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J2í5u PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A) SOB N° A C Ó R D à O I imii iiin mil mil um um um mu m m *02958529* Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso Em Sentido Estrito n° 990.08.171332-2, da Comarca de Jundiaí, em que é recorrente NATALIA GASPARINO sendo recorrido MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO. ACORDAM, em 4 * Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores EUVALDO CHAIB (Presidente) e SALLES ABREU. São Paulo, 09 de março de 2010. PAULO ROSSI RELATOR PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO Recurso em Sentido Estrito n°990.08.171332-2 - Comarca de Jundiaí - Vara do Júri, Execuções Criminais e da Infância e Juventude Recorrente: Natalia Gasparino Recorrido: Ministro Público TJSP - 4a Câmara Criminal Voto n°4059 EMENTA: PRONUNCIA - INFANTICIDIO - MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA - SENTENÇA MANTIDA. - Diante da prova inconteste da materialidade e dos indícios de autoria suficientes para o juízo de probabilidade, mantém-se a pronúncia da acusada pelo crime de infanticídio, não se colhendo das provas, até então apresentadas, a certeza sobre a alegada mimputabilidade que fundamentasse a absolvição almejada. Recurso improvido. Vistos. 1 - Trata-se de recurso em sentido estrito interposto por Natalia Gasparino, contra a r. decisão datada de 03 de seternbro de 2008, do MM. Juiz de Direito da Vara do Júri, Execuções Criminais e da Iníancia e da Juventude, que o pronuncioupela VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.171-332-2 COMARgA DE JUNDIAI 2 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO infração ao artigo 123, do Código Penal, para que se submeta a julgamento pelo Tribunal do Júri (fls. 183/187). Regularmente processado, na minuta, a defesa pugna pela a reforma da r. decisão para que seja reconhecida a plena inimputabilidade pela ocorrência de "psicose aguda breve" e, no mérito a sua absolvição sumária (fls. 183/187). Na contraminuta, o Ministério Público, opinou pelo não provimento do recurso, mantendo-se a acertada sentença de pronúncia (fls. 198/199). A r. decisão foi mantida pelos seus fundamentos (fls.200). Nesta Instância, o parecer da Procuradoria é pelo desprovimento do recurso da defesa (fls.206/207). 2 - 0 recurso não comporta acolhimento. Como corretamente decidiu a r. decisão recorrida, a prova existente nos autos é suficiente para justificação da pronúncia dos recorrentes e admissibilidade da acusação contra eles ofertada. Isto porque, basta a existência de evidências da materialidade e indícios suficientes da autoria (artigo 413 do Código de Processo Penal), não se exigindo prova rigorosa indispensável à formação de certeza criminal e é o que se verifica nesse caso. Desta forma, sendo mero juízo de admissibilidade, a pronúncia apenas exige a prova material do crime e indícios deque o denunciado seja seu autor. Portanto, "não é necessária a pypxíí VOTO ÍV4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08:171332-2 ÇCMHTÍRCA DE JUNDIAI 3 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO incontroversa da existência do crime para que o réu seja pronunciado. Basta, para tanto, que o juiz se convença daquela existência" (RJ.J. 63/319). "A pronúncia é sentença de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que ela seja decidida no Plenário do Júri. Ela exige apenas a convicção sobre a existência da crime e indícios de autoria. E o quanto basta para sujeitar o réu a julgamento pelo Júri" (TJSP - Rec. Rei. Renato Talli-RJTJSP 114/540). Presentes os pressupostos legais, a respeitável decisão de pronúncia proferida nestes autos mostra-se correta e adequada. Consta de inicial que, no dia 02 de julho de 2005, por volta das 20h00, na rua Manuel Ignácio Moreira, n°103, Jundiainópolis, na cidade e comarca de Jundiaí, Natalia Gasparino, matou, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, logo após o parto, mediante asfixia. As lesões suportadas pela vítima foram descritas no laudo de exame necroscópico (fls.25). Segundo apurado, a denunciada engravidou supostamente de um rapaz que não tinha interesse em ter o filho e escondeu a gravidez dos pais, sendo certo que não ficou com aparência de grávida, pois não apresentava barriga de gestante^ VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO V993.08.171332-2 flOMARCA DE JUNDIAÍ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO Na data em questão, foi até o banheiro e deu à luz ao seu filho sentada no vaso sanitário, onde caiu a criança com vida. Na seqüência, pegou uma sacola plástica de supermercado e colocou a criança dentro, amarrando-a. Não bastasse, ainda colocou a sacola com seu filho em uma caixa de