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Ambiental 07

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Aula 07
Direito Ambiental p/ PGE-MA - Procurador do Estado
Professor: Thiago Leite
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AULA 07 
Responsabilidade pelo 
Dano Ambiental e Termo de 
Ajustamento de Conduta 
Ambiental 
Sumário 
1 ± Responsabilidade pelo dano ambiental ................................................... 2 
2 ± Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental ± TAC Ambiental .............. 16 
3 ± Jurisprudência correlata ..................................................................... 18 
4 - Questões .......................................................................................... 36 
5 - Resumo da Aula ................................................................................ 48 
 
 
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AULA 07 - RESPONSABILIDADE PELO DANO 
AMBIENTAL E TERMO DE AJUSTAMENTO DE 
CONDUTA AMBIENTAL 
1 ± Responsabilidade pelo Dano Ambiental 
 
A responsabilidade pelo dano ambiental possui base no artigo 225, §3º da 
Constituição Federal: ³As condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a 
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados�´ 
Como visto em aula anterior, os princípios da prevenção e da precaução visam 
evitar a ocorrência do dano ambiental. Ocorre que, muitas vezes (ou por falha 
na aplicação desses princípios ou por inevitabilidade mesmo), ocorre o dano 
ambiental. Ai entra em ação o importante princípio da responsabilização, 
que impõe ao causador do dano ou ao terceiro responsável a obrigação de 
reparar o dano causado ou verificado, mesmo que não tenha sido o causador, 
como veremos a seguir. 
O dano ambiental tem a característica de ser permanente, continuativo, ou 
seja, se nada for feito ele se perpetua no decorrer do tempo, agravando a 
situação existente, o que torna imperiosa a rápida e pronta 
reparação/mitigação, como bem apontado pelo Ministro Mauro Campbell, no 
REsp. 1.116.964, de 02/05/2011: 
 
 
 
Além do mais, a responsabilização pelo dano ambiental serve não só como 
instrumento repressivo, mas também como instrumento preventivo, dado 
seu caráter pedagógico, transmitindo a mensagem à sociedade de que não 
serão tolerados os danos ambientais, e que os responsáveis serão punidos 
‡ ...15. Não custa pontuar que, na seara 
ambiental, o aspecto temporal ganha 
contornos de maior importância, pois, como 
se sabe, a potencialidade das condutas 
lesivas aumenta com a submissão do meio 
ambiente aos agentes degradadores.16. 
Tanto é assim que os princípios basilares da 
Administração Pública são o da prevenção e 
da precaução, cuja base empírica é 
justamente a constatação de que o tempo 
não é um aliado, e sim um inimigo da 
restauração e da recuperação ambiental... 
a 
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adequadamente. Portanto, a finalidade da responsabilização ambiental consiste 
em: 
 
a) Recuperar o ecossistema danificado (função reparatória); e 
 
b) Promover a educação ambiental do responsável (função 
pedagógica/preventiva). 
 
Como visto mais acima, o artigo 225, §3º da Constituição Federal impõe aos 
infratores três espécies distintas de responsabilidades pelo dano 
ambiental, quais sejam: 
 
 
 
É possível que um mesmo ato possa gerar os três tipos de 
responsabilidades (civil, administrativa e penal), pois os tipos de 
normas infringidas são diferentes, não havendo que se falar em bis in 
idem. Ou seja, os valores protegidos por cada tipo de norma violada são 
distintos, apesar de convergirem para a mesma finalidade: tutela do meio 
ambiente. 
A responsabilidade penal e administrativa pelo dano ambiental é prevista e 
detalhada na Lei 9.605/98. Já a responsabilidade civil está calcada no artigo 14, 
§1º da Lei 6.938/81. 
 
Espécies de 
responsabilização 
pelo dano ambiental 
Responsabilidade Civil 
Responsabilidade Administrativa 
Responsabilidade Penal 
‡ O STJ entende que o direito ambiental deve 
atuar em três planos sucessivos, de modo a 
garantir a tutela integral do meio ambiente, 
nessa ordem (REsp 1.115.555): 
 
1º - Prevenção 
2º - Recuperação 
3º - Ressarcimento 
a 
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RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA PELO DANO AMBIENTAL 
O que fundamenta a possibilidade de imposição de sanções administrativas ao 
infrator é o poder de polícia, que é a prerrogativa que a Administração 
Pública detém de impor limitações às liberdades individuais em prol do 
interesse público. Portanto, para garantir a prevalência do interesse público a 
Administração Pública edita normas que limitam as liberdades individuais, e 
caso estas normas sejam descumpridas surge o dever de impor as sanções 
correspondentes. 
Vamos exemplificar para facilitar o entendimento: a prefeitura percebe que os 
moradores de sua cidade estão colocando o lixo na calçada para ser recolhido 
em horários que não coincidem com a passagem do caminhão de lixo (liberdade 
individual). Essa postura está prejudicando o interesse da coletividade, pois a 
presença de lixo na calçada por muito tempo leva a incidência de mau cheiro, 
induz a presença de ratos, baratas, contribui para a disseminação de doenças. 
Em decorrência desta constatação a prefeitura decide editar uma norma 
proibindo que o morador coloque o lixo na calçada com mais de 02 horas de 
intervalo do horário de passagem do caminhão do lixo (limitação da liberdade 
individual), sob pena de multa de R$100,00 (sanção administrativa). Caso o 
morador não observe a norma administrativa em questão deverá ser 
devidamente sancionado (pagamento da multa), através da fiscalização 
praticada pela Administração. 
Portanto, sempre que alguém contraria uma norma administrativa em matéria 
ambiental (infração administrativa ambiental) decorrerá o dever de impor a 
sanção ambiental correspondente, independentemente de ter havido ou 
não o dano ambiental. 
O artigo 70 da Lei 9.605/98 define a infração administrativa ambiental como: 
 
Art. 70. Considera-se infração administrativa 
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras 
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e 
recuperação do meio ambiente. 
 
Referida responsabilidade administrativa, à exemplo da responsabilidade civil, é 
objetiva, ou seja, independe de culpa ou dolo. 
A responsabilidade administrativa independe da ocorrência do dano (basta a 
infração à norma para caracterizar a responsabilização administrativa), ao 
contrário da responsabilidade civil, que requer a conseqüência danosa para sua 
aplicação. 
Acrescente-se, ainda, que enquanto a responsabilidade civil se baseia na 
Teoria do Risco Integral (que, à princípio, não admite excludentes), a 
responsabilidade administrativa baseia-se na Teoria do Risco Criado, que 
admite a incidência deexcludentes, mas exige do administrado ± ante a 
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presunção de legitimidade dos atos administrativos ± que demonstre que seu 
comportamento não contribuiu para a ocorrência da infração (culpa 
concorrente). Pela Teoria do Risco Criado é responsável quem, em função dos 
riscos ou perigos de sua atividade, incorra em ação ou omissão cuja 
conseqüência enquadra-se como ilícito administrativo ambiental. 
A infração administrativa ambiental pode ser, quanto à gravidade: 
 
a) Material: causa efetivo dano ambiental 
 
b) Formal: não causa dano ambiental (mero descumprimento da norma) 
 
As infrações administrativas em matéria ambiental deverão ser apuradas em 
processos administrativos instaurados por órgãos ambientais integrantes do 
SISNAMA, bem como por agentes das Capitanias dos Portos (Ministério da 
Marinha), haja vista que a competência material na tutela do meio ambiente é 
comum a todos os entes federativos (artigo 23, VI da CF/88), sendo sempre 
assegurado o devido processo legal, com a garantia do contraditório, ampla 
defesa, etc. 
É dever das autoridades, ao tomarem conhecimento de infrações ambientais, 
apurá-las imediatamente, sob pena de co-responsabilidade. 
 
 
 
A responsabilidade administrativa é pessoal do agente que cometeu a infração, 
seja pessoa jurídica ou pessoa física. 
As sanções decorrentes de infrações administrativas são as seguintes: 
Prazos máximos no 
procedimento 
administrativo 
ambiental (art. 71) 
Oferecimento de defesa ou impugnação 
contra o auto de infração: 20 dias 
contados da ciência da autuação 
Julgamento do auto de infração pela 
autoridade competente: 30 dias contados 
da lavratura do auto de infração 
Recurso para a instância superior: 20 
dias 
Pagamento da multa: 5 dias contados do 
recebimento da notificação 
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I - advertência; 
Será aplicada pela inobservância das disposições legais em vigor, ou de 
preceitos regulamentares. 
 
