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Aula 07 Direito Ambiental p/ PGE-MA - Procurador do Estado Professor: Thiago Leite 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite AULA 07 Responsabilidade pelo Dano Ambiental e Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental Sumário 1 ± Responsabilidade pelo dano ambiental ................................................... 2 2 ± Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental ± TAC Ambiental .............. 16 3 ± Jurisprudência correlata ..................................................................... 18 4 - Questões .......................................................................................... 36 5 - Resumo da Aula ................................................................................ 48 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite AULA 07 - RESPONSABILIDADE PELO DANO AMBIENTAL E TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA AMBIENTAL 1 ± Responsabilidade pelo Dano Ambiental A responsabilidade pelo dano ambiental possui base no artigo 225, §3º da Constituição Federal: ³As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados�´ Como visto em aula anterior, os princípios da prevenção e da precaução visam evitar a ocorrência do dano ambiental. Ocorre que, muitas vezes (ou por falha na aplicação desses princípios ou por inevitabilidade mesmo), ocorre o dano ambiental. Ai entra em ação o importante princípio da responsabilização, que impõe ao causador do dano ou ao terceiro responsável a obrigação de reparar o dano causado ou verificado, mesmo que não tenha sido o causador, como veremos a seguir. O dano ambiental tem a característica de ser permanente, continuativo, ou seja, se nada for feito ele se perpetua no decorrer do tempo, agravando a situação existente, o que torna imperiosa a rápida e pronta reparação/mitigação, como bem apontado pelo Ministro Mauro Campbell, no REsp. 1.116.964, de 02/05/2011: Além do mais, a responsabilização pelo dano ambiental serve não só como instrumento repressivo, mas também como instrumento preventivo, dado seu caráter pedagógico, transmitindo a mensagem à sociedade de que não serão tolerados os danos ambientais, e que os responsáveis serão punidos ...15. Não custa pontuar que, na seara ambiental, o aspecto temporal ganha contornos de maior importância, pois, como se sabe, a potencialidade das condutas lesivas aumenta com a submissão do meio ambiente aos agentes degradadores.16. Tanto é assim que os princípios basilares da Administração Pública são o da prevenção e da precaução, cuja base empírica é justamente a constatação de que o tempo não é um aliado, e sim um inimigo da restauração e da recuperação ambiental... a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite adequadamente. Portanto, a finalidade da responsabilização ambiental consiste em: a) Recuperar o ecossistema danificado (função reparatória); e b) Promover a educação ambiental do responsável (função pedagógica/preventiva). Como visto mais acima, o artigo 225, §3º da Constituição Federal impõe aos infratores três espécies distintas de responsabilidades pelo dano ambiental, quais sejam: É possível que um mesmo ato possa gerar os três tipos de responsabilidades (civil, administrativa e penal), pois os tipos de normas infringidas são diferentes, não havendo que se falar em bis in idem. Ou seja, os valores protegidos por cada tipo de norma violada são distintos, apesar de convergirem para a mesma finalidade: tutela do meio ambiente. A responsabilidade penal e administrativa pelo dano ambiental é prevista e detalhada na Lei 9.605/98. Já a responsabilidade civil está calcada no artigo 14, §1º da Lei 6.938/81. Espécies de responsabilização pelo dano ambiental Responsabilidade Civil Responsabilidade Administrativa Responsabilidade Penal O STJ entende que o direito ambiental deve atuar em três planos sucessivos, de modo a garantir a tutela integral do meio ambiente, nessa ordem (REsp 1.115.555): 1º - Prevenção 2º - Recuperação 3º - Ressarcimento a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA PELO DANO AMBIENTAL O que fundamenta a possibilidade de imposição de sanções administrativas ao infrator é o poder de polícia, que é a prerrogativa que a Administração Pública detém de impor limitações às liberdades individuais em prol do interesse público. Portanto, para garantir a prevalência do interesse público a Administração Pública edita normas que limitam as liberdades individuais, e caso estas normas sejam descumpridas surge o dever de impor as sanções correspondentes. Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: a prefeitura percebe que os moradores de sua cidade estão colocando o lixo na calçada para ser recolhido em horários que não coincidem com a passagem do caminhão de lixo (liberdade individual). Essa postura está prejudicando o interesse da coletividade, pois a presença de lixo na calçada por muito tempo leva a incidência de mau cheiro, induz a presença de ratos, baratas, contribui para a disseminação de doenças. Em decorrência desta constatação a prefeitura decide editar uma norma proibindo que o morador coloque o lixo na calçada com mais de 02 horas de intervalo do horário de passagem do caminhão do lixo (limitação da liberdade individual), sob pena de multa de R$100,00 (sanção administrativa). Caso o morador não observe a norma administrativa em questão deverá ser devidamente sancionado (pagamento da multa), através da fiscalização praticada pela Administração. Portanto, sempre que alguém contraria uma norma administrativa em matéria ambiental (infração administrativa ambiental) decorrerá o dever de impor a sanção ambiental correspondente, independentemente de ter havido ou não o dano ambiental. O artigo 70 da Lei 9.605/98 define a infração administrativa ambiental como: Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. Referida responsabilidade administrativa, à exemplo da responsabilidade civil, é objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. A responsabilidade administrativa independe da ocorrência do dano (basta a infração à norma para caracterizar a responsabilização administrativa), ao contrário da responsabilidade civil, que requer a conseqüência danosa para sua aplicação. Acrescente-se, ainda, que enquanto a responsabilidade civil se baseia na Teoria do Risco Integral (que, à princípio, não admite excludentes), a responsabilidade administrativa baseia-se na Teoria do Risco Criado, que admite a incidência deexcludentes, mas exige do administrado ± ante a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite presunção de legitimidade dos atos administrativos ± que demonstre que seu comportamento não contribuiu para a ocorrência da infração (culpa concorrente). Pela Teoria do Risco Criado é responsável quem, em função dos riscos ou perigos de sua atividade, incorra em ação ou omissão cuja conseqüência enquadra-se como ilícito administrativo ambiental. A infração administrativa ambiental pode ser, quanto à gravidade: a) Material: causa efetivo dano ambiental b) Formal: não causa dano ambiental (mero descumprimento da norma) As infrações administrativas em matéria ambiental deverão ser apuradas em processos administrativos instaurados por órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, bem como por agentes das Capitanias dos Portos (Ministério da Marinha), haja vista que a competência material na tutela do meio ambiente é comum a todos os entes federativos (artigo 23, VI da CF/88), sendo sempre