Buscar

Genograma Mapeamento dos Sistemas Familiares

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

1
Genogramas: mapeamento dos
sistemas familiares
O genograma foi consagrado como uma estrutura práti-ca para a compreensão dos 
padrões familiares. O propósito deste li-
vro é explicar os usos práticos, teóricos, 
gráficos e clínicos do genograma e o seu 
potencial para a pesquisa. O formato pa-
dronizado do genograma está se transfor-
mando em uma linguagem comum para 
rastrear a história e os relacionamentos 
familiares (ver a chave impressa na parte 
interna da capa frontal deste livro). Ape-
sar da ampla utilização dos genogramas 
por terapeutas de família, médicos de 
família e outros profissionais da área da 
saúde, não havia um formato de consen-
so para os genogramas antes da primeira 
edição deste livro, em 1985. Mesmo entre 
os terapeutas com orientações teóricas si-
milares havia apenas um frágil consenso 
sobre quais as informações específicas 
a serem buscadas, como registrá-las e o 
que tudo aquilo significava. O formato 
padronizado do genograma usado neste 
livro foi desenvolvido na década de 1980 
por um comitê de importantes proponen-
tes do genograma que trabalham com 
terapia e medicina de família, incluindo 
pessoas chave como Murray Bowen, Jack 
Froom e Jack Medalie. Eles fizeram par-
te de um comitê organizado pelo Grupo 
Norte-Americano de Pesquisa em Cui-
dados Primários para definir os símbolos 
mais práticos para o genograma e chegar 
a um acordo sobre um formato padroni-
zado. Desde que o formato foi original-
mente publicado em 1985, houve muitas 
modificações recomendadas por diferen-
tes grupos por todo o mundo. Encaramos 
o formato incluído nesta edição como um 
trabalho em andamento, já que o uso de 
genogramas sem dúvida ampliará ainda 
mais o formato. Por exemplo, os com-
putadores nos conduziram a iniciar o 
desenvolvimento de uma codificação de 
cores-padrão para nomes, localização, 
ocupação, doenças, etc. Os símbolos cer-
tamente ainda serão modificados no fu-
turo, assim como já foram modificados 
nas últimas quatro décadas.
Os genogramas registram informa-
ções sobre os membros de uma família 
e suas relações em pelo menos três gera-
ções. Exibem graficamente as informações 
familiares de forma a possibilitar uma rá-
pida Gestalt dos padrões familiares com-
plexos; como tal, são uma fonte muito rica 
de hipóteses sobre como os problemas 
clínicos se desenvolvem no contexto da 
família ao longo do tempo.
McGoldrick_01.indd 21McGoldrick_01.indd 21 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
22 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
Além de apresentar esse formato pa-
dronizado, Genogramas: avaliação e inter-
venção descreve os princípios interpreta-
tivos sobre os quais os genogramas estão 
baseados, bem como as possibilidades 
para softwares, que podem registrar in-
formações do genograma e armazená-las 
para recuperação com o propósito de pes-
quisa. Além disso, o livro descreve a apli-
cação dos genogramas em muitas áreas 
clínicas. As diretrizes do genograma aqui 
apresentadas foram desenvolvidas du-
rante as últimas décadas em colaboração 
com muitos colegas. Essas diretrizes ainda 
estão em desenvolvimento, à medida que 
progride a forma como pensamos sobre as 
famílias. Esta terceira edição define ainda 
mais os símbolos e convenções que fazem 
do genograma a melhor linguagem escrita 
para resumir as informações de uma famí-
lia e descrever os padrões familiares.
Os genogramas atraem os terapeutas 
porque são representações gráficas tangí-
veis de padrões familiares complexos. A ne-
cessidade de tais mapas chegou a tal ponto 
que o Festival de Música de Salzburg ofe-
receu recentemente um tipo de genograma 
para acompanhar as relações familiares de 
uma ópera de Mozart (Oestreich, 2006). É 
claro que, se tivessem conhecimento sobre 
genogramas, poderiam ter feito um gráfico 
ainda melhor, como o que fizemos para um 
dos mais complicados enredos de ópera, Il 
Trovatore (Figura 1.1).
Neste caso, o velho Conde Di Luna, 
achando que uma cigana havia enfeitiça-
do seu filho, mandou queimá-la no poste. 
A cigana fez com que sua filha prometes-
se vingança. A filha, Azucena, pretendia 
matar o conde, mas acidentalmente ma-
tou o próprio filho e depois criou o filho 
do conde como se fosse seu. O filho cres-
Espanhóis Ciganos
Azucena
Leonora Manrico
Velho Conde Di Luna 
Conde
Di Luna 
Achava que a mãe de Azucena lançara um feitiço
sobre seu filho. Mandou queimá-la na fogueira. 
Disse à filha para
se vingar do velho
conde pelo seu
assassinato.
Prometeu vingar o
assassinato da mãe.
Por engano matou
seu próprio filho e
depois criou o filho
do conde.
O filho mais novo do conde tido
como morto foi roubado por Azucena,
que o criou como Manrico. Ele agora
volta disfarçado como trovador
(cavaleiro de armadura).
Planeja entrar para
o convento porque
teme que o seu amado
tenha sido morto. 
Figura 1.1 Il Trovatore, de Verdi.
McGoldrick_01.indd 22McGoldrick_01.indd 22 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 23
ceu e se tornou um trovador e cavaleiro 
que se apaixonou por uma jovem mulher, 
Leonora, que estava sendo perseguida 
por seu irmão mais velho, o jovem Conde 
Di Luna. Neste genograma, mostramos o 
filho do velho Conde Di Luna em todas as 
suas encarnações (o filho aparentemente 
morto do conde, o filho adotado de Azu-
cena e o amante trovador de Leonora). No 
final da ópera, é claro, tudo é revelado, 
e os três personagens são reconhecidos 
como um.
Os genogramas permitem mapear 
claramente a estrutura familiar e ob-
servar e atualizar o mapa dos padrões 
de relações e funcionamento da família 
à medida que vão surgindo. Para o re-
gistro clínico, o genograma possibilita 
um resumo eficiente, permitindo que 
uma pessoa que não está familiarizada 
com o caso obtenha rapidamente uma 
grande quantidade de informações so-
bre a família e analise os problemas e os 
recursos potenciais. Enquanto as ano-
tações escritas em um gráfico ou ques-
tionário podem ficar perdidas em um 
registro, as informações do genograma 
são imediatamente reconhecíveis e po-
dem receber acréscimos e ser corrigidas 
a cada consulta clínica à medida que se 
vai sabendo mais coisas sobre a família. 
