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Prévia do material em texto

Antes da escrita existiam grupos pré-históricos de culturas orais formados por nômades que viviam em uma sociedade igualitária, sem divisão de classes, que desempenhavam atividades de sobrevivência como caça, coleta e pesca, e atividade intelectuais como pintura nas cavernas.
A primeira necessidade de registro que surgiu foi o das datas de encontro, um registro de unidade de tempo, feitos através de marcações em louça.
Ao decorrer da história, por volta de 8.000 a.C, os homens, que viviam como nômades, passaram pela sedentarização, se estabelecendo em terras e praticando novas atividades como a agricultura e a pecuária. 
Com essas novas atividades, ocorreu a acumulação de alimentos e, consequentemente, a segmentação social, pois era necessário um grupo que controlasse o estoque de alimentos. Assim surgiram as disputas entre grupos por terras e alimentos.
Com esse controle de estoque surgiu a necessidade de nomear e numerar a produção da terra, uma tabela primitiva, sem escrita, em que cada objeto pequeno de cerâmica representava uma unidade de algo definido.
Esses objetos passam a ser agrupados em envelopes feitos de cerâmica, que para saber o que tinha dentro era necessário quebra-lo. Para evitar a quebra e diferenciar os envelopes, eles começaram a duplicar na superfície do envelope uma cópia do objeto, marcando na cerâmica o objeto que o envelope continha.
Por volta de 4.000 a.C ocorre uma revolução urbana com o surgimento das cidades, e a sociedade que já havia sido igualitária, depois estratificada, começou a ter um grupo que a administrava, o Estado, representado, neste momento, pela figura do rei.
Surgiram as indústrias, e com isso houve a necessidade de criar objetos novos para permitir a representação das novas mercadorias, mas como muitas formas imagináveis já haviam sido utilizadas, eles começam a fazer marcas sobre os objetos antigos para essa nova representação.
Simultaneamente é inventado um novo sistema, além do envelope, para reunir os objetos, que era uma corda em que se amarravam todos os objetos e nas duas extremidades tinha uma bola de cerâmica que servia como cadeado, com um selo esculpido, impresso, em sua superfície para representar a individualidade de cada cadeado.
Com o surgimento dessa impressão, que passaram a adotar tanto nos cadeados quanto nos envelopes, eles raciocinaram que não era necessário terem mais objetos dentro, e passaram a abandonar o uso de envelopes, que ocupavam muito espaço, e mantiveram a prática de registrar a contagem impressa em um tablete de cerâmica.
A primeira constatação de escrita, é a ideogramática achada na cidade de Uruk, na Mesopotâmia, que deve ter acontecido ao longo do quarto milênio a.C.. A invenção da escrita é considerada quando os conceitos se separam dos números, não há mais uma contagem concreta, onde um objeto representa outro, o número vira uma coisa só e os conceitos outra.
A partir do momento em que foram separados números de um lado e o conceito de outro que é dito que surgiu a escrita.
Nesse novo modo de contagem, os símbolos que representavam os produtos agrícolas mais antigos foram transformados em números, já os símbolos novos foram utilizados para representar conceitos. Nas tabelas, aquilo que era impresso (apertado na cerâmica) representava os números e desenhado as palavras.
Porém esse novo sistema não extinguiu o antigo, eles passaram a coexistir. O novo e o antigo, de contagem concreta, que tinha em cada símbolo apertado na cerâmica a representação de números e conceitos.
Nesse longo processo de invenção da escrita, conclui-se que esta surgiu devido à contabilidade, no primeiro caso dos produtos coletados.
Nesta primeira escrita, a ideogramática, os símbolos representavam somente mercadorias, mas para os contadores era necessária uma representação para outras coisas, como palavras que estivessem em um contrato entre partes negociantes.
Assim inventaram as sílabas, ou seja, o silabário, em que juntavam símbolos e os sons desses símbolos juntos formava uma palavra, por exemplo: se um símbolo representasse idade e outro real, ao juntar os dois formava-se a palavra “real-idade”.