assegurado o devido processo legal, com a garantia do contraditório, ampla defesa, etc. É dever das autoridades, ao tomarem conhecimento de infrações ambientais, apurá-las imediatamente, sob pena de co-responsabilidade. A responsabilidade administrativa é pessoal do agente que cometeu a infração, seja pessoa jurídica ou pessoa física. As sanções decorrentes de infrações administrativas são as seguintes: Prazos máximos no procedimento administrativo ambiental (art. 71) Oferecimento de defesa ou impugnação contra o auto de infração: 20 dias contados da ciência da autuação Julgamento do auto de infração pela autoridade competente: 30 dias contados da lavratura do auto de infração Recurso para a instância superior: 20 dias Pagamento da multa: 5 dias contados do recebimento da notificação 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite I - advertência; Será aplicada pela inobservância das disposições legais em vigor, ou de preceitos regulamentares. II - multa simples; Pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente e será aplicada sempre que o infrator, por negligência ou dolo, deixar de sanar as irregularidades na prazo assinalado ou atrapalhar a fiscalização ambiental. III - multa diária; Será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração; Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais sejam entregues às instituições mencionadas acima, o órgão autuante zelará para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e transporte que garantam o seu bem-estar físico. Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. V - destruição ou inutilização do produto; Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a instituições científicas, culturais ou educacionais e os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por meio da reciclagem. VI - suspensão de venda e fabricação do produto; Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. VII - embargo de obra ou atividade; 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. VIII - demolição de obra; Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. IX - suspensão parcial ou total de atividades; Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. X - restritiva de direitos. Podem ser: I - suspensão de registro, licença ou autorização; II - cancelamento de registro, licença ou autorização; III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos. Caso o autor cometa, em uma única ação, mais de uma infração ambiental, deverão ser aplicadas, cumulativamente, as sanções referentes a cada infração, não havendo que se falar na absorção da menos grave pela mais grave (art. 72, §1º da Lei 9.605/98). A valor da multa, que variará entre R$50,00 e R$50.000.000,00, será destinado ao Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, ao Fundo Naval e aos Fundos estaduais e municipais de meio ambiente. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência. a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite As sanções administrativas são em regra, auto- executáveis, com exceção das multas, que só podem ser cobradas coativamente através de processo judicial (execução fiscal). O Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, criado em 1989 pela lei nº 7.797, é o mais antigo fundo ambiental da América Latina. É uma unidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e possui a missão de contribuir, como agente financiador, por meio da participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA. Seu conselho deliberativo, composto de 17 representantes de governo e da sociedade civil, visa garantir a transparência e o controle social na execução de recursos públicos destinados a projetos socioambientais em todo o território nacional. Em âmbito federal o Decreto 6.514 normatiza o processo administrativo federal para apuração das infrações ambientais. Segundo o decreto o agente autuante deverá indicar, no autor de infração, a sanção aplicada, observando a gravidade dos fatos, os antecedentes e a situação econômica do infrator. RESPONSABILIDADE PENAL PELO DANO AMBIENTAL O direito penal incide quando há lesão aos direitos mais caros à sociedade, e como não poderia ser diferente, atua também no âmbito do direito ambiental, haja vista que a degradação do meio ambiente corresponde, na verdade, a um atentado a todas as formas de vida, poisestas dependem desse meio para existirem. Daí a necessidade de se tipificar determinadas condutas atentatórias ao meio ambiente, a fim de receberem a justa reprimenda penal por parte do Estado. Ou seja, a incidência do direito penal em matéria ambiental é o reconhecimento de que a tutela do meio ambiente se constitui como objetivo primordial de nossa sociedade. Importante ressaltar que parte da doutrina penal clássica não admite a responsabilização penal da pessoa jurídica, sob o argumento de que esse regime de responsabilização é incompatível com o ente moral (societas delinquere non potest), pois não haveria como imputar culpabilidade à pessoa jurídica, que não tem vontade própria, além da desnecessidade da intromissão do direito penal, quando a questão poderia ser resolvida apenas com a aplicação do direito administrativo. Ocorre que a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica foi um ato político e soberano do Constituinte, que é detentor dos fatores reais de poder. Portanto, todo o sistema penal deve se adaptar a tal previsão constitucional. Os Tribunais 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite Superiores já admitem com naturalidade essa possibilidade, aplicando o direito penal às pessoas jurídicas. Em decorrência do princípio da pessoalidade da pena (art. 5, XLV da CF/88) a sanção penal não pode ultrapassar a pessoa do condenado. Portanto, a responsabilidade, em matéria penal, é pessoal. $� /HL� ���������� FRPXPHQWH� FKDPDGD� GH� ³/HL� GRV� &ULPHV� $PELHQWDLV´� UHXQLX� boa parte das condutas típicas (crimes) praticadas em detrimento o meio ambiente, mas não chegou a unificar a tutela penal do meio ambiente. Não é o ideal, mas foi um bom avanço em termos legislativos, como bem ponderou Édis Milaré1: ³Nada obstante, entendemos que o novo diploma, embora não seja o melhor possível, apresentando ao contrário defeitos perfeitamente evitáveis, ainda assim representa um avanço político na proteção do meio ambiente, por inaugurar uma sistematização da punição administrativa com severas sanções e tipificar organicamente os crimes ecológicos, inclusive na modalidade culposa���´ Tema de grande relevância se refere à possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica, prevista na Constituição Federal, em seu artigo 225, §3º, e materializada no artigo 3º da Lei de Crimes Ambientais. Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. É obvio que irão surgir problemas práticos na responsabilização penal das pessoas jurídicas, pois o artigo 79 da Lei de Crimes Ambientais determina a aplicação subsidiária do Código Penal e do Código de Processo Penal, que não 1 Édis Milaré. Direito do Ambiente, p. 368. 