Os genogramas podem ser criados para 
qualquer período da história da família, 
mostrando as idades e relações daque-
le momento para melhor entender os 
padrões familiares enquanto eles se de-
senvolvem através do tempo. Em breve, 
um software permitirá que os terapeutas 
acompanhem a linha do tempo ou cro-
nologia da família – para acompanhar 
os detalhes dos principais desenvolvi-
mentos nas relações, saúde, etc., durante 
todo o ciclo de vida da família.
Os genogramas facilitam que tenha-
mos em mente a complexidade do con-
texto de uma família, incluindo a história, 
os padrões e os eventos familiares que po-
dem ter algum significado para o pacien-
te. Assim como nossa linguagem falada 
potencializa e organiza nossos processos 
de pensamento, os genogramas auxiliam 
os terapeutas a pensarem sistematica-
mente sobre como os acontecimentos e re-
lações nas vidas dos seus clientes estão re-
lacionados a padrões de saúde e doença.
A coleta de informações para o geno-
grama deve ser parte integrante de uma 
avaliação clínica mais abrangente, caso 
se deseje apenas saber quem faz parte 
da família e quais são os fatos da sua si-
tuação atual e história. É uma ferramenta 
interpretativa que possibilita que os tera-
peutas formulem hipóteses provisórias 
para aprofundar o exame na avaliação da 
família. O genograma não pode ser usa-
do como um livro de receitas para prog-
nósticos clínicos, mas pode sensibilizar os 
terapeutas para aspectos sistêmicos rele-
vantes sobre a disfunção atual e sobre as 
fontes de resiliência. O software logo tor-
nará possível estudar os padrões do ge-
nograma de múltiplas famílias, além de 
comparare contrastar os perfis de todos 
os casos na base de dados do genograma.
Graças ao novo e impressionante 
campo da genealogia genética (Harmon, 
2006), todos teremos acesso a nossas his-
tórias genéticas de formas que jamais 
imaginamos serem possíveis, e estamos 
apenas no princípio de todo um novo 
conjunto de possibilidades de conhecer-
mos a nossa família e a nossa herança cul-
tural – desde a nossa ligação com Genghis 
Khan ou Maria Antonieta até a realidade 
de nossas heranças cultural e racial, que 
podem estar profundamente ocultadas 
McGoldrick_01.indd 23McGoldrick_01.indd 23 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
24 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
pelas tradições familiares. A possibilidade 
de mapear nossa árvore familiar com o 
auxílio de computadores é apenas uma 
forma pela qual poderemos incorporar 
as complexidades que conheceremos so-
bre nossa herança, e esta é a rota para o 
estudo dos padrões familiares de relação, 
funcionamento e doença. Os computado-
res são o futuro dos genogramas!
Tipicamente, o genograma é cons-
truído a partir das informações reunidas 
durante o primeiro encontro com um 
cliente/paciente e revisado quando novas 
informações vão se tornando disponíveis. 
A avaliação inicial forma a base para o 
tratamento. É importante enfatizar, con-
tudo, que os terapeutas costumam não 
compartimentalizar avaliação e tratamen-
to. Cada interação do terapeuta com um 
membro da família informa a avaliação e, 
assim, influencia a intervenção seguinte.
Os genogramas ajudam o terapeuta 
a conhecer uma família. Assim, transfor-
mam-se em uma forma importante de “se 
vincular” às famílias em terapia. Ao cria-
rem uma perspectiva sistêmica que ajuda 
a monitorar aspectos familiares através 
do tempo e do espaço, os genogramas 
possibilitam que o entrevistador reestru-
ture, desintoxique e normatize questões 
carregadas de emoção. A entrevista do 
genograma também proporciona um ve-
ículo prático para o questionamento sis-
têmico que, além de fornecer informações 
ao terapeuta, começa a orientar os clientes 
para uma perspectiva sistêmica. O geno-
grama ajuda tanto o terapeuta quanto a 
família a ver o “quadro mais amplo” – 
isto é, visualizar os problemas no seu con-
texto atual e histórico. As informações 
estruturais, relacionais e funcionais sobre 
uma família podem ser encontradas em 
um genograma, tanto horizontalmente no 
contexto familiar quanto verticalmente 
através das gerações.
O exame da dimensão do contexto 
familiar atual permite que o terapeuta 
avalie as conexões entre os membros da 
família nuclear e também com o sistema 
mais amplo – a família extensa, os amigos, 
a comunidade, a sociedade e a cultura –, 
bem como os pontos fortes e as vulnera-
bilidades da família em relação à situação 
como um todo. Consequentemente, incluí-
mos no genograma os membros da família 
nuclear e extensa, bem como os “paren-
tes” não consanguíneos que viveram ou 
desempenharam um papel importante na 
vida familiar. Também observamos acon-
tecimentos relevantes (mudanças, altera-
ções no ciclo vital) e problemas (doenças, 
disfunções). O comportamento atual e os 
problemas dos membros da família podem 
ser acompanhados no genograma a par-
tir de múltiplas perspectivas. O paciente 
identificado (o “PI” ou pessoa com o pro-
blema ou sintoma) pode ser examinado no 
contexto de vários subsistemas, tais como 
irmãos, triângulos e relações recíprocas, 
ou em relação à comunidade mais ampla, 
instituições sociais (escola, justiça, etc.), e 
ao contexto sociocultural. Em breve pode-
remos explorar toda uma base de dados 
de genogramas para padrões particulares: 
padrões genéticos, doenças, padrões de 
funcionamento de gênero e irmãos, proba-
bilidade de triângulos em que um dos pais 
está próximo e o outro distante, perdas ou 
traumas em gerações anteriores, correla-
ções entre as várias constelações de siste-
mas e assim por diante.
