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ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 1 ATOS JURISDICIONAIS PENAIS 1. ATOS DO JUIZ A) Despacho Ordinatório Também conhecido como despacho de mero expediente. São manifestações jurisdicionais que tem por fim dar andamento ao processo. Em regra, não tem cunho decisório, apesar de algumas poderem ser atacadas por meio de recurso (art. 581, CPP). B) Decisões - DEFINITIVAS: por excelência são as sentenças. - INTERLOCUTÓRIAS MISTAS: são aquelas que, apesar de se revestir de simplicidade, no sentido de que não contem a complexidade da sentença, extinguem o processo sem julgar o mérito. Exemplo: decisão que extingue a punibilidade. - INTERLOCUTÓRIAS SIMPLES: são aquelas em que o juiz resolve questão controvertida, sem paralisar ou extinguir o feito. Devem ser proferidas no prazo de cinco dias, conforme o art. 800, II, CPP. C) Sentença - CONCEITO: “Sentença definitiva, ou sentença em sentido estrito , é expressão que deve entender-se, segundo explica Liebman, no seu significado etimológico: é definitiva a sentença que define o juízo, concluindo-o e exaurindo ao menos na instância em que foi proferida. Sentença definitiva, portanto, é a sentença final de primeiro grau.” Frederico Marques - REQUISITOS: (ART. 381, CPP) INTRÍNSECOS: 1. Relatório: “um resumo das ocorrências do processo, desde a identificação das partes, exposição sucinta da acusação e da defesa, até a aprova colhida e eventuais Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: Art. 800. Os juízes singulares darão seus despachos e decisões dentro dos prazos seguintes, quando outros não estiverem estabelecidos: I - de dez dias, se a decisão for definitiva, ou interlocutória mista; II - de cinco dias, se for interlocutória simples; III - de um dia, se se tratar de despacho de expediente. § 1 o Os prazos para o juiz contar-se- ão do termo de conclusão. Art. 381. A sentença conterá: I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-las; II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; V - o dispositivo; VI - a data e a assinatura do juiz. ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 2 incidentes resolvidos” Vicente Greco 2. Motivação: indicação dos motivos de fato e de direito em que se funda a decisão. 3. Dispositivo: é a conclusão da sentença, onde o juiz “dispõe” sobre o destino do procedimento e do réu. EXTRÍNSECOS Data, assinatura do juiz e rubrica em todas as páginas. - ABSOLUTÓRIA: Art. 386, CPP É a decisão que julga improcedente a acusação feia contra o réu. Própria: é a absolvição sem a imposição de qualquer medida ao acusado. Imprópria: é a sentença que, apesar de absolver, impõe ao réu uma medida de segurança. Denomina-se imprópria, porque impõe medida de segurança. Denomina-se absolutória, porque só sobre medida de segurança o réu incapaz, inimputável. Assim, considerando que crime é o fato típico, antijurídico e culpável, impõe-se concluir que neste caso o agente não comete crime, logo a sentença tem que ser absolutória. - CONDENATÓRIA: Art. 387, CPP É a decisão que julga procedente a pretensão estatal deduzida na denúncia ou queixa. Os requisitos da sentença estão nos incisos do art. 387, CPP. Merece destaque a discussão acerca do inciso IV. De fato, o juiz penal, via de regra, não tem conteúdo processual para arbitrar a justa reparação da vítima no corpo do procedimento penal. Assim sendo, o magistrado fixa uma quantia mínima, quando possível, equivalente ao dano, podendo o lesado, ainda, demandar ação civil ex-delito. Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: I - estar provada a inexistência do fato; II - não haver prova da existência do fato; III - não constituir o fato infração penal; IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1 o do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) VII – não existir prova suficiente para a condenação. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Parágrafo único. Na sentença absolutória, o juiz: I - mandará, se for o caso, pôr o réu em liberdade; II – ordenará a cessação das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) III - aplicará medida de segurança, se cabível. Art. 387. O juiz, ao proferir sentença condenatória: (Vide Lei nº 11.719, de 2008) I - mencionará as circunstâncias agravantes ou atenuantes definidas no Código Penal, e cuja existência reconhecer; II - mencionará as outras circunstâncias apuradas e tudo o mais que deva ser levado em conta na aplicação da pena, de acordo com o disposto nos arts. 59 e 60 do Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). III - aplicará as penas de acordo com essas conclusões; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). IV - fixará valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido; (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). V - atenderá, quanto à aplicação provisória de interdições de direitos e medidas de segurança, ao disposto no Título Xl deste Livro; VI - determinará se a sentença deverá ser publicada na íntegra ou em resumo e designará o jornal em que será feita a publicação (art. 73, § 1 o , do Código Penal). Parágrafo único. O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento da apelação que vier a ser interposta. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 3 Dispositivo da Sentença: 1. Fixação da pena-base, com menção das circunstâncias agravantes e/ou atenuantes, bem como as causas de aumento ou de diminuição de pena, tudo na forma dos arts. 59, 60, 61, 62 3 68, CP. 2. Estabelecimento do regime inicial de cumprimento de pena, sendo certo que até os crimes hediondos tem progressão. 