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite foram pensados para tal situação (punição de pessoas jurídicas), mas tais problemas devem ser dirimidos através da aplicação dos princípios do direito. Para haver a responsabilização penal da pessoa jurídica é necessário que o ato criminoso seja determinado pelo representante da PJ ou pelo seu colegiado, já que são estes quem têm poderes para falar em nome da empresa. Além do mais, o ato criminoso deve ter sido praticado no interesse ou benefício da entidade (se o interesse for exclusivo da pessoa física, por exemplo, não poderá haver a responsabilidade penal da PJ). A responsabilidade penal, em nosso país, é sempre subjetiva (princípio da culpabilidade), ou seja, depende de culpa lato sensu (dolo ou culpa). Na responsabilidade penal da pessoa jurídica o elemento culpa será verificado tendo como parâmetro, claro, a pessoa física que praticou o ato. O parágrafo único do artigo 3º traz a previsão de que a responsabilização penal da PJ não afasta a responsabilidade penal das pessoas físicas participantes do fato típico, mas é importante observar que a responsabilização da pessoa física não é condição para a responsabilização da pessoa jurídica (não há necessidade de dupla imputação). O STF e o STJ não admitem a pessoa jurídica como paciente em habeas corpus, haja vista que o ente moral não possui direito de locomoção. Ante as peculiaridades das pessoas jurídicas, a legislação previu, no âmbito da responsabilização penal, um sistema diferenciado de penas, que prevê O STJ possuía entendimento que condicionava a responsabilização penal da pessoa jurídica à responsabilização da pessoa física (dupla imputação), ou seja, a PJ só poderia ser responsabilizada caso a PF que executou o ato típico também o fosse. Ocorre que, após o STF afirmar que a Constituição Federal não condiciona a responsabilização da PJ à responsabilização da PF, o STJ modificou seu posicionamento. Portanto, o entendimento predominante tanto no STF quanto no STJ é de que não há necessidade da dupla imputação, ou seja, a PJ pode ser responsabilizada criminalmente independentemente da PF ter sido ou não responsabilizada. Conferir Informativo STJ nº 566. 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite aplicação isolada, cumulativa ou alternativamente das seguintes espécies de penas (artigo 21 da Lei 9.605/98): I ± MULTA: Será calculada segundo os critérios do Código Penal, ou seja, em dias-multa, no mínimo de 10 e no máximo de 360. O valor de cada dia-multa é fixado pelo juiz, não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. II ± PENA RESTRITIVA DE DIREITOS: Podem ser: a) suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente. b) interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de disposição legal ou regulamentar. c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações: não poderá exceder o prazo de dez anos. III ± PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE: Podem ser: a) custeio de programas e de projetos ambientais; b) execução de obras de recuperação de áreas degradadas; c) manutenção de espaços públicos; d) contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. Caso se comprove que uma PJ foi criada para ser usada na prática de crimes ambientais deverá ser decretada a sua liquidação forçada (equivalenteà morte civil), e seu patrimônio será considerado instrumento de crime e revertido ao Fundo Penitenciário Nacional (artigo 24 da Lei 9.605/98). Não confundir com a possibilidade de desconsideração sempre que sua personalidade atrapalhar ou prejudicar o ressarcimento dos 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite prejuízos causados (artigo 4º da Lei 9.605/98). Neste caso a PJ não foi criada para a prática de crimes, apenas a personalidade jurídica (separação patrimonial entre PJ e seus sócios) atrapalha o adequado ressarcimento dos danos causados, não havendo que se falar na extinção da pessoa jurídica, apenas na desconsideração temporária dessa separação patrimonial, possibilitando a execução do patrimônio dos sócios (Teoria Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica, que não exige abuso da personalidade jurídica). RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO AMBIENTAL A Constituição Federal, em seu artigo 24, VIII, estabeleceu a competência concorrente entre União, Estados e DF no que toca a legislar sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, in verbis: CF/88 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: ... VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; Portanto, os Estados e o DF podem instituir normas mais protetivas em sede de responsabilização pelo dano ambiental (plus de proteção), não podendo, jamais, contrariar as normas federais, ainda mais quando sua aplicação [das normas estaduais] resultar em uma tutela ambiental mais frágil, o que já é vedado pelo princípio da proibição do retrocesso (efeito cliquet) A Constituição Federal, no artigo 225, §3º, determina que o poluidor é responsável pela reparação dos danos causados, não falando nada sobre a necessidade de se comprovar culpa ou dolo. Enfim, os únicos elementos necessários para a caracterização da responsabilidade pela reparação dos danos (responsabilidade civil) são: Dano; Agente poluidor; e Nexo de causalidade entre o agente e o dano causado. Diz-se, portanto, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é objetiva, quer dizer, independe de culpa ou dolo. 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite Também devemos ressaltar que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é calcada na teoria do risco integral, que é uma teoria extremada do risco, onde o nexo de causalidade é fortalecido, não podendo ser rompido por excludentes de responsabilidade como culpa de terceiro, força maior, caso fortuito, etc. Mesmo atos lícitos podem ensejar a responsabilização. Para corroborar esse argumento a Lei 6.938/81 trouxe a previsão, em seu artigo 14, §1º (recepcionada pela Carta Magna), de que: § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade... E como se dará essa responsabilização civil pelos danos ambientais? A regra é a aplicação do postulado da reparação específica in situ. E o que isso significa? Simples. Em havendo dano ambiental a prioridade a ser dada será a recuperação do meio ambiente lesado no local onde houve o dano. Muitas vezes não adianta apenas condenar o agente a recuperar uma área no Mato Grosso por um dano ambiental causado no Paraná. Aquele ecossistema degradado (no Mato Grosso) continuará lesado, colocando em risco a flora e a fauna local. Além do mais, não basta apenas que o autor do dano pague pelo dano causado. Ele deverá, caso possível, restaurar o meio degradado (reparação in natura), fazendo com que se consiga voltar o mais próximo possível do status quo ante. A reparação in natura serve, ainda, como medida pedagógica tendente a criar uma cultura na sociedade que prima pela preservação do meio ambiente. Portanto, o ressarcimento em pecúnia é a exceção. REGRA EXCEÇÃO Ressarcimento in natura (de preferência in situ) Ressarcimento em pecúnia E quem deve ser o responsável pela reparação ao dano ambiental causado? A norma é bastante clara: o poluidor! Já vimos em aula passada que poluidor é a pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite Perceba que não precisa nem mesmo haver a prática de um ato ou sua omissão para a caracterização do agente como poluidor. Basta, pela teoria do risco integral, que ele esteja envolvido (seja o responsável) na atividade que causou o dano. Imaginemos que um raio atinja uma linha de transmissão de energia, que desmorona e dá início a um incêndio que devasta uma área de floresta ao redor. Não houve qualquer ato de vontade por parte da empresa que opera a linha de transmissão. Tudo foi decorrência de um caso de força maior. Mas apenas pelo fato da degradação ter acontecido no contexto da atividade de transmissão de energia a empresa será responsabilizada, pois assim como ela se beneficia