Ao examinarem historicamente o sis-
tema familiar e avaliarem as transições 
do ciclo vital, os terapeutas conseguem 
colocar as questões presentes dentro do 
contexto dos padrões evolutivos fami-
McGoldrick_01.indd 24McGoldrick_01.indd 24 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
Genogramas ▲ 25
liares. O genograma usualmente inclui 
pelo menos três gerações de membros 
da família, bem como os eventos nodais 
e críticos na história familiar, particular-
mente em relação ao ciclo vital. Quando 
os membros da família são questionados 
sobre a situação presente no que se refe-
re a temas, mitos, regras e questões car-
regadas emocionalmente das gerações 
anteriores, com frequência se tornam 
claros os padrões repetitivos. Os geno-
gramas “deixam o calendário falar” ao 
sugerirem as possíveis conexões entre os 
acontecimentos na família ao longo do 
tempo. Padrões de doença prévia e alte-
rações anteriores nas relações familiares 
causadas por perda e outras mudanças 
críticas na vida, que alteram a estrutura 
familiar e outros padrões, podem facil-
mente ser observados no genograma. Os 
genogramas computadorizados possibi-
litarão que exploremos os padrões fami-
liares e as constelações de sintomas espe-
cíficos. Tudo isso oferece uma estrutura 
para a formulação de hipóteses sobre o 
que atualmente pode estar influenciando 
uma crise em uma determinada família. 
Aliada aos genogramas, usualmente in-
cluímos uma cronologia da família, que 
descreve a história familiar em ordem 
cronológica. Um programa computado-
rizado que reúna e mapeie as informa-
ções do genograma com uma base de 
dados tornará muito mais fácil para o te-
rapeuta o rastreamento da história fami-
liar porque uma cronologia poderá mos-
trar os acontecimentos de um momento 
particular na história da família.
As aplicações do genograma variam 
desde simplesmente descrever as infor-
mações demográficas básicas sobre uma 
família, o que pode ser feito em uma en-
trevista médica ou de enfermagem de 
15 minutos (Wright e Leahey, 1999), até 
o mapeamento multigeracional do sis-
tema emocional da família usando uma 
estrutura de Bowen (ver Bibliografia por 
Tópicos: Avaliação, Genogramas e Teoria 
dos Sistemas), até a geração de hipóteses 
sistêmicas para intervenções estratégicas 
e o desenvolvimento de hipóteses “proje-
tivas” sobre o funcionamento do incons-
ciente a partir das entrevistas do genogra-
ma. Alguns sugeriram modificações do 
formato do genograma (ver Bibliografia 
por Tópicos: Variações do Genograma, 
Ecomapas, Linhagens e Sociogramas), 
tais como a “linha do tempo” de Frie-
dman, Rohrbaugh e Krakauer (1988), o 
genograma de Watts Jones (1998) para 
descrever a família “funcional”, os dia-
gramas dos vínculos de Friesen e Manitt 
(1991), o genogrid de Burke e Faber (1997) 
para descrever as redes das famílias lésbi-
cas, ou genogramas espirituais/religiosos 
(ver Bibliografia por Tópicos: Religião, es-
piritualidade). Alguns terapeutas enfati-
zaram a utilidade dos genogramas para o 
trabalho com famílias em vários estágios 
do ciclo vital (ver Capítulo 8 e Bibliogra-
fia por Tópicos: Ciclo de Vida Familiar), 
para rastrear as configurações relacionais 
complexas vistas em famílias recasadas 
(ver Bibliografia por Tópicos: Divórcio e 
Recasamento), engajar e rastrear famílias 
complexas e culturalmente diversas (ver 
Bibliografia por Tópicos: Cultura e Raça), 
explorarquestões específicas, como se-
xualidade e história sexual da família com 
genogramas sexuais (Hof e Berman, 1986; 
McGoldrick, Loonan e Wolsifer, 2006), e 
fazer intervenções familiares, como com 
os genogramas lúdicos (ver Capítulo 10). 
Alguns utilizaram genogramas como 
base para ensinar adultos analfabetos a 
lerem, entrevistando-os sobre os próprios 
McGoldrick_01.indd 25McGoldrick_01.indd 25 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Claudirene
Realce
Claudirene
Realce
26 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
genogramas, transcrevendo suas histórias 
e fazendo-os lerem suas narrativas (Da-
rkenwald e Silvestri, 1992). Outros usa-
ram genogramas de trabalho e carreira 
para facilitar decisões profissionais (Gib-
son, 2005; Moon, Coleman, McCollum, 
Nelson e Jensen-Scott, 1993) ou para ilus-
trar organizações como uma prática mé-
dica (McIlvain, Crabtree, Medder, Stran-
ge e Miller, 1998). Alguns criativamente 
ampliaram o conceito de genograma com 
o que chamam de generograma, o qual 
mapeia as relações de gênero ao longo do 
ciclo vital (White e Tyson-Rawson, 1995).
O genograma foi utilizado na evoca-
ção de narrativas familiares e ampliação 
de histórias culturais (Congress, 1994; 
Hardy e Laslffy, 1995; McGill, 1992; Sher-
man, 1990; Thomas, 1998), na identifica-
ção de estratégias terapêuticas, como a 
reestruturação e desintoxicação dos le-
gados familiares (Gewirtzman, 1998), em 
terapia focada na solução (Zide e Gray, 
2000), como validação para crianças que 
estão crescendo em abrigos e em famílias 
com constelações familiares diferentes 
(Altshuler, 1999; McGoldrick e Colon, 
2000; McMillen e Groze, 1994), na des-
coberta dos pontos fortes das famílias e 
suas respostas únicas para os problemas 
(Khuehl, 1995) e no trabalho com popu-
lações particulares, como crianças (Fink, 
Kramer, Weaver e Anderson, 1993), idosos 
e casais em aconselhamento pré-marital 
(Shellenberger, Watkins-Couch e Drake, 
1989). Muitos desses autores reivindica-
ram mais pesquisas usando genogramas. 
Por exemplo, Ingersoll-Dayton e Arndt 
(1990) escreveram persuasivamente sobre 
o potencial de pesquisa dos genogramas 
para os assistentes sociais gerontológi-
cos avaliarem e intervirem em casos de 
adultos idosos ou para profissionais que 
apoiam os cuidadores de idosos que estão 
se sentindo sobrecarregados com a sua 
função. Makungu Akinyela utiliza geno-
gramas para dar um curso sobre a família 
afro-americana no Departamento de Es-
tudos Afro-americanos da Universidade 
Estadual da Geórgia, em Atlanta. Nesse 
curso os alunos buscam a história da sua 
própria família e a colocam em conver-
sação com a literatura de pesquisa sobre 
política, história, migração e desenvolvi-
mento cultural das famílias afro-america-
nas. Utilizando essa abordagem, os alu-
nos podem ver a conexão entre a pesquisa 
acadêmica e a experiência vivida por suas 
próprias famílias.
