Buscar

aula09 - metodos de custeio

Prévia do material em texto

An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
79Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Aula 9 – Métodos de custeio
Objetivos da aula:
Nesta aula, o objetivo será conhecer os métodos de rateio dos custos 
indiretos para efeito fiscal e demonstrar a não utilização de rateios na 
formação de preço baseado no custo.
Custeio significa apropriação de custos. Assim, existem, basicamente, três 
métodos. É importante lembrar que os métodos de custeio são aplicados 
aos custos indiretos e buscam a melhor forma de levá-los ao custo total 
do produto, já que os custos diretos são plenamente identificáveis por 
produto
1. Custeio por absorção
Custeio por absorção é o método derivado da aplicação dos Princípios 
de Contabilidade Geralmente Aceitos. A contabilidade fiscal tradicional 
impõe a utilização do custeio por absorção, no qual os custos indiretos são 
rateados entre os produtos e serviços produzidos, de acordo com critérios 
tradicionais. Esse método é válido tanto para fins de balanço patrimonial 
e demonstração de resultados como também, na maioria dos países, para 
balanço e lucro fiscal.
Os direcionadores de custos, ou seja, as bases de rateio mais tradicionais 
para a avaliação dos custos de fabricação e cômputo dos estoques são os 
seguintes:
• Proporção dos custos diretos;
• Proporção dos custos de mão-de-obra direta;
• Quantidades produzidas;
• Tempo utilizado pelas máquinas;
• Área ocupada por linha de produção;
• Custo da matéria-prima básica.
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
80Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Veremos, agora, um exemplo e a aplicação dos direcionadores sobre o custo 
total do produto. O exemplo será de uma pequena indústria que fabrica 
três produtos distintos. Vejamos este primeiro quadro:
Produto X Y Z
Produção 
(unid. 
/mês)
 90.000 50.000 60.000
Custo 
direto
 280.000 220.000 180.000
Preço de 
venda
9,50 7,00 8,00
Nele, temos algumas informações inicias e, agora, utilizaremos o critério de 
quantidade produzida para ratear o custo indireto total de R$ 315.000,00.
Produto X Y Z
Produção 
(unid. 
/mês)
 90.000 50.000 60.000
Proporção 
do rateio
45,0% 25,0% 30,0%
Rateio 141.750 78.750 94.500
Neste momento, temos o rateio do custo indireto pelo critério de quantidade 
produzida. Agora, veremos como fica um demonstrativo geral:
Produto X Y Z
Produção 
(unid. 
/mês)
 90.000 50.000 60.000
Preço de 
venda
9,50 7,00 8,00
Receita 
bruta
 855.000 350.000 480.000
Custo 
direto
 280.000 220.000 180.000
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
81Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Custo 
indireto 
(rateado)
 141.750 78.750 94.500
Despesa 
direta
 76.000 46.000 88.000
Resultado 
produto
 357.250 5.250 117.500
Despesas 
Indiretas
310.000
Lucro 
antes dos 
impostos
170.000
Observe que, nesse critério, o custo indireto foi rateado para cada produto, 
levando a obter o resultado do produto. As despesas indiretas nunca são 
rateadas para efeito fiscal, portanto não se aplicam métodos de custeio a 
elas.
Agora, vamos ver o mesmo exemplo quando aplicamos outro critério de 
rateio. Utilizaremos o critério de proporção dos custos diretos. Observe a 
tabela:
Produto X Y Z
Custo 
direto
 280.000 220.000 180.000
Proporção 
do rateio
41,2% 32,4% 26,5%
Rateio 129.706 101.912 83.382
Os valores obtidos são totalmente diferentes e afetarão a análise de cada 
produto. Vejamos como fica o demonstrativo geral depois desse novo 
critério:
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
82Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Produto X Y Z
Produção (unid. /mês) 90.000 50.000 60.000
Preço de venda 9,50 7,00 8,00
Receita bruta 855.000 350.000 480.000
Custo direto 280.000 220.000 180.000
Custo indireto (rateado) 129.706 101.912 83.382
Despesa direta 76.000 46.000 88.000
Resultado produto 369.294 (17.912) 128.618
Despesas Indiretas 310.000
Lucro antes dos impostos 170.000
Observe que o resultado de cada produto mudou radicalmente, inclusive 
levando um deles a resultado negativo. Será que devemos alterar o preço 
para obter resultados positivos? Essa é a pergunta que não pode ser 
respondida quando utilizamos esse método de custeio, pois ele serve a 
empresa de forma contábil, mas não de forma gerencial.