dos bônus do negócio deverá arcar, também, com o ônus decorrente. Passemos ao estudo do dano ambiental. O que é esse dano? Primeiro devemos partir da premissa de que dano é a lesão a um bem jurídico. O dano ambiental, portanto, é a lesão ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (bem jurídico ambiental). Como decorrência da indivisibilidade do bem ambiental, sua lesão será, por conseqüência, difusa e indivisível, exigindo uma reparação erga omnes. Caso a lesão do meio ambiente provoque danos individuais em ricochete (danos múltiplos) o lesado poderá, de forma individual, pleitear a reparação devida, não prejudicando a reparação difusa do bem ambiental lesado. O dano ambiental pode causar, em resumo, perdas patrimoniais e perdas sociais/morais (também chamado de dano moral difuso), devendo ambos serem ressarcidos. E tanto o dano ambiental quanto o dano particular decorrente (reflexo) devem ser ressarcidos sob a sistemática da responsabilidade objetiva. Acrescente-se, ainda, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é solidária, ou seja, todos os agentes causadores do dano podem ser chamados a ressarcir integralmente. Assim, todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a existência do dano ambiental são co-responsáveis O STJ vem entendendo que o dano ambiental é imprescritível, por se tratar de direito inerente à própria vida, fundamental à existência humana (REsp 1.120.117) a O STJ, desde 2010, admite o ressarcimento pelo dano moral coletivo, inclusive o ambiental (REsp 1.180.078, REsp 1.367.923) a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudênciae questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite pela reparação (inteligência do artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). O litisconsórcio passivo, em decorrência, é facultativo, como é comum na responsabilidade solidária (REsp 880.160). Eventual discussão quanto à participação de cada um dos agentes poluidores no dano ambiental deverá ser feita em ação regressiva, não podendo gerar entraves no processo de reparação, motivo pelo qual é vedado o chamamento ao processo e a denunciação da lide (REsp 232.187). Importante frisar que a ligação entre o ato/atividade do agente e o dano ambiental (degradação) é o nexo de causalidade, que deve estar presente a fim de que se permita a responsabilidade civil. Em decorrência da teoria do risco integral esse nexo de causalidade é reforçado, não sendo afastado em caso de força maior, caso fortuito, culpa de terceiro. Com base no princípio da prevenção/precaução, aliado à natureza essencial do bem ambiental e a corriqueira hipossuficiência técnica, científica e financeira dos titulares do bem ambiental, os Tribunais, em especial o STJ, têm imputado ao pretenso poluidor o ônus da prova (deve provar que não houve o dano ou que não há qualquer nexo de causalidade entre ele e o dano verificado). Há, portanto, a inversão do ônus da prova (REsp 972.902). Os tribunais têm admitido a responsabilização do Poder Público (principalmente em sede de solidariedade passiva) pela omissão no dever de fiscalizar. Regra geral a responsabilização por omissão do Estado é baseada na teoria da culpa administrativa, que requer o elemento subjetivo (culpa ou dolo). Ocorre que esse elemento subjetivo, na responsabilização por dano ambiental, vem sendo afastado, permitindo a aplicação da responsabilidade objetiva (vide informativos STJ 390, 399 e 388 e REsp 1.071.741), mas de execução subsidiária, ou seja, o Estado atua como um devedor-reserva, que só será chamado caso a execução contra o poluidor não logre êxito. A verdade é que a questão está longe de ser unanimidade. QUADRO DE COMPARAÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADES RESPONSABILIDADE CIVIL RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA OBJETIVA SUBJETIVA DEPENDE DA EXISTÊNCIA DO DANO NÃO DEPENDE DA EXISTÊNCIA DO DANO NÃO DEPENDE DA EXISTÊNCIA DO DANO 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite SOLIDÁRIA PESSOAL PESSOAL PODE DECORRER DE ATO LÍCITO OU ILÍCITO DECORRE DE ILÍCITO ADMINISTRATIVO DECORRE DE ILÍCITO PENAL PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA TEORIA DO RISCO INTEGRAL TEORIA DO RISCO CRIADO TEORIA DA CULPABILIDADE 2 ± Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental ± TAC AMBIENTAL O Termo de Ajustamento de Conduta ± TAC surgiu no ordenamento jurídico como um instrumento alternativo (portanto, não obrigatório) de resolução de conflitos relacionados aos direitos coletivos, possibilitando a efetivação extrajudicial da proteção desses direitos, dentre os quais se insere o direito ao meio ambiente equilibrado. A grande vantagem do instituto é evitar a máquina judiciária, que é burocrática e já está abarrotada de processos, os quais se arrastam quase que eternamente, colocando em risco a efetividade da tutela jurisdicional. O TAC foi prevista no artigo 5º, §6º da Lei da Ação Civil Pública (7.347/85), in verbis: § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. O Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental é, portanto, um título executivo extrajudicial lavrado pelos órgãos públicos (Ministério Público, União, Estados, DF, Municípios), após a realização de acordo entre o órgão público ambiental e o agente responsável pelo dano ambiental causado ou na iminência de ocorrer, onde este se compromete a ajustar seu comportamento, de modo a obedecer às 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite exigências legais, com vistas a garantir a reparação integral e/ou a prevenção da degradação ambiental. O TAC pode ser firmado antes ou durante um processo judicial, e, caso seja homologado pelo juiz, torna-se um título executivo judicial, nos termos do artigo 515, III do Código de Processo Civil. O TAC ambiental poderá prever, cumulativamente, condutas positivas (obrigação de fazer), negativas (obrigação de não fazer), ou ainda de pagar quantia (multas civis em caso de descumprimento, por exemplo). Importante deixar claro que as obrigações resultantes do Termo devem ser líquidas, certas e exigíveis, ou seja, deve haver a especificação clara de como devem ser cumpridas, sob pena de nulidade da execução, conforme artigo 803, I do CPC, in verbis: CPC Art. 803. É nula a execução se: I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; Como o meio ambiente equilibrado é um bem jurídico indisponível, o tomador do TAC (órgão público), ao estipular as obrigações, e diante da presença de várias alternativas viáveis, deverá escolher aquela que melhor tutele o meio ambiente, ou seja, a discricionariedade é bastante limitada pelo interesse público envolvido. A assinatura de TAC, extrajudicialmente, pelo Ministério Público, poderá redundar no arquivamento total ou parcial do inquérito civil em andamento, mas não tem o condão de afastar a ação penal, pois se trata de esfera diversa (penal), conforme pondera Eládio Lecey: ³Mesmo ocorrendo ajustamento na esfera civil e até com reparação do dano, remanescerá a necessidade de intervenção no juízo criminal. Logicamente, tendo ocorrido termo de ajustamento de conduta com composição do dano e sendo a infração de menor potencial ofensivo, cabível, de regra, a transação penal, como já foi aqui destacado. Em caso de infração de médio potencial ofensivo, constatada, posteriormente, a efetiva reparação do dano por laudo, preenchida estará condição da suspensão do processo 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite porventura aplicada. Finalmente, a reparação do dano poderá influenciar, em caso de sentença condenatória, na aplicação da pena. Não terá, no entanto, o condão de afastar a ação penal.