Em anos recentes, boa parte da lite-
ratura sobre genogramas teve foco na 
expansão do seu significado para incluir 
o contexto mais amplo, embora os gráfi-
cos desses genogramas ampliados não 
tenham sido bem desenvolvidos de um 
modo geral. Foi dada muita atenção ao 
“genograma cultural”, referindo-se ao 
foco específico nos aspectos culturais da 
história de uma família e ao genograma 
religioso ou espiritual, que tem seu foco 
na história religiosa de uma família e nas 
formas específicas que a religião e a espi-
ritualidade assumem nos padrões fami-
liares. Foi escrito um livro inteiro sobre 
“genogramas da comunidade”, embora 
os gráficos não se pareçam com geno-
gramas e não descrevam o mapa de três 
gerações da família como um contexto bá-
sico (Rigazio-DiGilio, Ivey, Kunkler-Peck 
e Grady, 2005). A dificuldade em descre-
ver genogramas ampliados está em apre-
sentar múltiplas dimensões em um único 
gráfico, refletindo o antigo problema de 
os diagramas manterem o compromisso 
entre a quantidade de informações incluí-
das e a clareza do gráfico. Discutiremos 
McGoldrick_01.indd 26McGoldrick_01.indd 26 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 27
alguns desses aspectos na esperança de 
que no futuro encontremos formas criati-
vas de exibir e rastrear as informações do 
genograma ampliado. Tentaremos pelo 
menos estimular a discussão sobre como 
essas questões podem vir a ser descritas 
visualmente nos gráficos do genograma. 
Obviamente, os genogramas por compu-
tador vinculados a uma base de dados 
terão muito mais possibilidades de des-
crever questões específicas, uma ou duas 
ao mesmo tempo, ou de fazer gráficos 
diferentes para diferentes momentos na 
história da família.
É importante observar que alguns 
terapeutas de família (como Haley, 
Minuchin e White) na verdade evitavam 
a utilização dos genogramas. Haley, por 
exemplo, com frequência dizia que não 
acreditava em fantasmas. Entretanto, em-
bora terapeutas estruturais e estratégicos 
de família como Minuchin, Watzlawick 
e Sluzki não tenham usado genogramas 
em suas abordagens, preferindo focar nas 
relações da família nuclear, eles compar-
tilham uma preocupação quanto às es-
truturas hierárquicas, particularmente as 
alianças em que se cruzam as fronteiras 
geracionais. Michael White (2006) sugeriu 
que a coleta de informações para o geno-
grama é problemática porque “privilegia” 
certas experiências da família de origem 
na comparação com outras relações, o que 
pode desqualificar ou não reconhecer es-
sas outras pessoas. No entanto, ele e ou-
tros profissionais do movimento da tera-
pia narrativa expressaram forte interesse 
por histórias de membros da sociedade 
que foram marginalizados. Acreditamos 
que é precisamente esse aspecto – a arti-
culação de padrões históricos – um dos 
aspectos mágicos dos genogramas. Eles 
podem revelar aspectos da família que 
foram ocultados dos seus membros – se-
gredos da sua história. Tais revelações 
ajudam as famílias a entenderem seus di-
lemas atuais e oferecem soluções futuras. 
De fato, um dos aspectos mais atraentes 
dos genogramas é a forma como eles con-
duzem as famílias para além das pers-
pectivas lineares unidimensionais que 
com tanta frequência caracterizaram as 
explicações psicológicas. Eles na verdade 
ensinam as pessoas a pensarem sistemi-
camente porque, assim que os membros 
da família e os terapeutas identificam um 
padrão, sua visão é ampliada ao verem 
também outros padrões. A grande rique-
za do próprio gráfico do genogama facili-
ta a identificação de mais de um padrão 
ao mesmo tempo.
Medicina de família
Foram os médicos de família que primeiro 
desenvolveram o uso do genogama para 
registrar e acompanhar a história médica 
de uma família de modo eficiente e con-
fiável (ver Bibliografia por Tópicos: Ser-
viços de Saúde, Medicina, Enfermagem, 
Estresse e Doença; Campbel, McDaniel, 
Cole-Kelly, Hepworth e Lorenz, 2002; 
Jolly, Froom e Rosen, 1980; Medalie, 1978; 
Mullins e Christie-Seely, 1984; Olsen, 
Dudley-Brown e McMullen, 2004; Rakel, 
1977; Rogers, Durkin e Kelly, 1985; Rogers 
e Holloway, 1990; Sloan, Slatt, Curtis 
e Ebell, 1998; Taylor, David, Johnson, 
Phillips e Scherger, 1998; Tomson, 1985; 
Wimbush e Peters, 2000; Wright e Leahey, 
1999, 2000; Zide e Gray, 2000). Foram os 
médicos de família que primeiro propu-
seram a padronização dos símbolos do 
genograma (Jolly et al., 1980). Crouch 
McGoldrick_01.indd 27McGoldrick_01.indd 27 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
28 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
(1986), um dos médicos de família mais 
influentes na promoção dos genogramas, 
também foi um dos primeiros na medi-
cina a escrever a respeito do valor de se 
trabalhar com a própria família com o 
propósito de desenvolvimento profissio-
nal, uma abordagem que foi amplamente 
promovida por Bowen e seus seguidores 
durante muitos anos (ver bibliografiaso-
bre Coaching).