papelão e a tampou, deixando-a em seu guarda-roupa até o dia seguinte, quando a depositou na lixeira existente em frente a sua casa. Oferecida a denúncia aos 03 de julho de 2006 (fls.01-D/02-D), foi recebida aos 04 de julho de 2006 (fls.l 12). A recorrente foi citada e interrogada (fls.l 19/121). Foi instaurado incidente de insanidade mental (fls.l44), cuja conclusão foi pela imputabilidade plena da ré. Em Juízo, a recorrente confessou a autoria do delito. Na época dos fatos residia com seu pai e sua mãe, pessoas de educação muito rígida. Seu pai sempre dizia que se interroganda aparecesse grávida, ele iria lhe matar ou lhe expulsar de casa. Teve relação breve com um rapaz, com quem saiu apenas algumas vezes, percebeu que estava grávida e decidiu esconder a gravidez dos familiares, mas pretendia ficar com a criança, tanto que nunca pensou em abortar. Dois dias antes do fato sentiu dor no rim, passou pelo Hospital São Vicente e lá lhe deram remédio. No dia do fato sentiu dores, foi ao banheiro e sentada no vaso sanitário percebeu que "algo escorregou", mas não percebeu de início a criança. Posteriormente viu-o no meio do sangue e^pegou-o ndírpé VOTO IV'4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"9>3Í>8.171332-2 .©MARCA DE JUNDIAÍ 5 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO e colocou numa caixa de sapato. Disse que na ocasião estava "fora de mim". No dia seguinte acordou, limpou a casa como de costume e parecia que não era com a interroganda que estava ocorrendo e posteriormente colocou a caixa de sapato em frente de sua casa. Em nenhum momento tocou na criança, apenas a pegou pelo pezinho (fls. 120/121). A testemunha Felipe de Lima Jesus, narrou que entregava pizza no bairro e conheceu a acusada, ficaram juntos um dia e depois mantiveram relação. Depois disso, não a viu mais. A acusada ligou para o depoente dizendo que achava que estava grávida, mas não foi atrás. Depois disso não conversou mais com acusada. Posteriormente viu pelo jornal que ela havia perdido o bebê. A testemunha Maura Corrêa de Matos, relatou que, na época dos fatos costumava pegar papelão e na ocasião estava com sua cunhada, mexeram no lixo e viram o bebê. Uma pessoa que passava pela rua parou também e o motoqueiro telefonou para a polícia (fls. 132). A testemunha Tereza C. Betelli Piccolo, psicóloga do Hospital Universitário, confirmou o teor do relatório apresentado a fls.43, acrescentando que não poderia dizer se a ré teve crise de ausência, mas podendo afirmar que ela não tivesse elaborado a sua situação de gravidez, (fls. 133). A testemunha Maria LúciaVaccari Gasparino, mãe da acusada, relatou que não sabia da gravidez de sua filha Natalia, ela não lhe falou nada. Disse queela deve ter "bloqueaaV para eja= VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"W.08.l7f332-2 COMEÇA DE JUNDIAÍ 6 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO mesmo essa informação. Esteve com a acusada no hospital e lá foi diagnosticado infecção urinaria e forneceram remédio a ela para a infecção. No hospital nada foi falado sobre a gravidez. Durante todo o tempo Natália teve menstruação. Disse que sabe porque é a depoente quem cuida das roupas dela. Quando acharam a criança fora de casa, nem desconfiou que fosse de Natália, inclusive sugeriu que chamassem a polícia. Acredita que ela era virgem, foi com ela ao hospital e foi constatado o ocorrido, no hospital. Não conhecia o rapaz de nome Felipe (fls. 134). A testemunha de defesa Ana Maria Aparecida Fahl, narrou que na época em que os fatos ocorreram percebeu que Natalia não estava bem, então a levou ao Hospital Universitário. Natalia estava muito pálida e percebeu que ela não estava bem (fls. 141). A testemunha Vera Lúcia S. Botelho, psicóloga, disse que na época trabalhava, onde Natalia passou a receber atendimento a partir de julho de 2005. Ela contou sobre o que havia ocorrido com o filho e passou a receber regular atendimento, mostrava-se arrependida dos fatos. Acrescentou que logo após os fatos, a acusada foi atendida no Hospital Universitário e passou ser atendida pela depoente uns quinze dias depois, quando começou a atendê-la, ela estava debilitada, chorosa e mostrava-se arrependida. Chegou a um diagnóstico de que no momento dos fatos a acusada teve um psicose aguda breve, que implica em ela ter perdido a consciência durante os fatos, não estava em plena consciência, quando da prática do fato. Essa perda de consciêncja^nao signj^ &a" VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.1TÍ332-2 COAfíÍRCA DE JUNDIAÍ 7 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO um desmaio, mas perda de condições de se avaliar de forma crítica (fls.142). A testemunha Larissa Bulhões Maia, disse que no ano de 2005, fazia