Na escrita ideogramática os símbolos representavam palavras inteiras, no silabário um símbolo representa sílabas, assim você precisa de menos símbolos, tornando a escrita econômica, pois vão existir menos símbolos para mais palavras, e ficando mais rápido e fácil de aprender.
Porém não era tão simples de entender, pois existiam casos em que só se usava a escrita ideogramática, noutros só a do silabário, e em um terceiro caso as duas de maneira redundante, tendo o símbolo representando a palavra e em seguida dois ou três símbolos representando a mesma palavra, só que dividida em sílabas.
A revolução material da escrita
O material mais antigo foi o tablete de cerâmica, mas como era muito difícil desenhar neste material eles inventaram a escrita cuneiforme, que seria uma “caneta” em forma de cunha que nunca fazia desenhos curvos, pois era apertada na cerâmica para fazer as formas. Esta escrita se generalizou nas sociedades antigas, todos a utilizavam, sumérios, babilônios e assírios, muito mais usada até que o alfabeto.
No primeiro milênio antes de Cristo, por volta de 900 a.C., há uma inovação na escrita, o surgimento de algo constitutivo menor que o silabário, os elementos mínimos do som, ou seja, o alfabeto, com as letras, no nosso caso vogais e consoantes.
A escrita alfabética surgiu com os gregos, que antes tinham uma escrita, mas a perderam, e para ocupar esse espaço criaram, depois de um tempo sem escrita, o alfabeto.
Cerca de 2500 anos antes de inventar o alfabeto, os gregos, no ponto de vista da sociedade daquela época, eram atrasados em relação a outros povos como egípcios, babilônios, assírios etc. porque estes já tinham uma escrita definida, uma burocracia montada, já os gregos ainda estavam em uma cultura oral.
E a sociedade grega, mesmo sendo uma sociedade complexa, tinha essa cultura oral muito forte. Toda e qualquer cultura tem uma necessidade básica de fazer a transmissão do seu patrimônio para as gerações que vão sucedendo, e em uma cultura escrita essa transmissão se dá quase que toda através da escrita, como em bibliotecas, através de livros e outros registros escritos. Já na sociedade oral para se fazer o armazenamento, a transmissão e a recuperação desse patrimônio é necessário que se confie somente na memória, mas a quantidade de informações é tão grande que são necessárias técnicas de memória. Assim os gregos inventaram um tipo de música para armazenar o seu patrimônio cultural, a poesia épica que era a maneira de armazenamento de instruções de algo e informações importantes dos gregos.
As principais poesias épicas conhecidas são a Ilíada (história da guerra de Tróia) e a Odisseia (a volta de Ulisses ao seu reino após a vitória na guerra de Tróia), nestas constavam as leis, os costumes da época (como se recebia um estrangeiro em sua casa), o saber tecnológico, a geografia, e todos os outros saberes.
A poesia épica tinha características no seu conteúdo que favoreciam a memorização: era uma narração com acontecimentos concretos, coisas exageradas, e era necessário ter ação.
Já as características estruturais que ajudavam na memorização eram: o tamanho dos versos que sempre iguais davam ritmo à poesia, a alternância dos versos entre negativos e positivos e as rimas temáticas.
Além de todas as características citadas, outro elemento que favorecia a memorização era a interpretação dessa poesia através da dança.
Em síntese, a poesia épica era uma tecnologia oral de armazenamento e recuperação de informações que transformava os conteúdos que iam ser armazenados em narrações, com fatos concretos e exagerados, estruturadas em versos do mesmo tamanho que alternavam de positivo para negativo e possuíam rimas. 