No campo da medicina há muitos 
esforços para incorporar os genogramas 
como uma ferramenta básica. Scherger 
(2005) escreveu um “alerta” a respeito da 
crise atual na medicina de família e da 
necessidade de se redesenhar o campo a 
fim de se permitir que os médicos de fa-
mília ofereçam cuidados verdadeiramente 
orientados à família, para o que a atenção 
às informações do genograma poderia ser 
uma parte importante. Ele defende com 
veemência que o uso de novas tecnologias 
de informação ajudará a acompanhar e 
lidar com as famílias de uma forma con-
textual, única possibilidade séria de se 
prestar uma atenção adequada às famílias 
em nossa sociedade. No entanto, teremos 
primeiro que desenvolver uma tecnologia 
para abordar as famílias sistemicamente e 
treinar os médicos para utilizá-la, a fim de 
que não sejam sobrecarregados pela con-
fusão da papelada e dos serviços solicita-
dos pelas companhias de seguro. Em um 
artigo clássico publicado pelo Journal of the 
American Medical Association, Rainsford e 
Schuman (1981) escreveram sobre a im-
portância dos genogramas e cronologias 
familiares para o acompanhamento de 
casos complexos e carregados de estres-
se, os quais muitas vezes requerem mais 
atenção do sistema de saúde. Eles deram 
o exemplo de uma família com diversos 
problemas, como são muitas das que se 
apresentam em cada ponto de entrada do 
sistema de saúde, nas agências de serviço 
social, em escolas e no sistema de justiça 
criminal. É de grande importância que se 
tenham formas claras e abrangentes de 
acompanhar os padrões de tais famílias, 
já que estes podem representar muita 
demanda a qualquer sistema. Os autores 
apresentaram os eventos estressantes dos 
membros de uma família e as visitas tera-
pêuticas durante um período de 7 anos, 
ilustrando a importância de que o médico 
tenha uma visão longitudinal de todos os 
membros da família juntos para que possa 
entender a consulta de um determinado 
membro único num ponto particular no 
tempo. Os genogramas também permitem 
que os terapeutas contrastem as visitas ao 
médico com outros estresses familiares, 
não apenas para um paciente, mas tam-
bém para todos os outros membros da fa-
mília. Com este mapeamento incluído em 
todas as avaliações, seria muito mais fácil 
identificar quando são necessários recur-
sos extras para prevenir as perturbações 
constantes de disfunções sérias.
Também é importante mostrar o con-
texto em torno da família biológica e le-
galmente constituída para que se enten-
da a família dentro do contexto. A Figura 
1.2 ilustra a rede de parentesco informal 
de amigos que conviveram com a minha 
própria família nuclear (MM).
São pessoas, algumas mortas há muito 
tempo e algumas presentes na minha vida 
diária, que vivem no meu coração. Elas 
são pessoas que poderiam oferecer um 
empréstimo, ajudar meu marido ou filho 
ou me dar força e coragem se eu estivesse 
em crise. Os genogramas precisam mos-
trar não somente os membros biológicos 
e legalmente constituídos de uma família, 
mas também a rede de amigos e comuni-
McGoldrick_01.indd 28McGoldrick_01.indd 28 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 29
B
et
ty
 C
ar
te
r
Ti
m
B
en
ne
tt
Sa
m
Ji
m
M
ar
go
Jo
an
M
or
el
l
G
eo
rg
e
Ir
in
iB
ar
ba
ra
A
ng
el
ik
i
V
ar
da
M
ic
ha
el
Ro
hr
ba
ug
h
Sa
nd
y
Li
eb
lu
m
Ja
ne
Su
fi
an
Fr
om
a
W
al
sh
C
ar
ol
A
nd
er
so
n
M
ar
ia
A
nd
er
so
n
C
la
ir
e
W
hi
tn
ey
Su
e
C
ha
rl
ot
te
Sa
ra
h
Su
sa
n
G
eo
rg
e
Fr
em
on
Ja
ne
y
H
ar
t
Jo
yc
e
R
ic
ha
rd
so
n
Ji
m
M
ic
he
ne
r
Ji
m
H
aw
ki
nsK
ai
ti
C
hr
is
to
s
SO
PH
O
C
LE
S
N
EA
L
M
cG
O
LD
R
IC
K
M
A
RY
 A
N
N
M
cM
EN
A
M
IN
JO
H
N
 D
A
N
IE
L
To
lis
M
ar
ia
R
ay
m
on
d
JO
SE
PH
 D
A
N
IE
L
M
O
R
N
A
N
EA
LE
M
O
N
IC
A
H
U
G
H
G
U
Y
Ev
el
yn
 L
ee
B
ar
ba
ra
Pe
tk
ov
Ke
n
H
ar
dy
Ja
yn
e
M
ah
bo
ub
i
N
at
al
ie
M
ar
ie
Fr
an
ce
A
le
xa
nd
er
O
m
ar
C
ha
rl
ee
A
le
x
M
at
th
ew
 M
oc
k
N
as
im
St
ef
G
ab
y
Fe
rn
an
do
 C
ol
on
Im
el
da
M
cC
ar
th
y
M
ic
ha
el
Su
el
i
Pe
tr
y
A
U
N
T 
M
A
M
IE
D
an
M
or
in
K
al
li
A
da
m
id
es
El
ia
na
G
il
D
av
id
Te
ha
n
Th
er
es
a
Sa
ra
h
C
ar
l
Ro
be
rt Ja
y
G
re
en
A
va
H
ol
de
n
N
yd
ia
Le
ro
n
La
m
ar
Pa
ul
et
te
H
in
es
To
m
m
y
H
el
en
Ir
en
e
G
ab
e
H
ar
ol
d
La
rr
y
Fe
rn
an
da
D
av
id
Jo
hn
Fo
lw
ar
sk
i
Jo
e
El
lio
t &
 M
ar
ie
M
ot
tr
am
Ja
ck
M
ay
er
A
nn
 D
un
st
on
M
ar
y 
D
en
ne
n
Pa
m
Fr
an
k
JA
M
ES
C
U
SA
C
K
M
A
RY
M
cG
U
IR
E
JO
H
N
C
A
H
A
LA
N
E
N
EI
L
D
A
N
IE
L
LO
R
ET
TA
LI
Z
ZI
E
JO
H
A
N
N
A
H
U
R
LE
Y
M
ild
re
d
Jo
an
H
EL
ENPA
TR
IC
K
IV
ER
S
B
ES
SI
E
D
EG
A
N
Le
e
M
ar
ga
re
t
B
us
h
Er
ic
a
N
ol
la
ig
H
en
ry
 B
yr
ne
C
at
ha
l
D
ar
ag
h
Em
er
Fi
ac
hr
a
Jo
hn
A
ri
an
e
Fi
gu
ra
 1
.2
 F
am
íli
a 
e 
re
de
 d
e 
M
cG
ol
dr
ic
k.
McGoldrick_01.indd 29McGoldrick_01.indd 29 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
30 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
dade essenciais para que se compreenda 
a família. Isso inclui as relações atuais e 
também as que vieram antes e vivem no 
coração da pessoa, dando-lhe esperança 
e inspiração em momentos de angústia. 