residência medica no hospital Universitário de Jundiaí e atendeu a paciente Natalia, a qual se queixava de sangramento vaginal e plurido vaginal e informava que nunca tinha tido relação sexual e ficado grávida. Quando a examinou teve um susto pois ela apresentava laceração na vagina e hematomas na vagina. Diante disso, chamou a medica que atuava como sua preceptora, a qual examinou a Natalia e logo suspeitou de que tivesse ocorrido um aborto tardio. A paciente foi levada ao ultrasson e foi confirmada essa suspeita. Ela negava ter tido relação sexual. Foi internada e passou por procedimento de curetagem. Posteriormente, ela contou que não havia abortado mais que fiou sabendo de uma moça em sua rua que havia jogado um bebê no lixo. A depoente viu no jornal que havia noticia sobre um caso desse na rua onde a acusada morava e associou os fatos. Disse que acreditou no relato que a ré contava, pois ela acreditava realmente que não tinha estado grávida, falava como se fosse uma terceira pessoa e esse relato pode ser a influência do estado puerperal, pois as influências hormonais do estado puerperal deixam a mulher fora da normalidade (fls.167). A autoria do delito é confessada pela ré, com o prestígio da prova testemunhai, achando-se a materialidade da infração positivada através do laudo de fls.25, que constatoujião^ só VOTO N"4(I59 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08í17l332-2 RCADE JUNDIAI 8 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO a morte da criança e suas causas, mas, também, o nascimento com vida da vítima, acusando a presença de evidências neste sentido. No mais, há nos autos fartos elementos a indicar ter o fato ocorrido durante ou logo após o parto, que se deu no banheiro da residência da acusada, achando-se presentes na espécie, outrossim, ingredientes morais e sociais que comumente compõem o complexo quadro de desequilíbrio fisiopsicológico da puérpera. De se ver que, dada a freqüência com que este fenômeno de desequilíbrio psíquico ocorre, tem-se considerado que nas hipóteses em que a morte do filho tenha sido causada por ato da própria mãe, por qualquer meio, durante ou logo após o parto - caso dos autos -, há uma presunção no sentido de ter a conduta se dado sob influência do estado puerperal, sendo necessárias evidências em contrário para afastar o tipo do art. 123 do Código Penal. O depoimento de sua mãe, apontou no sentido que de a acusada escondeu a gravidez, durante todo o tempo (fls.134). Igualmente elucidativo é o depoimento prestado pela profissional médica que prestou atendimento à acusada no dia posterior ao dos fatos. Ela se queixava de sangramento vaginal e plurido vaginal. Após conseguir examinar a acusada, logo suspeitou de que tivesse um aborto, após a realização de exame foi confirmada essa suspeita. Ré negava ter tido relação sexual e contou que não havia abordado mais disse que ficou sabendo de VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993:08.171332-2 ^ Ê 0 M A R C A DE JUNDUÍ 9 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO uma moça em sua rua que havia jogado um bebê no lixo. Depois, teve notícia no jornal e associou os fatos (fls.167). Indícios convergentes levam à decisão de pronúncia, e eventual dúvida trazida pelas provas deve ser dirimida pelo juiz natural da causa, o E. Tribunal do Júri. Consoante Jurisprudência: INFANTICIDIO - Pronúncia - Existência de um feto enterrado pela acusada em terreno próximo de sua casa - Ocultação da gravidez pela ré de todos os seus familiares, mesmo no dia do parto - Evidência da existência de indícios de autoria e materialidade do crime" (RT - 819/651) O infanticídio, conforme salientam Adriano Màrrey e Alberto Silva Franco, "não passa, em verdade, de uma espécie de homicídio (matar alguém) que, em razão de determinadas peculiaridades (morte executada pela mãe, sob INFLUENCIA do ESTADO PUERPERAL, contra o próprio filho, durante o parto ou logo após), adquire autonomia conceituai, constituindo-se, assim, num tipo totalmente independente. (...) Incluem nos estados psíquicos a que alude o art. 123 do Código Penal, os casos em que a mulher, mentalmente sã, mas abalada pela dor física do fenômeno obstétrico, fatigada, enervada, sacudida pela emoção, vem a sofrer um colapso do senso moral, uma liberação de impulsos maldosos, chegando por isso a matar o próprio filho". VOTO N"4(I59 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.171332-2 COMARCA DE JUNDIAÍ 10 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO O aludido delito se consuma quando a mãe, agindo sob INFLUÊNCIA do ESTADO PUERPERAL, mata o próprio filho, durante o parto ou logo após. Sem adentrar em questões que envolvem o meritum causae, a teor do disposto no artigo 408 do CPP, para a