2. Custeio direto
Este método de custeio não é aplicado fiscalmente, mas responde as 
necessidades gerenciais da empresa. Por meio dele, os custos indiretos 
não são levados à análise de resultados dos produtos; estes passam a ser 
avaliados por suas margens de contribuição. Este é um indicador precioso 
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
83Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
na avaliação de um portfólio de produtos, pois indica a contribuição de 
cada produto para a amortização dos custos e despesas indiretas e para a 
geração dos resultados finais da empresa.
A margem de contribuição unitária é calculada pela diferença entre o preço 
de venda e os custos e despesas diretas; e a margem de contribuição total 
é calculada pela diferença entre a receita de vendas bruta do produto e os 
custos e despesas diretas totais do produto. Assim, temos:
MCu = PV - CD - DD
MCt = RV - CDt - DDt
Considerando o exemplo utilizado na análise do custeio por absorção, 
teríamos a seguinte demonstração de resultados dos produtos, por meio 
do custeio direto:
Produto X Y Z
Produção (unid. /mês) 90.000 50.000 60.000
Preço de venda 9,50 7,00 8,00
Receita bruta 855.000 350.000 480.000
Custo direto 280.000 220.000 180.000
Despesa direta 76.000 46.000 88.000
Margem de contribuição 499.000 84.000 212.000
% Margem de contribuição 58,4% 24,0% 44,2%
Custos indiretos 315.000
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
84Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Despesas Indiretas 310.000
Lucro antes dos impostos 170.000
Portanto, o custeio direto veio resolver esse problema de análise gerencial, 
mesmo não sendo aceito nos demonstrativos oficiais.
3. Custeio baseado em atividades (ABC - Activity-
Based Costing)
Diferentemente dos métodos anteriores, em que os custos indiretos 
eram rateados por critérios aleatórios (absorção) ou eram amortizados, 
integralmente, pela margem de contribuição total dos produtos (custeio 
direto), no ABC a lógica é voltada para o custeio das atividades que geraram 
os custos e despesas e para os motivos principais de suas gerações (os 
chamados direcionadores de custos de atividades). Ressalte-se que, assim 
como nos demais métodos de custeio, a lógica do ABC é originária do 
segmento industrial.
O método surgiu, basicamente, em razão da precariedade das informações 
gerenciais proporcionadas pelos critérios anteriores,visto que, com a série de 
modelos desenvolvidos a partir da década de 1980, tais como reengenharia 
de sistemas, robotização das fábricas, sistemas da qualidade total e suas 
vertentes, downsizing etc., houve considerável modificação no perfil de 
custos das indústrias, com redução significativa nos custos diretos: leia-se 
mão-de-obra direta e reciprocidade nos custos indiretos de produção, e 
despesas indiretas de controle e gestão.
Como os custos indiretos passaram a ser muito representativos no total 
geral das indústrias, havia necessidade de melhor controlá-los, alocando-os 
de modo mais fundamentado aos diversos objetos de custeio, por meio das 
atividades desenvolvidas.
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
85Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Uma atividade pode ser descrita como uma série de processos interligados, 
utilizando diversos recursos, com o intuito de agregar valor à atividade-
fim da empresa. Assim, enquanto no sistema tradicional de contabilidade 
os diversos departamentos são divididos de acordo com suas atividades 
principais, ou seja, Departamentos de Compras, Industrial, Vendas etc., 
no ABC são analisadas as atividades desenvolvidas por toda a empresa, 
envolvendo diversos departamentos. Imagine que o processo de compras, 
ou seja, que a atividade “comprar insumos” seja desenvolvida por um setor 
específico da empresa e que, para definir esse montante, sejam necessárias 
diversas atividades anteriores, tais como planejar vendas, analisar o mercado 
potencial, contatar fornecedores, pesquisar os melhores preços de insumos 
etc. Como se vê, esse é um processo no qual diversos setores da empresa têm 
participação e será consumado no ato de emissão do pedido de compra.