É esta rede de parentesco, não apenas os 
parentes biológicos e não somente aqueles 
que ainda estão vivos, que é relevante para 
o desenvolvimento de uma compreensão 
dos clientes e dos seus recursos possíveis. 
Tais genogramas são uma parte importan-
te da ilustração em maior profundidade 
do contexto em torno da família nuclear.
A Figura 1.3 ilustra o fato de que a 
história do genograma da família sempre 
se desenvolve no contexto de estruturas 
sociais mais amplas – culturais, políticas, 
religiosas, espirituais, socioeconômicas, 
de gênero, raciais e étnicas – as quais or-
ganizam cada membro de uma sociedade 
em uma localização social particular.
É importante que o genograma seja 
sempre pensado no seu contexto mais 
amplo. Na verdade, às vezes definimos 
os recursos e instituições da comunidade 
para destacar o acesso que as famílias têm 
ou a sua falta de acesso aos recursos des-
sa comunidade (Figura 1.4). Muitos vêm 
tentando expandir os genogramas para 
levar em conta as estruturas sociais mais 
amplas na compreensão dos padrões do 
genograma. Alguns já tentaram mapear 
as conexões históricas ou comunitárias 
dos padrões nacionais e culturais, por 
exemplo, usando um genograma para 
ilustrar as relações multigeracionais, en-
tre irmãos adotivos e meio-irmãos en-
volvidos na reunificação da Alemanha, 
Religi
ão/espiritualidade
Cl
ass
e/st
atus socioeconômico 
Estrutura
 geopolítica
Cultura/etnia/raça
Gên
ero/orientação sexual
Figura 1.3 O genograma em contextos múltiplos.
McGoldrick_01.indd 30McGoldrick_01.indd 30 05/10/1113:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 31
incluindo o “Tio Sam” e a “Mãe Rússia”, 
para ilustrar as conexões multigeracio-
nais internacionais que podem afetar ne-
gativamente as relações “fraternas” dos 
alemães orientais e ocidentais hoje (Scha-
rwiess, 1994). Rigazio-DiGilio e colabora-
dores (2005) sugeriram formas de descre-
ver a comunidade em termos temporais 
e contextuais mais amplos. Estes mapas 
se parecem com ecomapas, ilustrando ao 
redor de cada pessoa em uma grade esfé-
rica os vários acontecimentos e situações 
que vieram a moldar as experiências dos 
clientes ao longo do tempo. Embora não 
sejam realmente genogramas já que não 
são mapas familiares, eles tentam descre-
ver aspectos do contexto dentro do qual 
as pessoas vivem. Esperamos ansiosa-
mente pela evolução dos genogramas 
para que eles nos possibilitem ilustrar 
melhor os níveis culturais mais amplos e 
as dimensões individuais e de parentesco 
específicas dos padrões familiares.
Uma perspectiva dos sistemas 
familiares
Uma perspectiva sistêmica orienta os te-
rapeutas na utilização dos genogramas 
para avaliação e intervenção clínica. Essa 
perspectiva encara os membros da famí-
lia como inextricavelmente entrelaçados 
na vida e na morte, e encara todos os 
membros da sociedade como basicamen-
te interligados. Nem as pessoas, nem seus 
problemas, nem as soluções para os seus 
problemas existem no vácuo. Como disse 
Paulo Freire (1994, p. 31): “Ninguém vai 
a nenhum lugar sozinho, mesmo aqueles 
que chegam fisicamente sozinhos... Car-
regamos conosco a memória de muitas 
tramas, um self impregnado em nossa his-
tória e cultura”.
Todos estão inextricavelmente en-
trelaçados em sistemas interativos mais 
amplos, dos quais o fundamental é a fa-
mília. A família é o principal e, com raras 
Polícia, sistema
legal, sistema de
justiça criminal
Sistemas de
transporte
Vizinhos e
redes de
amizade
Serviços
de saúde
Shopping
Emprego Organizações
políticas
Organizações
religiosas
Instituições
governamentais
Avô
Pai
Filho Filha Filha
Mãe
AvôAvó Avó
Escolas
Recursos de
serviço social
Figura 1.4 Genograma dentro do contexto da comunidade.
McGoldrick_01.indd 31McGoldrick_01.indd 31 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
32 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
exceções, o sistema mais influente ao qual 
pertencem os homens. Nessa estrutura, a 
“família” consiste de toda a rede de pa-
rentesco de pelo menos três gerações, 
como existe atualmente e também como 
se desenvolveu através do tempo (Carter 
e McGoldrick, 2005). Família é, pela nos-
sa definição, aqueles que estão ligados 
através da sua história biológica, legal, 
cultural e emocional e pelo seu suposto 
futuro juntos. O funcionamento físico, 
social e emocional dos membros da fa-
mília é profundamente interdependente, 
e as mudanças em uma parte do sistema 
reverberam em outras. Além disso, as in-
terações e relações familiares tendem a 
ser altamente recíprocas, padronizadas 
e repetitivas. São esses padrões que nos 
permitem fazer prognósticos provisórios 
a partir do genograma.
Um pressuposto básico aqui é que 
os sintomas refletem uma adaptação do 
sistema ao seu contexto total em um de-
terminado momento. Os esforços adap-
tativos dos membros do sistema rever-
beram através dos seus muitos níveis, do 
biológico para o intrapsíquico e para o 
interpessoal (ou seja, a família nuclear e 
extensa, a comunidade, a cultura e mais 
além). Além disso, os comportamentos 
familiares, inclusive problemas e sinto-
mas, originam mais significado emocio-
nal e normativo em relação ao contexto 
sociocultural e histórico da família. As-
sim, uma perspectiva sistêmica envolve 
a avaliação do problema com base nesses 
múltiplos níveis.
