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Jean Piaget 
MONIQUE AUGRAS * 
Nasceu a 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, Suíça. Seu pai era historiador, 
especialista em história medieval. Em pequeno já se interessara por mecânica e 
pelos pássaros da região. 
Aos 11 anos de idade, a publicação de um trabalho sobre o pardal albino 
levou-o a entrar em contato com o diretor do Museu Zoológico da sua cidade. 
Este, eminente malacologista, aceitou-o como "ajudante", iniciando-o na siste-
mática dos moluscos. Piaget faz questão de ressaltar esta iniciação, pois não se 
formou pelo ensino acadêmico das matemáticas ou do latim, mas "por um pro-
blema preciso: o das espécies e das suas indefmidas variações em função do meio, 
o das relações entre genótipo e fenótipo, com predileção pelo estudo das adapta-
ções ( ... ) Resumindo, a partir de então passei a pensar sempre em termos de 
formas e de evoluções das formas" (l). Na adolescência, a influência do padrinho 
levou-o a interessar-se pela perspectiva bergsoriana. Piaget chegou a escrever um 
ensaio, intitulado Esboço de um neopragmatismo, que visava construir uma teoria 
* Psicóloga do ISOP. 
Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro, 29 (2): 5-8, abr./jun. 1977 
f 
,-
biológica do conhecimento. Por mais ingênuas que fossem suas concepções, já 
demonstrava qual seria o caminho do seu pensamento. 
O estudo da filosofia e da biologia leva-o a descobrir que o "problema das 
espécies e das formas é um problema lógico", isto é, que se podia compreender 
a "ligação entre formas biológicas e estruturas lógicas, de tal maneira que não 
havia mais conflito, mas, sim, união estreita entre as formas orgânicas e as inte-
lectuais" (2). Além disso, a prática da biometria convence Piaget da importância 
dos métodos estatísticos e dos modelos matemáticos. 
Os estudos superiores da zoologia, na Universidade de Neuchâtel, são con-
cluídos pelo doutoramento com uma tese sobre os Moluscos do Valais (1918), 
incluindo a observação de mais de 80.000 indivíduos; mas Piaget chega à conclu-
são que o meio de conciliar seu interesse pela biologia e pela epistemologia 
encontra-se no estudo da psicologia da inteligência. 
Viaja então para Zurique, onde freqüenta os laboratórios de Lipps e de 
Wreshner, bem como a clínica psiquiátrica de Bleuler. Lê Freud e assiste a confe-
rências de Jung e de Pfister. Em 1919 vai para Paris, passando dois anos na 
Sorbonne; segue o curso de psicopatologia de G. Dumas, as aulas de Janet, Pieron, 
Delacroix. Estuda também a lógica e a filosofia das ciências com Lalande e 
Bruschvicq. Mas tem sobretudo "a sorte extraordinária", conforme suas próprias 
palavras (2) de entrar em contato com Simon, que então dirigia o laboratório de 
Binet. Simon sugere que Piaget se dedique a padronizar os testes de raciocínio de 
Burt nas crianças parisienses. 
Observando as dificuldades que os mesmos encontravam para resolver os 
problemas de Burt, Piaget relacionou-as com aquilo que estudara em lógica. Via à 
sua frente construírem-se concretamente os conceitos de inclusão, adição, multi-
plicação das classes, de tão difícil compreensão no plano abstrato. "Méu sonho 
permanente de encontrar uma ligação entre as formas 'vivas' e as 'formas' do 
pensamento se realizava de repente: tinha à minha frente tantos sujeitos em 
evolução quantos se encontram numa escola de primeiro grau, e esses sujeitos de 
carne e osso passavam por uma série de etapas que eu descobria apaixonadamente, 
e que os conduziam muito tarde a essas formas do pensamento que os fIlósofos 
consideravam como universais e a priori." (3) 
Piaget havia encontrado seu caminho. À pesquisa genética juntava-se a 
análise das formas lógicas. A compreensão dos fatos genéticos requeria o respaldo 
do modelo lógico matemático. 
Em 1921, Claparede, que havia lido os primeiros artigos consagrados à psico-
logia cognitiva, convida Piaget para trabalhar no Instituto J .-J. Rousseau de 
Genebra. Este planeja então a investigação sistemática da construção psicológica 
dos principais conceitos da inteligência, e para tanto dedica-se à experimentação, 
com os alunos das escolas de primeiro grau de Genebra. Escreve os primeiros 
livros, que hoje considera como "obras de juventude" não muito satisfatórias (Le 
langage et la pensée chez l'enfant, Le jugement et le raisonnement chez l'enfant, 
La représentation du monde chez l'enfant, Le jugement moral chez l'enfant). 