II - multa simples; 
Pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação da 
qualidade do meio ambiente e será aplicada sempre que o infrator, por 
negligência ou dolo, deixar de sanar as irregularidades na prazo assinalado ou 
atrapalhar a fiscalização ambiental. 
 
III - multa diária; 
Será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no tempo. 
 
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, 
instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer 
natureza utilizados na infração; 
Os animais serão prioritariamente libertados em seu habitat ou, sendo tal 
medida inviável ou não recomendável por questões sanitárias, entregues a 
jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e 
cuidados sob a responsabilidade de técnicos habilitados. Até que os animais 
sejam entregues às instituições mencionadas acima, o órgão autuante zelará 
para que eles sejam mantidos em condições adequadas de acondicionamento e 
transporte que garantam o seu bem-estar físico. Tratando-se de produtos 
perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições científicas, 
hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. 
 
V - destruição ou inutilização do produto; 
Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados 
a instituições científicas, culturais ou educacionais e os instrumentos utilizados 
na prática da infração serão vendidos, garantida a sua descaracterização por 
meio da reciclagem. 
 
VI - suspensão de venda e fabricação do produto; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
VII - embargo de obra ou atividade; 
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Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
VIII - demolição de obra; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
IX - suspensão parcial ou total de atividades; 
Será aplicada quando o produto, a obra, a atividade ou o estabelecimento não 
estiverem obedecendo às prescrições legais ou regulamentares. 
 
X - restritiva de direitos. 
Podem ser: 
I - suspensão de registro, licença ou autorização; 
II - cancelamento de registro, licença ou autorização; 
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais; 
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de 
financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito; 
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo 
período de até três anos. 
 
 
 
 
 
Caso o autor cometa, em uma única ação, mais de uma infração 
ambiental, deverão ser aplicadas, cumulativamente, as sanções referentes a 
cada infração, não havendo que se falar na absorção da menos grave pela mais 
grave (art. 72, §1º da Lei 9.605/98). 
 
‡ A valor da multa, que variará entre 
R$50,00 e R$50.000.000,00, será 
destinado ao Fundo Nacional do Meio 
Ambiente - FNMA, ao Fundo Naval e aos 
Fundos estaduais e municipais de meio 
ambiente. O pagamento de multa imposta 
pelos Estados, Municípios, Distrito Federal 
ou Territórios substitui a multa federal na 
mesma hipótese de incidência. 
a 
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As sanções administrativas são em regra, auto-
executáveis, com exceção das multas, que só podem ser 
cobradas coativamente através de processo judicial (execução 
fiscal). 
 
O Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA, 
criado em 1989 pela lei nº 7.797, é o mais antigo 
fundo ambiental da América Latina. É uma unidade 
do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e possui a 
missão de contribuir, como agente financiador, por meio da participação social, 
para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA. Seu 
conselho deliberativo, composto de 17 representantes de governo e da 
sociedade civil, visa garantir a transparência e o controle social na execução de 
recursos públicos destinados a projetos socioambientais em todo o território 
nacional. 
 
Em âmbito federal o Decreto 6.514 normatiza o processo administrativo 
federal para apuração das infrações ambientais. Segundo o decreto o 
agente autuante deverá indicar, no autor de infração, a sanção aplicada, 
observando a gravidade dos fatos, os antecedentes e a situação 
econômica do infrator. 
 
RESPONSABILIDADE PENAL PELO DANO AMBIENTAL 
O direito penal incide quando há lesão aos direitos mais caros à sociedade, e 
como não poderia ser diferente, atua também no âmbito do direito ambiental, 
haja vista que a degradação do meio ambiente corresponde, na verdade, a um 
atentado a todas as formas de vida, poisestas dependem desse meio para 
existirem. Daí a necessidade de se tipificar determinadas condutas atentatórias 
ao meio ambiente, a fim de receberem a justa reprimenda penal por parte do 
Estado. 
Ou seja, a incidência do direito penal em matéria ambiental é o reconhecimento 
de que a tutela do meio ambiente se constitui como objetivo primordial de 
nossa sociedade. 
Importante ressaltar que parte da doutrina penal clássica não admite a 
responsabilização penal da pessoa jurídica, sob o argumento de que esse 
regime de responsabilização é incompatível com o ente moral (societas 
delinquere non potest), pois não haveria como imputar culpabilidade à 
pessoa jurídica, que não tem vontade própria, além da desnecessidade da 
intromissão do direito penal, quando a questão poderia ser resolvida apenas 
com a aplicação do direito administrativo. Ocorre que a possibilidade de 
responsabilização penal da pessoa jurídica foi um ato político e soberano do 
Constituinte, que é detentor dos fatores reais de poder. Portanto, todo o 
sistema penal deve se adaptar a tal previsão constitucional. Os Tribunais 
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Superiores já admitem com naturalidade essa possibilidade, aplicando o direito 
penal às pessoas jurídicas. 
 
Em decorrência do princípio da pessoalidade da pena (art. 5, XLV da CF/88) a 
sanção penal não pode ultrapassar a pessoa do condenado. Portanto, a 
responsabilidade, em matéria penal, é pessoal. 
$� /HL� ���������� FRPXPHQWH� FKDPDGD� GH� ³/HL� GRV� &ULPHV� $PELHQWDLV´� UHXQLX�
boa parte das condutas típicas (crimes) praticadas em detrimento o meio 
ambiente, mas não chegou a unificar a tutela penal do meio ambiente. Não é o 
ideal, mas foi um bom avanço em termos legislativos, como bem ponderou Édis 
Milaré1: 
 
³Nada obstante, entendemos que o novo diploma, 
embora não seja o melhor possível, apresentando 
ao contrário defeitos perfeitamente evitáveis, 
ainda assim representa um avanço político na 
proteção do meio ambiente, por inaugurar uma 
sistematização da punição administrativa com 
severas sanções e tipificar organicamente os 
crimes ecológicos, inclusive na modalidade 
culposa���´ 
 
Tema de grande relevância se refere à possibilidade de responsabilização 
penal da pessoa jurídica, prevista na Constituição Federal, em seu artigo 
225, §3º, e materializada no artigo 3º da Lei de Crimes Ambientais. 
 
Art. 3º As pessoas jurídicas serão 
responsabilizadas administrativa, civil e 
penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos 
casos em que a infração seja cometida por decisão 
de seu representante legal ou contratual, ou de 
seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da 
sua entidade. 
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas 
jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, 
co-autoras ou partícipes do mesmo fato. 
 
É obvio que irão surgir problemas práticos na responsabilização penal das 
pessoas jurídicas, pois o artigo 79 da Lei de Crimes Ambientais determina a 
aplicação subsidiária do Código Penal e do Código de Processo Penal, que não 
 
1 Édis Milaré. Direito do Ambiente, p. 368. 
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foram pensados para tal situação (punição de pessoas jurídicas), mas tais 
problemas devem ser dirimidos através da aplicação dos princípios do direito. 
Para haver a responsabilização penal da pessoa jurídica é necessário que o ato 
criminoso seja determinado pelo representante da PJ ou pelo seu colegiado, 
já que são estes quem têm poderes para falar em nome da empresa. Além do 
mais, o ato criminoso deve ter sido praticado no interesse ou benefício da 
entidade (se o interesse for exclusivo da pessoa física, por exemplo, não poderá 
haver a responsabilidade penal da PJ). 
A responsabilidade penal, em nosso país, é sempre subjetiva (princípio da 
culpabilidade), ou seja, depende de culpa lato sensu (dolo ou culpa). Na 
responsabilidade penal da pessoa jurídica o elemento culpa será verificado 
tendo como parâmetro, claro, a pessoa física que praticou o ato. 
O parágrafo único do artigo 3º traz a previsão de que a responsabilização penal 
da PJ não afasta a responsabilidade penal das pessoas físicas participantes do 
fato típico, mas é importante observar que a responsabilização da pessoa 
física não é condição para a responsabilização da pessoa jurídica (não 
há necessidade de dupla imputação). 
 
O STF e o STJ não admitem a pessoa jurídica 
como paciente em habeas corpus, haja vista que 
o ente moral não possui direito de locomoção. 
 