As famílias estão organizadas dentro 
de estruturas biológicas, legais, culturais 
emocionais, além de uma organização de 
acordo com a geração, idade, gênero e ou-
tros fatores. O ponto em que você se en-
caixa na estrutura familiar, como também 
no contexto mais amplo, pode influenciar 
o seu funcionamento, os padrões de rela-
ção e o tipo de família que você formará 
na geração seguinte. O gênero e a ordem 
de nascimento são fatores-chave que mol-
dam as relações e características entre os 
irmãos. Dadas as diferentes configura-
ções estruturais familiares mapeadas no 
genograma, o terapeuta pode formular 
hipóteses sobre as possíveis característi-
cas de personalidade e compatibilidades 
relacionais. Etnia (McGoldrick, Giordano 
e Garcia-Preto, 2005), raça, religião, mi-
gração, classe e outros fatores socioeco-
nômicos, assim como o estágio em que se 
encontra a família no ciclo vital (Carter e 
McGoldrick, 2005) e a localização na his-
tória (Elder, 1992) também influenciam os 
padrões estruturais de uma família. To-
dos esses fatores fazem parte do mapa do 
genograma.
As famílias repetem a si mesmas. O 
que acontece em uma geração com fre-
quência se repete na seguinte – ou seja, 
as mesmas questões tendem a ser ence-
nadas de geração para geração, embora 
o comportamento possa assumir uma 
variedade de formas. Bowen deu a isso o 
nome de “transmissão multigeracional” 
dos padrões familiares. A hipótese é que 
os padrões de relação nas gerações ante-
riores fornecem modelos implícitos para 
o funcionamento familiar na geração se-
guinte. No genograma exploramos os pa-
drões de funcionamento, as relações e a 
estrutura que continuam ou se alternam 
de uma geração para a seguinte.
Obviamente, uma abordagem de sis-
temas envolve a compreensão do contexto 
atual e do contexto histórico da família. 
O “fluxo de ansiedade” (Carter, 1978) em 
um sistema familiar ocorre ao longo da di-
mensão vertical e horizontal (Figura 1.5). 
McGoldrick_01.indd 32McGoldrick_01.indd 32 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 33
Para o indivíduo, o eixo vertical inclui a 
herança biológica e os comportamentos 
programados, como o temperamento, 
bem como outros aspectos da composição 
genética. O eixo horizontal se refere ao 
desenvolvimento do indivíduo durante a 
vida influenciado por quaisquer experiên-
cias que possam alterar esse curso – rela-
cionamentos, migração, saúde e doença, 
sucesso, experiências traumáticas, etc.
No nível da família, o eixo vertical 
inclui a história familiar e os padrões de 
relação e funcionamento que são transmi-
tidos para as gerações seguintes, princi-
palmente através do mecanismo de trian-
gulação emocional (Bowen, 1978). Esse 
eixo inclui todas as atitudes familiares, 
tabus, expectativas, questões pesadas e 
rótulos com os quais os membros da fa-
mília crescem. Tais aspectos nas nossas 
vidas são tudo o que temos. A questão é 
o que fazemos com eles. O eixo horizon-
tal descreve a família durante o seu mo-
vimento ao longo do tempo, enfrentando 
as mudanças e transições no ciclo de vida 
familiar. Esse eixo inclui estresses previsí-
veis do desenvolvimento e acontecimen-
tos imprevisíveis, “os dardos e flechas de 
uma sorte ultrajante” que podem inter-
romper o processo do ciclo vital – morte 
Ecologia
Socie
dade mais ampla
Cultura
Ami
gos e comunidade
Fam
ília extensa
Famí
lia nuclear
Se
lf físico corporal
Se
lf 
me
ntal intrapsíquico
Self
espiritual
Fatores de
estresse verticais
- Pobreza, política 
- Racismo, sexismo,
 elitismo, homofobia
- Violência, adições 
- Padrões emocionais
 familiares
- Mitos, triângulos,
 segredos
- Legados, habilidades e
 incapacidades genéticas 
- Crenças e práticas
 religiosas
Fatores de estresse horizontais
Desenvolvimentais 
- Transições do ciclo vital
Imprevisíveis
- Acidentes
- Migração
- Desastres naturais
- Doenças crônicas 
- Fatores econômicos, desemprego
Eventos históricos
- Eventos econômicos e políticos 
Tempo
Figura 1.5 Contexto paraavaliação dos problemas.
McGoldrick_01.indd 33McGoldrick_01.indd 33 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
34 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
prematura, nascimento de um filho com 
deficiência, migração, doença crônica, 
perda do emprego, etc.
Em um nível sociocultural, o eixo ver-
tical inclui a história cultural e social, es-
tereótipos, padrões de poder, hierarquias 
sociais e crenças, todos transmitidos atra-
vés das gerações. A história de um grupo, 
particularmente um legado de trauma, 
terá influência sobre as famílias e os indi-
víduos ao longo do desenvolvimento das 
suas vidas (p. ex., o impacto do holocausto 
nos judeus e alemães, o impacto da escra-
vidão e colonização nos afro-americanos, 
latinos e os que se beneficiaram com essas 
explorações; o impacto da homofobia nos 
homossexuais e heterossexuais; etc.). O 
eixo horizontal se refere às conexões com 
a comunidade, eventos atuais e políticas 
sociais à medida que afetam o indivíduo 
e a família em determinada época. Esse 
eixo descreve as consequências na vida 
presente das pessoas de normas herdadas 
da sociedade sobre racismo, sexismo, eli-
tismo, homofobia e preconceitos étnicos e 
religiosos enquanto são manifestados na 
estrutura social, política e econômica que 
limitam as opções de alguns e apoiam o 
poder de outros (Carter e McGoldrick, 
2005b). Com suficiente estresse nesse eixo 
horizontal, qualquer família experiencia-
rá uma disfunção. Além do mais, os fa-
tores de estresse no eixo vertical podem 
curar problemas adicionais, de forma que 
um pequeno estresse horizontal pode le-
var a sérias repercussões no sistema. Por 
exemplo, se uma jovem mãe mexicana 
tem muitas questões não resolvidas com 
a sua mãe ou pai (ansiedade vertical), ela 
pode apresentar uma dificuldade particu-
lar para lidar com as vicissitudes normais 
da maternidade, combinadas com o racis-
mo que ela vivencia em uma comunidade 
norte-americana (ansiedade horizontal). 
O genograma ajuda o terapeuta a acom-
panhar o fluxo da ansiedade através das 
gerações e no contexto atual da família.
As coincidências dos acontecimentos 
históricos ou eventos concomitantes em 
partes diferentes de uma família são en-
carados não como acontecimentos alea-
tórios, mas como ocorrências interligadas 
sistemicamente, embora as conexões tal-
vez não sejam visíveis (McGoldrick, 1995). 