6 A.B.P.A. 2/77 
Critica o enfoque limitado exclusivamente ao comportamento verbal. É somente 
ao estudar os processos cognitivos da primeira infância - Piaget casara-se com uma 
pesquisadora do Instituto Valentim: Chatenay, e passara a observar os fIlhos - que 
levanta a hipótese de que as operações simbólicas se fundamentam no domínio das 
operações concretas. 
O papel da ação, evidenciado na observação do comportamento de Laurent 
e Jacqueline, permite que Piaget reencontre as suas concepções básicas: continui-
dade do vital e do racional, fundamentação da lógica na coordenação das ações, 
equilíbrio progressivo das estruturas integrativas. 
Em seguida, volta Piaget a estudar as crianças das escolas, juntamente com 
Szemihska, com Inhelder, e procura uma explicação para a organização das 
operações em estruturas de caráter matemático. Dirige-se portanto, cada vez 
mais, para o estudo da lógica formal, da teoria da informação e dos modelos 
"abstratos" . 
Enquanto se processava a evolução das suas concepções básicas, Piaget 
desenvolvia intensa atividade de pesquisador e de professor. 
Professor de história do pensamento científIco na Universidade de Genebra 
em 1929, co-diretor do Instituto J .-J. Rousseau em 1932, juntamente com Clapa-
rede e Bovet, professor de psicologia experimental em Lausanne em 1936, aceitou 
em 1939 o cargo de Diretor do Bureau International de l'Éducation, órgão ligado 
à Unesco. 
No mesmo ano, foi nomeado professor de sociologia da Universidade de 
Genebra, e em 1940 passou a substituir Claparêde, que adoecera, na cátedra de 
psicologia experimental e na direção do Laboratório de Psicologia. Assumiu 
também a presidência da recém-criada Société Suisse de Psychologie, colaborando 
com Morgenthaler para editar uma nova Revue Suisse de Psychologie 
Em 1942, ministrou uma série de conferências no College de France, Paris, a 
convite de Piéron. É o resumo destas palestras que veio a formar o pequeno livro 
La Psychologie de l1ntelligence, que talvez apresente uma das melhores sínteses 
do pensamento do autor. 
Em 1946, foi contemplado com o grau de Doutor honoris causa pela 
Sorbonne - já havia recebido essa distinção em Harvard, em 1936. Em 1949, 
obteve também um doutorado da Universidade de Bruxelas, e no mesmo ano 
foi-lhe concedido o grau de Doutor honoris causa pela Universidade Federal do 
Rio de Janeiro. Piaget é hoje titular de graus honorífIcos concedidos por mais de 
20 universidades dos mais diversos países. Recebeu o Prix de la Ville de Geneve 
em 1963, o Award ofthe American Educational Research Association em 1967, o 
Award for Distinguished ScientifIc Contribution em 1969, sem contar a signifI-
éativa homenagem que lhe foi prestada recentemente no XXI Congresso Inter-
nacional de Psicologia. 
A partir dos anos 50, Piaget passa a dedicar-se mais a investigações no campo 
da epistemologia genética. 
Jean Piaget 7 
,,'. ,: -.. ') ~.: 
Nomeado em 1952 professor de psicologia genética na Sorbonne, ministrou 
regularmente o curso (embora morando em Genebra) até 1963, quando o aumen-
to das atividades do Centro Internacional de Epistemologia Genética que fundara 
em 1956 passa a requerer dele dedicação exclusiva. 
A partir de então Piaget, a par de intensa participação em diversas socie-
dades internacionais, tem-se dedicado a animar e coordenar as pesquisas empreen-
didas pelo Centro de Epistemologia Genética, o que lhe permite concluir um 
artigo autobiográfico,em 1970, com estas palavras: "Os projetos para o futuro são 
múltiplos e variados ( ... ) No fmal de uma carreira, é melhor estar disposto a 
mudar de perspectivas do que ver-se condenado a repetir-se, sem mais." (4) 
Essa demonstração de dinamismo e humildade parece resumir a pessoa de 
Piaget, que sem dúvida poderia repetir a mesma frase aos 80 anos de idade. 
Referências bibliográficas 
1. Piaget, J. Esquisse d'autobiographie intellectuelle. Buli. de Psychologie, Paris, v. XIII, 
n. 169, p. 8-13, 1959. 
2. Id. ibid. p. 9. 
3. Id ibid. p. 10. 
4. . Autobiografia. Anuário de Psicologia, Barbacena, n. 4, p. 27-59, 1971. 
8 
Horário de Funcionamento 
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Horário: todos os dias úteis das 8 às 12 e das 13 às 17 horas; às quintas-feiras só 
f~nciona no horário da manhã. 
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