 
 
 
 
 
 
Ante as peculiaridades das pessoas jurídicas, a legislação previu, no âmbito da 
responsabilização penal, um sistema diferenciado de penas, que prevê 
O STJ possuía entendimento que condicionava a responsabilização 
penal da pessoa jurídica à responsabilização da pessoa física (dupla 
imputação), ou seja, a PJ só poderia ser responsabilizada caso a PF 
que executou o ato típico também o fosse. Ocorre que, após o STF 
afirmar que a Constituição Federal não condiciona a 
responsabilização da PJ à responsabilização da PF, o STJ modificou 
seu posicionamento. Portanto, o entendimento predominante tanto 
no STF quanto no STJ é de que não há necessidade da dupla 
imputação, ou seja, a PJ pode ser responsabilizada criminalmente 
independentemente da PF ter sido ou não responsabilizada. Conferir 
Informativo STJ nº 566. 
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aplicação isolada, cumulativa ou alternativamente das seguintes espécies 
de penas (artigo 21 da Lei 9.605/98): 
 
I ± MULTA: 
Será calculada segundo os critérios do Código Penal, ou seja, em dias-multa, 
no mínimo de 10 e no máximo de 360. O valor de cada dia-multa é fixado 
pelo juiz, não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário 
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) 
vezes esse salário. Se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor 
máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da 
vantagem econômica auferida. 
 
II ± PENA RESTRITIVA DE DIREITOS: 
Podem ser: 
a) suspensão parcial ou total de atividades: será aplicada quando estas 
não estiverem obedecendo às disposições legais ou regulamentares, relativas à 
proteção do meio ambiente. 
b) interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade: será 
aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando sem 
a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação de 
disposição legal ou regulamentar. 
c) proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter 
subsídios, subvenções ou doações: não poderá exceder o prazo de dez 
anos. 
 
III ± PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE: 
 Podem ser: 
a) custeio de programas e de projetos ambientais; 
b) execução de obras de recuperação de áreas degradadas; 
c) manutenção de espaços públicos; 
d) contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. 
 
Caso se comprove que uma PJ foi criada para ser usada na 
prática de crimes ambientais deverá ser decretada a sua 
liquidação forçada (equivalenteà morte civil), e seu patrimônio 
será considerado instrumento de crime e revertido ao Fundo 
Penitenciário Nacional (artigo 24 da Lei 9.605/98). Não 
confundir com a possibilidade de desconsideração sempre que 
sua personalidade atrapalhar ou prejudicar o ressarcimento dos 
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prejuízos causados (artigo 4º da Lei 9.605/98). Neste caso a PJ 
não foi criada para a prática de crimes, apenas a personalidade 
jurídica (separação patrimonial entre PJ e seus sócios) 
atrapalha o adequado ressarcimento dos danos causados, não 
havendo que se falar na extinção da pessoa jurídica, apenas na 
desconsideração temporária dessa separação patrimonial, 
possibilitando a execução do patrimônio dos sócios (Teoria 
Menor da Desconsideração da Personalidade Jurídica, que não 
exige abuso da personalidade jurídica). 
 
 RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO AMBIENTAL 
 
A Constituição Federal, em seu artigo 24, VIII, estabeleceu a competência 
concorrente entre União, Estados e DF no que toca a legislar sobre 
responsabilidade por dano ao meio ambiente, in verbis: 
 
CF/88 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
... 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e 
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; 
 
Portanto, os Estados e o DF podem instituir normas mais protetivas em sede 
de responsabilização pelo dano ambiental (plus de proteção), não podendo, 
jamais, contrariar as normas federais, ainda mais quando sua aplicação [das 
normas estaduais] resultar em uma tutela ambiental mais frágil, o que já é 
vedado pelo princípio da proibição do retrocesso (efeito cliquet) 
A Constituição Federal, no artigo 225, §3º, determina que o poluidor é 
responsável pela reparação dos danos causados, não falando nada sobre a 
necessidade de se comprovar culpa ou dolo. Enfim, os únicos elementos 
necessários para a caracterização da responsabilidade pela reparação dos danos 
(responsabilidade civil) são: 
Dano; 
Agente poluidor; e 
Nexo de causalidade entre o agente e o dano causado. 
 
Diz-se, portanto, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é objetiva, 
quer dizer, independe de culpa ou dolo. 
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Também devemos ressaltar que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é 
calcada na teoria do risco integral, que é uma teoria extremada do risco, 
onde o nexo de causalidade é fortalecido, não podendo ser rompido por 
excludentes de responsabilidade como culpa de terceiro, força maior, 
caso fortuito, etc. Mesmo atos lícitos podem ensejar a 
responsabilização. 
Para corroborar esse argumento a Lei 6.938/81 trouxe a previsão, em seu 
artigo 14, §1º (recepcionada pela Carta Magna), de que: 
 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente da existência de culpa, a 
indenizar ou reparar os danos causados ao 
meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade... 
 
E como se dará essa responsabilização civil pelos danos ambientais? A regra é a 
aplicação do postulado da reparação específica in situ. E o que isso significa? 
Simples. Em havendo dano ambiental a prioridade a ser dada será a 
recuperação do meio ambiente lesado no local onde houve o dano. 
Muitas vezes não adianta apenas condenar o agente a recuperar uma área no 
Mato Grosso por um dano ambiental causado no Paraná. Aquele ecossistema 
degradado (no Mato Grosso) continuará lesado, colocando em risco a flora e a 
fauna local. Além do mais, não basta apenas que o autor do dano pague pelo 
dano causado. Ele deverá, caso possível, restaurar o meio degradado 
(reparação in natura), fazendo com que se consiga voltar o mais próximo 
possível do status quo ante. A reparação in natura serve, ainda, como medida 
pedagógica tendente a criar uma cultura na sociedade que prima pela 
preservação do meio ambiente. Portanto, o ressarcimento em pecúnia é a 
exceção. 
 
 
 REGRA EXCEÇÃO 
Ressarcimento in natura (de 
preferência in situ) 
Ressarcimento em pecúnia 
 
E quem deve ser o responsável pela reparação ao dano ambiental causado? A 
norma é bastante clara: o poluidor! Já vimos em aula passada que poluidor é 
a pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental (artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). 
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Perceba que não precisa nem mesmo haver a prática de um ato ou sua omissão 
para a caracterização do agente como poluidor. Basta, pela teoria do risco 
integral, que ele esteja envolvido (seja o responsável) na atividade que causou 
o dano. Imaginemos que um raio atinja uma linha de transmissão de energia, 
que desmorona e dá início a um incêndio que devasta uma área de floresta ao 
redor. Não houve qualquer ato de vontade por parte da empresa que opera a 
linha de transmissão. Tudo foi decorrência de um caso de força maior. Mas 
apenas pelo fato da degradação ter acontecido no contexto da atividade de 
transmissão de energia a empresa será responsabilizada, pois assim como ela 
se beneficia dos bônus do negócio deverá arcar, também, com o ônus 
decorrente. 
Passemos ao estudo do dano ambiental. O que é esse dano? Primeiro devemos 
partir da premissa de que dano é a lesão a um bem jurídico. O dano 
ambiental, portanto, é a lesão ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado (bem jurídico ambiental). 
 
 
 
Como decorrência da indivisibilidade do bem ambiental, sua lesão será, por 
conseqüência, difusa e indivisível, exigindo uma reparação erga omnes. Caso a 
lesão do meio ambiente provoque danos individuais em ricochete (danos 
múltiplos) o lesado poderá, de forma individual, pleitear a reparação devida, 
não prejudicando a reparação difusa do bem ambiental lesado. 
O dano ambiental pode causar, em resumo, perdas patrimoniais e perdas 
sociais/morais (também chamado de dano moral difuso), devendo 
ambos serem ressarcidos. 
E tanto o dano ambiental quanto o dano particular decorrente (reflexo) devem 
ser ressarcidos sob a sistemática da responsabilidade objetiva. 
 
 
 
Acrescente-se, ainda, que a responsabilidade civil pelo dano ambiental é 
solidária, ou seja, todos os agentes causadores do dano podem ser 
chamados a ressarcir integralmente. Assim, todos aqueles que de alguma 
forma contribuíram para a existência do dano ambiental são co-responsáveis 
‡ O STJ vem entendendo que o dano ambiental 
é imprescritível, por se tratar de direito 
inerente à própria vida, fundamental à 
existência humana (REsp 1.120.117) 
a 
‡ O STJ, desde 2010, admite o ressarcimento 
pelo dano moral coletivo, inclusive o 
ambiental (REsp 1.180.078, REsp 1.367.923) 
a 
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pela reparação (inteligência do artigo 3º, IV da Lei 6.938/81). O litisconsórcio 
passivo, em decorrência, é facultativo, como é comum na responsabilidade 
solidária (REsp 880.160). Eventual discussão quanto à participação de cada um 
dos agentes poluidores no dano ambiental deverá ser feita em ação regressiva, 
não podendo gerar entraves no processo de reparação, motivo pelo qual é 
vedado o chamamento ao processo e a denunciação da lide (REsp 232.187). 
 