Várias atividades profissionais e recursos adicionais foram necessários, tais 
como tempo de máquinas de computadores, espaço físico ocupado pelos 
responsáveis pelas informações, salários e encargos, despesas telefônicas 
etc. Enquanto pelo custeio por absorção essas despesas seriam levadas a 
custos de produção rateados e no custeio direto deveriam ser amortizadas 
pela margem de todos os produtos, pois não seriam perfeitamente alocáveis 
a cada produto, no custeio ABC analisaríamos os custos da atividade 
“comprar insumos”, alocando-os a cada produto fabricado de acordo com 
o direcionador mais apropriado, tal como o número de pedidos de compra 
necessários para fabricar cada produto.
O Custeio ABC torna o critério aleatório da absorção mais lógico, mas não 
deixa de ser um rateio mais elaborado e mais aplicável. Com o mapeamento 
das atividades que geram custos e despesas indiretas, podemos chegar ao 
lucro antes dos impostos por unidade, o que é algo interessante, desde que 
os critérios estejam corretos.
Veja o exemplo no quadro abaixo:
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
86Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
Produto X Y Z
Produção (unid. /mês) 90.000 50.000 60.000
Preço de venda 9,50 7,00 8,00
Receita bruta 855.000 350.000 480.000
Custo direto 280.000 220.000 180.000
Despesa direta 76.000 46.000 88.000
Custos indiretos 173.250 31.500 110.250
Despesas Indiretas 204.600 46.500 58.900
Lucro antes dos impostos 121.150121.150 6.000 42.850 
L.A.I.R. (total)(total) 170.000
4. Aplicação dos métodos de custeio
Nas atividades em que os custos e despesas diretas são mais relevantes 
(como o comércio), a aplicação do custeio direto é a melhor forma de 
gerenciar o processo e definir ações de produto e preços. Já nos segmentos 
da indústria e de serviços em que os custos e despesas indiretas são, hoje, 
muito mais relevantes, deve-se mesclar a utilização do custeio direto (com 
suas alocações de custos e despesas diretas em cada produto) com a 
utilização do custeio ABC (com seus direcionadores de custos e despesas 
indiretas por atividade) sempre na medida do possível. Quando não houver 
real possibilidade de direcionamento de custos, esses custos/despesas 
devem continuar sendo tratados como custos/despesas indiretas a serem 
amortizadas pela margem de todos os produtos. (Obs.: Repare que essa 
margem não é a de contribuição, pois já teríamos alocado parcela de custos 
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
87Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
e despesas indiretas).
5. Gestão estratégica de custos
A expressão “Gestão Estratégica de Custos” vem sendo utilizada nos últimos 
tempos para designar a integração que deve haver entre o processo de 
gestão de custos e o processo de gestão da empresa. Entende-se que essa 
integração é necessária para que as empresas possam sobreviver em um 
ambiente de negócios crescentemente globalizado e competitivo.
Esse ambiente de competitividade global ganhou força principalmente a 
partir de meados da década de 70, quando empresas orientais passaram 
a concorrer mais fortemente em mercados ocidentais. No Brasil, esse 
fenômeno vem ocorrendo, principalmente, a partir da década de 90, em 
razão da maior abertura ao mercado externo.
Além da abertura de mercados, observa-se, também, o advento da 
utilização de modernas tecnologias de produção e de gestão empresarial, 
como Just-in-Time, Total Quality Control, Total Quality Management, Flexible 
Manufacturing System, Computer Integrated Manufacturing, Computer Aided 
Manufacturing, Computer Aided Design etc. (JIT, TQC, FMS, CIM, CAM, CAD).
Para sobreviver nesses mercados cada vez mais competitivos, a empresa 
precisa perseguir e alcançar altos níveis de qualidade, eficiência e 
produtividade, eliminando desperdícios e reduzindo custos. Assim, é 
necessário que os gestores recebam informações precisas e atualizadas 
para um apoio eficaz ao processo decisório.
Síntese
Vimos, nesta aula, os métodos de custeio e as análises importantes para os 
custos da empresa. Esses métodos servem para nortear suas ações quanto à 
formação de preços baseado no custo. Na próxima aula, veremos a aplicação 
da formação de preços baseado no custo de um novo negócio, ou seja, a 
An
áli
se
 de
 Cu
sto
s e
 Fo
rm
aç
ão
 de
 Pr
eç
os
Au
la 
09
 - 
M
ét
od
os
 d
e 
Cu
st
eio
88Faculdade On-Line UVB
Anotações do Aluno
formação básica de preço de um produto.
Aguarde.
Referências
FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 23.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
GONÇALVES, Eugênio C. Contabilidade Geral. 3.ed. São Paulo; Atlas, 2004.

Outros materiais