Quando os gregos começaram a fazer comércio com os fenícios, tiveram contato com o seu alfabeto, chamado de abjad, onde cada símbolo representava consoantes, assim os gregosfizeram uma adaptação para sua língua que era mais vocálica, utilizando certas consoantes dos fenícios que não existiam em grego para representar suas vogais, fazendo surgir, pela primeira vez na humanidade essa ideia de vogal e consoante, de som e corte de som, a ideia de alfabeto.
Com o surgimento do alfabeto, das vogais e das consoantes, a escrita grega é considerada fácil, pois com alguns símbolos é possível faz muitas palavras. E pelo fato dessa escrita ser fácil uma grande parte da sociedade terá acesso a ela.
As escritas difíceis ficam restritas a apenas uma camada da sociedade, tradicionalmente a camada dos escribas.
Nas sociedades pré-alfabéticas a escrita já existia e tinha efeitos sociais fundamentais na administração dos templos, dos palácios, de toda burocracia, mas apenas uma parte restrita da sociedade, os escribas, dominava essa tecnologia.
Como o alfabeto é mais simples, ele permite uma maior disseminação da escrita pelo corpo social, uma criança, por exemplo, pode aprender a escrever, e assim começa o processo de letramento, o domínio das letras, quando uma parte significativa do povo começa a ter acesso à leitura e à escrita.
O alfabeto se tornava presente no dia-a-dia da sociedade grega, e um primeiro exemplo disso foi com o ostracismo, que era quando se escolhia uma pessoa para ser exilada através de uma eleição em que se escrevia em um pedaço de cerâmica (ostraca) o nome da pessoa escolhida.
A escrita vai entranhando-se em todas as atividades gregas, até que no século IV, Platão trabalha lendo textos e escrevendo os seus pensamentos em sua biblioteca.
A nossa memória funciona esquematicamente e seletivamente, ela esquematiza algo e seleciona o que vai lembrar.
Na medida em que se trabalha mais com o texto escrito há mais coerência e um maior refinamento da linguagem, pois na cultura oral pode haver contradições ao longo das histórias contadas.
Como as histórias narradas na poesia época eram concretas e passadas daquela maneira a moral final sempre era a mesma
No que a escrita aparece ela nos libera da necessidade de concretude da narração, permitindo a colocação de coisas cada vez mais abstratas. A escrita faz com que o pensamento comece a ficar cada vez mais abstrato, sobretudo pela procura de conceitos.
Quando o alfabeto é introduzido, ele libera os conteúdos dessa obrigação de concretude e permite o tratamento de conteúdos abstratos, tornando possível o surgimento de um discurso conceitual, o discurso filosófico, assim reencontra-se a oposição entre mito, a mitologia grega que era contada na poesia épica, e filosofia, representadas na escrita.
O pensamento crítico sempre existiu, mas em uma cultura oral esse pensamento não fazia escola, pois caso aquele indivíduo crítico morresse tudo aquilo que ele pensava acabava. Já na cultura escrita todo pensamento crítico será passado para o papel, permitindo uma maior circulação do pensamento crítico, fazendo escola daquele pensamento.
A escrita torna a fala espacial e visual, contribuindo para um grau de sofisticação de raciocínio impossível nas sociedades orais, projetando uma nova forma de racionalidade, não mais a do mito e sim da filosofia.
Isso não quer dizer que as sociedades orais e os mitos não tenham lógica, mas não é coerente, visual e nem espacial.
O alfabeto é a tecnologia que mais mudou a história da sociedade, pois permitiu o surgimento de uma consciência alfabética, um novo modo de pensar ligado à razão que será característico das sociedades ocidentais, uma sociedade cognitiva, não mais primitiva.
Se por um lado a escrita permite o surgimento de um pensamento filosófico, por outro permite o surgimento da literatura, um prazer desinteressado, que não serve para coisas vitais nem essenciais, liberada das obrigações de armazenar informações importantes, sendo uma experiência de prazer puro.
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Existem diversos tipos de formatos de texto, o mais comum nos dias de hoje é o códice, onde as páginas são agrupadas em cadernos e os cadernos são colados ou costurados. O formato de texto mais antigo é o tablete de cerâmica, mas a humanidade inventou diversas maneiras de fazer texto.
