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Universidade Federal do Ceará Centro de Ciências Departamento de Química Analítica e Físico-Química Polarimetria PRÁTICA Nº2 Aluno: Pedro Nonato da Silva Júnior Matrícula: 367522 Professor(a): Adriana Nunes Correia Curso: Farmácia Data da prática: 13 de março de 2015 FORTALEZA 2015 1. INTRODUÇÃO A luz natural é constituída por ondas eletromagnéticas, as quais se propagam em todas as direções. Mas se a luz natural passar por um prisma polarizador de Nicol, a radiação emergente vibra em apenas um plano de vibração e é denominada de luz polarizada. O polarímetro permite medir o deslocamento angular de substâncias opticamente ativas. O sistema de funcionamento desse aparelho consiste em uma fonte luminosa monocromática, a qual é polarizada quando atravessa um prisma de Nicol. Em seguida, esse feixe luminoso atravessa um tubo que contem o líquido a ser analisado, que novamente vai passar por um segundo prisma de Nicol, chamado de analisador. Através da ocular que é possível visualizar o campo do instrumento. Foram analisadas três amostras de soro, com diferentes composições com o intuito de identificar quais são opticamente ativas e determinar as suas respectivas concentrações. 2. OBJETIVO Determinar a concentração de substâncias opticamente ativas em amostras de soro e outras. 3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Primeiramente, a lâmpada de sódio do equipamento foi acesa e foram esperados cinco minutos para ela aquecer. Enquanto isso, o tubo do polarímetro foi preenchido com água a 27 ºC e devidamente enxugado, mantendo o cuidado de não se deixar criar bolhas no interior desse recipiente. Com o tubo no seu devido lugar, a ocular do polarímetro foi observada de modo em que se foi possível fazer a nítida distinção das linhas que separam as três partes do instrumento em questão. A partir desse ponto, foram feitos ajustes no analisador, de forma que foi possível ver uma inversão na iluminação das partes central e laterais do campo visual inicialmente e depois, apenas um sombreado englobando as três partes. O ângulo obtido quando essa região sombreada pôde ser vista foi registrado, o tubo com água foi retirado do equipamento e lavado com o primeiro soro a ser analisado. Essa verificação com a água é necessária pra determinar se algum ajuste especial deve ser feito no polarímetro e, como o ângulo obtido era o esperado, não foi preciso realizar qualquer outro ajuste no equipamento. O procedimento descrito acima foi realizado com todos os três soros disponíveis na bancada. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como foi dito anteriormente, o objetivo desse experimento é a determinar a concentração de substâncias oticamente ativas, sendo isso possível através da Lei de Biot dada por: 𝛼 = [𝛼]𝐷 20𝐿𝐶 Onde: α = desvio angular final do plano de polarização, em graus angulares; [𝛼]𝐷 20 = poder rotatório específico característico da substância e depende do comprimento de onda do feixe de luz e da temperatura, em graus angulares; L = comprimento do tubo polarimétrico, em decímetros; C = concentração da solução, em g/cm³. Dentre os soros analisados, dois deles apresentam açucares (sacarose no caso do soro caseiro, tendo em vista que o açúcar de mesa é utilizado no seu preparo, e glicose no caso do soro para reidratação oral) em sua composição. Os açúcares são carboidratos cristalizados comestíveis, que apresentam carbonos assimétricos nas suas respectivas estruturas moleculares, os quais são responsáveis por tornar essas substâncias opticamente ativas, conferindo a elas um desvio angular a ser observado no polarímetro. Como o soro fisiológico é composto apenas por cloreto de sódio e água, é esperado que a substância não apresente rotação específica pela ausência de carbonos quirais na composição. Com base nos dados obtidos a partir da observação dos soros no polarímetro a seguinte tabela foi organizada: Solução Desvio Angular Observado (αobs) Desvio Angular Final (αf = αobs – αs) Soro Fisiológico 0,35º (erro experimental) 0,35º - 0º = 0,35º Soro Caseiro 5,05º 5,05º - 0º = 5,05º Soro para reidratação oral 2,60º 2,60º - 0º = 2,60º Tabela 1 - Desvios angulares observados e finais dos soros em análise. Observa-se que o soro