´2 Acrescente-se, para corroborar o que foi dito acima, que nas infrações penais ambientais a ação penal é pública incondicionada, não havendo espaço para discricionariedade entre oferecer ou não a denúncia caso haja os elementos mínimos de convicção (mas isso já é assunto para o direito penal). 3 - Jurisprudência Correlata CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA JURÍDICA. CULPABILIDADECOMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO- RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO. 2 LECEY, Eládio. Direito Ambiental Penal Reparador. [S.l.: s.n.], 2008. Disponível em: <http://www.esmarn.org.br/cursos/aperfeicoamentoMagistrados/2008/direitoAmbientalPenalRepara dor.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2010. p. 8. O STJ decidou que a assinatura de TAC ambiental não é capaz de afastar a tipicdade penal, pois a extensão nesta seara não é alcançada pela esfera administrativa ou civil - independência de instâncias. O cumprimento do TAC servirá, no máximo, para atenuar a sanção penal imposta (Informativo STJ 467 e REsp 1.294.980) a 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite I. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da atividade do estabelecimento comercial. II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas como forma mesmo de prevenção geral e especial. IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem culpáveis e de sofrerem penalidades. V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, ser passível de responsabilização penal. VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita- se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do ente moral. VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante legal ou contratual ou de seu órgão colegiado." IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua culpabilidade. X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da relação processual-penal. (STJ, REsp 564.960, DJ 13/06/2005) INFORMATIVO 566 STJ. DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS. É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da Primeira Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 29/10/2014). Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior orientação, de modo a entender que é possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317- SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015. ADMINISTRATIVO. MULTA AMBIENTAL. AUTUAÇÃO. COMPETÊNCIA DOS TÉCNICOSDO IBAMA PARA APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PORTARIA IBAMA N. 1.273/98.EXERCÍCIO DE PODER DISCRICIONÁRIO. 1. A Lei n. 9.605/1998 confere a todos os funcionários dos órgãos ambientais integrantes do SISNAMA o poder para lavrar autos de infração e para instaurar processos administrativos, desde que designados para as atividades de fiscalização, o que, para a hipótese, ocorreu com a Portaria n. 1.273/1998. (REsp 1.057.292/PR,Rel. Min. Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 17.6.2008,DJe 18.8.2008). 2. Basta ao técnico ambiental do IBAMA a designação para a atividade de fiscalização, para que esteja regularmente investido do poder de polícia ambiental, nos termos da legislação referida. Caberia ao órgão ambiental (IBAMA), discricionariamente escolher os servidores que poderiam desempenhar a atividade de fiscalização e designá-los então para essa função. Evidentemente que a tarefa de escolha dos servidores designados para o exercício da atividade de fiscalização diz respeito ao poder discricionário do órgão ambiental. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 1.260.376, de 21/09/2011) 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem nortear o raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide encontram-se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim no art. 225, § 3º, da CF e na Lei6.938/81, art. 14, § 1º, que adotou a teoria do risco integral, impondo ao poluidor ambiental responsabilidade objetiva integral. Isso implica o dever de reparar independentemente de a poluição causada ter-se dado em decorrência de ato ilícito ou não, não incidindo, nessa situação, nenhuma excludente de responsabilidade. Precedentes. 2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam uma atuação jurisdicional de extrema complexidade. 3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória queenvolve demanda ambiental, como é o caso, e diante da hipossuficiência técnica e financeira do autor, entendeu pela inversão do ônus da prova. Cabimento. ... (STJ, AgRg no REsp 1.412.664, de 11/02/2014) PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL ± VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA ± DANO AMBIENTAL ± RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA ± RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA ± REPOSIÇÃO NATURAL: OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO ± CABIMENTO. ... 2. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume grande amplitude, com profundas implicações na espécie de responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. 3. A condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito de recuperar a área degradada pode não ser suficiente para eximi- lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a reposição natural para compor o dano ambiental. 4. Sem descartar a possibilidade de haver concomitantemente na recomposição do dano ambiental a imposição de uma obrigação de fazer e também a complementação com uma obrigação de pagar uma indenização, 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite descarta-se a tese de que a reposição natural exige sempre e sempre uma complementação. 5. As instâncias ordinárias pautaram-se no laudo pericial que considerou suficiente a reposição mediante o reflorestamento, obrigação de fazer. (STJ, REsp 1.165.281, de 17/05/2010) ...4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ. 5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, é subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, assentado no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta duas exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva do ente público decorrer de expressa previsão legal, em microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 6.938/1981, art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º). Segundo, quando as circunstâncias indicarem a presença de um standard ou dever de ação estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, consoante a construção doutrinária e jurisprudencial, do texto constitucional. 6. O dever-poder de controle e fiscalização ambiental (= dever-poder de implementação), além de inerente ao exercício do poder de polícia do Estado, provém diretamente do marco constitucional de garantia dos processos ecológicos essenciais (em especial os arts. 225, 23, VI e VII, e 170, VI) e da legislação, sobretudo da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981, arts. 2º, I e V, e 6º) e da Lei 9.605/1998 (Lei dos Crimes e Ilícitos Administrativos contra o Meio Ambiente). 7. Nos termos do art. 70, § 1º, da Lei 9.605/1998, são titulares do dever- poder de implementação os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, além de outros a que se confira tal atribuição. 8. Quando a autoridade ambiental tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co- responsabilidade? (art. 70, § 3°, da Lei 9.605/1998, grifo acrescentado). 