No Egito, por exemplo, há o texto monumental, com a escrita hieroglífica feita nas paredes dos monumentos, nos sarcófagos, na arquitetura em geral. Os latins também utilizavam o texto monumental nos templos romanos. Os gregos, por exemplo, escreviam em vasos de cerâmica, e curiosamente em primeira pessoa, como se o vaso declarasse a quem ele pertence “Eu pertenço a ...”. 
Os suportes mais variados que se pode imaginar já foram utilizados como suportes de escrita, como por exemplo, um bambu cortado em lâminas que são amassadas, e nela escrevem textos, geralmente religiosos, depois as prende com um anel de metal na ponta; outro suporte é o livro em sanfona, onde utiliza-se uma superfície qualquer que possa ser dobrada no formato de sanfona; ossos longos de animais, como osso de quadril de camelo, também podem ser utilizados como suporte para textos; cascas de árvores, tecidos, peles de animal e até pele humana podem ser utilizadas como suporte para texto.
Um formato clássico das culturas antigas, principalmente da cultura greco-romana, é o formato de rolo, onde há dois bastões de diversos tamanhos com uma enorme folha no meio, e o formato de leitura é através do desenrolar desse papel. O rolo que desenrolava verticalmente recebe o nome de rótulos, e era utilizado para coisas institucionais, como decretos, leis etc, já o formato horizontal, o formato cotidiano, mais comum, era chamado de volumen, e continha romances da época, casos do povo etc. Os materiais utilizados para fazer esses rolos eram os bastões de madeira e, no caso do volumen, o papiro, uma folha vegetal, tratada, e colada para formar essas extensas folhas. Já para fazer o rolo do tipo rótulos o material mais utilizado era o pergaminho, peles de animais, raspadas, sem nervos, pelos e músculos, lavadas, e tratadas em um longo processo, mas que funcionavam como uma superfície muito durável, pouco inflamável e reciclável.
A desvantagem do rolo era a navegação, pois para rever informações do início do texto quando já se estava no final era necessário enrolar e desenrolar todo o papel.
A partir de certo momento esse formato em rolo passou a coexistir com um formato que aos poucos vai ganhando muita importância, que é o formato em códice, o que temos até hoje, que são folhas presas, amarradas ou coladas, com uma capa em volta. 
A matéria prima que era mais utilizada para fazer o códice era o pergaminho, que por ser resistente fazia com que o livro durasse muito. O papiro até foi utilizado nos códices, mas por ser muito frágil, ele quebrava ao ser dobrado, e como o códice era formado por cadernos, com folhas dobradas, não se utilizou muito.
A primeira superfície de registro era o tablete de cerâmica, logo após isso veio uma espécie de bloco com folhas de madeiras, usado para fazer registros do dia-a-dia, onde se colocava uma camada de cera de abelha e se riscava com algum objeto pontiagudo para escrever, facilitando o reaproveitamento do material, pois a madeira que ficava protegida, só servia como base para cera, e a cera que era aquecida, se homogeneizava para poder ser reutilizada. Inspirado nessas placas de madeiras com cera foi que surgiu o formato códice, e o curioso é a generalização e a disseminação do formato códice. 
A hegemonia conquistada pelo códice está ligada à hegemonia do cristianismo.
Durante o império romano, ocorreu uma mudança drástica no cristianismo, que foi de perseguido a religião oficial do império. 
Inicialmente, os cristãos eram perseguidos pela população, e neste momento, com a necessidade de fazer os seus rituais sem serem notados, não poderiam transitar com grandes quantidades de rolos que armazenassem os seus textos, assim o códice foi considerado o mais vantajoso, pois permitia textos de dois lados da folha, sendo mais econômico, mais prático e mais discreto.