Além disso, mudanças-chave no relacio-
namento familiar parecem ser mais pro-
váveis de ocorrer em alguns momentos 
do que em outros. Elas são especialmente 
prováveis em pontos de transição no ciclo 
vital. Os sintomas tendem a se aglomerar 
em torno dessas transições, como quando 
os membros da família enfrentam a tare-
fa de reorganizar suas relações uns com 
os outros para passarem à fase seguinte 
(Arter e McGoldrick, 2005). A família sin-
tomática pode ficar parada no tempo, in-
capaz de resolver o seu impasse a fim de se 
reorganizar e seguir em frente. A história 
e os padrões de relacionamento revelados 
na avaliação de um genograma proporcio-
nam pistas importantes sobre a natureza 
desse impasse – como um sintoma pode 
ter surgido para preservar ou para preve-
nir algum padrão de relação ou para pro-
teger algum legado de gerações anteriores.
Existem muitos padrões de relação 
nas famílias. São de particular interesse 
os padrões de distância relacional. As 
pessoas podem ser muito próximas, mui-
to distantes ou estarem em algum ponto 
intermediário. Em um extremo estão os 
membros da família que são distantes, 
estão em conflito ou rompidos uns com 
os outros. No outro extremo estão as fa-
McGoldrick_01.indd 34McGoldrick_01.indd 34 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
Genogramas ▲ 35
mílias que parecem estar emperradas em 
uma “fusão emocional”. Os membros da 
família nas relações fusionadas ou pou-
co diferenciadas são vulneráveis à dis-
função, o que tende a ocorrer quando o 
nível de estresse ou ansiedade excede a 
capacidade do sistema para lidar com 
isso. Quanto mais fechadas se tornam 
as fronteiras de um sistema, mais imune 
ele será às interferências do ambiente e, 
consequentemente, mais rígidos serão os 
padrões familiares. Em outras palavras, 
os membros da família em um sistema 
fechado e fusionado tendem a reagir de 
modo automático uns aos outros, prati-
camente imunes aos eventos externos ao 
sistema que requerem adaptação às con-
dições em mutação. Fusão pode envolver 
relações positivas ou negativas; em ou-
tras palavras, os membros da família po-
dem se sentir muito bem em relação uns 
aos outros ou experimentar nada mais do 
que hostilidade e conflito. Em qualquer 
um dos casos, existe um vínculo hiperde-
pendente que une a família. Com os ge-
nogramas, os terapeutas podem mapear 
as fronteiras da família e indicar quais 
subsistemas dessa família estão fusiona-
dos e, assim, têm maior probabilidade de 
estarem fechados a novas influências das 
condições em mutação.
Como apontou Bowen (1978) e mui-
tos outros, as relações entre duas pessoas 
tendem a ser instáveis. Sob condições de 
estresse, duas pessoas tendem a descar-
regar em uma terceira. Elas estabilizam 
o sistema ao formarem uma coalizão de 
dois em relação ao terceiro. A unidade 
básica de um sistema emocional tende, 
assim, a ser o triângulo. Como veremos 
adiante, os genogramas podem ajudar o 
terapeuta a identificar os triângulos prin-
cipais em um sistema familiar, ver como 
os padrões triangulares se repetem de 
uma geração para outra e planejar estra-
tégias para modificá-los (Fogarty, 1975; 
Guerin, Fogarty, Fay e Kautto, 1996).
Os membros de uma família tendem 
a se encaixar como uma unidade fun-
cional. Ou seja, os comportamentos dos 
diferentes membros da família tendem a 
ser complementares ou recíprocos. Isso 
não significa que os membros da família 
possuem igual poder de influenciar as 
relações, como fica óbvio a partir dos di-
ferenciais de poder entre homens e mu-
lheres, entre pais e filhos, entre os mem-
bros mais velhos e os mais novos e entre 
os membros da família que pertencem 
a culturas, classes ou raças diferentes 
(McGoldrick, 1998). O que isso significa 
é que pertencer a um sistema expõe as 
pessoas a influências recíprocas e as en-
volve no comportamento umas das ou-
tras de formas intrínsecas. Isso nos leva a 
ter a expectativa de uma certa adequação 
ou equilíbrio nas famílias, envolvendo o 
dar e receber, ação e reação. Assim, a ca-
rência em uma parte da família (p. ex., 
irresponsabilidade) pode ser comple-
mentada pelo excesso (hiper-responsa-
bilidade) em outra. O genograma auxilia 
o terapeuta a localizar os contrastes e as 
idiossincrasias nas famílias que indicam 
esse tipo de equilíbrio complementar ou 
recíproco.
Um alerta
Ao longo deste livro faremos asserções 
sobre as famílias com base nos seus geno-
gramas. Essas observações são apresen-
McGoldrick_01.indd 35McGoldrick_01.indd 35 05/10/11 13:1705/10/11 13:17
36 ▲ Monica McGoldrick, Randy Gerson & Sueli Petry
tadas com hipóteses provisórias, como 
acontece com os genogramas em geral. 
Consistem em sugestões a serem subme-
tidas a uma exploração mais profunda. 
Os prognósticos baseados no genograma 
não são fatos. Os princípios de interpreta-
ção dos genogramas devem ser encarados 
como um mapa rodoviário que, ao desta-
car determinadas características do terre-
no, nos guia através do complexo territó-
rio da vida das famílias.
Muitos dos genogramas aqui apre-
sentados incluem mais informações do 
que a nossa discussão pode abranger. En-
corajamos os leitores a usarem esses ge-
nogramas ilustrativos como ponto de par-
tida para um maior desenvolvimento das 
suas próprias habilidades na utilização e 
interpretação dos genogramas.
Os genogramas são obviamente li-
mitados nas informações que exibem, 
embora futuramente os computadores 
permitirãoque coletemos muito mais 
informações em um genograma do que 
podemos exibir de uma só vez. Os tera-
peutas sempre reúnem mais informações 
sobre as vidas das pessoas do que apare-
ce em alguma ilustração de genograma. 
Em breve teremos condições de escolher 
quais aspectos de um genograma quere-
mos exibir para um objetivo particular, 
tendo ao mesmo tempo condições de 
manter a história integral na base de da-
dos de um computador.
McGoldrick_01.indd 36McGoldrick_01.indd 36 05/10/11 13:1705/10/11 13:17

Outros materiais