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Questões de Ciência Polílitica

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Violência pública é um mal necessário?
Sim. O Estado pode arbitrar sobre as relações intersubjetivas do indivíduo, mas não sobre a sua subjetividade. Desse modo, o cidadão pode ou não cumprir com as condições determinadas pela lei vigente. O personagem Alex vivia sob condições materiais razoáveis, com boa moradia, trabalho e, aparentemente, acesso à cultura, visto que apreciava música clássica. Porém, segundo sua índole e consciência, escolheu de livre e espontânea vontade transgredir a lei ao invadir residências, cometer estupros e espancamentos. A coação, neste caso, é necessária para a manutenção da ordem e garantia do cumprimento das normas estabelecidas.
Deve haver limites no controle público sobre a violência privada?
Sim. Segundo Benjamin Constant (BOBBIO, 2000), a liberdade política deve garantir a liberdade individual, de modo que a supressão desta última acarreta a perda da primeira. Portanto, ao Estado, cabe legislar sobre os aspectos objetivos da sociedade, de modo a estabelecer os limites da subjetividade de cada um, e, ao mesmo tempo, garantir os meios para que cada indivíduo alcance a sua felicidade sem prejuízo da felicidade do outro. A felicidade de Alex era a infelicidade dos outros. Seu prazer se resumia em sexo, violência e Ludwig Van Beethoven. Os excessos do protagonista do clássico “Laranja Mecânica”, o levaram a ser traído pelos comparsas da gangue, ocasionando a sua prisão. 
A detenção de Alex foi necessária para manutenção da ordem. A proposta do sistema prisional, no filme, é semelhante à proposta do sistema prisional brasileiro, que visa não a punição, mas a ressocialização do indivíduo para posterior reintegração na sociedade. Para tanto, existe um processo de desconstrução da identidade de Alex logo no início, quando é obrigado a entregar seus pertences e vestir o uniforme da penitenciária. Então o protagonista deixa de ser “Alex” e passa a responder por um número. Anula-se o sujeito, inicia-se um processo disciplinar em regime fechado. Fica claro que, posteriormente, fingindo estar arrependido, que Alex visava um endosso de boa conduta para sair da prisão o quanto antes. Ou seja, o Estado não é capaz de alcançar a subjetividade do sujeito. Cabe ao indivíduo a responsabilidade por suas escolhas.
A experiência da qual fora voluntariamente, no exercício de sua livre vontade, submetido, visava a cura do mal interior em marginais como Alex. O tratamento consistia em um condicionamento fundamentado na teoria behaviorista, com estímulos positivos e negativos, de maneira a incutir-lhe um trauma diante das imagens de violência. Como resultado desse processo, ao invés de sentir prazer com os atos de agressão física, ele passou a sentir náuseas. O tratamento apenas reprimiu os impulsos negativos do personagem, mas não conseguiu alterar seus desejos e sua moral. 
Atendendo a premissa de que “coação gera coação”, ao retornar “curado” para a sociedade, Alex é recebido com os frutos da hostilidade que plantou. No que resulta em sua tentativa de suicídio e a eminente responsabilidade do Estado, pois uma vez que lhe tenham tirado o livre arbítrio, este deixou de responder por si próprio e passou à tutela estatal. A partir destas considerações, pode-se aduzir que deve haver limites para o uso da força legítima do Estado, de modo a garantir a subjetividade e o livre arbítrio. Ao ferir as liberdades individuais, o Estado deixa de promover o bem comum para escravizar seus obrigados, determinando suas escolhas e seus destinos. 
Disserte sobre a violência como um produto do meio ou uma condição inerente ao homem.
A agressividade existe em menor ou maior grau em todos os animais. A diferença é que o ser humano é o único capaz de adquirir moral. A sociedade atual, como denunciada no filme “Laranjas Mecânicas”, é extremamente violenta, tanto no nível físico, quando psíquico. As trivialidades, relacionamentos e exigências socialmente convencionadas reprimem desejos, sonhos, sentimentos e até mesmo a subjetividade dos indivíduos, fazendo com que assumam, não raro, personalidades que não lhes competem.
O próprio poder de coação do Estado é uma consequência da natureza cultural do homem, capaz de dar a própria vida pela segurança da nação, mas também capaz de tirar a vida do outro por dinheiro fácil, injúria ou necessidade de poder. Alfred Adler defendeu a tese de que o impulso mais poderoso do ser humano é a vontade de poder. Sexo é poder. Violência é poder. Subjugar o outro ou ainda tomar algum bem de outrem, é usar de coação para subjugar o próximo. Ouvir Ludwig Van Beethoven e assumir uma postura com status de erudição é, de certa forma, uma impostação de poder e superioridade cultural. 
O Estado deve garantir a liberdade individual, ainda que lhe represente uma ameaça à sociedade?
Sim. A democracia implica duas liberdades: a liberdade como autogoverno (liberdade política) e a liberdade como não impedimento (liberdade individual). Para que se preserve a liberdade política ou autogoverno é preciso que haja consenso, o que pressupõe o exercício do livre arbítrio.

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