Além de toda essa praticidade,o códice serviu como uma diferenciação dos cristãos dos pagãos, uma construção de identidade religiosa ligada a esse suporte.
Assim, ao longo dos quatro primeiros séculos da era cristã, o códice se generaliza, de uma maneira que ele predomina no começo da Idade Média, ligado ao fato do cristianismo ser predominante também. 
Os rolos até continuarão a existir, mas somente para usos bastantes específicos, como em uma certa universidade europeia que até o século XVIII utilizava, para fazer as atas de reunião, pergaminho e rolo, para manter uma tradição, mas isso era uma exceção.
As condições de utilização do rolo eram precárias, pois sua navegação era muito mais difícil que a do códice, o seu tamanho era exagerado, pois era feito no tamanho das coxas das pessoas para ser lido assim, a possibilidade de tomar nota era difícil, a comparação entre textos também era difícil, enquanto que no códice esses dois processos eram fáceis e favoreciam a atividade intelectual de anotar e comparar textos durante uma leitura.
A escrita mais comum do rolo era a contínua, uma escrita em que não havia espaço entre as palavras, nem pontuação, que para ser entendido era necessário ser lido em voz alta, mas mesmo assim o sentido das frases poderia ser completamente alterado, com diversas interpretações, ambiguidades etc.
Ao longo da Idade Média surge a separação entre palavras e a pontuação (como marcas no texto feitas por professores, sem padronização, que somente algum tempo depois foram generalizadas).
A circulação dos textos no mundo antigo e no medieval era restrita, devido aos níveis de alfabetização, pois só uma elite intelectual tinha acesso aos textos, não necessariamente era uma elite social (poderiam existir escravos que soubessem ler e os senhores não). 
Na Roma antiga, antes da expansão do cristianismo, os textos circulavam entre civis, através de bibliotecas particulares que eram abertas periodicamente ao público. Aos poucos começam a surgir bibliotecas públicas, quando um governante começa a montar sua coleção em locais públicos.
Na primeira parte da Idade Média, até o século XI, a maior parte dos textos era produzida, armazenada e consumida nos mosteiros, principal local de atividade intelectual do momento. E para satisfazer a demanda de textos deste universo monástico era utilizada a cópia manuscrita, já que esta demanda não era muito grande.
Mas a partir do século XI, ocorrerão várias transformações na Europa que altera essa situação e a demanda não é mais satisfeita pela cópia manuscrita, a oferta passa a ser baixa de acordo com a demanda.
Há uma retomada do crescimento demográfico, as taxas de nascimento aumentam e as taxas de mortalidade caem em alguns momentos da história; há uma melhora geral na estruturação social da Europa, uma maior facilidade de transportes e de comunicação entre os povos; há a retomada do desenvolvimento das cidades, pois são os locais de mercado; assim surge uma espécie de “classe média” industrial composta por comerciantes, que para controlar o seu comércio e a sua pequena indústria precisa saber fazer contas e ter um entendimento de escrita, ou seja, um letramento maior do que dos agricultores.
Além disso, surgem as universidades, consequentemente uma classe letrada que necessita de muito texto, sendo isso um elemento essencial do aumento da demanda dos textos.
Mesmo com o processo sofisticado de cópia manuscrita (pecia), em que havia uma espécie de linha de montagem que dividia o livro em cadernos e cada pessoa copiava um caderno, diminuindo o tempo de cópia do livro pelo número de pessoas envolvidas, a demanda do momento não era satisfeita. 
Com isso, alguns indivíduos, visando o lucro, foram em busca de uma inovação tecnológica que permitisse uma produção de textos mais rápida. Assim, a primeira possibilidade que surgiu foi a gravura em madeira, onde a imagem e o texto eram esculpidos na madeira e carimbados com tinta no papel. Porém esse processo era complicado, já que o texto de uma página era todo esculpido em um bloco de madeira, o que dava muito trabalho, e que podendo quebrar ou gastar teria de se refazer todo o processo.