9. Diante de ocupação ou utilização ilegal de espaços ou bens públicos, não se desincumbe do dever-poder de fiscalização ambiental (e também urbanística) o Administrador que se limita a embargar obra ou atividade irregular e a denunciá-la ao Ministério Público ou 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite à Polícia, ignorando ou desprezando outras medidas, inclusive possessórias, que a lei põe à sua disposição para eficazmente fazer valer a ordem administrativa e, assim, impedir, no local, a turbação ou o esbulho do patrimônio estatal e dos bens de uso comum do povo, resultante de desmatamento, construção, exploração ou presença humana ilícitos. 10. A turbação e o esbulho ambiental-urbanístico podem e no caso do Estado, devem ser combatidos pelo desforço imediato, medida prevista atualmente no art. 1.210, § 1º, do Código Civil de 2002 e imprescindível à manutenção da autoridade e da credibilidade da Administração, da integridade do patrimônio estatal, da legalidade, da ordem pública e da conservação de bens intangíveis e indisponíveis associados à qualidade de vida das presentes e futuras gerações. 11. O conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, é amplíssimo, confundindo-se, por expressa disposição legal, com o de degradador da qualidade ambiental, isto é, toda e qualquer pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV, da Lei 6.938/1981, grifo adicionado). 12. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe denunciar, quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros fazem. 13. A Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente responsável, nos termos da Lei 6.938/1981, por danos urbanístico- ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente, tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o seu agravamento, consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da adoção, contra o agente público relapso ou desidioso, de medidas disciplinares, penais, civis e no campo da improbidade administrativa. 14. No caso de omissão de dever de controle e fiscalização, a responsabilidade ambiental solidária da Administração é de execução subsidiária (ou com ordem de preferência). 15. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do Código Civil). 16. Ao acautelar a plena solvabilidade financeira e técnica do crédito ambiental, não se insere entre as aspirações da responsabilidade solidária e de execução subsidiária do Estado sob pena de onerar duplamentea sociedade, romper a equação do princípio poluidor-pagador e inviabilizar a internalização das externalidades ambientais negativas substituir, mitigar, postergar ou dificultar o dever, a cargo do degradador material ou principal, de recuperação integral do meio ambiente afetado e de indenização pelos prejuízos causados. 17. Como consequência da solidariedade e por se tratar de litisconsórcio facultativo, cabe ao autor da Ação optar por incluir ou não o ente público na petição inicial. 18. Recurso Especial provido. (STJ, REsp 1.071.741, de 16/12/2010) DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELA EMISSÃO DE FLÚOR NA ATMOSFERA. TEORIA DO RISCO INTEGRAL. POSSIBILIDADE DE OCORRER DANOS INDIVIDUAIS E À COLETIVIDADE. NEXO DE CAUSALIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. DANO MORAL IN RE IPSA. ... 2. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que, nos danos ambientais, incide a teoria do risco integral, advindo daí o caráter objetivo da responsabilidade, com expressa previsão constitucional (art. 225, § 3º, da CF) e legal (art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981), sendo, por conseguinte, descabida a alegação de excludentes de responsabilidade, bastando, para tanto, a ocorrência de resultado prejudicial ao homem e ao ambiente advindo de uma ação ou omissão do responsável. 4. É jurisprudência pacífica desta Corte o entendimento de que um mesmo dano ambiental pode atingir tanto a esfera moral individual como a esfera coletiva, acarretando a responsabilização do poluidor em ambas, até porque a reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa possível. ... (STJ, REsp 1.175.907, de 25/09/2014) INFORMATIVO 388 STJ. DANOS AMBIENTAIS. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. A questão em causa diz respeito à responsabilização do Estado por danos ambientais causados pela invasão e construção, por 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite particular, em unidade de conservação (parque estadual). A Turma entendeu haver responsabilidade solidária do Estado quando, devendo agir para evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou atua de forma deficiente. A responsabilização decorre da omissão ilícita, a exemplo da falta de fiscalização e de adoção de outras medidas preventivas inerentes ao poder de polícia, as quais, ao menos indiretamente, contribuem para provocar o dano, até porque o poder de polícia ambiental não se exaure com o embargo à obra, como ocorreu no caso. Há que ponderar, entretanto, que essa cláusula de solidariedade não pode implicar benefício para o particular que causou a degradação ambiental com sua ação, em detrimento do erário. Assim, sem prejuízo da responsabilidade solidária, deve o Estado - que não provocou diretamente o dano nem obteve proveito com sua omissão - buscar o ressarcimento dos valores despendidos do responsável direto, evitando, com isso, injusta oneração da sociedade. Com esses fundamentos, deu-se provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 973.577- SP, DJ 19/12/2008; REsp 604.725-PR, DJ 22/8/2005; AgRg no Ag 822.764-MG, DJ 2/8/2007, e REsp 647.493-SC, DJ 22/10/2007. REsp 1.071.741-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009. ADMINISTRATIVO ± AÇÃO CIVIL PÚBLICA ± INTERDEPENDÊNCIA CAUSAL POSSIBILIDADE DE VIOLAÇÃO SIMULTÂNEA A MAIS DE UMA ESPÉCIE DE INTERESSE COLETIVO ± DIREITOS DIFUSOS E INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ± RELEVANTE INTERESSE SOCIAL ± LEGITIMIDADE. 1. Conforme se observa no acórdão recorrido, o caso dos autos ultrapassa a órbita dos direitos patrimoniais da população diretamente afetada e atinge interesses metaindividuais, como o meio ambiente ecologicamente equilibrado e a uma vida saudável. 2. É um erro acreditar que uma mesma situação fática não possa resultar em violação a interesses difusos, coletivos e individuais simultaneamente. A separação, ou melhor, a categorização dos interesses coletivos lato sensu em três espécies diferentes é apenas metodológica. 3. No mundo fenomenológico as relações causais estão tão intimamente ligadas que um único fato pode gerar consequências de diversas ordens, de modo que é possível que dele advenham interesses múltiplos. É o caso, por exemplo, de um acidente ecológico que resulta em danos difusos ao meio ambiente, à saúde pública e, ao mesmo tempo, em danos individuais homogêneos aos moradores da região. 