Importante frisar que a ligação entre o ato/atividade do agente e o dano 
ambiental (degradação) é o nexo de causalidade, que deve estar presente a 
fim de que se permita a responsabilidade civil. Em decorrência da teoria do 
risco integral esse nexo de causalidade é reforçado, não sendo afastado em 
caso de força maior, caso fortuito, culpa de terceiro. 
Com base no princípio da prevenção/precaução, aliado à natureza essencial do 
bem ambiental e a corriqueira hipossuficiência técnica, científica e financeira 
dos titulares do bem ambiental, os Tribunais, em especial o STJ, têm imputado 
ao pretenso poluidor o ônus da prova (deve provar que não houve o 
dano ou que não há qualquer nexo de causalidade entre ele e o dano 
verificado). Há, portanto, a inversão do ônus da prova (REsp 972.902). 
 
Os tribunais têm admitido a responsabilização do Poder 
Público (principalmente em sede de solidariedade 
passiva) pela omissão no dever de fiscalizar. Regra 
geral a responsabilização por omissão do Estado é baseada na teoria da culpa 
administrativa, que requer o elemento subjetivo (culpa ou dolo). Ocorre que 
esse elemento subjetivo, na responsabilização por dano ambiental, vem sendo 
afastado, permitindo a aplicação da responsabilidade objetiva (vide 
informativos STJ 390, 399 e 388 e REsp 1.071.741), mas de execução 
subsidiária, ou seja, o Estado atua como um devedor-reserva, que só será 
chamado caso a execução contra o poluidor não logre êxito. A verdade é que a 
questão está longe de ser unanimidade. 
 
 
QUADRO DE COMPARAÇÃO ENTRE AS 
ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADES 
 
RESPONSABILIDADE 
CIVIL 
RESPONSABILIDADE 
ADMINISTRATIVA 
RESPONSABILIDADE 
PENAL 
OBJETIVA OBJETIVA SUBJETIVA 
DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
NÃO DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
NÃO DEPENDE DA 
EXISTÊNCIA DO DANO 
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SOLIDÁRIA PESSOAL PESSOAL 
PODE DECORRER DE 
ATO LÍCITO OU 
ILÍCITO 
DECORRE DE ILÍCITO 
ADMINISTRATIVO 
DECORRE DE ILÍCITO 
PENAL 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
PESSOA FÍSICA OU 
JURÍDICA 
TEORIA DO RISCO 
INTEGRAL 
TEORIA DO RISCO 
CRIADO 
TEORIA DA 
CULPABILIDADE 
 
2 ± Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental ± 
TAC AMBIENTAL 
 
O Termo de Ajustamento de Conduta ± TAC surgiu 
no ordenamento jurídico como um instrumento 
alternativo (portanto, não obrigatório) de resolução de 
conflitos relacionados aos direitos coletivos, 
possibilitando a efetivação extrajudicial da proteção 
desses direitos, dentre os quais se insere o direito ao 
meio ambiente equilibrado. A grande vantagem do 
instituto é evitar a máquina judiciária, que é burocrática e já está abarrotada de 
processos, os quais se arrastam quase que eternamente, colocando em risco a 
efetividade da tutela jurisdicional. 
O TAC foi prevista no artigo 5º, §6º da Lei da Ação Civil Pública (7.347/85), in 
verbis: 
 
§ 6° Os órgãos públicos legitimados 
poderão tomar dos interessados 
compromisso de ajustamento de sua 
conduta às exigências legais, mediante 
cominações, que terá eficácia de título 
executivo extrajudicial. 
 
O Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental é, portanto, um título 
executivo extrajudicial lavrado pelos órgãos públicos (Ministério 
Público, União, Estados, DF, Municípios), após a realização de acordo 
entre o órgão público ambiental e o agente responsável pelo dano 
ambiental causado ou na iminência de ocorrer, onde este se 
compromete a ajustar seu comportamento, de modo a obedecer às 
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exigências legais, com vistas a garantir a reparação integral e/ou a 
prevenção da degradação ambiental. 
O TAC pode ser firmado antes ou durante um processo judicial, e, caso seja 
homologado pelo juiz, torna-se um título executivo judicial, nos termos do 
artigo 515, III do Código de Processo Civil. 
 
O TAC ambiental poderá prever, cumulativamente, condutas positivas 
(obrigação de fazer), negativas (obrigação de não fazer), ou ainda de pagar 
quantia (multas civis em caso de descumprimento, por exemplo). Importante 
deixar claro que as obrigações resultantes do Termo devem ser líquidas, 
certas e exigíveis, ou seja, deve haver a especificação clara de como devem 
ser cumpridas, sob pena de nulidade da execução, conforme artigo 803, I do 
CPC, in verbis: 
 
CPC 
Art. 803. É nula a execução se: 
I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e 
exigível; 
 
Como o meio ambiente equilibrado é um bem jurídico indisponível, o tomador 
do TAC (órgão público), ao estipular as obrigações, e diante da presença de 
várias alternativas viáveis, deverá escolher aquela que melhor tutele o meio 
ambiente, ou seja, a discricionariedade é bastante limitada pelo interesse 
público envolvido. 
A assinatura de TAC, extrajudicialmente, pelo Ministério Público, 
poderá redundar no arquivamento total ou parcial do inquérito civil em 
andamento, mas não tem o condão de afastar a ação penal, pois se 
trata de esfera diversa (penal), conforme pondera Eládio Lecey: 
 
³Mesmo ocorrendo ajustamento na esfera 
civil e até com reparação do dano, 
remanescerá a necessidade de 
intervenção no juízo criminal. 
Logicamente, tendo ocorrido termo de 
ajustamento de conduta com composição 
do dano e sendo a infração de menor 
potencial ofensivo, cabível, de regra, a 
transação penal, como já foi aqui 
destacado. Em caso de infração de médio 
potencial ofensivo, constatada, 
posteriormente, a efetiva reparação do 
dano por laudo, preenchida estará 
condição da suspensão do processo 
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porventura aplicada. Finalmente, a 
reparação do dano poderá influenciar, em 
caso de sentença condenatória, na 
aplicação da pena. Não terá, no entanto, o 
condão de afastar a ação penal.´2 
 
Acrescente-se, para corroborar o que foi dito acima, que nas infrações 
penais ambientais a ação penal é pública incondicionada, não havendo 
espaço para discricionariedade entre oferecer ou não a denúncia caso 
haja os elementos mínimos de convicção (mas isso já é assunto para o 
direito penal). 
 
 
 
 
3 - Jurisprudência Correlata 
 
 
 
 
CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL PRATICADO POR PESSOA JURÍDICA. 
RESPONSABILIZAÇÃO PENAL DO ENTE COLETIVO. POSSIBILIDADE. 
PREVISÃO CONSTITUCIONAL REGULAMENTADA POR LEI FEDERAL. 
OPÇÃO POLÍTICA DO LEGISLADOR. FORMA DE PREVENÇÃO DE DANOS 
AO MEIO-AMBIENTE. CAPACIDADE DE AÇÃO. EXISTÊNCIA JURÍDICA. 
ATUAÇÃO DOS ADMINISTRADORES EM NOME E PROVEITO DA PESSOA 
JURÍDICA. CULPABILIDADECOMO RESPONSABILIDADE SOCIAL. CO-
RESPONSABILIDADE. PENAS ADAPTADAS À NATUREZA JURÍDICA DO 
ENTE COLETIVO. RECURSO PROVIDO. 
 
2 LECEY, Eládio. Direito Ambiental Penal Reparador. [S.l.: s.n.], 2008. Disponível em: 
<http://www.esmarn.org.br/cursos/aperfeicoamentoMagistrados/2008/direitoAmbientalPenalRepara
dor.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2010. p. 8. 
 
‡ O STJ decidou que a assinatura de TAC 
ambiental não é capaz de afastar a 
tipicdade penal, pois a extensão nesta seara 
não é alcançada pela esfera administrativa 
ou civil - independência de instâncias. O 
cumprimento do TAC servirá, no máximo, 
para atenuar a sanção penal imposta 
(Informativo STJ 467 e REsp 1.294.980) 
a 
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I. Hipótese em que pessoa jurídica de direito privado, juntamente com dois 
administradores, foi denunciada por crime ambiental, consubstanciado em 
causar poluição em leito de um rio, através de lançamento de resíduos, tais 
como, graxas, óleo, lodo, areia e produtos químicos, resultantes da 
atividade do estabelecimento comercial. 
II. A Lei ambiental, regulamentando preceito constitucional, passou 
a prever, de forma inequívoca, a possibilidade de penalização 
criminal das pessoas jurídicas por danos ao meio-ambiente. 
III. A responsabilização penal da pessoa jurídica pela prática de 
delitos ambientais advém de uma escolha política, como forma não 
apenas de punição das condutas lesivas ao meio-ambiente, mas 
como forma mesmo de prevenção geral e especial. 
IV. A imputação penal às pessoas jurídicas encontra barreiras na suposta 
incapacidade de praticarem uma ação de relevância penal, de serem 
culpáveis e de sofrerem penalidades. 
V. Se a pessoa jurídica tem existência própria no ordenamento 
jurídico e pratica atos no meio social através da atuação de seus 
administradores, poderá vir a praticar condutas típicas e, portanto, 
ser passível de responsabilização penal. 
VI. A culpabilidade, no conceito moderno, é a responsabilidade 
social, e a culpabilidade da pessoa jurídica, neste contexto, limita-
se à vontade do seu administrador ao agir em seu nome e proveito. 
VII. A pessoa jurídica só pode ser responsabilizada quando houver 
intervenção de uma pessoa física, que atua em nome e em benefício do 
ente moral. 
VIII. "De qualquer modo, a pessoa jurídica deve ser beneficiária direta ou 
indiretamente pela conduta praticada por decisão do seu representante 
legal ou contratual ou de seu órgão colegiado." 
IX. A atuação do colegiado em nome e proveito da pessoa jurídica é 
a própria vontade da empresa. A co-participação prevê que todos os 
envolvidos no evento delituoso serão responsabilizados na medida se sua 
culpabilidade. 
X. A Lei Ambiental previu para as pessoas jurídicas penas 
autônomas de multas, de prestação de serviços à comunidade, 
restritivas de direitos, liquidação forçada e desconsideração da 
pessoa jurídica, todas adaptadas à sua natureza jurídica. 
XI. Não há ofensa ao princípio constitucional de que "nenhuma pena 
passará da pessoa do condenado...", pois é incontroversa a existência de 
duas pessoas distintas: uma física - que de qualquer forma contribui para a 
prática do delito - e uma jurídica, cada qual recebendo a punição de forma 
individualizada, decorrente de sua atividade lesiva. 
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XII. A denúncia oferecida contra a pessoa jurídica de direito privado deve 
ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no pólo passivo da 
relação processual-penal. 
(STJ, REsp 564.960, DJ 13/06/2005) 
 
INFORMATIVO 566 STJ. 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. DESNECESSIDADE DE DUPLA 
IMPUTAÇÃO EM CRIMES AMBIENTAIS. 
É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos 
ambientais independentemente da responsabilização concomitante 
da pessoa física que agia em seu nome. Conforme orientação da 
Primeira Turma do STF, "O art. 225, § 3º, da Constituição Federal não 
condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes 
ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese 
responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a 
necessária dupla imputação" (RE 548.181, Primeira Turma, DJe 
29/10/2014). Diante dessa interpretação, o STJ modificou sua anterior 
orientação, de modo a entender que é possível a responsabilização 
penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente 
da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em 
seu nome. Precedentes citados: RHC 53.208-SP, Sexta Turma, DJe 
1º/6/2015; HC 248.073-MT, Quinta Turma, DJe 10/4/2014; e RHC 40.317-
SP, Quinta Turma, DJe 29/10/2013. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo 
Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015. 
 
ADMINISTRATIVO. MULTA AMBIENTAL. AUTUAÇÃO. COMPETÊNCIA DOS 
TÉCNICOSDO IBAMA PARA APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PORTARIA IBAMA 
N. 1.273/98.EXERCÍCIO DE PODER DISCRICIONÁRIO. 
1. A Lei n. 9.605/1998 confere a todos os funcionários dos órgãos 
ambientais integrantes do SISNAMA o poder para lavrar autos de 
infração e para instaurar processos administrativos, desde que 
designados para as atividades de fiscalização, o que, para a hipótese, 
ocorreu com a Portaria n. 1.273/1998. (REsp 1.057.292/PR,Rel. Min. 
Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 17.6.2008,DJe 18.8.2008). 
2. Basta ao técnico ambiental do IBAMA a designação para a atividade de 
fiscalização, para que esteja regularmente investido do poder de polícia 
ambiental, nos termos da legislação referida. Caberia ao órgão ambiental 
(IBAMA), discricionariamente escolher os servidores que poderiam 
desempenhar a atividade de fiscalização e designá-los então para essa 
função. Evidentemente que a tarefa de escolha dos servidores designados 
para o exercício da atividade de fiscalização diz respeito ao poder 
discricionário do órgão ambiental. Agravo regimental improvido. 
(STJ, AgRg no REsp 1.260.376, de 21/09/2011) 
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DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS 
CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 
1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem 
nortear o raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide 
encontram-se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim 
no art. 225, § 3º, da CF e na Lei6.938/81, art. 14, § 1º, que adotou 
a teoria do risco integral, impondo ao poluidor ambiental 
responsabilidade objetiva integral. Isso implica o dever de reparar 
independentemente de a poluição causada ter-se dado em 
decorrência de ato ilícito ou não, não incidindo, nessa situação, 
nenhuma excludente de responsabilidade. Precedentes. 
2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público 
de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com 
incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam uma 
atuação jurisdicional de extrema complexidade. 
3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória queenvolve 
demanda ambiental, como é o caso, e diante da hipossuficiência técnica e 
financeira do autor, entendeu pela inversão do ônus da prova. Cabimento. 
... 
(STJ, AgRg no REsp 1.412.664, de 11/02/2014) 
 
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL ± VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO 
CARACTERIZADA ± DANO AMBIENTAL ± RESPONSABILIDADE CIVIL 
OBJETIVA ± RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA ± REPOSIÇÃO NATURAL: 
OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO ± CABIMENTO. 
... 
2. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil ambiental assume 
grande amplitude, com profundas implicações na espécie de 
responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples 
risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente 
da culpa do agente causador do dano. 
3. A condenação do poluidor em obrigação de fazer, com o intuito 
de recuperar a área degradada pode não ser suficiente para eximi-
lo de também pagar uma indenização, se não for suficiente a 
reposição natural para compor o dano ambiental. 
4. Sem descartar a possibilidade de haver concomitantemente na 
recomposição do dano ambiental a imposição de uma obrigação de fazer e 
também a complementação com uma obrigação de pagar uma indenização, 
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descarta-se a tese de que a reposição natural exige sempre e sempre uma 
complementação. 
5. As instâncias ordinárias pautaram-se no laudo pericial que considerou 
suficiente a reposição mediante o reflorestamento, obrigação de fazer. 
(STJ, REsp 1.165.281, de 17/05/2010) 
 