A segunda possibilidade foi esculpir cada letra separada em pequenos pedaços de madeira, porém o problema de quebrar e gastar continua, não havendo uma padronização das letras.
Surge a alternativa do metal, que é mais resistente e tem a possibilidade de se fazer um molde e copiar a letra a partir desse molde com metal derretido, assim há uma padronização das letras. Nasce então a prensa tipográfica, no início da segunda metade do século XV, por volta de 1450.
Então o contexto de invenção da prensa tipográfica é do crescimento demográfico e das cidades na Europa onde se aumenta a demanda por textos, impossível de ser satisfeita pelas cópias manuscritas, mesmo com a pecia.
O gráfico alemão Johannes Gutenberg é considerado o inventor da prensa tipográfica, porém não há certeza, por não ter nenhum documento que comprove isso. Suspeita-se que houve o contato com essa técnica na China com as xilogravuras, porém o efeito não foi o mesmo que houve na Europa, de uma popularização da escrita.
O nome de Gutenberg como inventor da prensa surgiu devido a um processo jurídico de seus sócios sobre ele, alegando que o gráfico havia feito mau uso do dinheiro investido para inventar uma nova tecnologia de impressão.
Seja quem for o inventor da prensa, este teve três grandes problemas antes de inventá-la: qual o material utilizar (como o inventor tinha intimidade com produtos de metal, uma liga metálica foi utilizada), como carimbar com força o bloco com letras na superfície a ser escrita (foi escolhida a prensa, que já era utilizada para esmagar alimentos para extrair caldos, como azeite e vinho), e sobre que suporte imprimir (pergaminho era bom, mas era caro, já que precisava matar animais para isso, então o papel, feito de trapo de roupa, foi escolhido). 
As primeiras coisas a serem impressas foram coisas pequenas, para teste, como gramáticas de latim, e cartas de indulgência (formulário de pagamento de perdão aos pecados). A grande obra de Gutenberg foi a bíblia, em que foram feitos alguns exemplares, vendidos antes do lançamento, ou seja, sobre encomenda, na feira literária de Frankfurt. Na maioria dos exemplares ele utilizou papel e somente em alguns que usa o pergaminho, que era mais caro.
O processo de impressão se dava primeiro pela composição, onde o compositor pegava as letras e formava as linhas, depois passava as linhas compostas para a equipe de prensa, que passava tinta nas letras de metal e as colocava na prensa junto ao papel. Depois disso, o papel impresso era entregue ao revisor, que via se a impressão estava correta e as encaminhava para a secagem para depois compor o livro. A capa era colocada pelos encadernadores, que não faziam parte da equipe da prensa, eram pagos depois pelo comprador.
Na época as pessoas ficavam apreensivas, não entediam como poderia existir uma técnica que copiasse tão rápido e tantos livros, além de desconfiarem da fidelidade da cópia, se todas eram iguais mesmo. Para tornar suas cópias aceitáveis, Gutenberg fez questão de deixa-las idênticas às manuscritas, quando somente um especialista pudesse diferenciá-las. Então ele utilizava o mesmo tipo de letra, no caso a letra gótica, o mesmo tipo de diagramação, e até a capitular, que como não dava para ser impressa, era deixado um espaço em branco e preenchido por um desenhista que as fazia.
A prensa é inventada e rapidamente se dissemina, aos poucos surge uma concorrência entre impressoras, assim uns, para superarem as impressões do outro, começam a aprimorar a impressão, como colocar número de páginas etc.
Os livros impressos até o ano de 1500 são chamados incunábulos.
Esse novo processo de cópia tem muitos efeitos, como o aumento da produção de exemplares; a padronização e o aumento da confiabilidade das cópias, pois quando manuscritas era muito difícil não haver um erro em uma reprodução; e uma maior centralização da produção dascópias nos locais onde havia a prensa.
Tópicos – 03 – 12- 2014 – esperando receber

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