ocorrência da pronúncia, mister se faz o convencimento da existência do crime e, também, a verificação de indícios suficientes de que o réu seja o seu autor. Nesta fase, qual seja, de pronúncia, não se exige o juízo de certeza necessário à decisão de mérito, ocorrendo, portanto, uma inversão do in dúbio pro reo para o in dúbio pro societate. No mesmo diapasão, "na fase do judicium accusationis basta a demonstração dos requisitos da materialidade e autoria delitiva para a pronúncia. Havendo dúvida sobre o elemento animador da conduta, cabe ao seu Juiz Natural dirimi-la" (TJGO - RT 752/645). Por outro lado, a alegação de que deveria ter sido reconhecido a inimputabilidade do estado de inconsciência, está dissociada de qualquer comprovação nesse sentido, salientado que o laudo apresentado no incidente, concluíram que a recorrente é plenamente imputável (fls.23/25 do apenso). Não obstante, os depoimentos da psicóloga Teresa Betelli Picolo, Vera Vera Lucia S.Botelho e Larissa Bulhões Maia (fls.(fls.43 e 133, 142 e 167) época dos fatos, tudo indica que a parturiente agiu sob a influência do estado^ptréíperajy VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N "993.08.17133: EJUNDIAI 11 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO configurando, com certeza, um dos elementos do crime de infanticídio. (Espécie de homicídio privilegiado). Portanto, não se obtendo a certeza, nesse momento, da ocorrência da inimputabilidade da ré, é prudente que se mantenha a competência do Tribunal do Júri para dirimir qualquer dúvida, pois será quando acusação e defesa terão as mesmas oportunidades para debaterem sobre a alegada isenção de pena. Nesse sentido é a orientação da lição de Eugênio Pacelli de Oliveira, que diz: "Pronuncia-se alguém quando ao exame do material probatório levado aos autos se pode verificar a demonstração da provável existência de um crime doloso contra a vida, bem como da respectiva e suposta autoria. Na decisão de pronúncia, o que o juiz afirma, com efeito, é a existência de provas no sentido da materialidade e da autoria. Em relação à primeira, materialidade, a prova há de ser segura quanto ao fato. Já em relação à autoria, bastará a presença de elementos indicativos, devendo o juiz, o tanto quanto possível, abster-se de revelar um convencimento absoluto quanto a ela. E preciso ter em conta que a decisão de pronúncia somente deve revelar um juízo de probabilidade e não o de certeza". (Curso de Processo Penal, 5" ed., Belo Horizonte: DelRey, 2005, p. 548/549). De qualquer sorte, questão de eventual redução da capacidade de discernimento da ré poderá ser suscitada"^eíã^ VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.I7I332Q COMARGj^íÍEJlINDIAÍ 12 ^^ PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO defesa, se entender pertinente, na fase do artigo 422, do Código de Processo Penal, na nova redação dada pela Lei n°l 1,689/2008. Assim, pelo que se vê, há provas coligidas nos autos suficientes para indicar a probabilidade de ter a recorrente praticado o crime Ora, demonstrados os pressupostos da existência do crime, ou seja, delineadas, ainda que de modo indiciado, a materialidade e a autoria, a pronúncia apresenta-se inafastável, máxime se atentar que na fase do judiáum accusationis o juízo de certeza é prescindível e o brocardo in dübiopro societate é presente e imperativo. Em outras palavras, apontados a prova do crime e os indícios de autoria caberá ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa, a análise mais valorada e aprofundada da matéria. O Colendo Supremo Tribunal Federal já assentou que "por ser a pronúncia mero juízo de admissibilidade da acusação, não é necessária prova incontroversa do crime, para que o réu seja pronunciado. As dúvidas quanto à certeza do crime e da autoria deverão ser dirimidas durante o julgamento pelo Tribunal do Júri." (RT 730/463). Por conseguinte, o conjunto probatório constante dos autos é suficiente para submeter a recorrente a julgamento perante o Tribunal do Júri, juiz natural da causa e competente para conhecer, examinar e julgar toda a matéria fótiG-arnJTrimindcr VOTO N"4059 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.171332-2 COMARCA DE JUNDIAI 13 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO dúvidas, acolhendo ou rejeitando excludentes, afastando ou aceitando circunstâncias qualificadoras. Ante o exposto, nego provimento ao recurso em sentido estrito interposto pela recorrente Natalia Gaspanno, mantendo, assim, a respeitável decisão de^pronúncia, por seus próprios e jurídicos fundamentei Paulo Anísio Rossi slator VOTO N"4Ü59 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N"993.08.171332-2 COMARCA DE JUNDIAÍ
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