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Pericardite Definição A pericardite é uma inflamação do pericárdio, e podem se apresentar como: Pericardite aguda – síndrome caracterizada por uma dor torácica típica, presença de atrito pericárdico e alterações específicas no ECG. É a principal manifestação de doença pericárdica. Pericardite recorrente Acontece anos/meses depois de um episódio de pericardite aguda. Derrame pericárdico Não possui a dor típica. A insuficiência renal crônica pode ser causa de derrame pericárdico, assim como hipotireoidismo grave. Tamponamento pericárdico Acontece quando o derrame pericárdico é muito intenso e chega a causar hipotensão grave. É uma possível complicação da pericardite aguda, porém rara. Pericardite constritiva crônica O pericárdio fica inflamado por muitos anos, e acaba sofrendo calcificação. Pode ser consequência de pericardite tuberculósica. Pericardite pós-IAM Imediatamente após o IAM, o pericárdio sofre uma inflamação. Síndrome de Dressler É uma inflamação do pericárdio semanas após episódio de IAM, sendo uma síndrome imuno-mediada. Obs.: Existem duas condições que o pericárdio está inflamado mas não há dor típica, sendo elas: uremias (aumento da ureia e creatinina na insuficiência renal – substancias tóxicas ao miocárdio) e causas reumatológicas pela irritação do pericárdio. Revisão anatômica O pericárdio é um tecido fibroelástico que reveste o coração. Ele possui um espaço entre os folhetos que está preenchido por cerca de 20 ml de líquido pericárdio. Epidemiologia 5% dos pacientes no pronto socorro com dor torácica que não seja IAM, têm diagnóstico de pericardite. Mais comum em homens adultos. Etiologia Infecção viral/idiopática: É a causa mais comum de pericardite aguda. As infecções virais respiratórias precedem a pericardite. 80-90% das pericardites são de causa idiopática/viral. Outras infecções Bacteriana Tuberculose HIV Toxoplasmose Fúngica Amebiana Doenças do colágeno Lúpus eritematoso sistêmico Artrite reumatoide Esclerodermia Vasculites Dermatomiosite Neoplasias Tumores primários Metástase mama, pulmão, leucemia e linfoma. Induzida por drogas Procainamida Idralazina Feniltoína Isoniazida Rifampicina Doxorubicina Nesalazina IAM Síndrome de Dressler – reação imune que inflama o pericárdio. Trauma Cirurgia Implante de marca-passo Angulação com radiofrequencia para uma arritmia Massagem cardíaca Pós radioterapia Metabólico: Uremia Hipotireoidismo Aneurisma por aorta dissecante – derrame pericárdico por justaposição Fisiopatologia Quadro clínico Pródromo de infecção viral Dor torácica Em facada – dor cortante Intensa Contínua/constante Sem irradiação ou irradiando para o dorso Localizada no tórax anterior Dor pleurítica – ventilatório-dependente (piora na inspiração profunda). Melhora quando senta com o tórax inclinado anteriormente Posição de prece maometama Piora no decúbito dorsal Atrito pericárdico Considerado como patognomônico para pericardite. Por mais que seja um importante achado, o atrito pericárdico pode estar ausente na pericardite aguda. É melhor auscultado na base esternal esquerda (ao lado do esterno) O som tem característica de ranger o couro e é irregular. Som de couraça. Semiotécnica: paciente com o tórax pendendo para frente e o diafragma do estetoscópio posicionado na base esternal esquerda, e pede que o paciente faça uma inspiração. Sinais de tamponamento cardíaco – tríade de Beck: Hipotensão arterial Turgência de jugular Abafamento das bulhas cardíacas. Febre Leucocitose no leucograma Sudorese Sensação de angústia Taquicardia Pulso paradoxal: A inspiração profunda em pacientes saudáveis, o tórax se expande, sendo aumentado o retorno venoso. O ventrículo direito empurra o septo interventricular em direção ao VE, reduzindo a área da câmara esquerda, diminuindo o sangue ejetado por esse ventrículo esquerdo. Diagnóstico Diagnóstico clínico: O diagnóstico de pericardite aguda envolve a presença de 2 ou mais marcadores de pericardite: Dor torácica típica de pericardite Atrito pericárdico ECG com supradesnivelamente