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Método Paulo Freire 
Por Lucila Conceição Pereira 
Educador brasileiro reconhecido por sua contribuição para a história das ideias pedagógicas no Brasil e 
América Latina, especialmente no que diz respeito aos processos de alfabetização e Educação de 
Jovens e Adultos, Paulo Freire (1921-1997) defendia uma educação preocupada com os problemas de 
nosso tempo e com o desenvolvimento da consciência crítica. Seu método, desenvolvido na década de 
1960 como estratégia para a alfabetização de adultos e popularmente conhecido como “Método Paulo 
Freire”, possui fundamentação humanista ao vislumbrar na educação um ato criador, a medida em que 
proporciona ao indivíduo autonomia, consciência crítica e capacidade de decisão. 
O próprio Paulo Freire considerava sua metodologia um método de aprender e não propriamente de 
ensinar, portanto muito mais próxima a uma Teoria do Conhecimento do que uma metodologia de 
ensino propriamente dita. Como tal, os princípios ético-metodológicos de sua teoria eram constituídos 
com base no respeito pelo educando e na conquista da autonomia, tendo o dialogicidade como fio 
condutor do processo de ensino-aprendizagem. 
Em decorrência desses pressupostos, de acordo com o Método Paulo Freire o processo educativo 
ocorre e está centrado na mediação educador-educando. Ao educador cabe mostrar ao educando que 
ele traz consigo uma gama conhecimentos oriundos de suas experiências e ao educador é incumbida a 
tarefa de auxiliar na organização desses conhecimentos, relacionando os saberes trazidos pelo 
educando com os saberes escolares. Assim, o aluno/educando melhora progressivamente sua 
autoestima, conseguindo participar mais ativamente do processo de aprendizagem; 
consequentemente, maior será a autonomia e maior será também a perspectiva de participação ativa 
na sociedade. 
O trabalho pedagógico baseado nesse método parte de uma investigação temática para verificação do 
universo vocabular do aluno e dos modos de vida e costumes da região, com o objetivo de perceber 
como o aluno sente sua realidade. A partir deste levantamento é definido um tema gerador geral e 
demais tematizações a serem trabalhadas através de ilustrações que representem aspectos da 
realidade concreta dos alunos a fim de suscitar debates que levem a problematização das situações 
vividas. Paralelamente a essas etapas são trabalhados pelo professor as dificuldades fonéticas sendo 
que, desta forma, o processo de construção e significação de palavras, leitura e escrita ocorrem 
simultaneamente. 
Ao trabalhar a aprendizagem dessa maneira, o método inova ao promover a horizontalidade na relação 
educador-educando, a valorização da sua cultura e da sua oralidade. Partindo dos princípios de que o 
educando é sujeito da própria aprendizagem e de quando ele chega à escola já possui um 
conhecimento de sua língua e de sua cultura, promove uma aprendizagem que ocorre coletivamente e 
se dá no conflito entre o conhecimento antigo e o novo conhecimento. 
Portanto, na visão de Paulo Freire a educação deve ser capaz de promover a autoconfiança e toda 
ação educativa deve ser um ato contínuo de recriação e de resignificação de significados enquanto 
condição de possibilidade para uma educação conscientizadora e libertadora, dentro de uma 
perspectiva contínua de diálogo e reflexão sobre a ação com o objetivo de ampliar a visão de mundo e 
a participação ativa do indivíduo em todas as esferas da vida em sociedade. 
O método Paulo Freire estimula a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas 
experiências de vida entre si, através de palavras „geradoras‟. 
Aplicado há mais de 50 anos (1963), o método Paulo Freire de Alfabetização foi testado pela primeira 
vez na cidade de Angicos, Rio Grande do Norte. Recentemente tive a oportunidade de participar de um 
evento em Portugal, onde relataram com detalhes essa incrível experiência, o que me fez vir até aqui e 
compartilhar com vocês. 
A experiência, inédita no Brasil, tinha uma meta ousada: alfabetizar adultos em 40 dias. Mas não era 
só isso. Paulo Freire pretendia despertar o ser político que deve ser sujeito de direito. Desafio lançado, 
Freire teve todo um contato prévio com os participantes, estudando suas realidades, as histórias de 
vidas e o contexto em que os aprendizes estavam inseridos. 