caseiro apresentou um desvio angular superior ao soro para reidratação oral, o que pode ser justificado pela presença da sacarose. Esse carboidrato é formado pela união de uma molécula de glicose e outra de frutose, o que lhe garante uma maior ocorrência de carbonos quirais em sua composição quando comparado ao soro para reidratação oral, que possui apenas glicose em sua constituição em termos de açúcar. A constituição molecular desses açúcares pode ser usada também para contestar a maior presença de carbonos assimétricos no soro caseiro do que no soro para reidratação oral: enquanto a sacarose apresenta doze carbonos em sua constituição molecular (C12H22O11), a glicose possui apenas seis (C6H12O6). Notou-se um desvio angular para o soro fisiológico, o que se trata de um erro experimental, porque esse soro não apresenta qualquer tipo de carbono em sua composição e, portanto não deveria sofrer desvio algum, apresentando um desvio angular igual a 0º. Porém, a lâmpada do polarímetro não foi previamente ligada e aquecida e a temperatura do laboratório e da água era de 27 ºC, quando na realidade deveria ser 20 ºC, colaborando para o acontecimento de esse desvio angular inesperado. Após o registro dos desvios angulares dos soros foi possível calcular a concentração, em g/cm³, das soluções opticamente ativas, com base nos seguintes dados adicionais: Desvio angular do solvente (αs) = 0º; Comprimento do tubo polarimétrico = 19 cm; Temperatura ambiente = 27 ºC. Observação: nos cálculos o valor de rotação específica adotado foi para uma temperatura igual a 20º C, e não a 27 ºC. Cálculo da concentração do soro fisiológico: 𝐶 = 𝛼 [𝛼]𝐷 20 × 𝐿 = 0 [𝛼]𝐷 20 × 𝐿 = 0 Nesse cálculo foi ignorado o erro experimental registrado e adotou-se o valor real do desvio angular do soro fisiológico, igual a 0º. Cálculo da concentração do soro caseiro 𝐶 = 𝛼 [𝛼]𝐷 20 × 𝐿 = 5,05° 66,53° × 19 = 3,99 × 10−3 𝑔/𝑐𝑚³ O valor de rotação específica da sacarose adotado foi igual a 66,53º a 20 ºC. Cálculo da concentração do soro para reidratação oral 𝐶 = 𝛼 [𝛼]𝐷 20 × 𝐿 = 2,60° 52,70° × 19 = 2,60 × 10−3 𝑔/𝑐𝑚³ O valor de rotação específica da glicose adotado foi igual a 52,70º a 20 ºC. Após isso, foi possível montar a tabela abaixo: Substância Concentração (C), em g/cm³ Soro fisiológico - Soro caseiro 3,99 x 10-3 Soro para reidratação oral 2,60 x 10-3 Tabela 2 - Concentrações dos soros opticamente ativos. O soro caseiro apresenta uma maior concentração em relação ao soro para reidratação oral por causa da sacarose em sua composição, de massa molar igual a 342,2965 g/mol. Já o soro para reidratação oral possui glicose em sua composição, de massa molar igual a 180,1559 g/mol. 5. CONCLUSÃO Nesse experimento foi possível determinar a concentração dos soros opticamente ativos (soro caseiro e soro para reidratação oral). O soro fisiológico não apresentou atividadeóptica porque não possui carbonos quirais na estrutura molecular de seus constituintes. Mesmo que o valor do desvio angular observado foi diferente de zero nessa amostra, isso foi justificado por erros experimentais. Notou-se que o soro caseiro apresentou um desvio angular maior que o soro para reidratação oral porque ele é constituído de sacarose, a qual apresenta o dobro de carbonos que a glicose, que por sua vez é o açúcar constituinte do soro para reidratação oral. Quanto mais carbonos assimétricos no meio, maior o desvio angular observado. Por fim, foi visto que a concentração do soro é nula pela ausência de carbonos assimétricos em sua composição. Já o soro fisiológico apresentou uma maior concentração que o soro para reidratação oral porque a sacarose possui uma massa molar superior à da glicose. Concluiu-se que o ângulo- desvio é diretamente proporcional à concentração. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MANUAL de práticas: Disciplina: Físico - Química aplicada à Farmácia. Ceará: Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Departamento de Química Analítica E Físico- Química, 2009. 41 p. LEHNINGUER, A.; NELSON, D.L.; COX, M.M. Principios de Bioquimica 5a Ed. Sao Paulo: Sarvier, 2011. 1304p. BRUICE, Paula Yurkanis. Química Orgânica. 4ª Ed. São Paulo: Editora Pearson Prentice Hall, 2006. 527 p. .
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