aditivo alimentar com a mesma função, pode ser mencionado um em continuação ao outro, agrupando-os por função. Os aditivos alimentares devem ser declarados depois dos ingredientes. Para os casos dos aromas/aromatizantes declara-se somente a função e, optativamente sua classificação, conforme estabelecido em Regulamentos Técnicos sobre Aromas/Aromatizantes. OBRIGADA!!
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