O Patrono da Educação Brasileira desenvolveu naquela época, um método de alfabetização baseado 
nas experiências de vida das pessoas. Em vez de buscar a alfabetização por meio de cartilhas e 
ensinar, por exemplo, “o boi baba” e “vovó viu a uva”, ele trabalhava as chamadas “palavras geradoras” 
a partir da realidade do cidadão. Por exemplo, um trabalhador de fábrica podia aprender “tijolo”, 
“cimento”, um agricultor aprenderia “cana”, “enxada”, “terra”, “colheita” etc. A partir da decodificação 
fonética dessas palavras, ia se construindo novas palavras e ampliando o repertório. 
O método Paulo Freire estimula a alfabetização dos adultos mediante a discussão de suas 
experiências de vida entre si, através de palavras presentes na realidade dos alunos, que são 
decodificadas para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo. 
“A concepção freiriana procura explicitar que não há conhecimento pronto e acabado. Ele está sempre 
em construção”, explica Sonia Couto Souza Feitosa, coordenadora do Centro de Referência Paulo 
Freire (CRPF), entidade mantida pelo Instituto Paulo Freire. “Aprendemos ao longo da vida e a partir 
das experiências anteriores, o que faz cair por terra a tese de que alguém está totalmente pronto para 
ensinar e alguém está “totalmente” pronto para receber esse conhecimento, como uma transferência 
bancária. Esse caráter político, libertador, conscientizador é o diferencial da metodologia de Paulo 
Freire dos demais métodos de alfabetização.” 
O método Paulo Freire foi desenvolvido no início dos anos 1960 no Nordeste, onde havia um grande 
número de trabalhadores rurais analfabetos e sem acesso à escola, formando um grande contingente 
de excluídos da participação social. Com o golpe militar de 1964, Paulo Freire foi preso e exilado, e seu 
trabalho interrompido. 
“Já naquela época Paulo Freire defendia um conceito de alfabetização para além da decodificação dos 
códigos linguísticos, ou seja, não basta apenas saber ler e escrever, mas fazer uso social e político 
desse conhecimento na vida cotidiana”, explica Sonia, que é licenciada em Letras e Pedagogia, com 
mestrado e doutorado pela Faculdade de Educação da USP. 
Desde seus primeiros escritos, Paulo Freire considerou a escola muito mais do que as quatro paredes 
da sala de aula. Apesar de aplicado entre jovens e adultos, o método também pode ajudar na 
alfabetização e letramento de crianças. 
O método Paulo Freire é dividido em três etapas. Na etapa de Investigação, aluno e professor buscam, 
no universo vocabular do aluno e da sociedade onde ele vive, as palavras e temas centrais de sua 
biografia. Na segunda etapa, a de tematização, eles codificam e decodificam esses temas, buscando o 
seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido. E no final, a etapa de 
problematização, aluno e professor buscam superar uma primeira visão mágica por uma visão crítica 
do mundo, partindo para a transformação do contexto vivido. 
 
O método Paulo Freire 
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo 
educador Paulo Freire, que criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta 
central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da 
repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, que comumente se denomina como 
linguagem de cartilha, por exemplo Eva viu a uva, o boi baba, aave voa, dentre outros. O Método vai 
além da alfabetização, propõe e estimula a inserção do adulto iletrado no seu contexto social e político, 
na sua realidade, promovendo o despertar para a cidadania plena e transformação social. É a leitura da 
palavra, proporcionando a leitura do mundo. Suas idéias nasceram no contexto do Nordeste brasileiro 
a partir da década de 1950, onde metade dos seus 30 milhões de habitantes eram analfabetos, com 
predomínio do colonialismo e todas as vivências impostas por uma realidade de opressão, imposição, 
limitações e muitas necessidades. 
Freire aplicou, pela primeira vez, publicamente, o seu método no “Centro de Cultura Dona Olegarinha”, 
um Círculo de Cultura do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP) para discussão dos 
problemas cotidianos na comunidade de “Poço da Panela”. 