3. Decidir sobre substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direito (art. 44, CP), assim como desta pela pena de multa (art. 44, §2º, CP).1 4. Em caso de crime de trânsito, fixar a multa reparatória; 5. Em caso de semi-imputabilidade decidir na forma do art. 26, parágrafo único, CP.2 6. Examinar a possibilidade de sursis (suspensão condicional do processo), art. 77, CP. 7. Decidir se o réu apela em liberdade. Art. 387, parágrafo único, CPP. 8. Decidir sobre a aplicação dos efeitos da condenação. Art. 92, CP. 1 Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. § 1 o (VETADO) § 2 o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. § 3 o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. § 4 o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. § 5 o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 2 Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Redução de pena Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Critérios especiais da pena de multa Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Multa substitutiva § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que: I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. Critérios especiais da pena de multa Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu. § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo. Multa substitutiva § 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código. Circunstâncias agravantes Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou torpe; b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido; d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei específica; g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida; i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) em estado de embriaguez preordenada. Agravantes no caso de concurso de pessoas Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; II - coage ou induz outrem à execução material do crime; III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 4 Efeitos da Sentença Condenatória Os efeitos vem claramente descritos nos arts. 91 e 92 do CPP, merecendo lembrança o fato de que os efeitos extrapenais permanecem mesmo em caso de graça, anistia e indulto. Publicação e Intimação da Sentença O juiz deve decidir se a sentença será publicada integralmente ou em resumo. - Intimação do Ministério Público: HC 83255/SP, D.J.U. 12.03.04. Neste Habeas Corpus o STF fixou o entendimento de que o MP é intimado a partir do recebimento dos autos na secretaria do órgão, sendo este o marco inicial da contagem dos seus prazos. - Intimação do Réu: será pessoalmente intimado estando preso ou solto. O advogado será intimado via Diário Oficial. O prazo para recurso começa a partir da última intimação, de um ou de outro. Princípio da Correlação entre Acusação e Sentença Trata-se de um princípio processual penal, que preconiza a correspondência entre o fato narrado na denúncia e a sentença penal, de modo que não ocorra uma decisão citra, ultra ou expra petita. Na verdade, deve haver uma relação entre a sentença e a denúncia (acusação), assim como existe entre uma imagem e seu reflexo. A denúncia é a imagem e a sentença deverá ser o seu reflexo. Três são os mecanismos para a manutenção do Princípio em comento, são eles: - Aditamento à denúncia: Art. 384, caput, parte final e §2º do CPP. Aditar significa aumentar, acrescer, somar. Toda vez que o Ministério Público se deparar, no curso do processo, com um fato ou uma circunstância não Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 5 narrada na denúncia deverá aditar a inicial acusatória, como decorrência do princípio da obrigatoriedade. O procedimento encontra-se no §2º, art. 384, CPP, sendo certo que a defesa deverá ser intimada. - Emendatio Libeli: art. 383, CPP. Trata-se de uma retificação da denúncia, que ocorre toda vez que esta narra um fato criminoso, mas o classifica como se fosse outro. Por exemplo: o MP narra perfeitamente e com todas as suas circunstancias, um crime de roubo, qualificado pelo emprego de arma de fogo, porém pede a condenação do réu como incurso nas penas do art. 171, CP. Nessa hipótese, o juiz poderá (poder-dever) retificar a classificação, ainda que tenha que aplicar pena mais grave. Isso se dá por dois motivos: primeiro, o juiz não está preso à classificação dado pelo MP na denúncia; em segundo, porque o réu se defende do fato narrado e não da classificação dada na denúncia. Casuística: Deve-se abrir vista à defesa? 1ª Corrente: Majoritária, prevalece amplamente na jurisprudência. Não, não há necessidade de se abrir vista à defesa, pois o réu se defende dos fatos e não da classificação penal dada ao delito. 2º Corrente: Geraldo Prado. Sim, deve-se abrir vista à defesa, porque disso, de alguma maneira, pode ocorrer prejuízo para o réu. Apesar de o art. 383, CPP dizer: “O Juiz”, a doutrina e a jurisprudência entendem que é possível a ocorrência da Emendatio Libelli em grau de recurso, de modo que o Tribunal poderá dar ao fato classificação diversa daquela contida na denúncia, ainda que tenha que aplicar pena mais grave. Contudo, em se tratando de recurso exclusivo da defesa, não se aplicará a emendatio libelli, em louvor ao Princípio da Non Reformatio in Pejus. Não havendo aplicação da Súm. 453, do STF. - Mutatio Libelli – art. 384, caput, primeira parte, CPP. Na mutatio libelli ocorre, verdadeiramente, a modificação da acusação. Acontecerá quando o Ministério Público diante de novos fatos, circunstâncias ou elementos, não contidos na denúncia, mas surgidos na instrução probatória, não promover o aditamento. Não se trata de mera retificação da classificação dada ao fato, que na emendatio libelli vem corretamente narrado. No caso da mutatio o fato não foi narrado, de modo que o juiz não poderá julgar ultra, citra nem extra petita. No caso da mutatio libelli, o juiz remeterá os autos ao MP, tendo em vista os novos fatos, para que este faça o aditamento. Caso o MP se recuse a fazer o aditamento, será obedecida a regra do art. 28, CPP, com a remessa dos autos ao Chefe do Ministério Público, que no caso Estadual é o ATOS JURISDICIONAIS PENAIS Felipe Melo 6 Procurador Geral do Estado; em se tratando de Ministério Público Federal os autos serão remetidos à Câmara de Coordenação e Revisão Criminal/PGR, nos termos do art. 62, da Lei Complementar nº. 75/93. Casuística: E se o chefe do Ministério Público se recusar também a aditar a denúncia? Duas correntes: 1ª. O Juiz deve absolver o réu, porque o fato narrado na denúncia não foi provado. Na verdade, foi provado outro fato, que não o narrado na denúncia. Ora, o juiz não pode condenar o réu por fato diverso daquele descrito, não podendo prolatar decisão citra, ultra, nem extra petita, estando assim obrigado a absolver o réu. O transito em julgado dessa sentença, no sentido formal e material, impedirá que o réu sejanovamente processado, por conta do Princípio do Não Bis In Idem. 2ª. O juiz deverá condenar o réu na forma da denúncia, para se evitar a impunidade.
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