...4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, 
público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil 
pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, 
sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação in 
integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor debilis, 
este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do 
acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da 
prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ. 
5. Ordinariamente, a responsabilidade civil do Estado, por omissão, 
é subjetiva ou por culpa, regime comum ou geral esse que, 
assentado no art. 37 da Constituição Federal, enfrenta duas 
exceções principais. Primeiro, quando a responsabilização objetiva 
do ente público decorrer de expressa previsão legal, em 
microssistema especial, como na proteção do meio ambiente (Lei 
6.938/1981, art. 3º, IV, c/c o art. 14, § 1º). Segundo, quando as 
circunstâncias indicarem a presença de um standard ou dever de 
ação estatal mais rigoroso do que aquele que jorra, consoante a 
construção doutrinária e jurisprudencial, do texto constitucional. 
6. O dever-poder de controle e fiscalização ambiental (= dever-poder de 
implementação), além de inerente ao exercício do poder de polícia do 
Estado, provém diretamente do marco constitucional de garantia dos 
processos ecológicos essenciais (em especial os arts. 225, 23, VI e VII, e 
170, VI) e da legislação, sobretudo da Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente (Lei 6.938/1981, arts. 2º, I e V, e 6º) e da Lei 9.605/1998 (Lei 
dos Crimes e Ilícitos Administrativos contra o Meio Ambiente). 
7. Nos termos do art. 70, § 1º, da Lei 9.605/1998, são titulares do dever-
poder de implementação os funcionários de órgãos ambientais integrantes 
do Sistema Nacional de Meio Ambiente SISNAMA, designados para as 
atividades de fiscalização, além de outros a que se confira tal atribuição. 
8. Quando a autoridade ambiental tiver conhecimento de infração 
ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata, 
mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-
responsabilidade? (art. 70, § 3°, da Lei 9.605/1998, grifo 
acrescentado). 
9. Diante de ocupação ou utilização ilegal de espaços ou bens públicos, 
não se desincumbe do dever-poder de fiscalização ambiental (e 
também urbanística) o Administrador que se limita a embargar 
obra ou atividade irregular e a denunciá-la ao Ministério Público ou 
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à Polícia, ignorando ou desprezando outras medidas, inclusive 
possessórias, que a lei põe à sua disposição para eficazmente fazer 
valer a ordem administrativa e, assim, impedir, no local, a turbação ou 
o esbulho do patrimônio estatal e dos bens de uso comum do povo, 
resultante de desmatamento, construção, exploração ou presença humana 
ilícitos. 
10. A turbação e o esbulho ambiental-urbanístico podem e no caso do 
Estado, devem ser combatidos pelo desforço imediato, medida prevista 
atualmente no art. 1.210, § 1º, do Código Civil de 2002 e imprescindível à 
manutenção da autoridade e da credibilidade da Administração, da 
integridade do patrimônio estatal, da legalidade, da ordem pública e da 
conservação de bens intangíveis e indisponíveis associados à qualidade de 
vida das presentes e futuras gerações. 
11. O conceito de poluidor, no Direito Ambiental brasileiro, é 
amplíssimo, confundindo-se, por expressa disposição legal, com o 
de degradador da qualidade ambiental, isto é, toda e qualquer 
pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, 
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação 
ambiental (art. 3º, IV, da Lei 6.938/1981, grifo adicionado). 
12. Para o fim de apuração do nexo de causalidade no dano 
urbanístico-ambiental e de eventual solidariedade passiva, 
equiparam-se quem faz, quem não faz quando deveria fazer, quem 
não se importa que façam, quem cala quando lhe cabe denunciar, 
quem financia para que façam e quem se beneficia quando outros 
fazem. 
13. A Administração é solidária, objetiva e ilimitadamente 
responsável, nos termos da Lei 6.938/1981, por danos urbanístico-
ambientais decorrentes da omissão do seu dever de controlar e 
fiscalizar, na medida em que contribua, direta ou indiretamente, 
tanto para a degradação ambiental em si mesma, como para o seu 
agravamento, consolidação ou perpetuação, tudo sem prejuízo da 
adoção, contra o agente público relapso ou desidioso, de medidas 
disciplinares, penais, civis e no campo da improbidade 
administrativa. 
14. No caso de omissão de dever de controle e fiscalização, a 
responsabilidade ambiental solidária da Administração é de 
execução subsidiária (ou com ordem de preferência). 
15. A responsabilidade solidária e de execução subsidiária significa 
que o Estado integra o título executivo sob a condição de, como 
devedor-reserva, só ser convocado a quitar a dívida se o 
degradador original, direto ou material (= devedor principal) não o 
fizer, seja por total ou parcial exaurimento patrimonial ou 
insolvência, seja por impossibilidade ou incapacidade, inclusive 
técnica, de cumprimento da prestação judicialmente imposta, 
assegurado, sempre, o direito de regresso (art. 934 do Código 
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Civil), com a desconsideração da personalidade jurídica (art. 50 do 
Código Civil). 
16. Ao acautelar a plena solvabilidade financeira e técnica do crédito 
ambiental, não se insere entre as aspirações da responsabilidade solidária 
e de execução subsidiária do Estado sob pena de onerar duplamentea 
sociedade, romper a equação do princípio poluidor-pagador e inviabilizar a 
internalização das externalidades ambientais negativas substituir, mitigar, 
postergar ou dificultar o dever, a cargo do degradador material ou 
principal, de recuperação integral do meio ambiente afetado e de 
indenização pelos prejuízos causados. 
17. Como consequência da solidariedade e por se tratar de 
litisconsórcio facultativo, cabe ao autor da Ação optar por incluir ou 
não o ente público na petição inicial. 
18. Recurso Especial provido. 
(STJ, REsp 1.071.741, de 16/12/2010) 
 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO 
AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELA EMISSÃO DE FLÚOR NA 
ATMOSFERA. TEORIA DO RISCO INTEGRAL. POSSIBILIDADE DE OCORRER 
DANOS INDIVIDUAIS E À COLETIVIDADE. NEXO DE CAUSALIDADE. 
SÚMULA N. 7/STJ. DANO MORAL IN RE IPSA. 
... 
2. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que, nos danos 
ambientais, incide a teoria do risco integral, advindo daí o caráter 
objetivo da responsabilidade, com expressa previsão constitucional 
(art. 225, § 3º, da CF) e legal (art. 14, § 1º, da Lei n. 6.938/1981), 
sendo, por conseguinte, descabida a alegação de excludentes de 
responsabilidade, bastando, para tanto, a ocorrência de resultado 
prejudicial ao homem e ao ambiente advindo de uma ação ou 
omissão do responsável. 
4. É jurisprudência pacífica desta Corte o entendimento de que um 
mesmo dano ambiental pode atingir tanto a esfera moral individual 
como a esfera coletiva, acarretando a responsabilização do 
poluidor em ambas, até porque a reparação ambiental deve ser 
feita da forma mais completa possível. 
... 
(STJ, REsp 1.175.907, de 25/09/2014) 
 
INFORMATIVO 388 STJ. DANOS AMBIENTAIS. RESPONSABILIDADE 
SOLIDÁRIA. 
A questão em causa diz respeito à responsabilização do Estado por 
danos ambientais causados pela invasão e construção, por 
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particular, em unidade de conservação (parque estadual). A Turma 
entendeu haver responsabilidade solidária do Estado quando, 
devendo agir para evitar o dano ambiental, mantém-se inerte ou 
atua de forma deficiente. A responsabilização decorre da omissão 
ilícita, a exemplo da falta de fiscalização e de adoção de outras 
medidas preventivas inerentes ao poder de polícia, as quais, ao 
menos indiretamente, contribuem para provocar o dano, até porque 
o poder de polícia ambiental não se exaure com o embargo à obra, 
como ocorreu no caso. Há que ponderar, entretanto, que essa 
cláusula de solidariedade não pode implicar benefício para o 
particular que causou a degradação ambiental com sua ação, em 
detrimento do erário. Assim, sem prejuízo da responsabilidade 
solidária, deve o Estado - que não provocou diretamente o dano 
nem obteve proveito com sua omissão - buscar o ressarcimento dos 
valores despendidos do responsável direto, evitando, com isso, 
injusta oneração da sociedade. Com esses fundamentos, deu-se 
provimento ao recurso. Precedentes citados: AgRg no Ag 973.577-
SP, DJ 19/12/2008; REsp 604.725-PR, DJ 22/8/2005; AgRg no Ag 
822.764-MG, DJ 2/8/2007, e REsp 647.493-SC, DJ 
22/10/2007. REsp 1.071.741-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, 
julgado em 24/3/2009. 
 
ADMINISTRATIVO ± AÇÃO CIVIL PÚBLICA ± INTERDEPENDÊNCIA CAUSAL 
POSSIBILIDADE DE VIOLAÇÃO SIMULTÂNEA A MAIS DE UMA ESPÉCIE DE 
INTERESSE COLETIVO ± DIREITOS DIFUSOS E INDIVIDUAIS 
HOMOGÊNEOS ± RELEVANTE INTERESSE SOCIAL ± LEGITIMIDADE. 
1. Conforme se observa no acórdão recorrido, o caso dos autos ultrapassa 
a órbita dos direitos patrimoniais da população diretamente afetada e 
atinge interesses metaindividuais, como o meio ambiente ecologicamente 
equilibrado e a uma vida saudável. 
2. É um erro acreditar que uma mesma situação fática não possa 
resultar em violação a interesses difusos, coletivos e individuais 
simultaneamente. A separação, ou melhor, a categorização dos 
interesses coletivos lato sensu em três espécies diferentes é 
apenas metodológica. 
3. No mundo fenomenológico as relações causais estão tão 
intimamente ligadas que um único fato pode gerar consequências 
de diversas ordens, de modo que é possível que dele advenham 
interesses múltiplos. É o caso, por exemplo, de um acidente 
ecológico que resulta em danos difusos ao meio ambiente, à saúde 
pública e, ao mesmo tempo, em danos individuais homogêneos aos 
moradores da região. 
4. Ademais, ainda que o caso presente tratasse unicamente de direitos 
individuais homogêneos disponíveis, isso não afasta a relevância social dos 
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interesses em jogo, o que é bastante para que se autorize o manejo de 
ação civil pública pelo agravado. Agravo regimental improvido. 
(STJ, AgRg no REsp 1.154.747, de 16/04/2010) 
 