do segmento de ST de maneira difusa. Derrame pericárdico ATENÇÃO: Pericardite com derrame no ECO será encontrado em 60% dos casos, não sendo obrigatória a presença de derrame. Diagnóstico Laboratorial: vai definir a etiologia da pericardite aguda. Hemograma completo Leucocitose Leucopenia – manifestação de infecção viral VHS e PCR – São importantes para o acompanhamento do tratamento e avaliar o curso da doença. Ureia e creatinina Importante para diagnosticar uremia e insuficiência renal Troponina I É um marcador de necrose miocárdica. Elevada de 35-50% dos casos de pericardite. (miopericardites) Anti-HIV PPD FAN Diagnóstico para LES Fator reumatoide Pericardiocentese: é um procedimento em que uma agulha será inserida no espaço subxifoide em direção ao ombro. Quando começa a drenar líquido, puxa-se o êmbolo e faz a drenagem do pericárdio. É um procedimento guiado por USG. Indicações: Dúvida diagnóstica sem melhora terapêutica por mais de 3 meses Tamponamento pericárdico Pericardite neoplásica para fechar o diagnóstico Analisa: Série branca e vermelha Citologia para câncer Glicose LDH triglicerídeo Proteínas Cultura pH PCR ADA – aumentado em casos de BK Biópsia: Feita em dúvida, suspeita de malignidade, suspeita de BK (presença de necrose de caseificação). Diagnóstico por imagem: Ecocardiograma Auxilia no diagnóstico de derrame pericárdico – grande efusão pericárdica. É útil para guiar acerca da etiologia Avalia a presença de miocardite associada, por um déficit na função sistólica. Raio X de tórax Coração em moringa – silhueta cardíaca aumentada. Necessário 200 ml de líquido para alterar a silhueta cardíaca. ECG Supradesnivelamento do segmento ST de forma difusa. Infradesnivelamento do segmento PR. Diagnostico diferencial Angina pectoris (estável, instável e IAM) A dor é diferente da dor pericárdica, já que não é pleurítica, é em aperto, com irradiação para ombro e membro superior, relacionada ao esforço Aneurisma dissecante da aorta Dor elancinante que irradia para o dorso. É diferente da pericardite por acometer mais pessoas idosas. Embolia pulmonar Infarto pulmonar Pneumotórax Pneumonia Hepatites Colecistites DRGE Esofagite Musculoesquelético A dor se diferencia daquela na pericardite de modo que a dor musculoesquelética é bem localizada, relacionada a movimentação. Tratamento Comportamental: Limitar a atividade física até a resolução do quadro Educar quanto as complicações Medicamentoso: AAS 650-1000 mg/dia 8/8 horas OU Ibuprofeno 800 mg/dia 3vezes/dia Colchicina – é um medicamento que auxilia na melhora mais rápida, desinflamando mais rápido. Porém causa efeitos adversos gastrointestinais importantes. Seu uso não é mandatório. Usado em associação ao AAS ou ao Ibuprofeno. Existem estudos que afirmam que ela reduz a chance de reincidência. Feito no 2º episódio de pericardite. **Caso o paciente tenha IAM ou ICC o AAS é o medicamento de escolha, sendo o ibuprofeno contraindicado nesses casos. Corticoides Usado caso a etiologia seja por LES. Antibiótico Caso seja bacteriana. Diálise Uremia História natural da pericardite Espera-se que haja melhora em até 3 semanas. 15% podem recorrer em menos de 1 ano. A internação será recomendada caso haja sinais de gravidade. Febre alta Imunossuprimido Uso de anticoagulante (Heparina) Trauma de tórax Aumento de troponina Derrame importante Falha de tratamento Tamponamento cardíaco Complicações Pericardite constritiva crônica É a formação de tecido de granulação fibrinoso no pericárdio. Essa inflamação se cronifica, com pericárdio espessado e rígido, com tecido cicatricial. Isso prejudica o enchimento ventricular, com turgênciajugular crônica, edema de MMII. Pode ser causado por trauma de tórax grave, radioterapia, tuberculose, histoplasmose, câncer, linfoma. Quadro clínico: Abafamento de bulha Fraqueza Fadiga Perda ponderal Edema Dispneia Turgência jugular Hepatomegalia Ascite Diagnóstico: ECO TC de tórax – calcificação Tratamento: ressecção do pericárdio. Miopericardite Caso clínico
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