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Introdução O centro cirúrgico (CC) é uma unidade da instituição hospitalar designado para atender os clientes em situação eletivas ou em urgência e emergência, refere-se a um espaço dentro da unidade hospitalar destinado a cirurgias de baixa, média e alta complexidade. Todavia, independentemente desse grau, o CC é um e requer profissionais qualificados e devidamente treinados, (devem ser especialistas nas suas funções). É digno de menção, salientar que este local deve ser equipado com recursos tecnológicos, que muitas vezes são responsáveis pela manutenção da vida dos pacientes. (FIGUEIREDO, LEITE e MACHADO, 2006). Partindo desse pressuposto, Kurcgant et al.(1991),ressalta que o CC deve estar sempre pronto para a cirurgia, e é de suma importância que todos os materiais e equipamentos estejam em seus devidos lugares, evitando atropelos, que podem expor o cliente a risco. Consequentemente, para quem está envolvido no ato cirúrgico, é aborrecedor e estressante a falta de materiais, a qual caracteriza desqualificação e falta de profissionalismo dos personagens atuantes no local. A enfermagem é encarregada por gerenciar e coordenar os profissionais que realizam esse trabalho. O centro cirúrgico é um conjunto de elementos destinado às atividades cirúrgicas, bem como a recuperação anestésica e pós-operatória (BRASIL,1987). È considerada área crítica no zoneamento hospitalar. Entende-se por áreas críticas, os ambientes onde existe risco aumentado de infecção, realização de procedimentos de risco, pacientes com sistema imunológico deprimido. Para o paciente, o centro cirúrgico é um local estranho, com procedimentos cirúrgicos que, muita das vezes, invade sua privacidade, despertando medo e ansiedade, transformando-o dependente da ação de terceiros. Por essa razão, o planejamento desse setor se torna tão importante Segundo Figueiredo, Leite e Machado (2006), a equipe de enfermagem é responsável por atender o cliente em todas as fases da cirurgia: pré-operatório (antes do ato cirúrgico), transoperatório (durante a cirurgia) e pós-operatório (após a finalização da cirurgia). Para que haja total eficiência e eficácia nesse processo, o enfermeiro deve coordenar gerenciar, realizar programas de treinamento e de educação continuada, verificar o bom funcionamento do CC e estar constantemente em processo de atualização. O trabalho do enfermeiro no CC tem se tornado cada vez mais complexo, na medida em que há a necessidade de integração entre as atividades que engloba a ramo técnico, gerencial, administrativo-burocrática, assistencial, de ensino e pesquisa, e na extensão de sua atuação, por ser um profissional que atua diretamente com uma equipe diversificada profissionalmente. Posto isto, esse é relevante para evidenciar a importância do enfermeiro no gerenciamento e na coordenação do centro cirúrgico. Esse estudo teve como objetivo realizar um diagnóstico situacional a respeito do processo de avaliação de desempenho da equipe de enfermagem do Hospital Metropolitano de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Descrições da unidade hospitalar Inaugurado no dia 02 de agosto de 2011, o hospital Estadual Louzite Ferreira da Silva (Hospital Metropolitano de Várzea Grande – HMVG), atende, exclusivamente, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), encaminhados pela Central de Regulação, do Estado de Mato Grosso. (SES/MT), Instalado em uma área de mais de cinco mil metros quadrados, o HMVG, conta com uma ampla e moderna estrutura, constituída por 58 leitos, 04 salas cirúrgicas, 08 consultórios médicos, e 10 leitos de UTI. Hoje é referencia em Traumatologia e cirurgia bariátrica vídeo-laparoscopia avançada e bucomaxilofacial no Estado de Mato Grosso, além de ofertar especializados de apoio diagnósticos, atendendo 141 municípios do Estado. Esta credenciada no MS em alta complexidade em Ortopedia desde Dezembro 2014. Possui capacidade para ate 420 cirurgias mês, 4000 procedimentos/ano, entre consultas e exames. Missão e Valores A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso como gestora do Sistema Único de Saúde tem entre as suas principais funções a definição