RECURSO ESPECIAL - DANO MORAL COLETIVO - CABIMENTO -
 ARTIGO 6º, VI, DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - REQUISITOS 
- RAZOÁVEL SIGNIFICÂNCIA E REPULSA SOCIAL - OCORRÊNCIA, NA 
ESPÉCIE - CONSUMIDORES COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇAO - 
EXIGÊNCIA DE SUBIR LANCES DE ESCADAS PARA ATENDIMENTO - 
MEDIDA DESPROPORCIONAL EDESGASTANTE - INDENIZAÇAO - FIXAÇAO 
PROPORCIONAL - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL - AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇAO - RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 
I - A dicção do artigo 6º, VI, do Código de Defesa do Consumidor é clara 
ao possibilitar o cabimento de indenização por danos morais aos 
consumidores, tanto de ordem individual quanto coletivamente. 
II - Todavia, não é qualquer atentado aos interesses 
dos consumidores que pode acarretar dano moral difuso. É preciso 
que o fato transgressor seja de razoável significância e desborde 
os limites da tolerabilidade. Ele deve ser grave o suficiente 
para produzir verdadeiros sofrimentos, intranquilidade social e 
alterações relevantes na ordem extrapatrimonial coletiva. 
Ocorrência, na espécie. 
III - Não é razoável submeter aqueles que já possuem dificuldades de 
locomoção, seja pela idade, seja por deficiência física, ou por causa 
transitória, à situação desgastante de subir lances de escadas, exatos 23 
degraus, em agência bancária que possui plena capacidade e condições 
de propiciar melhor forma de atendimento atais consumidores. 
IV - Indenização moral coletiva fixada de forma proporcional e razoável 
ao dano, no importe de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
V - Impõe-se reconhecer que não se admite recurso especial pela alínea c 
quando ausente a demonstração, pelo recorrente, das circunstâncias que 
identifiquem os casos confrontados. 
VI - Recurso especial improvido. 
(STJ, REsp 1.221.756, de 10/02/2012) 
 
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO 
ART. 535 DO CPC. OMISSÃO INEXISTENTE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO 
AMBIENTAL.CONDENAÇÃO A DANO EXTRAPATRIMONIAL OU 
DANO MORAL COLETIVO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO IN 
DUBIO PRO NATURA. 
... 
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2. A Segunda Turma recentemente pronunciou-se no sentido de 
que, ainda que de forma reflexa, a degradação ao meio ambiente 
dá ensejo ao dano moral coletivo. 
3. Haveria contra sensu jurídico na admissão de ressarcimento por 
lesão a dano moral individual sem que se pudessedar à 
coletividade o mesmo tratamento, afinal, se a honra de cada um 
dos indivíduos deste mesmo grupo é afetada, os danos são 
passíveis de indenização. 
4. As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que se 
destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de 
acordo com o princípio hermenêutico in dubio pro natura. 
Recurso especial improvido. 
(STJ, REsp 1.367.923, de 27/08/2012) 
 
AMBIENTAL. DESMATAMENTO. CUMULAÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER 
(REPARAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA) E DE PAGAR QUANTIA CERTA 
(INDENIZAÇÃO). POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO DA NORMA 
AMBIENTAL. 
1. Cuidam os autos de Ação Civil Pública proposta com o fito de obter 
responsabilização por danos ambientais causados pelo desmatamento de 
área de mata nativa. A instância ordinária considerou provado o dano 
ambiental e condenou o degradador a repará-lo; porém, julgou 
improcedente o pedido indenizatório. 
2. A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que a 
necessidade de reparação integral da lesão causada ao meio 
ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar. 
Precedentes da Primeira e Segunda Turmas do STJ. 
3. A restauração in natura nem sempre é suficiente para reverter 
ou recompor integralmente, no terreno da responsabilidade civil, o 
dano ambiental causado, daí não exaurir o universo dos deveres 
associados aos princípios do poluidor-pagador e da reparação in 
integrum. 
4. A reparação ambiental deve ser feita da forma mais completa 
possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada 
não exclui o dever de indenizar, sobretudo pelo dano que 
permanece entre a sua ocorrência e o pleno restabelecimento do 
meio ambiente afetado (= dano interino ou intermediário), bem 
como pelo dano moral coletivo e pelo dano residual (= degradação 
ambiental que subsiste, não obstante todos os esforços de 
restauração). 
5. A cumulação de obrigação de fazer, não fazer e pagar não 
configura bis in idem, porquanto a indenização não é para o dano 
especificamente já reparado, mas para os seus efeitos 
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remanescentes, reflexos ou transitórios, com destaque para a 
privação temporária da fruição do bem de uso comum do povo, até 
sua efetiva e completa recomposição, assim como o retorno ao 
patrimônio público dos benefícios econômicos ilegalmente 
auferidos. 
6. Recurso Especial parcialmente provido para reconhecer a possibilidade, 
em tese, de cumulação de indenização pecuniária com as obrigações de 
fazer voltadas à recomposição in natura do bem lesado, com a devolução 
dos autos ao Tribunal de origem para que verifique se, na hipótese, há 
dano indenizável e para fixar eventual quantum debeatur. 
(STJ, REsp 1.180.078, de 28/02/2012) 
 
INFORMATIVO 415 STJ. ACP. REPARAÇÃO. DANO AMBIENTAL. 
Cuida-se, originariamente, de ação civil pública (ACP) com pedido de 
reparação dos prejuízos causados pelos ora recorrentes à comunidade 
indígena, tendo em vista os danos materiais e morais decorrentes da 
extração ilegal de madeira indígena. Os recorrentes alegam a 
incompetência da Justiça Federal para processar e julgar a causa, uma vez 
que caberia à Justiça estadual a competência para julgar as causas em que 
o local do dano experimentado não seja sede de vara da Justiça Federal. 
Porém a Min. Relatora entendeu que a Justiça Federal, segundo a 
jurisprudência deste Superior Tribunal e do STF, tem competência 
territorial e funcional nas ações civis públicas intentadas pela União ou 
contra ela, em razão de o município onde ocorreu o dano ambiental não 
integrar apenas o foro estadual da comarca local, mas também o das varas 
federais. Do ponto de vista do sujeito passivo (causador de eventual dano), 
a prescrição cria em seu favor a faculdade de articular (usar da 
ferramenta) exceção substancial peremptória. A prescrição tutela 
interesse privado, podendo ser compreendida como mecanismo de 
segurança jurídica e estabilidade. O dano ambiental refere-se 
àquele que oferece grande risco a toda humanidade e à 
coletividade, que é a titular do bem ambiental que constitui direito 
difuso. Destacou a Min. Relatora que a reparação civil do dano 
ambiental assumiu grande amplitude no Brasil, com profundas 
implicações, na espécie, de responsabilidade do degradador do 
meio ambiente, inclusive imputando-lhe responsabilidade objetiva, 
fundada no simples risco ou no simples fato da atividade danosa, 
independentemente da culpa do agente causador do dano. O direito 
ao pedido de reparação de danos ambientais, dentro da logicidade 
hermenêutica, também está protegido pelo manto da 
imprescritibilidade, por se tratar de direito inerente à vida, 
fundamental e essencial à afirmação dos povos, 
independentemente de estar expresso ou não em texto legal. No 
conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do 
causador do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança 
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jurídica e estabilidade com natureza eminentemente privada, e 
tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, 
fundamental, que antecede todos os demais direitos ± pois sem ele 
não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer ± o último 
prevalece, por óbvio, concluindo pela imprescritibilidade do direito 
à reparação do dano ambiental. Mesmo que o pedido seja genérico, 
havendo elementos suficientes nos autos, pode o magistrado 
determinar, desde já, o montante da reparação. REsp 1.120.117-
AC, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 10/11/2009. 
 
INFORMATIVO 404 STJ. MEIO AMBIENTE. INDENIZAÇÃO. ADQUIRENTE. 
Trata-se de ação civil pública (ACP) na qual o MP objetiva a recuperação de 
área degradada devido à construção de usina hidrelétrica, bem como 
indenização pelo dano causado ao meio ambiente. A Turma entendeu 
que a responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como 
tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do 
dano e do nexo de causalidade. Contudo, não obstante a 
comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em algumas 
situações dispensa-se tal necessidade em prol de uma efetiva 
proteção do bem jurídico tutelado. É isso que ocorre na esfera 
ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é responsabilizado 
pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de 
ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A 
responsabilidade por danos ao meio ambiente, além de objetiva, 
também é solidária. A possibilidade de responsabilizar o novo 
adquirente de imóvel já danificado apenas busca dar maior 
proteção ao meio ambiente, tendo em vista a extrema dificuldade 
de precisar qual foi a conduta poluente e quem foi seu autor. 
Assim, na espécie, conforme a análise das provas feitas pelo 
Tribunal a quo, foi possível verificar o real causador do desastre 
ambiental, ficando ele responsável por reparar o dano, ainda que 
solidariamente com o atual proprietário do imóvel danificado. 
Precedentes citados: REsp 185.675-SP, DJ 2/10/2000; REsp 843.036-PR, 
DJ 9/11/2006; REsp 263.383-PR, DJ 22/8/2005, e REsp 327.254-PR, DJ 
19/12/2002. REsp 1.025.574-RS, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado 
em 25/8/2009. 
 