4. Ademais, ainda que o caso presente tratasse unicamente de direitos individuais homogêneos disponíveis, isso não afasta a relevância social dos 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite interesses em jogo, o que é bastante para que se autorize o manejo de ação civil pública pelo agravado. Agravo regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 1.154.747, de 16/04/2010) RECURSO ESPECIAL - DANO MORAL COLETIVO - CABIMENTO - ARTIGO 6º, VI, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - REQUISITOS - RAZOÁVEL SIGNIFICÂNCIA E REPULSA SOCIAL - OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE - CONSUMIDORES COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇAO - EXIGÊNCIA DE SUBIR LANCES DE ESCADAS PARA ATENDIMENTO - MEDIDA DESPROPORCIONAL EDESGASTANTE - INDENIZAÇAO - FIXAÇAO PROPORCIONAL - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇAO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. I - A dicção do artigo 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor é clara ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos consumidores, tanto de ordem individual quanto coletivamente. II - Todavia, não é qualquer atentado aos interesses dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva. Ocorrência, na espécie. III - Não é razoável submeter aqueles que já possuem dificuldades de locomoção, seja pela idade, seja por deficiência física, ou por causa transitória, à situação desgastante de subir lances de escadas, exatos 23 degraus, em agência bancária que possui plena capacidade e condições de propiciar melhor forma de atendimento atais consumidores. IV - Indenização moral coletiva fixada de forma proporcional e razoável ao dano, no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). V - Impõe-se reconhecer que não se admite recurso especial pela alínea c quando ausente a demonstração, pelo recorrente, das circunstâncias que identifiquem os casos confrontados. VI - Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1.221.756, de 10/02/2012) ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. OMISSÃO INEXISTENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL.CONDENAÇÃO A DANO EXTRAPATRIMONIAL OU DANO MORAL COLETIVO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO NATURA. ... 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite 2. A Segunda Turma recentemente pronunciou-se no sentido de que, ainda que de forma reflexa, a degradação ao meio ambiente dá ensejo ao dano moral coletivo. 3. Haveria contra sensu jurídico na admissão de ressarcimento por lesão a dano moral individual sem que se pudessedar à coletividade o mesmo tratamento, afinal, se a honra de cada um dos indivíduos deste mesmo grupo é afetada, os danos são passíveis de indenização. 4. As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro natura. Recurso especial improvido. (STJ, REsp 1.367.923, de 27/08/2012) AMBIENTAL. DESMATAMENTO. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER (REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA (INDENIZAÇÃO). POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DA NORMA AMBIENTAL. 1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter responsabilização por danos ambientais causados pelo desmatamento de área de mata nativa. A instância ordinária considerou provado o dano ambiental e condenou o degradador a repará-lo; porém, julgou improcedente o pedido indenizatório. 2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a necessidade de reparação integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar. Precedentes da Primeira e Segunda Turmas do STJ. 3. A restauração in natura nem sempre é suficiente para reverter ou recompor integralmente, no terreno da responsabilidade civil, o dano ambiental causado, daí não exaurir o universo dos deveres associados aos princípios do poluidor-pagador e da reparação in integrum. 4. A reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada não exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano que permanece entre a sua ocorrência e o pleno restabelecimento do meio ambiente afetado (= dano interino ou intermediário), bem como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (= degradação ambiental que subsiste, não obstante todos os esforços de restauração). 5. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não configura bis in idem, porquanto a indenização não é para o dano especificamente já reparado, mas para os seus efeitos 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite remanescentes, reflexos ou transitórios, com destaque para a privação temporária da fruição do bem de uso comum do povo, até sua efetiva e completa recomposição, assim como o retorno ao patrimônio público dos benefícios econômicos ilegalmente auferidos. 6. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade, em tese, de cumulação de indenização pecuniária com as obrigações de fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, com a devolução dos autos ao Tribunal de origem para que verifique se, na hipótese, há dano indenizável e para fixar eventual quantum debeatur. (STJ, REsp 1.180.078, de 28/02/2012) INFORMATIVO 415 STJ. ACP. REPARAÇÃO. DANO AMBIENTAL. Cuida-se, originariamente, de ação civil pública (ACP) com pedido de reparação dos prejuízos causados pelos ora recorrentes à comunidade indígena, tendo em vista os danos materiais e morais decorrentes da extração ilegal de madeira indígena. Os recorrentes alegam a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar a causa, uma vez que caberia à Justiça estadual a competência para julgar as causas em que o local do dano experimentado não seja sede de vara da Justiça Federal. Porém a Min. Relatora entendeu que a Justiça Federal, segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal e do STF, tem competência territorial e funcional nas ações civis públicas intentadas pela União ou contra ela, em razão de o município onde ocorreu o dano ambiental não integrar apenas o foro estadual da comarca local, mas também o das varas federais. Do ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual dano), a prescrição cria em seu favor a faculdade de articular (usar da ferramenta) exceção substancial peremptória. A prescrição tutela interesse privado, podendo ser compreendida como mecanismo de segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental refere-se àquele que oferece grande risco a toda humanidade e à coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui direito difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano ambiental assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador do meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabilidade objetiva, fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da culpa do agente causador do dano. O direito ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade hermenêutica, também está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não em texto legal. No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite jurídica e estabilidade com natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, fundamental, que antecede todos os demais direitos ± pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer ± o último prevalece, por óbvio, concluindo pela imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, havendo elementos suficientes nos autos, pode o magistrado determinar, desde já, o montante da reparação. REsp 1.120.117- AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009. INFORMATIVO 404 STJ. MEIO AMBIENTE. INDENIZAÇÃO. ADQUIRENTE. Trata-se de ação civil pública (ACP) na qual o MP objetiva a recuperação de área degradada devido à construção de usina hidrelétrica, bem como indenização pelo dano causado ao meio ambiente. A Turma entendeu que a responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo de causalidade. Contudo, não obstante a comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em algumas situações dispensa-se tal necessidade em prol de uma efetiva proteção do bem jurídico tutelado. É isso que ocorre na esfera ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é responsabilizado pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A responsabilidade por danos ao meio ambiente, além de objetiva, também é solidária. A possibilidade de responsabilizar o novo adquirente de imóvel já danificado apenas busca dar maior proteção ao meio ambiente, tendo em vista a extrema dificuldade de precisar qual foi a conduta poluente e quem foi seu autor. Assim, na espécie, conforme a análise das provas feitas pelo Tribunal a quo, foi possível verificar o real causador do desastre ambiental, ficando ele responsável por reparar o dano, ainda que solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. Precedentes citados: REsp 185.675-SP, DJ 2/10/2000; REsp 843.036-PR, DJ 9/11/2006; REsp 263.383-PR, DJ 22/8/2005, e REsp 327.254-PR, DJ 19/12/2002. REsp 1.025.574-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 25/8/2009. INFORMATIVO 545 STJ. DIREITO AMBIENTAL E CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM DECORRÊNCIA DE DANO AMBIENTAL PROVOCADO PELA EMPRESA RIO POMBA CATAGUASES LTDA. NO MUNICÍPIO DE MIRAÍ-MG. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-CDO CPC E RES. 8/2008-STJ). Em relação ao acidente ocorrido no Município de Miraí-MG, em janeiro de 2007, quando a empresa de Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda., durante o desenvolvimento de sua atividade empresarial, deixou vazar cerca de 2 bilhões de litros de resíduos de lama tóxica (bauxita), material 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite que atingiu quilômetros de extensão e se espalhou por cidades dos Estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, deixando inúmeras famílias desabrigadas e sem seus bens (móveis e imóveis): a) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a sua obrigação de indenizar; b) em decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e morais causados; e c) na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos autores, e, ainda, ao porte da empresa recorrida, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de modo a que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização e, de outro lado, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados por aquele que fora lesado. Com efeito, em relação aos danos ambientais, incide a teoria do risco integral, advindo daí o caráter objetivo da responsabilidade, com expressa previsão constitucional (art. 225, § 3º, da CF) e legal (art.14, § 1º, da Lei 6.938/1981), sendo, por conseguinte, descabida a alegação de excludentes de responsabilidade, bastando, para tanto, a ocorrência de resultado prejudicial ao homem e ao ambiente advinda de uma ação ou omissão do responsável (EDcl no REsp 1.346.430-PR, Quarta Turma, DJe 14/2/2013). Ressalte-se que a Lei 6.938/1981, em seu art. 4°, VII, dispõe que, dentre os objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, está "a imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados". Mas, para caracterização da obrigação de indenizar, é preciso, além da ilicitude da conduta, que exsurja do dano ao bem jurídico tutelado o efetivo prejuízo de cunho patrimonial ou moral, não sendo suficiente tão somente a prática de um fato contra legem ou contra jus, ou que contrarie o padrão jurídico das condutas. Assim, a ocorrência do dano moral não reside exatamente na simples ocorrência do ilícito em si, de sorte que nem todo ato desconforme com o ordenamento jurídico enseja indenização por dano moral. O importante é que o ato ilícito seja capaz de irradiar-se para a esfera da dignidade da pessoa, ofendendo-a de forma relativamente significante, sendo certo que determinadas ofensas geram dano moral in re ipsa. Na hipótese em foco, de acordo com prova delineada pelas instâncias ordinárias, constatou-se a existência de uma relação de causa e efeito, verdadeira ligação entre o rompimento da barragem com o vazamento de 2 bilhões de litros de dejetos de bauxita e o resultado danoso, caracterizando, assim, 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite dano material e moral. REsp 1.374.284- MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 27/8/2014. DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem nortear o raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide encontram- se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim no art. 225, § 3º, da CF e na Lei6.938»81, art. 14, § 1º, que adotou a teoria do risco integral, impondo ao poluidor ambiental responsabilidade objetiva integral. Isso implica o dever de reparar independentemente de a poluição causada ter-se dado em decorrência de ato ilícito ou não, não incidindo, nessa situação, nenhuma excludente de responsabilidade. Precedentes. 2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam uma atuação jurisdicional de extrema complexidade. 3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória que envolve demanda ambiental, como é o caso, e diante da hipossuficiência técnica e financeira do autor, entendeu pela inversão do ônus da prova. Cabimento. 4. A agravante, em seu arrazoado, não deduz argumentação jurídica nova alguma capaz de modificar a decisão ora agravada, que se mantém, na íntegra, por seus próprios fundamentos. 5. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1.412.664, de 11/02/2014) PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL AÇAO CIVIL PÚBLICA DANO AMBIENTAL ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET MATÉRIA PREJUDICADA INVERSAO DO ÔNUS DA PROVA ART. 6º, VIII, DA LEI8.078/1990 C/C O ART. 21 DA LEI 7.347/1985 PRINCÍPIO DA PRECAUÇAO. ... 3. Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o empreendedor da atividade potencialmente perigosa o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento, a partir da interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei 7.347/1985, conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução. 4. Recurso especial parcialmente provido. 02468062140 02468062140 - WINDSON JOSE DAVID E SILVA Prof. Thiago Leite www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 49 DIREITO AMBIENTAL - PGE-MA Teoria, jurisprudência e questões Aula 07 ± Prof. Thiago Leite (STJ, REsp 972.902, de 14/09/2009) AMBIENTAL. DRENAGEM DE BREJO. DANO AO MEIO AMBIENTE.ATIVIDADE DEGRADANTE INICIADA PELO PODER PÚBLICO ECONTINUADA PELA PARTE RECORRIDA. NULIDADE DASENTENÇA. PARTE DOS AGENTES POLUIDORES QUE NAOPARTICIPARAM FEITO. INOCORRÊNCIA DE VÍCIOS.LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO. SOLIDARIEDADE PELA REPARAÇAO DO DANO AMBIENTAL. IMPOSSIBILIDADE DESEPARAÇAO DA RESPONSABILIDADE DOS AGENTES NO TEMPOPARA FINS DE CONDENAÇAO EM OBRIGAÇAO DE FAZER(REPARAÇAO DO NICHO). ABRANGÊNCIA DO CONCEITO DE"POLUIDOR" ADOTADO PELA LEI N. 6.938/81. DIVISAO DOSCUSTOS ENTRE OS POLUIDORES QUE DEVE SER APURADO EMOUTRA SEDE. 1. Na origem, cuida-se de ação civil pública intentada em face de usina por ter ficado constatado que a empresa levava a cabo a drenagem de reservatório natural de localidade do interior do Rio de Janeiro conhecida como "Brejo Lameiro". Sentença e acórdão que entenderam pela improcedência dos pedidos do Parquet em razão de a atividade de drenagem ter sido iniciada pelo Poder Público e apenas continuada pela empresa ora recorrida. 2. Preliminar levantada pelo MPF em seu parecer - nulidade da sentença em razão da necessidade de integração da lide pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, extinto órgão federal, ou por quem lhe faça as vezes -, rejeitada, pois é pacífica a jurisprudência desta
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