de políticas, o assessoramento aos municípios, a programação, o acompanhamento e a avaliação das ações e atividades de saúde. Missão Garantir o direito à saúde enquanto direito fundamental do ser humano e prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício, através de ações individuais e coletivas de promoção, prevenção e recuperação da saúde no âmbito do Estado de Mato Grosso. Valores Os valores da Secretaria Estadual de Saúde estão fundamentados nos princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde, definidos pela universalidade, equidade, integralidade, participação da comunidade e controle social, descentralização, prioridades com base na necessidade (critério epidemiológico), resolução e qualidade. As atribuições do Enfermeiro de Centro Cirúrgico são bastante complexas, remetendo-se a diversas competências, dentre elas: assistencial, administrativa, ensino e pesquisa. Indo ao encontro de Guido et al. (2008), o papel assistencial é de suma importância, visto que compete ao Enfermeiro a assistência ao paciente e à família, sendo que a comunicação entre todos os indivíduos envolvidos é fundamental para a continuidade do cuidado de forma individualizada. FUNÇÃO DO ENFERMEIRO E EQUIPE DE ENFERMAGEM NO CC. ENFERMEIRO COORDENADOR: As habilidades necessárias para que o enfermeiro gerencie a unidade do centro cirúrgico incluem: Planejar (determinar com antecedência o que deve ser feito). Organizar (determinar quando e em que sequência o trabalho deve ser feito). Dirigir ou executar o plano (aplicar força humana ao trabalho). Controlar (determinar se o trabalho foi feito). Avaliar (verificar o cuidado prestado). ENFERMEIRO ASSISTENCIAL: Supervisionar as ações dos profissionais da equipe de enfermagem. Elaborar o plano de cuidados de enfermagem para o período transoperatório e supervisionar sua implementação. Orientar a montagem e a distribuição dos materiais e equipamentos na sala operatória. Manter o ambiente cirúrgico seguro tanto para o paciente quanto para a equipe multiprofissional, observando os fatores de risco de contaminação. 2.1 Estruturas físicas da unidade É caracterizada por um conjunto de elementos com ambientes e características específicas, que se subdivide em: Não restrita : as áreas de circulação livre ( vestiários, corredor de entrada e sala de espera de acompanhantes). Semi-restritas : pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia( salas de guarda de material, administrativa, , copa e expurgo) Restrita - o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO); para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de pessoal, equipamentos e materiais. Vestiários Farmácia Copa Posto de Enfermagem Sala Chefia de Enfermagem Prescrição Sala Estar Equipe Repouso Anestesista Expurgo Materiais e Equipamentos Área de escovação ou lavabos DML Arsenal Sala RPA 4 Sala de cirurgia LOCALIZAÇÃO: Ocupar área independente da circulação geral. Possibilita o acesso livre e fácil de pacientes provenientes de outras unidades. TETO Conforme a Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde, o teto do Centro Cirúrgico deve ser continuo, sendo proibido o uso de forro falso removível (BRASIL, 1994). PAREDES Devem ter as superfícies lisas e laváveis, de cor neutra, tinta fosca, cantos arredondados sem rodapé, com acabamento côncavo, para reduzir a deposição de microorganismos. As paredes devem ser mantidas em bom estado de conservação. PISO De acordo com a RDC 50/2002 do órgão, os materiais adequados para o revestimento de paredes, pisos e tetos de ambientes de áreas críticas e semicríticas devem ser resistentes à lavagem e ao uso de desinfetantes.Para as áreas críticas e semicríticas, devem ser priorizados materiais de acabamento que tornem as superfícies monolíticas, com o menor número possível de ranhuras ou frestas, mesmo após o uso e limpeza frequentes. VENTILAÇÃO O objetivo de uma ventilação adequada é a remoção de microorganismos, além de prevenir a sua entrada e promover a exaustão dos gases anestésicos utilizados durante as cirurgias. A ventilação deve manter o ambiente confortável e controlar a umidade diminuindo os riscos de produção de fagulhas eletrostáticas. A NBR 7256, citada na Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde, regulamenta a ventilação da sala de operações nas seguintes condições (BRASIL, 1994): Condições físicas: temperatura mínima de 19ºC e máxima de 24ºC, com umidade relativa do ar correspondente a 45% a 60%. Vazão pro minuto do ar exterior: 15m% (ml/h) Troca do ar ambiental: 2 s/h Insuflamento e exaustão do ar filtrado Nível sonoro de instalação mínima Pressão positiva em relação ao ambiente contíguo Preconiza-se que as entradas de ar estejam localizadas o mais alto possível, em relação ao nível do piso, devendo estar afastadas das saídas, que são localizadas próximas ao piso. Ambas as aberturas devem ser providas de filtros. ILUMINACAO A iluminação artificial deve ser de cor natural, para não altear a coloração da pele e mucosas do paciente e não deixar sombras. A iluminação do campo cirúrgico, em especial é realizada com os focos central ou fixo, auxiliar e frontal. O foco tem por finalidade: Oferecer luz semelhante à natural, de modo a não alterar a cor da pele e mucosas do paciente. Fornecer iluminação adequada ao campo cirúrgico, sem projeção de sombras e emissão de reflexos. Produzir o mínimo de calor possível no campo operatório. RECURSOS MATERIAIS - Equipamentos fixos São aqueles adaptados à estrutura física da sala cirúrgica. Tais como: • Foco central; • Negatoscópio; • Sistema de canalização de ar e gases; • Prateleira (podendo estar ou não presente). - Equipamentos móveis São aqueles que podem ser deslocados de uma para outra sala de operação, a fim de atender o planejamento do ato cirúrgico de acordo com a especificidade, ou mesmo serem acrescidos durante o desenvolvimento da cirurgia. São estes: • mesa cirúrgica e acessórios: colchonete de espuma, perneiras metálicas, suporte de ombros e arco para narcose. Atualmente, já estão no mercado mesas cirúrgicas totalmente automatizadas, o que permite várias configurações, a partir da simples troca de acessórios e módulos, e possibilita movimentos suaves e precisos em todas as direções e em ângulo de quase 180º. • aparelho de anestesia, contendo “kits” de cânulas endotraqueais e de Guedel: laringoscópios; pinças de Magil e esfigmomanômetro; • mesas auxiliares para instrumental cirúrgico, de Mayo e para pacotes de roupas estéreis; • bisturi elétrico ou termocautério; • aspirador de secreções; • foco auxiliar; • banco giratório; • balde inoxidável com rodízios; • suportes: de braço, hamper, bacia e soro; • escada de dois degraus; • carro para materiais de consumo e soluções antissépticas (o qual pode ser dispensado, quando houver local adequado para a colocação destes materiais como, por exemplo, prateleiras); • carro para materiais estéreis; • aparelhos monitores RECURSOS HUMANOS Os plantões da equipe de enfermagem são de 12/36, sendo 02 equipes. Somente diurno dividido em plantões impares e pares. Atualmente os corpos de funcionários que ocupa o centro cirúrgico são de 01 Auxiliar administrativos, 02 Enfermeiras, e 15 Técnicos de Enfermagem, 01 psicóloga, 04 Aux. De limpeza. PLANEJAMENTO O centro cirúrgico pode ser considerado um dos setores mais complexos do hospital pela sua especificidade. É uma unidade assistencial, onde são realizadas operações cirúrgicas, a fim de atender intercorrências clínicas por meio de suporte de uma gama de profissionais. Requer estrutura adequada de modo que os aspectos técnico-administrativos referentes à planta física e localização, aos equipamentos, ao regimento, às normas, às rotinas e aos recursos humanos sejam assegurados como mecanismos que garantam a prevenção e o controle dos riscos e sustentem, na prática, a proteção ético-legal da equipe e da instituição. (Francisco G, Bitencourt GR et al.) Em nível de divisão do setor, o Centro Cirúrgico da instituição possui um corredor único, o qual conduz a RPA, e a 4 salas de cirurgia. Duas destas estão inutilizadas, por conta que o carrinho de anestesia esta em manutenção. Essa conformação é aceita, já que entrada de pacientes leva diretamente a um extremo do corredor principal do Centro Cirúrgico, onde estão situados o posto e serviços de apoio. As salas de cirurgia estão em área restrita. A área de escovação está colocada