INFORMATIVO 545 STJ. DIREITO AMBIENTAL E CIVIL. RESPONSABILIDADE 
CIVIL EM DECORRÊNCIA DE DANO AMBIENTAL PROVOCADO PELA 
EMPRESA RIO POMBA CATAGUASES LTDA. NO MUNICÍPIO DE MIRAÍ-MG. 
RECURSO REPETITIVO (ART. 543-CDO CPC E RES. 8/2008-STJ). 
Em relação ao acidente ocorrido no Município de Miraí-MG, em janeiro de 
2007, quando a empresa de Mineração Rio Pomba Cataguases Ltda., 
durante o desenvolvimento de sua atividade empresarial, deixou vazar 
cerca de 2 bilhões de litros de resíduos de lama tóxica (bauxita), material 
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que atingiu quilômetros de extensão e se espalhou por cidades dos Estados 
do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, deixando inúmeras famílias 
desabrigadas e sem seus bens (móveis e imóveis): a) a 
responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela 
teoria do risco integral, sendo o nexo de causalidade o fator 
aglutinante que permite que o risco se integre na unidade do ato, 
sendo descabida a invocação, pela empresa responsável pelo dano 
ambiental, de excludentes de responsabilidade civil para afastar a 
sua obrigação de indenizar; b) em decorrência do acidente, a 
empresa deve recompor os danos materiais e morais causados; e c) 
na fixação da indenização por danos morais, recomendável que o 
arbitramento seja feito caso a caso e com moderação, 
proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico dos 
autores, e, ainda, ao porte da empresa recorrida, orientando-se o 
juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com 
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à 
realidade da vida e às peculiaridades de cada caso, de modo a que, 
de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a 
indenização e, de outro lado, haja efetiva compensação pelos danos 
morais experimentados por aquele que fora lesado. Com efeito, em 
relação aos danos ambientais, incide a teoria do risco integral, 
advindo daí o caráter objetivo da responsabilidade, com expressa 
previsão constitucional (art. 225, § 3º, da CF) e legal (art.14, § 1º, 
da Lei 6.938/1981), sendo, por conseguinte, descabida a alegação 
de excludentes de responsabilidade, bastando, para tanto, a 
ocorrência de resultado prejudicial ao homem e ao ambiente 
advinda de uma ação ou omissão do responsável (EDcl no REsp 
1.346.430-PR, Quarta Turma, DJe 14/2/2013). Ressalte-se que a 
Lei 6.938/1981, em seu art. 4°, VII, dispõe que, dentre os 
objetivos da Política Nacional do Meio Ambiente, está "a imposição 
ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou 
indenizar os danos causados". Mas, para caracterização da 
obrigação de indenizar, é preciso, além da ilicitude da conduta, que 
exsurja do dano ao bem jurídico tutelado o efetivo prejuízo de 
cunho patrimonial ou moral, não sendo suficiente tão somente a 
prática de um fato contra legem ou contra jus, ou que contrarie o 
padrão jurídico das condutas. Assim, a ocorrência do dano moral 
não reside exatamente na simples ocorrência do ilícito em si, de 
sorte que nem todo ato desconforme com o ordenamento jurídico 
enseja indenização por dano moral. O importante é que o ato ilícito 
seja capaz de irradiar-se para a esfera da dignidade da pessoa, 
ofendendo-a de forma relativamente significante, sendo certo que 
determinadas ofensas geram dano moral in re ipsa. Na hipótese em 
foco, de acordo com prova delineada pelas instâncias ordinárias, 
constatou-se a existência de uma relação de causa e efeito, verdadeira 
ligação entre o rompimento da barragem com o vazamento de 2 bilhões de 
litros de dejetos de bauxita e o resultado danoso, caracterizando, assim, 
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dano material e moral. REsp 1.374.284- MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 
julgado em 27/8/2014. 
 
DIREITO AMBIENTAL E PROCESSUAL CIVIL. DANO AMBIENTAL. LUCROS 
CESSANTES AMBIENTAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA INTEGRAL. 
DILAÇÃO PROBATÓRIA. INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO. CABIMENTO. 
1. A legislação de regência e os princípios jurídicos que devem nortear o 
raciocínio jurídico do julgador para a solução da lide encontram-
se insculpidos não no códice civilista brasileiro, mas sim no art. 225, § 3º, 
da CF e na Lei6.938»81, art. 14, § 1º, que adotou a teoria do 
risco integral, impondo ao poluidor ambiental responsabilidade 
objetiva integral. Isso implica o dever de reparar independentemente de 
a poluição causada ter-se dado em decorrência de ato ilícito ou não, 
não incidindo, nessa situação, nenhuma excludente de 
responsabilidade. Precedentes. 
2. Demandas ambientais, tendo em vista respeitarem bem público 
de titularidade difusa, cujo direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é de natureza indisponível, com 
incidência de responsabilidade civil integral objetiva, implicam 
uma atuação jurisdicional de extrema complexidade. 
3. O Tribunal local, em face da complexidade probatória que 
envolve demanda ambiental, como é o caso, e diante da 
hipossuficiência técnica e financeira do autor, entendeu pela 
inversão do ônus da prova. Cabimento. 
4. A agravante, em seu arrazoado, não deduz argumentação jurídica nova 
alguma capaz de modificar a decisão ora agravada, que se mantém, na 
íntegra, por seus próprios fundamentos. 
5. Agravo regimental não provido. 
(STJ, AgRg no REsp 1.412.664, de 11/02/2014) 
 
PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL AÇAO CIVIL PÚBLICA DANO AMBIENTAL 
ADIANTAMENTO DE HONORÁRIOS PERICIAIS PELO PARQUET MATÉRIA 
PREJUDICADA INVERSAO DO ÔNUS DA PROVA ART. 6º, VIII, 
DA LEI8.078/1990 C/C O ART. 21 DA LEI 7.347/1985 PRINCÍPIO DA 
PRECAUÇAO. 
... 
3. Justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para o 
empreendedor da atividade potencialmente perigosa o ônus de 
demonstrar a segurança do empreendimento, a partir da 
interpretação do art. 6º, VIII, da Lei 8.078/1990 c/c o art. 21 da 
Lei 7.347/1985, conjugado ao Princípio Ambiental da Precaução. 
4. Recurso especial parcialmente provido. 
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(STJ, REsp 972.902, de 14/09/2009) 
 
AMBIENTAL. DRENAGEM DE BREJO. DANO AO MEIO 
AMBIENTE.ATIVIDADE DEGRADANTE INICIADA PELO PODER PÚBLICO 
ECONTINUADA PELA PARTE RECORRIDA. NULIDADE DASENTENÇA. PARTE 
DOS AGENTES POLUIDORES QUE NAOPARTICIPARAM FEITO. 
INOCORRÊNCIA DE VÍCIOS.LITISCONSÓRCIO PASSIVO FACULTATIVO. 
SOLIDARIEDADE PELA REPARAÇAO DO DANO AMBIENTAL. 
IMPOSSIBILIDADE DESEPARAÇAO DA RESPONSABILIDADE DOS AGENTES 
NO TEMPOPARA FINS DE CONDENAÇAO EM OBRIGAÇAO DE 
FAZER(REPARAÇAO DO NICHO). ABRANGÊNCIA DO CONCEITO 
DE"POLUIDOR" ADOTADO PELA LEI N. 6.938/81. DIVISAO DOSCUSTOS 
ENTRE OS POLUIDORES QUE DEVE SER APURADO EMOUTRA SEDE. 
1. Na origem, cuida-se de ação civil pública intentada em face de usina 
por ter ficado constatado que a empresa levava a cabo a drenagem de 
reservatório natural de localidade do interior do Rio de Janeiro conhecida 
como "Brejo Lameiro". Sentença e acórdão que entenderam pela 
improcedência dos pedidos do Parquet em razão de a atividade de 
drenagem ter sido iniciada pelo Poder Público e apenas continuada pela 
empresa ora recorrida. 
2. Preliminar levantada pelo MPF em seu parecer - nulidade da sentença 
em razão da necessidade de integração da lide pelo Departamento 
Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, extinto órgão federal, ou por 
quem lhe faça as vezes -, rejeitada, pois é pacífica a jurisprudência 
desta

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