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Perguntas respondidas Mostre-me outra » Uma ação revisional de contrato de financiamento de veículos dá certo? Ouvi dizer que esse tipo de ação pode reduzir em muito o valor das prestações de um financiamento. Como saber se é o nosso caso? E o percentual de redução? Há riscos? Quanto tempo demora? 2 anos atrás Denuncie José Mario Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta Dá sim Shirley, mas, como em tudo no Direito, os resultados dependem do financiamento que você fez e do que lhe foi cobrado indevidamente pelo agente financeiro. Primeiro, temos que saber se você tem direito a entrar com a Ação, o que só acontece se você ainda está pagando o financiamento ou se terminou há até 2 anos. Fora desse prazo, nada feito. A Ação, dentro desse prazo, pode ser impetrada tanto para veículos quitados quanto para veículos ainda sendo pagos. Segundo: têm que ser feito um levantamento das cláusulas contratuais, as taxas que foram incluídas no mesmo, os critérios de financiamento e os valores obtidos com capitalização de juros (juros sobre juros, que são ilegais). Feito esse levantamento, saberemos o que você tem direito a devolução. Segundo o Código de Defesa do Consumidor, os valores cobrados a maior (a menos que tenha havido “hipótese de engano justificável” – o que nunca há) devem ser pagos em dobro, com juros legais (1% ao mês) e correção monetária. Veja: Art. 42. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Por nossa experiência na área do Direito Bancário, podemos afirmar que na primeira audiência, o banco tende a chamar o consumidor para um acordo. Toma essa atitude de modo a fugir da obrigação de pagar o valor em dobro, caso a Ação seja levada até o final. Aí dependerá de você aceitar ou não. Quanto a riscos, podemos afirmar que o percentual de sucesso em tais ações é elevadíssimo, em virtude de que as taxas e práticas ilegais usuais identificadas na Ação ferem normas previstas em Lei, com vasta jurisprudência desfavorável às instituições financeiras. Sobre quanto tempo demora a solução da Ação, gostaria que soubesse que esse tipo de Ação tramita em Juizado Especial e tem prazo médio de 6 meses para solução definitiva, tendo prazo máximo de um ano, em casos excepcionais e raros. Veja a seguir um exemplo de cálculo, solicitado por um cliente anteontem: Simulação (imaginando-se apenas uso de critério indevido do cálculo de juros, e a não inclusão de taxas ilegais): Valor financiado: R$ 21.000,00 Parcelas totais: 60 Parcelas pagas: 41 primeira parcela: 20/03/2008 Valor das parcelas: R$ 581,01 Taxa de juros: 1,8404% Pelo valor financiado de R$ 21.000,00, o veículo sairá, após 5 anos, por R$ 34.860,60, ou seja, com uma diferença de R$ 13.860,60. Aparentemente, está tudo normal, certo? Não! Na verdade, o consumidor brasileiro acostumou-se com esse absurdo, que é ilegal e cuja incidência fere o Código de Defesa do Consumidor. As financeiras usam habitualmente o Sistema Francês de Amortização (SFA) – que utiliza juros sobre juros – o que acaba resultando no valor acima, com a capitalização de juros ou anatocismo. Pelo cálculo legal, de aplicação de juros seria pelo método ponderado linear (MPL), que é o método previsto em Lei, usando-se a mesma taxa, o valor desse carro, após 60 meses, seria de R$ 29.756,86, ou seja, uma diferença de R$ 5.103,74. Feita a comparação entre os dois critérios e chegando-se a esse valor (que pode ser muito maior, dependendo de taxas ilegais que costumam ser incluídas, como TAC, Gravame Eletrônico, e outras), e impetrando-se uma Ação Revisional de Contrato e uma de Ressarcimento de Valores Pagos Indevidamente, o resultado será outro: o agente financeiro será obrigado, como visto acima, a restituir “Repetição do Indébito”, ou seja, pagar em dobro o valor cobrado a maior. No caso do exemplo, a pessoa estaria devendo, antes da Ação, 19 parcelas de R$ 581,01, o que daria R$ 11.039,19 Como o banco sabe que o Código de Defesa do Consumidor prevê o pagamento em dobro, irá propor o acordo de “dar um desconto” (que na verdade será expurgar o valor ilegal), para fugir do pagamento em dobro. Assim, com o acordo, o consumidor pagaria até o final do financiamento 19 x R$ 312,39 e não mais 19 x R$ 581,01, recebendo um desconto de R$ 5.103,78. O banco ficaria ainda no lucro. Caso o consumidor rejeite o acordo, deverá pagar tão somente a diferença entre o que falta e o valor em dobro que o banco deverá restituir, ou seja, pagará apenas R$ 831,71 e ponto final – o veículo estará quitado. Caso queria saber mais a respeito das formas de cálculo, disponibilizamos em nosso site (www.araujosilvaadvocacia.com.br ), na seção BIBLIOTECA, gratuitamente, o livro Isto É Coleção Gestão Empresarial 9 "Como Usar a Matemática Financeira". Desejando maiores conhecimentos a respeito de outros abusos de instituições financeiras, que podem vir a prejudicá-la e aos seus, você pode igualmente obter, em nosso site, o meu livro em versão digital, gratuitamente, no link LIVRO DIREITO BANCÁRIO (Direito Bancário: o que some da sua conta sem você perceber...) Espero poder ter sido útil. Dr. José Mario Araujo da Silva - OAB/SP Nº 122.639
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