entre estas salas. O piso é de fácil limpeza, porém, apresenta pontos com rachaduras e buracos, as portas são adequadas, as paredes possuem os cantos arredondados para facilitar a limpeza, somente no corredor, as salas cirúrgicas tem cantos retangulares, a iluminação é realizada por focos que proporcionam uma luminosidade adequada ao campo cirúrgico. Neste âmbito, os materiais de acabamento usados num estabelecimento assistencial de saúde devem tornar as paredes, pisos, tetos e bancadas lisos, resistentes, impermeáveis ou quase, laváveis e de fácil higienização. Devem-se utilizar materiais com o menor número de frestas e ranhuras possível, formando-se, assim, uma superfície inabalável, pois a presença de ranhuras e frestas cria um ambiente propício à proliferação de microorganismos. O Centro Cirúrgico, classificado como área crítica, torna obrigatório o atendimento destas recomendações. O Posto de Enfermagem localiza-se no centro da unidade, logo atrás tem os setores de Recepção Pré-Operatória (RPO) e de Recuperação Pós-Anestésica (RPA), que são juntos. A debilidade de recursos materiais foi vista como um fator que dificulta a atuação no Centro Cirúrgico e que resulta, por vezes, em suspensão do ato cirúrgico quando não há material necessário e em quantidade suficiente para a realização de um determinado procedimento. O profissional de enfermagem precisa garantir um ambiente favorável para o adiantamento do cuidado, envolvendo, dentre outros, o meio ambiente físico e social. No entanto, apesar de este profissional preocupar-se com a manutenção desses recursos de modo a manter o ambiente seguro e de qualidade na promoção do cuidado ao cliente, o seu desempenho em prover a unidade com esses insumos nem sempre é o suficiente para mantê-la em pleno funcionamento. Algumas intercorrências, como a falta de material e a sobrecarga de trabalho, podem trazer implicações para o relacionamento entre os profissionais de saúde, isto porque a enfermeira responsável pelo CC tem como uma de suas atribuições prever e prover recursos materiais para a realização da cirurgia. Quando um determinado material não tem no setor ou o tem em quantidade insuficiente, esta profissional informa a situação detectada à equipe responsável pelo procedimento cirúrgico. Ocorre que, algumas vezes, o cirurgião responsável mesmo ciente da indisponibilidade do material suficiente no setor embute na enfermeira a responsabilidade pela falta do material na unidade. Estas situações podem implicar em ruídos na comunicação e desajustes no relacionamento interprofissional, afetando a dinâmica de cuidar e de cuidados na unidade. CONCLUSAO: O enfermeiro é considerado um profissional estratégico para a gestão e funcionamento do setor por permanecer maior período na unidade e conhecer toda sua infraestrutura e do hospital, marcado por processos de trabalho fragmentados, vagarosidade das ações e conflitos interpessoais. Há necessidade do controle de todos os procedimentos e a exigência dos recursos necessários para a realização do ato cirúrgico que, somado à lógica do processo de trabalho e funcionamento atual, têm gerado estresse nos profissionais, repercutindode forma negativa nas relações interpessoais e na assistência. Pode-se perceber que o enfermeiro, enquanto gestor no gerenciamento do centro cirúrgico atua com profissionais de formações diferenciadas, que se torna um desafio para sua prática. Por isso, é fundamental que este tenha subsídios teóricos e vivências práticas para gerenciar a assistência junto a sua equipe, sendo esse um profissional muito importante na coordenação do CC. BIBLIOGRAFIA Rev.Eenfermagem UFPE on line., Recife, 8(5):1405-12, maio., 2014 Rev. bras. enferm. vol.63 no.3 Brasília May/June 2010 BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica. Editora Guanabara Koogan, 11ª Edição, Rio de Janeiro, 2008. Centro Cirúrgico: Planejamento, Organização e Gestão- João Francisco Possari- Editora Érica; BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução 196/96.Dispõe sobre diretrizes e normas reguladoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília. 1996. KURCGANT, Paulina et. al.Administração em enfermagem. São Paulo: EPU, 1999