Dos 5 alunos, três aprenderam a ler e escrever em 30 horas, outros 2 abandonaram o “curso”. 
O método de alfabetização de Paulo Freire é resultado de muitos anos de trabalho e reflexões de 
Freire no campo da educação, sobretudo na de adultos em regiões proletárias e subproletárias, 
urbanas e rurais, de Pernambuco. 
No processo de aprendizado, o alfabetizando ou a alfabetizanda é estimulado(a) a articular sílabas, 
formando palavras, extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências. Nesse sentido, 
vai além das normas metodológicas e lingüísticas, na medida em que propõe aos homens e mulheres 
alfabetizandos que se apropriem da escrita e da palavra para se politizarem, tendo uma visão de 
totalidade da linguagem e do mundo. O método Paulo Freire estimula a alfabetização/educação dos 
adultos mediante a discussão de suas experiências de vida entre si, os participantes da mesma 
experiência, através de tema/palavras gerador(as) da realidade dos alunos, que é decodificada para a 
aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo. As experiências acontecem nos Círculos de 
Cultura. 
O método Paulo Freire não visa apenas tornar mais rápido e acessível o aprendizado, mas pretende 
habilitar o aluno a "ler o mundo", na expressão famosa do educador. "Trata-se de aprender a ler a 
realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)", dizia Freire. 
A alfabetização é, para o educador, um modo de os desfavorecidos romperem o que chamou de 
"cultura do silêncio" e transformar a realidade, "como sujeitos da própria história". 
Etapas do método: 
1. Etapa de Investigação: busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas mais 
significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive. 
2. Etapa de Tematização: momento da tomada de consciência do mundo, através da análise dos 
significados sociais dos temas e palavras. 
3. Etapa de Problematização: etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a 
visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada. 
O método 
 As palavras geradoras: o processo proposto por Paulo Freire inicia-se pelo levantamento do 
universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os 
vocábulos mais usados pelos alunos e a comunidade, e assim 
seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A 
quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois 
de composto o universo das palavras geradoras, apresenta-se elas em cartazes com imagens. 
Então, nos círculos de cultura inicia-se uma discussão para significá-las na realidade daquela 
turma. 
 A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da 
divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua 
respectiva família silábica, com a mudança da vogal. (i.e., BA-BE-BI-BO-BU) 
 As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias 
silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas. 
 A conscientização: um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas 
surgidos a partir das palavras geradoras. Para Paulo Freire, alfabetizar não pode se restringir 
aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de 
adultos é promover a conscientização acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do 
mundo e o conhecimento da realidade social. 
“Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.” 
FREIRE P.. (1982) Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra (6ª 
edição), pp. 09-12. 
As fases de aplicação do método 
Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes: 
 1ª fase: Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase ocorrem as interações de 
aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos 
membros do grupo, respeitando seu linguajar típico. 
 2ª fase: Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza 
fonética, dificuldades fonéticas - numa seqüência gradativa das mais simples para as mais 
complexas, do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do 
grupo e/ou sua comunidade. 
 3ª fase: Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações 
inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a 
análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais. 
 4ª fase: Criação das fichas-roteiro que funcionam como roteiro para os debates, as quais 
deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida. 
 5ª fase: Criação de fichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas 
correspondentes às palavras geradoras. 
Baseado na experiência de Angicos, onde em 45 dias alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João 
Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para organizar uma Campanha Nacional de 
Alfabetização. Essa campanha tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas, em 20.000 
círculos de cultura, e já contava com a participação da comunidade - só no estado da Guanabara (Rio 
de Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas. Mas com o Golpe de 64 toda essa mobilização social foi 
reprimida, Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso e depois exilado. Assim, esse projeto foi 
abortado. Em seu lugar surgiu o MOBRAL, uma iniciativa para a alfabetização, porém, distinta dos 
ideais freirianos. 
“É mais do que um método que alfabetiza, é uma ampla e profunda compreensão da educação 
que tem como cerne de suas preocupações a natureza política.” 
(in:A Voz da Esposa - A Trajetória de Paulo Freire) 
 Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em 
São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias.