Buscar

ECONOMIA - MÓDULO 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 48 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MÓDULO 1 – HISTÓRIA ECONÔMICA E O PENSAMENTO ECONÔMICO; TEORIAS ECONÔMICAS
Este módulo é composto pelos seguintes tópicos principais:
Contexto Histórico das Relações Econômicas;
Os Modos de Produção e as Relações de Propriedade e Exploração da Força de Trabalho;
Processo de Transição;
Acontecimentos Históricos que Marcaram os Séculos XIX e XX.
1. Contexto Histórico das Relações Econômicas
Antes de darmos início aos nossos estudos quanto às transformações nas sociedades humanas ao longo do tempo, vamos compreender de que forma os historiadores dividiram o tempo de nossa existência na Terra. Comecemos, então, com a Linha do Tempo.
	Cerca de 5 milhões a.C.
	3.000 a.C.
	476
	1453
	1789
	Pré-história
	Idade Antiga
	Idade Média[1: Para fins meramente didáticos, a Idade Média costuma ser dividida da seguinte forma: Alta Idade Média, corresponde ao período entre os séculos V e X, em que as atividades comerciais ainda existentes no Império Romano cedem lugar às atividades agrícolas, que passariam, então, a constituiur o centro econômico da Europa Ocidental. Idade Média Clássica, vai do século IX ao início do XIV, em que o comércio volta a se restabelecer e em que se observa o surgimento da Burguesia. Baixa Idade Média, tem espaço entre 1300 e 1450, marcada pelo aprofundamento da crise do sistema feudal, marcada, a partir daí, pelo Mercantilismo e pela dominação das metrópoles sobre suas colônias. Pode-se, também, simplificar essa divisão em Alta Idade Média (séculs V ao X) e Baixa Idade Média (entre os séculos XI ao XV).]
	Idade Moderna
	Idade Contemporânea
Estima-se que o aparecimento dos homens primitivos na Terra tenha acontecido há cerca de 5 milhões de anos atrás. Neste período ainda não havia registro escrito dos acontecimentos, sendo o cotidiano das tribos apenas representado em pinturas rupestres. Por não haver forma organizada de documentação ou reprodução dos acontecimentos (escrita), damos a esse período o nome de Pré-História.
A escrita apareceu por volta de 3.000 a.C., marcando o início do período que chamamos de “História”. O primeiro período histórico, chamamos de Idade Antiga, ou Antiguidade, que vai do surgimento da escrita até o início da era seguinte. Este período é marcado pela existência de gigantescos impérios, como o Egípcio, o Persa, o Grego e o Romano. Tais impérios conquistaram diversos países em suas guerras de conquista, escravizando parte da população e subordinando os povos conquistados às determinações de seus conquistadores.
A queda do Império Romano do Ocidente, cuja capital era Roma, data de 476 d.C.. Esse acontecimento marca o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. Com a queda do Império Romano, os povos conquistados por Roma retomam sua independência e soberania política, jurídica e econômica. Tem início ao período marcado pelo Absolutismo Monárquico, caracterizado pelos plenos poderes conferidos aos soberanos sobre seus súditos. Nesse período, as atividades mercantis, existentes em grande volume nos impérios anteriores, entram em decadência e dão espaço à produção de alimentos, realizada nos feudos (grandes fazendas) – é o período conhecido como feudalismo.
1453 marca a queda de Constantinopla (capital do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, devido ao fato de Constantinopla ter sido construída na localidade onde anteriormente se situava a cidade de Bizâncio), tomada pelos Turcos Otomanos. Nessa nova fase, observou-se o resgate dos valores intelectuais mais “mundanos” e a valorização das ciências, realizaram-se importantes avanços nas navegações, acarretando nos grandes descobrimentos. Daí em diante, iniciou-se uma nova era, com imensas possibilidades de mudança, sobretudo a partir das relações com o “novo mundo”. Nasceu assim a Idade Moderna. Da segunda metade do século XV, ao final do XVIII, o feudalismo cede lugar ao Mercantilismo (período marcado pela intensificação das atividades comerciais entre nações distintas, com a finalidade de proporcionar o equilíbrio da balança comercial das nações envolvidas) – é considerado um período de transição entre o feudalismo e o capitalismo.
A Queda da Bastilha, ocorrida em 14 de julho de 1789, é um dos principais símbolos da Revolução Francesa. A Revolução Francesa, comandada pela burguesia francesa, pôs fim ao absolutismo monárquico e à dominação aristocrática na França, retirando do trono o Rei Luiz XVI. Começa aí a Idade Contemporânea, que é a que vivemos nos dias atuais. Com o fortalecimento da burguesia, o capitalismo ganharia força, não somente na França, mas em todo o mundo, e, principalmente, na Inglaterra.
Agora compreendemos a Linha do Tempo e os períodos que correspondem aos acontecimentos que marcaram a história da humanidade. Porém, antes de nos aventurarmos pelo estudo das relações entre nações e organizações nos dias atuais e seus efeitos, entendemos que é de fundamental importância contextualizar o leitor a respeito do processo de evolução dos modos de produção, do comunal-primitivo ao socialista, de forma a permitir a melhor compreensão do conteúdo a ser abordado a diante.
1.1. Consumo, Produção, Divisão do Trabalho e Relações de Troca
Os seres humanos, assim como quaisquer outros seres vivos têm certas necessidades cuja satisfação é vital para sua sobrevivência, como alimentação, vestuário e habitação. Este princípio explica o conceito de “consumo”. Na pré-história, a satisfação dessas três necessidades era suficiente para garantir a sobrevivência dos seres humanos, mas com o passar do tempo, essas necessidades foram se tornando mais complexas. Isto é, ao longo do tempo, o homem passou a ter que satisfazer uma quantidade maior de necessidades para sobreviver.
Aliada ao incremento do volume de necessidades ligadas à sobrevivência dos seres humanos, outro aspecto também deve ser levado em consideração: a escassez de alimentos e as características físicas desfavoráveis do homem. De um lado, os seres humanos não são dotados de tantas vantagens físicas necessárias para a caça ou a luta pela sua sobrevivência, quanto são alguns animais selvagens; de outro, como a quantidade de alimentos disponíveis na natureza tornou-se insuficiente para garantir a sobrevivência de toda a população, o homem foi obrigado a cultivá-los. Nascia, então, ainda na Pré-História, a produção agrícola.
Logo, o homem percebeu que não seria capaz de produzir sozinho tudo aquilo que necessitava. Então, passou a trabalhar coletivamente, dividindo o trabalho, de modo que cada pessoa se responsabilizasse por uma atividade específica ou pela produção de um produto específico, que posteriormente seria trocado por outro produto produzido por outra pessoa.
Com o tempo, a população mundial foi crescendo e da mesma maneira a produção também se desenvolveu. Os mercados foram se expandindo e rompendo os limites das tribos da pré-história, atingindo outras cidades, até chegarem a outros países, constituindo, assim, o que conhecemos hoje como mercado internacional.
É claro que essa evolução levou tempo. No início, sem o advento da moeda, traçavam-se mercadorias por mercadorias – este processo é conhecido como escambo, ou, meramente, troca. Sem a moeda, havia diferenças significativas com relação ao valor, ao peso, às medidas. Para constatarmos tais diferenças, basta entender que elas se apresentavam para qualquer pessoa que se deslocasse de uma região em direção à outra. Para entendermos isso com mais clareza, segundo Heilbroner, ainda por volta do ano de 1550, na região de Baden, por exemplo, havia 112 medidas distintas de comprimento, 92 medidas quadradas diferentes, 65 medidas diferentes para secos, 163 medidas diferentes para cereais, 123 medidas para líquidos, 63 para bebidas e 80 tipos de pesos diferentes denominados libras, e hoje, vivemos em meio a uma economia de mercado que se torna mais complexa a cada dia.[2: HEILBRONER, Robert. A História do Pensamento Econômico. São Paulo: Nova Cultural. 1996.P. 25.]
Vamos, a seguir, entender como se caracterizavam os diferentes modos de produção e como lidavam com a questão da propriedade e do trabalho.
A Evolução dos Modos de Produção, Relações de Propriedade e Exploração da Força de Trabalho
Vivemos numa época marcada pela crescente competitividade, seja entre organizações, ou entre a própria classe trabalhadora. Essa situação, nada mais é do que resultado direto da crescente complexidade das relações sociais existentes entre os seres humanos que vivem em sociedade, acentuado pelo avanço do processo de Globalização da economia, que afeta as sociedades de todo o planeta, de diversas maneiras. Porém, antes de prosseguirmos com a análise crítica acerca desse fenômeno, é importante esclarecer algumas condições que propiciaram o surgimento e o avanço da Globalização.
Com o decorrer do tempo, observamos a existência de seis tipos de modos de produção e suas respectivas relações com a força de trabalho e com os meios de produção. São eles, o modo de produção comunal-primitivo, o asiático, o escravista, o feudal, o capitalista e o comunista.
Aproveitaremos a oportunidade, e, além de apresentar como se organizaram as sociedades ao longo dos diferentes Modos de Produção, vamos, também, tentar apresentar de que forma, quais ideais orientaram o pensamento econômico de cada época, pensamentos, estes, que determinaram as relações de exploração do trabalho e da propriedade nas economias nacionais, bem como as relações entre diferentes nações. 
Introdução à História do Pensamento Econômico
Desde seu surgimento na face da terra, a humanidade sobreviveu, mas de maneira precária. Consistindo o Homem um ser social, cuja sobrevivência depende de suas relações, nos cabe entender de que forma os diferentes tipos de sociedades estabeleceram suas inter-relações.
Por natureza, o homem é um ser egocêntrico, que tende a pensar em si próprio e que busca sempre obter vantagens daquilo com o que/quem se envolve. É a necessidade de sobreviver que o obriga a agir conjuntamente com seus semelhantes. Nas sociedades primitivas, onde as sociedades eram menos complexas, as pessoas agiam conjuntamente (caso do Sistema Comunal Primitivo), de acordo com os princípios, valores e percepções da sociedade da época, que compreendia que se não agissem em conjunto, em equipe, dificilmente sobreviveriam diante das dificuldades impostas pela natureza. Já nas sociedades mais desenvolvidas, cujo estilo de vida é mais complexo. Nesses grupos, onde existe o sentido de propriedade e riqueza, a sobrevivência do grupo se torna mais difícil, mais complicada, pois a tendência é que predominem os sentimentos egocentristas do homem.
As sociedades modernas sustentam sua sobrevivência em uma série de fatores: produção de alimentos, de roupas, abrigos, transporte, organização e divisão do trabalho, etc. Dessa forma, se o próprio ser humano priorizar seus sentimentos egocentristas, poderá desencadear a total desorganização dos sistemas produtivos que sustentam a sobrevivência da sociedade onde está inserido.
Historicamente, há três formas que os seres humanos já utilizaram para organizar uma sociedade em todos os aspectos que lhe conferem a capacidade de atender às necessidades de seus membros:
Tradicionalismo: tradicionalmente, ou seja, de acordo com os costumes, a propriedade passa de pai para filho (Feudalismo), as profissões passam de pai para filho (Império Egípcio, etc.), configurando a imobilidade de classes entre os membros da sociedade;
Autoritarismo: a propriedade e o trabalho, ou melhor, a não propriedade e a obrigação a determinados tipos de trabalho são impostos a certas camadas da sociedade, compulsoriamente (Modo de Produção Escravista);
Sistema de Mercado: cabe ao indivíduo optar pela atividade que melhor atenda às suas necessidades. Isto é, é o seu desejo e suas percepções de ganho que vão orientá-lo a seguir uma profissão ou outra. Neste sistema, o indivíduo visa o lucro, o ganho com a venda daquilo que lhe pertence (Modo de Produção Capitalista); o trabalhador vende sua força de trabalho ao capitalista, que como proprietário dos meios de produção, vende ao mercado o resultado do funcionamento de suas posses, ou seja, o resultado da transformação dos bens intermediários através da utilização dos bens de capital.
Nas sociedades mais desenvolvidas, portanto, e principalmente nas sociedades marcadas pelo sistema de mercado, surge o conflito de interesses, e, consequentemente, as lutas de classe. Isso requer a organização de toda a infraestrutura que determina as condições da sociedade em termos de riqueza e distribuição de trabalho e renda. Esta organização cabe aos Economistas, responsáveis por diagnosticar e predizer o futuro da sociedade e propor formas racionais de organização, capazes de maximizar e distribuir da maneira mais adequada possível, os trabalhos, a riqueza do homem.
Tal papel, no entanto, não foi delegado aos economistas de um dia para o outro; pode-se dizer que se tratou, de fato, de uma revolução no pensamento dos seres humanos, que aos poucos, passaram a aceitar as ideias e ideais dos economistas de sua época.
Um ponto fundamental a ser compreendido é a concepção do pensamento econômico como orientador e disciplinador das estruturas social e econômica, que são, ao mesmo tempo, causa e resultado uma da outra. Diante desse conceito, cabem algumas questões: como se organizaram os sistemas sociais e econômicos ao longo da história das civilizações? Para esta organização, qual era a conjuntura que a possibilitou?
Conjunturas podem assumir o papel de fator de determinação e configuração dos Modos de Produção, que por sua vez, determinam os tipos de organização social e econômica que regem a sociedade. Exigem aparato organizador específico, de acordo com as necessidades do sistema em questão, que podem ser distintos de acordo com o tipo de sociedade (primitivas ou desenvolvidas).
Evolução dos Modos de Produção
Ao longo de sua existência, a humanidade passou por aquilo que Karl Marx denominou como Modos de Prdoução, que são uma forma de explicar como a sociedade organizou-se, em termos de sua capacidade produtiva, o direito à propriedade, a exploração da força de trabalho, etc., a fim de produzir os bens necessários à satisfação de suas necessidades.
O que vivemos hoje é fruto do desenvolvimento e decadência de tudo o que vivemos no passado, de forma que, de acordo com a concepção de Marx, graças àquilo que ele chama de Materialismo Histórico (que veremos mais adiante), não poderíamos pular alguma das etapas pelas quais passamos ao longo de nossa evolução. Pode-se dizer, então, que a evolução dos Modos de Produção retrata a própria evolução da humanidade.
A seguir, veremos algumas das principais características dos Modos de Produção já experimentados pela raça humana.
Sistema Comunal-Primitivo
Ocorreu na pré-história, e em sua fase inicial, tem lugar no período correspondente ao Paleolítico – período pré-histórico que começa no surgimento do ser humano na terra, até aproximadamente 10 mil anos atrás. Nesse período, os hominídeos trabalhavam com ferramentas fabricadas a partir da pedra lascada para ajudá-los em suas tarefas do cotidiano. Tais tarefas eram, basicamente, a caça, a pesca, defesa da tribo contra ataques de animais selvagens ou invasores de tribos rivais, etc.
É considerado o primeiro sistema social tipicamente comunista, pois, apesar de ser primitivo, não havia a propriedade particular; nem divisão de classes sociais. Tudo era compartilhado. Conceitualmente, não pode ser chamado de modo de produção, uma vez que nada era produzido pelo homem; assim, apenas o chamamos de Sistema Comunal-Primitivo.
No período denominado Neolítico (que iniciou-se há 10 mil anos), quando as ferramentas de pedra lascada foram substituídas por instrumentos de pedra polida, surgiu, também, a agricultura e a pecuária. Antes disso, os homens ainda não produziam seu próprio alimento e, por isso, eram obrigados a caçar,pescar, ou colher raízes ou frutos. Devido às variações climáticas, nos períodos mais frios os animais migravam para as regiões mais quentes, obrigando as comunidades a segui-los, o que obrigou as sociedades a tornarem-se nômades. Mas a partir da utilização das primeiras técnicas agrícolas, aos poucos, foram tornando-se sedentárias A partir daí, passaram a dividir as tarefas, pois era preciso garantir da segurança da comunidade, além de dedicarem-se às tarefas cotidianas. Nasceram a partir daí, as primeiras cidades.
Com o surgimento e desenvolvimento da agricultura, surgiu também a noção de território, criando o conceito de propriedade. Juntamente com o senso de propriedade, surgiram as primeiras disputas pela posse das terras cultiváveis. Outra consequência está relacionada ao conceito de propriedade sobre os bens, que passaram a serem trocados, dando início àquilo que se tornaria, mas tarde, no comércio.
Com a divisão do trabalho iniciou-se a separação da população em diferentes classes sociais, nas quais os mais privilegiados eram os proprietários das terras destinadas à agricultura. Outro acontecimento que teve espaço no período Neolítico foi a descoberta de meios de se manipular o metal (dá-se a esse período o nome de Idade dos Metais). Com o uso constante do metal para a fabricação de ferramentas, armas e utensílios, cresceu o comércio de produtos metálicos, fazendo as cidades que melhor se prepararam para a manipulação desse material prosperassem mais do que as outras. Assim, iniciava-se a separação das cidades devido à sua importância, econômica no início, mas, posteriormente, também política.
Graças às inovações, tais como a agricultura, a pecuária, a manipulação dos metais e a fabricação de ferramentas mais eficientes, a capacidade de armazenar alimento e de se proteger das ameaças externas possibilitou o crescimento das comunidades, fazendo com que as cidades crescessem significativamente.
Antes, quando a população era escassa e era possível para uma pessoa lembrar para quem vendeu um produto, para quem deve um favor, o nome de todos os seus vizinhos, a comunicação oral era suficiente, mas com o crescimento populacional, torna-se necessário a invenção de um novo sistema de registro, capaz de preservar as informações por mais tempo, sem que haja risco de engano. Surgiu, assim, a escrita, por volta de 3.100 a.C., na Mesopotâmia, cujo objetivo inicial era registrar impostos, valores e quantidades comercializadas, número e dados dos habitantes, etc. (pode-se dizer que tais razões eram de início, principalmente, econômicas, e, posteriormente, políticas).
Esses fatos propiciam a queda do Sistema Comunal-Primitivo, no qual não havia a propriedade, e marca o surgimento do primeiro Modo de Produção, o Escravista (o Modo de Produção Asiático é uma variância do Escravista), caracterizado pela utilização de trabalho servil ou escravo, principalmente a partir da mão-de-obra dos povos conquistados.
Modo de Produção Asiático
Representa a organização e a relação com os meios de produção e com a força de trabalho nos Estados orientais, Índia, China e Egito. A base econômica desses povos era a agricultura, na qual a força de trabalho era composta por servos e escravos. As terras pertenciam ao Estado, representado pelo Rei, pelo Faraó, ou pelo Imperador. A produção destinava-se basicamente à manutenção da vida dos trabalhadores e de suas famílias, e o excedente era recolhido pelo Estado e distribuído entre a nobreza, representada, basicamente por guerreiros ou sacerdotes.
Esse modo de produção representa a transição de uma sociedade sem classes - a primitiva -, para uma sociedade mais complexa, constituída por diferentes classes sociais, onde há a exploração das classes dominadas, pelas classes dominantes, e onde a servidão representava a forma de pagamento ao Estado pela concessão ao uso da terra para a subsistência dos servos.
O poder do Estado conferia ao estadista o direito de deslocar os trabalhadores de uma produção à outra. Por exemplo, em períodos de entressafra, o trabalho dos agricultores era desviado para a construção de sistemas de irrigação, depósitos de armazenamento de alimentos, entre outras obras públicas.
Com o crescimento e desenvolvimento dos países, vieram as disputas e as guerras. Os prisioneiros de guerras eram transformados em escravos e comercializados como mercadorias. Sua finalidade era utilizar a força de trabalho dos povos conquistados na realização das atividades mais básicas. Dá-se aí, o início daquilo que conheceríamos como Modo de Produção Escravista (que veremos mais detalhadamente a seguir), presente, principalmente, nas grandes civilizações antigas, como na Mesopotâmia, no antigo Egito, na Grécia e em Roma. Tanto a sociedade Grega quanto a Romana eram compostas por diferentes classes, onde existia o Estado, representado pelo governante, a nobreza, a plebe (ou cidadãos comuns) e escravos. Neste regime, o escravo não é considerado um ser humano, mas um bem, de propriedade do “senhor”, ou “amo”. Os escravos não tinham liberdade de fazer o que queriam; eram obrigados a trabalhar, obedecendo às ordens de seus senhores.
Modo de Produção Escravista
Esse tipo de Modo de Produção pode ser observado em diferentes períodos como durante os impérios egípcio, persa, mesopotâmico, grego e romano. Perdura até a queda do Império Romano.
Inicia-se com a decadência do sistema comunal-primitivo, quando surge o advento da agricultura, que possibilita aos grupos nômades tornarem-se sedentários. Surgem, então, as primeiras cidades, cuja sustentação e sobrevivência dependem da atividade agrícola – daí a atribuição de maior importância aos indivíduos que se dedicavam ao cultivo da terra e à produção de alimentos. Surgem, dessa forma, o sentido de propriedade, riqueza e poder, conferido aos proprietários de terras.
O Estado delegava a responsabilidade por cultivar as terras à nobreza, ficando o Estado responsável apenas por legislar, estabelecer as políticas que orientariam as ações do próprio Estado, além de atuar no comando das forças militares. Assim, as terras foram distribuídas entre os chefes das famílias que constituíam a nobreza seguindo o critério de importância e capacidade de contribuições ao Estado quando lhes fosse solicitado. Os chefes de famílias mais influentes recebiam as melhores terras e mesmo ao distribuírem tais terras entre seus familiares, os parentes mais próximos recebiam as melhores terras, sobrando as demais aos parentes mais distantes.
Com o crescimento da nobreza e o aumento de suas famílias, eram necessários maiores quantidades de produção a fim de gerar mais excedentes pelos quais se apropriariam. Para gerar mais excedentes, era preciso mais terras e trabalhadores para cultivá-las. Esse problema era resolvido a partir das guerras de conquista, a partir das quais as terras conquistadas eram divididas entre a nobreza, sendo, o povo derrotado, submetido aos desejos da nação conquistadora; eram, então, transformados em escravos. Os escravos eram de propriedade do Estado, que os cedia aos nobres para trabalharem em suas terras. O trabalho, então, tornou-se algo exclusivo dos escravos e dos pequenos camponeses, profissionais de ofício, pequenos comerciantes, artesãos, etc.
Civilizações Escravistas
Vamos, agora, tratar de duas das mais importantes civilizações da Antiguidade, cuja organização econômica era estabelecida de acordo com o conceito de Modo de Produção Escravista. São elas, o Império Grego e Romano.
O Império Grego
Do século XII ao VII a.C., na Era Homérica, a atividade econômica básica da Grécia era caracterizada pela vida doméstica, de agricultura de subsistência e pequenas trocas de excedentes de produção nos pequenos mercados locais. Contudo, a partir do Período Clássico, isto é, século V a.C., e, mais acentuadamente, na Era Helenística, entre os séculos IV e III a.C., observou-se, na Grécia, um considerável desenvolvimento econômico, caracterizado pelo estabelecimento de uma verdadeira economiade trocas.
Com o avanço da navegação, as possibilidades de troca se ampliam consideravelmente. Juntamente com a navegação, a pobreza do solo, o pequeno território do país e a grande população tornaram o comércio ainda mais necessário.
Contudo, no que diz respeito ao Pensamento Econômico da época, este era sensivelmente contra o enriquecimento, ao contrário do que seria normal de se esperar, numa nação onde o comércio se desenvolve a passos largos, principalmente o comércio internacional. Mas na sociedade grega, ao invés de predominar o pensamento individual, orientado pela busca de riqueza, o que predomina é o pensamento coletivo, que obriga aos cidadãos a se dedicarem, em primeiro lugar, ao Estado, à cidade (polis), para somente depois, dedicarem-se à família. Dessa forma, predomina o pensamento de igualdade, no lugar da individualidade.
O caráter político da civilização grega impele ao cidadão considerar, em primeiro lugar, a Cidade-Estado. Sua maior preocupação deve estar sempre relacionada à coisa pública, enquanto que o restante fica em segundo plano. Os cidadãos de maior valor são os Militares, que garantem a segurança da Cidade-Estado, e os Magistrados, que organizam a vida da sociedade. Os demais, comerciantes, artesãos e trabalhadores braçais são vistos como uma casta de menor importância. Dentre estes, contudo, há uma diferenciação: os comerciantes são mal vistos, enquanto que aqueles que se dedicam à produção de alimentos recebem certa valorização.
Na Grécia antiga, predominava o pensamento filosófico, ao lugar do econômico. Alguns dos mais importantes representantes do pensamento grego são Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.). Platão, em suas obras “República” e “Leis”, expõe um pensamento “socialista”, marcado pela existência de um Estado onde reinaria a justiça e no qual os cidadãos deveriam dedicar o máximo de seu tempo às atividades filosóficas e à política.
Em “República”, apresenta um modelo socialista “utópico”, orientado pelo total desprendimento das pessoas aos bens materiais, enquanto que eu “Leis”, sugere um programa possível de ser realizado, cujo objetivo seria tornar o Estado ateniense um modelo de sociedade melhor e mais igualitário. Nesta obra, ele apresenta o Estado como algo em primeiro plano, lhe garantindo o poder econômico através da solidariedade dos cidadãos. Obviamente, pressupões que para se alcançar este estágio, antes, torna-se necessário um Estado dominador, autoritário, passando, posteriormente a um aspecto intermediário, até chegar ao seu aspecto ideal no futuro.
Aristóteles, em sua obra “Política”, critica o modelo de Platão, afirmando que mesmo na sociedade grega, o sentimento de família e propriedade estava muito enraizado, difícil de ser ignorado. Daí, a dificuldade de se instaurar um modelo como o de Platão.
Apesar de criticar a visão de Platão quanto a uma sociedade socialista, Aristóteles concorda com ele no que se refere ao desprezo à riqueza. Alega que se for concedida aos cidadãos sua total liberdade, estes agiriam de forma individualista, sacrificando, assim, o bem geral da Cidade-Estado. Defende, portanto, a preponderância dos interesses do Estado sobre os individuais.
De acordo com a percepção de Aristóteles, há três doutrinas que determinam a forma de se organizar a sociedade:
Individualista: não é propriamente uma doutrina, mas um conjunto de aspectos diversos de ideais liberais aplicados à Economia. Defende a liberdade individual, de modo que cada um tenha o livre direito de escolher suas atividades, e, inclusive, direito à propriedade privada;
Comunista – proposta por Platão: opõe-se à doutrina individualista, reage vigorosamente contra o espírito capitalista do liberalismo e do individualismo econômico, na medida em que este espírito contraria o princípio da justiça, da igualdade;
Intervencionista: representado pelo intervencionismo do Estado.
Por esses exemplos, é possível compreender como as influências filosóficas da Grécia antiga, consubstanciadas em uma expressão do social, do igualitário e do desinteresse, impediram a elaboração de um pensamento econômico. Como o pensamento filosófico da Grécia antiga é totalmente contra a riqueza, assume um sentido que pode até mesmo ser considerado como antieconômico.
A moeda cunhada surge na Grécia entre os séculos VIII e VII a.C., em substituição à moeda mercadoria, de forma que facilita a realização do comércio. Nesse sentido, Aristóteles elabora sua crítica, comparando esses dois tipos de moeda. A moeda mercadoria representa o meio natural de se produzir riqueza (crematística natural) ou adquirir algo, e, portanto, sob seu ponto de vista, constitui um método bom e necessário, pois tende a proporcionar a subsistência, enquanto que a moeda metálica (fiduciária) consiste num meio não natural de adquirir os bens, que induz ao comércio mercantil, que por sua vez é censurável, pois leva o homem a obter lucro através da troca, o que é contra à natureza. Daí, mais um argumento que influenciou a sociedade grega daquela época a caracterizar-se pelo desprezo à riqueza e o desapego do individual.
Entretanto, não se pode dizer que Aristóteles não ponderou a respeito dos aspectos da moeda. Sua análise e diagnóstico sobre suas funcionalidades são utilizadas até hoje. Para ele, a moeda serve como intermediária de trocas, como instrumento de comparação de valores e como reserva de valor.
De qualquer forma, na Grécia antiga, o que predominava era o pensamento filosófico sobre o pensamento econômico.
O Império Romano
Assim como na Grécia antiga, no Império Romano também não predominava o pensamento econômico, não obstante a vida econômica de Roma ser muito mais intensa que a experimentada pelo Império Grego. Em Roma, o que predominava era o pensamento político.
O período correspondente à Pax Romana (29 a.C. a 180 d.C.) foi fundamental para a ampliação das relações comerciais do Império. As grandes distâncias cobertas pelas estradas romanas, e a preponderância da marinha imperial no Mediterrâneo também foram de máxima importância para esse desenvolvimento.
O mapa a seguir, apresenta as conquistas do Império Romano, em suas dimensões máximas, que correspondem ao período governado pelo Imperador Trajano, no século I da era moderna.
Observando-se o mapa, podemos dizer que o comércio foi imensamente facilitado a partir das navegações pelo Mediterrâneo, que ligavam o norte da África, o Oriente e a Europa, bem como a partir da existência e utilização das grandes e numerosas estradas romanas, que percorrendo os interiores do Império, facilitavam a comunicação e o transporte de cargas. Graças a esses aspectos facilitadores, Roma se torna o ponto focal do comércio oriundo de todas as províncias do Império. A criação de diversas Companhias Mercantis e de Sociedades por Ações é sinal do amplo desenvolvimento do comércio em Roma.
Novamente, a despeito da existência de uma prática comercial intensa, no Império Romano o que predominava era o pensamento político. Roma, uma vez capital de um vasto Império, cujas cominações eram viabilizadas e garantidas pela força, necessitava de riquezas para garantir e perpetuar sua dominação. Assim, a riqueza é vista como um instrumento para garantir a preservação da dominação romana sobre os demais povos, mas, nunca, como meio de se obter bem-estar.
O resultado econômico da dominação política de Roma sobre outras nações é sua escravização. “Roma quer ser consumidora, e não produtora”, e para tanto, é preciso escravizar os povos conquistados e obrigá-los a produzir o que for necessário à sobrevivência do povo romano e preservação da preponderância do Império Romano.
Não existe, portanto, um pensamento econômico realmente estruturado no Império Romano, mas alguns traços do que poderíamos chamar de doutrinas econômicas:
Intervencionista: essa corrente ideológica defende a interferência do Estado, principalmente em períodos de dificuldades de abastecimento. Surgiram diversas Leis que estabeleciam a intervençãogovernamental de forma a tentar solucionar problemas de abastecimento, causados por fatores distintos, como lentidão nos transportes, guerras prolongadas, etc. Esse intervencionismo estatal, levou à profunda crise do sistema de abastecimento do Império. A fim de burlar a falta de mantimentos, grande parte da população se passava por indigentes, mendigos, sem recursos, a fim de obter do Estado, os produtos necessários à sua sobrevivência. O abastecimento da população elevou drasticamente o déficit do Estado, corrompendo as finanças públicas e levando à decadência, quase que total, da agricultura italiana. Como resultado dessa crise, surgiram ainda mais regulamentações, que determinavam o poder total do Estado sobre o recolhimento, armazenagem e distribuição de recursos à população do Império. Tal crise justificava, ainda mais, as conquistas do Império.[3: Ver HUGON, Paul. História das Doutrinas Econômicas, p. 42.]
Individualista: representada pelos jurisconsultos romanos (homens das leis), que assentaram as bases do direito de propriedade privada e instituíram a sistemática do direito nas obrigações. Como uma fatia da população mais instruída, reconhecidos pela população como seus naturais representantes, os jurisconsultos romanos tinham profundo conhecimento econômico, mas suas teorias econômicas não surtiram efeito, que abalasse a supremacia política do Império Romano, sendo retomadas apenas na Renascença e utilizados no século XVIII, por teorias econômicas como a Fisiocracia e a Teoria Clássica, que defendiam o liberalismo econômico.
Quanto à moeda, seu uso no Império Romano foi tardio (por volta do século III a.C.), o que demonstra o atraso dessa sociedade no que se refere às concepções comerciais e econômicas. Apesar de existir e de ter se desenvolvido ao longo dos séculos, não era o comércio o grande responsável pelo abastecimento de Roma, mas a dominação, a imposição, os impostos - a política.
Basicamente, ao longo desses dois importantes impérios da Antiguidade, a política que marcou o período foi caracterizada pelo intervencionismo.
Na Grécia, contudo, após terem vencido as forças do Império Persa, Atenas tornou-se o centro de um pensamento liberal, que levou ao maior desenvolvimento de seu comércio e de suas finanças. Sua moeda, o Tetra dracma Ática, se torna a moeda mundial e seu comércio fundamenta-se na liberdade individual de empreender.
Em Roma, desde seu surgimento (em 753 a.C.), as decisões eram centralizadas e determinadas pelo grupo e pela cidade. Porém, quando se inicia sua fase de expansão, as possibilidades de comércio fazem com que se aflore o pensamento liberal, individual. Este, contudo, não se prolonga por muito tempo, e na fase de queda do Império, volta a predominar o autoritarismo e o intervencionismo. Vale lembrar que pesar do grande intervencionismo estatal, sobretudo em sua fase final, o Império Romano deixou como herança a preocupação com o indivíduo no pensamento dos jurisconsultos (que também serviram de base à magistratura moderna) e no cristianismo, que afirma o valor do homem (e de Deus) acima do valor do Estado.
Modo de Produção Feudal
O Modo de Produção Feudal, ou simplesmente feudalismo, teve início no século V, em 476, com a queda do Império Romano do Ocidente, que deu início ao processo de reestabelecimento da independência das nações conquistadas pelo império, perdurando até o século XV, com a queda de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, em 1453.
A principal atividade econômica realizada na época era a produção de alimentos, conferindo, aos feudos, ou melhor, aos senhores feudais, maior importância econômica e política no Estado Medieval.
Os feudos apresentavam, basicamente, a seguinte organização:
A mão-de-obra utilizada para a produção nos feudos era proporcionada pelos servos. O trabalho servil surgiu com a queda do Império Romano, a partir da substituição da mão-de-obra escrava pelo trabalho dos servos.
O feudalismo foi o regime predominante na Europa durante a Idade Média, onde também havia diferentes classes: o Estado, representado pelo Rei ou Imperador; a nobreza, representada principalmente pelos senhores feudais; os plebeus, ou cidadãos comuns, que habitavam as pequenas vilas próximas aos feudos; o clero, que eram os sacerdotes, mas que também gozavam de grande riqueza, proveniente de doações e de parte da produção dos servos; e, por último, os servos, que trabalhavam nas terras dos senhores em troca de sua subsistência.[4: O regime escravista predominante no Império Romano foi substituído na Europa pelo regime de servidão, porém, essa substituição aconteceu gradativamente. Apenas por volta do século IX d.C., pode-se dizer que não havia mais focos de exploração do trabalho escravo na Europa.]
Diferentemente dos escravos das sociedades escravistas, no feudalismo, o servo não é propriedade de seu senhor, mas também não se afasta muito disso. E isso não é muito difícil de entender. A partir do momento em que a produção de alimentos era a principal atividade econômica na Europa, e que a produção de alimentos depende diretamente da quantidade de trabalhadores, era natural que os senhores feudais não permitissem o direito de ir e vir aos servos, muito menos direito à propriedade da terra. Não tinham nem mesmo o direito de escolher trabalhar em outro feudo. Contudo, os servos eram proprietários dos meios de produção, ou seja, das ferramentas utilizadas na produção do alimento.
A propriedade dos feudos, que pertenciam aos senhores feudais, era transferida por herança, de geração a geração. Aos servos, por tradição, cabia apenas servir ao seu senhor. A eles eram concedidas pequenas quantidades de terra, onde trabalhavam para prover a sobrevivência de suas famílias, mas como utilizavam as terras que pertenciam aos senhores feudais, eram obrigados a destinar a maior parte de sua produção a eles, como forma de renda pelo uso da terra. Recebiam, também, proteção de seus senhores feudais.
Mas como surgiu e se desenvolveu o sistema feudal? Vamos, a partir de agora, fazer um breve retrospecto do nascimento deste período de nossa história.
Desde a Antiguidade, até o século VI, o intenso comércio no Mediterrâneo sustentou as bases econômicas dos Impérios que dominaram essa região. Entretanto, com a expansão islâmica a partir do século VII, os antigos domínios do antigo Império Romano do Ocidente passaram ao controle dos sarracenos, e, consequentemente, seu comércio entrou em decadência, até praticamente estagnar-se. Os impactos da dominação islâmica no Mediterrâneo foram significativos: a) no Oriente, o comércio sobreviveu graças à preservação dos domínios de Constantinopla sobre as regiões portuárias do norte; b) no Ocidente, onde o comércio pelo Mediterrâneo foi interrompido, às regiões mais interioranas restou apenas dedicar-se às atividades agrárias, que produziriam os produtos necessários à sua sobrevivência.
Continuando a descrever o ambiente econômico e social das regiões feudais, o excedente era, então, comercializado nas feiras das pequenas vilas localizadas nas proximidades dos feudos. Quanto aos habitantes dessas vilas, estes dedicavam-se, basicamente, a fornecer produtos e serviços ao feudo. Quanto ao comércio, resignava-se a essas pequenas feiras regionais. Aqui, cabe uma rápida observação: devido à decadência do comercio com regiões mais distantes, propiciado pela navegação no Mediterrâneo, as atividades comerciais quase que se extinguiram na Europa dos séculos VII ao X, mas justamente essa decadência do comércio fez com que surgissem inúmeras pequenas feiras locais nas regiões mais centrais do continente. Isto é, o fracasso do comércio fez com que as feiras se difundissem, mas, embora em grande número, ofereciam pequena variedade e quantidade de produtos aos seus frequentadores. As feiras eram frequentadas, até mesmo, como atração social, haja vista que nada mais restava como atividade de socialização naquela época.
Ao período entre os séculos V e X, em que se cresceua importância das atividades rurais, e, logicamente, a importância da propriedade da terra, dá-se o nome de Alta Idade Média, marcada, portanto, pela maior importância das atividades feudais. A Alta Idade Média é a marca do período Carolíngio na Europa, ou seja, o período que se inicia com o reinado e posterior império de Carlos Magno (rei dos francos e Imperador do Ocidente, da segunda metade do século VIII às primeiras décadas do século seguinte). Mas não devemos confundir a extensão de seus domínios no Ocidente como um período de desenvolvimento econômico desta região. Ao contrário, foi neste período que os feudos se desenvolveram e cresceram em termos de importância. A partir daí, viriam a caracterizar a descentralização do poder ao longo de grande parte da Europa Ocidental. Paralelamente, a relação do homem com a propriedade da terra era menos valorizada no Oriente da Europa, mais contaminado com as relações comerciais estabelecidas (e preservadas) desde antes dos conflitos entre católicos e muçulmanos.
Ao longo de vários séculos, atendendo aos interesses da realeza e da nobreza, baseando-se nas orientações da Igreja Católica, a sociedade apenas conhecia o trabalho como meio de sobrevivência, a propriedade como herança e a produção como meio de criar os insumos necessários à vida. Ainda não consideravam o trabalho, a propriedade e a produção como fontes de lucro, pois a obtenção de lucro, por si só, era considerada até mesmo como crime.
Por influência da Igreja Católica, o lucro era considerado pecaminoso, uma vez que a única coisa importante era a vida após a morte (Lei da Usura). A vida terrena deveria ser vivida em meio a sacrifícios, assim como viveu Jesus Cristo, segundo discurso da própria Igreja.
Entretanto, na Inglaterra e em alguns outros países (em grande parte não católicos), aos poucos, a produção voltada à subsistência dos senhores feudais (até mesmo considerando-se seus elevados níveis de consumo e desperdício) e à manutenção da mão-de-obra servil, passou a dar lugar a uma produção de maior escala, voltada ao abastecimento do mercado.
Existem diversas razões que conduziram à mudança de um sistema social baseado nas tradições a um novo modelo, representado por um sistema de mercado. Esta mudança marca a passagem da Alta Idade Média para o período seguinte, conhecido como Baixa Idade Média, em que o sistema feudal entra em crise e aos poucos vai perdendo espaço para o modelo de mercado. Algumas das principais razões que levaram à crise do sistema feudal são:
O fortalecimento precoce do feudalismo propiciou o fortalecimento da realeza, que pôde centralizar o poder e, a partir daí, desenvolver algumas “atividades industriais” estratégicas, favoráveis ao seu enriquecimento – foi o início das organizações voltadas à manufatura. Juntamente a isso, investiu-se na exploração das colônias, possibilitada por alguns aventureiros empreendedores, como Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio, Vasco da Gama e outros.
No âmbito religioso, verificou-se uma grande corrente de mudanças, causada pelo Renascimento, a partir do século XIV, que trouxe uma visão mais cética, inquiridora e humanista. No século XVI, a Reforma Protestante de Martinho Lutero apresentou uma nova noção sobre trabalho e riqueza, que alegava que se o lucro fosse pecaminoso, Deus não o teria criado e lhe dado acesso a todas as pessoas.
Com o desenvolvimento das cidades e sua interligação através de estradas, o comércio entre elas se intensificou e as pessoas passaram a ter familiaridade com o dinheiro, com os hábitos de comprar e vender. As civilizações europeias passam a ter contato com a Contabilidade, que por meio do sistema de partidas dobradas, possibilitou o melhor entendimento dos resultados de suas atividades. A este respeito, Heilbroner diz que,
“Logo, uma nova ideia começou a tomar corpo: o “homem econômico”, criatura que seguia seu cérebro “máquina de somar” aonde quer que este decidisse levá-lo.”[5: HEILBRONER, Robert. Op. Cit. P. 34.]
Até mesmo a literatura passaria a falar sobre aventureiros planejadores, como Robinson Crusoé e outros. A partir de todas essas mudanças, não restava mais dúvidas: o sistema de mercado havia nascido.
Principalmente graças à intensificação da agricultura, desenvolve-se, aos poucos, o comércio nas pequenas cidades, mas foi justamente o sistema de mercado, um dos principais motores do fim do sistema feudal na Idade Média.
Devido às péssimas condições de trabalho predominantes nos feudos, ao excesso de poder exercido pelos senhores feudais, à demasiada exaustão e exploração da mão-de-obra servil, observou-se em diversas regiões da Europa, um êxodo das populações interioranas com destino às cidades litorâneas, que viviam basicamente de atividades comerciais.
Mas foi com as Cruzadas, a partir do século XI, que a importância econômica do feudo passa a perder espaço para o comércio estabelecido nessas regiões litorâneas. A relação existente entre as Cruzadas e o desenvolvimento do comércio nas regiões portuárias está na necessidade de abastecimento de produtos e serviços dos navios enviados para as batalhas, bem como o maior contato do mercado europeu com produtos oriundos do Oriente. A partir desse comércio, surge uma nova classe, com grande importância econômica: a Burguesia.
Para começar a explicar o que determinaria o fim do sistema feudal, temos que nos lembrar de alguns pontos marcantes desse sistema, mas que aos poucos foram cedendo lugar a outras formas de atividade ou relação econômica. Com relação à propriedade da terra, e, portanto, da produção e ao trabalho, nos cabe lembrar que não somente as terras, em sua grande maioria, pertenciam aos senhores feudais, como também o excedente da produção era destinado ao seu consumo. O que restava, era trocado nas vilas próximas, por produtos complementares, que eram utilizados no dia-a-dia, os quais eram produzidos artesanalmente. Cada artesão (ferreiro, marceneiro, tecelão, etc.) se dedicava a uma única atividade manufatureira. Até então, os mercados eram apenas locais, com pequeno volume de negociações. Contudo, séculos mais tarde, a presença do artesão sofreria grande impacto com a Revolução Industrial da metade do século XVIII. Antes, a produção era lenta e os artesãos eram os proprietários das ferramentas e das matérias-primas, mas a partir da Revolução Industrial, algumas pessoas que viram no avanço tecnológico (a partir do surgimento da máquina a vapor) uma nova oportunidade, buscaram investir na criação das primeiras fábricas, mais produtivas. Os artesãos, assim, deixaram de ser os proprietários dos meios de produção (ao mesmo tempo em que também eram parte de sua própria mão-de-obra) e viram seu trabalho ser substituído pela produção fabril e o trabalho servil ser substituído pelo trabalho assalariado.
Com o empobrecimento dos feudos e o desenvolvimento das indústrias de interesse da realeza, notou-se um aumento elevadíssimo da mendicância. Principalmente na Inglaterra, os antigos servos, que plantavam nas terras dos feudos, foram expulsos, para darem lugar aos rebanhos de ovelhas e outros tipos de criação, transformando-se em mendigos. Porém, com a Revolução Industrial, nota-se o aumento significativo na renda per capta e a substituição da manufatura pela maquinofatura.
A partir daí, cresce a preocupação com a acumulação de capital, principalmente por parte da burguesia (que investiu nas novas fábricas), criando as condições propícias ao surgimento do capitalismo.
Mercantilismo
Entre 1500 e 1800, o Mercantilismo foi o modelo de política econômica preponderante entre as nações do Velho Mundo. Tais nações, através do mercantilismo, buscavam maximizar a acumulação de capital (metais preciosos), através da exploração das riquezas naturais de suas colônias na América, África e Ásia. Ao passo que com o Mercantilismo as atividades agrícolas foram sendo substituídas pelo comércio, que proporcionava melhores condições de acumular metais (moedas), pode-se dizer que o Mercantilismo foi umaetapa de transição entre o Modo de Produção Feudal e o Modo de Produção Capitalista.
Seu período corresponde à época grandes descobrimentos, a partir dos quais, as metrópoles européias exploraram as riquezas naturais encontradas em suas colônias. No início, realizavam o escambo com os povos nativos encontrados nas novas terras, mas não foram raros os casos em que dizimaram as populações locais, menos desenvolvidas e incapazes de se defenderem diante do “grande poderio tecnológico e bélico” dos exploradores das metrópoles.
A teoria comercial moderna é o produto da evolução de idéias do pensamento econômico, em particular, as obras mercantilistas e, posteriormente, de Adam Smith e David Ricardo. Para esses autores, uma nação forte deveria ser construída através da busca por uma balança comercial favorável (exportações maiores que importações). Assim, buscaram fundamentar o desenvolvimento e intensificação do comércio internacional com algumas teorias.
Vale dizer que com a finalidade de incentivar as exportações, os mercantilistas sugeriram a adoção de algumas medidas, como a adoção de tarifas alfandegárias para reduzir os níveis das importações das metrópoles e, consequentemente, tornar sua balança comercial positiva.
O Mercantilismo baseava-se no livre comércio entre metrópoles e colônias, e, em alguns casos, também no pacto colonial (caso de Portugal e Brasil). De acordo com esse modelo, as metrópoles importariam das colônias as matérias-primas necessárias à fabricação de produtos manufaturados e exportaria esses produtos de volta para as colônias. O livre mercado, então, favorecia principalmente os países industrializados, ao passo que forçaria os países menos desenvolvidos a se tornarem meros exportadores de gêneros primários.
Modo de Produção Capitalista
Existem diferentes opiniões a respeito da definição do Capitalismo, que se diferenciam de acordo com aquilo que consideram o cerne da questão.
A Escola Austríaca da Economia estabelece que o Capitalismo é a representação de um sistema econômico caracterizado pela circulação de capital na economia e pela preocupação da sociedade em buscar seu acúmulo. Entretanto, desconsidera a propriedade dos meios de produção como ponto fundamental para se chegar a uma definição, ou identificação daquilo que chamam de Capitalismo. Bem, dessa forma, teríamos que concordar que o Capitaliso existe desde a Antiguidade, com o surgimento da moeda como meio de troca. Mesmo naquela época, o acúmulo de moeda consistia em aumento da capacidade de compra e consumo por parte de um indivíduo.
Para os Economistas Liberais, o Capitalismo se identifica com um sistema de empresa individual sem obstáculos; um sistema em que as relações econômicas e sociais são governadas por contrato, em que os homens são agentes livres na busca de sua subsistência e em que estão ausentes quaisquer compulsões e restrições legais. É a clara representação do Laissez-faire, ou seja, do livre mercado e da livre concorrência.
Vamos, contudo, seguir a conceituação de Capitalismo de acordo com a concpção de Karl Marx, segundo a qual o Capitalismo é um sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e no lucro, principalmente através da exploração do trabalhador, que oferece sua força de trabalho em troca de uma remuneração - o salário.
A fase que antecede o que chamamos de capitalismo corresponde à fase do mercantilismo, que aconteceu entre os séculos XV e final do século XVIII. O mercantilismo foi largamente incentivado pelas metrópoles européias e constituía no empreendimento de grandes expedições comerciais, que saiam das metrópoles em busca de especiarias e produtos raros na Europa, encontrados principalmente nas colônias da América, África e Ásia. Tais produtos eram levados aos mercados europeus e comercializados a valores bem superiores aos empregados nas viagens exploratórias, proporcionando, dessa forma, enormes lucros aos empreendedores mercantis.
O desenvolvimento do capitalismo através das fases principais de sua história está relacionado ao avanço técnico da produção e por isso os novos capitalistas se diferenciam daqueles que existiam no período em que predominavam as antigas técnicas de produção. No século XIX, com a Revolução Industrial, as antigas oficinas manufatureiras ganharam condições para elevar substancialmente sua produtividade, o que fez com que surgissem as fábricas, como as que conhecemos hoje e que apresentavam níveis de produtividade imensamente superiores aos níveis apresentados pelos artesãos e profissionais autônomos das épocas anteriores. Com o crescimento das fábricas, aos poucos o trabalho do artesão foi substituído pelo trabalho do operário e a produção artesanal deu espaço à produção fabril, de quantidades muito superiores.
A alteração na estrutura da indústria afetou as relações sociais dentro do modo de produção capitalista, influenciando radicalmente a divisão do trabalho, diminuindo as fileiras do pequeno trabalhador-proprietário subempreiteiro, artesão intermediário, entre capitalista e assalariado, e transformando a relação entre o trabalhador e o próprio processo produtivo. Com o capitalismo, então, surgiram duas novas classes sociais: a proletária, ou operária, e a proprietária, ou capitalista. O capitalista, proprietário dos meios de produção, considera o operário como mais um dos recursos disponíveis, sobre o qual espera obter a maior rentabilidade possível, através da diminuição gradativa dos salários e do aumento da produtividade de seu trabalho. Assim, buscam maximizar a rentabilidade sobre a força de trabalho, obtendo aquilo que Karl Marx denomina de mais-valia. O proletário, assalariado, proprietário apenas de sua força de trabalho, a vende ao capitalista em troca de seu salário, que num segundo momento será devolvido à classe capitalista, uma vez que o trabalhador assalariado deverá adquirir com seu salário, os bens necessários à sua subsistência.
Uma vez que o capitalista atribui aos trabalhadores o mero papel de meios de produção, através dos quais conquistarão a maximização de seus lucros sobre a produção, obviamente são contra a organização dos trabalhadores, como por exemplo, em movimentos sindicais de luta pelos direitos dos trabalhadores, pois, se permitissem esse tipo de organização, estariam opondo-se automaticamente à sua essência maior, que consiste na obtenção e máximo acúmulo de capital através do aumento da produtividade dos meios de produção e especulação de preços baseando-se na relação de oferta e demanda e escassez dos bens que produzirem.
Há uma tendência à exploração crescente da mão-de-obra do trabalhador por parte do capitalista que o emprega. A respeito de como se dão as relações existentes entre o trabalhador assalariado e o capitalista, quando o assunto é exploração da força de trabalho, Karl Marx tem o seguinte ponto de vista:
“Não basta que haja, de um lado, condições de trabalho sob a forma de capital e, do outro, seres humanos que nada têm para vender além de sua força de trabalho. Tampouco basta forçá-los a se venderem livremente. Ao progredir a produção capitalista, desenvolve-se uma classe trabalhadora que, por educação, tradição e costume, aceita as exigências daquele modo de produção como leis naturais evidentes. A organização do processo de produção capitalista, em seu pleno desenvolvimento, quebra toda a resistência; a produção contínua de uma superpopulação relativa mantém a lei da oferta e da procura de trabalho e, portanto, o salário em harmonia com as necessidades de expansão do capital e a coação surda das relações econômicas consolida o domínio do capitalista sobre o trabalhador”.[6: MARX, Karl. O Capital – Crítica da Economia Política. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2001. Vol. II, p. 851.]
Esta relação de exploração da força de trabalho não é característica exclusiva do capitalismo. Mesmo na Idade Média, quando esteve vigente o feudalismo, os senhores feudais preferiam estabelecer contratos de trabalho servil ao pagamento de saláriosaos seus trabalhadores. Isto demonstra que sempre que houver duas classes sociais se relacionando, sempre haverá distorções quanto aos seus objetivos, prevalecendo a preferência que detiver o poder econômico e político do regime em questão. O sistema de trabalho servil só deu lugar ao trabalho assalariado devido a fatores distintos, já mencionados anteriormente, tais como êxodo da mão-de-obra para as regiões litorâneas, escassez de trabalhadores no campo, forçando os senhores feudais a adotar o sistema de pagamento de salários aos camponeses, desenvolvimento do comércio, desenvolvimento tecnológico, entre outros.
Modo de Produção Socialista
É tido como modo de produção intermediário entre o capitalismo e o comunismo. O Socialismo consiste, resumidamente, em uma “doutrina que defende a abolição da propriedade privada dos meios de produção, a distribuição igualitária dos bens produzidos pela sociedade e que a organização da riqueza social seja feita pela própria comunidade de produtores”.[7: SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. São Paulo: Editora Best Seller. 1994. P. 64.]
O conceito de socialismo surgiu no final do século XVIII a partir dos movimentos sociais movidos pelos trabalhadores e defendidos pelas classes intelectuais que criticavam os efeitos da industrialização e da sociedade cuja riqueza está baseada na propriedade privada. Karl Marx defendia a idéia de que a luta de classes levaria a classe proletária a tomar o poder através da força.
Os socialistas adotam o discurso de que o sistema capitalista concentra as oportunidades nas mãos dos que detém o maior volume de capital, excluindo dessa condição as maiorias, menos privilegiadas. Acusam o capitalismo de ser um modo de produção desigual, no qual as classes que controlam o capital conquistam suas riquezas a partir da exploração da classe trabalhadora.
Um ponto interessante a respeito da designação do valor, e consequentemente do poder de uma classe, os socialistas defendem o ideal segundo o qual tanto a riqueza quanto o poder sejam distribuídos com base na quantidade de trabalho despendido na produção. Assim, aqueles que mais trabalham, receberiam os maiores privilégios. Portanto, segundo a concepção socialista: A CADA UM, DE ACORDO COM SEU TRABALHO. Isto é, cada cidadão receberia uma remuneração condizente que o trabalho, com a profissão que executa. Logicamente há distinção entre os salários de diferentes profissões, mas de uma maneira menos desigual à praticada no sistema capitalista.
Diferentemente do capitalismo, que prega o liberalismo econômico, o socialismo adota o intervencionismo estatal através do planejamento econômico. Porém, esse controle Estatal contrapõe-se com o conceito marxista do que deveria ser o socialismo: rejeita o controle Estatal e a propriedade privada e defende a propriedade coletiva direta dos meios de produção através dos conselhos cooperativos de trabalhadores e da democracia local de trabalho.
A primeira nação a experimentar o regime socialista foi a Rússia. A Revolução Russa de 1917 retirou o poder das mãos do Czar Nicolau II, passando-o para a Duma, ou Governo Provisório, e, finalmente, para as mãos do Partido Bolchevique, que na chamada Revolução de Outubro, tomou o poder da Duma e assumiu o Governo, criando, a partir daí, a já extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Apesar do socialismo já não existir mais naquele país, ainda é presente em outros países, como Cuba e China.
Modo de Produção Comunista
O comunismo é considerado por Karl Marx como o último estágio da evolução das relações sociais, onde não há divisão de classes sociais, propriedade privada, sem Estado e onde as decisões sobre o que produzir deveriam ser tomadas a partir de um processo democrático, com a participação de toda a sociedade.
É a etapa suprema do desenvolvimento da humanidade, na qual, segundo Marx, A CADA UM, DE ACORDO COM SUAS NECESSIDADES. A partir desse ponto, a humanidade receberia o suficiente para suprir suas necessidades básicas e profissionais. Caberia ao Estado, através do planejamento econômico, adotar medidas que conduzissem a economia do país, e consequentemente o bem estar e qualidade de vida da população a estágios mais elevados.
Após termos apresentado uma síntese dos diferentes modos de produção existentes, passaremos à análise do modo de produção capitalista, que é aquele que nos interessa nesse estudo, buscando apresentar sua evolução, sobretudo no que se refere às organizações e suas relações com os ambientes com os quais se relacionam.
Processo de Transição
Cada um desses modos de produção surgiu como consequência de um quadro econômico-social que propiciou as condições adequadas, ou até mesmo necessárias ao seu surgimento.
Com o surgimento e desenvolvimento da agricultura, surgiu também a noção de território, criando, a partir daí, o conceito de propriedade. Esse conceito representa a queda do modo de produção primitivo, no qual não havia a propriedade.
O modo de produção asiático surgiu com o fim do modo de produção primitivo. Sua base econômica era a agricultura e os camponeses que trabalhavam a terra eram submetidos à vontade dos soberanos, que os obrigava a trabalhar, amparados por de um regime de servidão coletiva (forma de pagamento ao Rei ou ao Faraó pelas terras). O modo de produção asiático representa o surgimento de uma sociedade de classes, e, consequentemente, da exploração do trabalho alheio.
Com o crescimento e desenvolvimento dos países, vieram as disputas e as guerras. Os prisioneiros de guerras eram transformados em escravos e comercializados como mercadorias. Sua finalidade era substituir o trabalho do servo. Constituiu-se, assim, o chamado modo de produção escravista.
Com a queda do Império Romano, cresceram as pressões pelo fim do regime de escravidão, levando os proprietários de terra a libertá-los. Entretanto, os antigos escravos continuavam sendo pessoas sem propriedades, sem bens, isto é, sem chances de sobreviverem. Tornaram-se, então os servos que trabalhavam nos feudos dos nobres senhores feudais.
Com o surgimento da classe burguesa e decadência da nobreza, desprestigiada no fim das Cruzadas, rompe-se o antigo modelo econômico que considerava a propriedade da terra como único sinal de riqueza e se inicia um novo modelo, que mostra que a riqueza deve ser medida pela quantidade de dinheiro disponível, ou seja, pelo montante de capital acumulado. Principalmente na Europa ocidental, houve grande descontentamento da nobreza, desprestigiada, que optou, em grande número, por transferir-se às colônias, ainda não exploradas, livres para serem ocupadas por grandes propriedades de terra, significando, para esses tantos, uma espécie de resgate à sua antiga condição de líder econômico.
3.1. Materialismo Histórico de Karl Marx e Friederich Engels
Ao estudar as dinâmicas que regem as relações sociais, Marx e Engels propuseram uma abordagem metodológica que definiram como Materialismo Histórico, segundo a qual a evolução histórica, desde as sociedades mais remotas até a atual, acontece a partir de confrontos entre diferentes classes sociais. Esses confrontos, por sua vez, são frutos da “exploração do homem pelo próprio homem” e podem ser observados ao longo de toda evolução histórica da humanidade.
Nota-se que a fase de transição de um modo de produção a outro é marcada pelo surgimento de descontentamento pelas camadas da sociedade que são exploradas pelas demais. Com o passar do tempo, a partir do momento que as necessidades das classes dominadas não são satisfeitas, seu descontentamento cresce, tornando-se mais crônico e, paulatinamente, vai envolvendo um contingente cada vez maior da sociedade. No ápice dos conflitos de interesses, quando os menos favorecidos percebem que não conseguirão satisfazer suas necessidades, organizam-se e dão início à luta (geralmente, na história, tais lutas aconteceram à base da força bruta) pela tomada do poder. Quando, de fato, há a transferência do poder, inicia-seo novo modo de produção. Entretanto, os traços característicos do antigo modo de produção não desaparecem de imediato. A descaracterização do antigo, e a caracterização do novo modo de produção ocorre como em um processo lento e contínuo. Consolidando-se o poder nas mãos de seus novos detentores, estes tenderão a impor seus valores sobre os valores considerados fundamentais no passado, o que produzirá a geração de descontentamento em parte da população, dando, assim, início a um novo processo de transição deste para um novo terceiro modo de produção que surgirá a partir da evolução dos conflitos entre diferentes camadas da sociedade.
De acordo com essa teoria, o próprio modo de produção capitalista, desenvolvendo-se, chegará um estágio de exploração da força de trabalho e de competição entre as organizações privadas tão grande que não mais será possível se auto-sustentar. Ou seja, o modo de produção capitalista será seu próprio carrasco, dando lugar, assim, ao modo de produção socialista.
Como vimos, o período em que vivemos é fruto daquilo que já é passado. Nossas estruturas sociais, políticas e econômicas são resultado daquilo que surgiu no passado ou que nos influenciou a organizarmos nossa sociedade da forma que a organizamos nos dias de hoje.
Há pouco, falamos a respeito das características de cada um dos Modos de Produção. Entendam o mercantilismo como uma etapa de transição entre o feudalismo e o capitalismo. Em meio ao processo de decadência do Mercantilismo e o surgimento e desenvolvimento do capitalismo, surgiram os primeiros pensadores econômicos, com suas teorias econômicas realmente estruturadas, cujas principais teorias veremos a seguir.
5. O Pensamento Econômico Moderno
A partir do século XVIII, o mundo viu surgir uma grande quantidade de pensadores econômicos, que viriam a elaborar algumas das principais teorias econômicas de que temos conhecimento. O Mercantilismo trouxe o sentimento nacionalista, alimentado pelas relações comerciais internacionais que atingiam um volume jamais experimentado até então. Vamos, a partir de agora, apresentar alguns desses pensadores e suas respectivas teorias econômicas.
5.1. David Hume (Inglaterra: 1711-1776) – Doutrina do Fluxo Preço-Dinheiro
David Hume criticou duramente a política mercantilista apontando que ela só seria capaz de proporcionar um saldo favorável da balança comercial no curto prazo, pois com a entrada de dinheiro no país, decorrente do aumento das exportações, haveria mais moeda em circulação no mercado interno, induzindo a população a consumir produtos estrangeiros, e, como conseqüência, o saldo da balança comercial se tornaria negativo, além de gerar inflação. Assim, na melhor das hipóteses, a política mercantilista só traria vantagens no curto prazo.
Os mercantilistas também foram criticados por sua visão estática da economia mundial. Os críticos apontaram para uma suposta “ingenuidade” dos mercantilistas, que deviam achar que o comércio internacional traria vantagens para todos os parceiros comerciais, e acusavam o Mercantilismo de ser uma prática que beneficiava apenas as nações exportadoras (Metrópoles), em detrimento de seus parceiros comerciais (Colônias).
Essa visão, contudo, foi contestada por Adam Smith, em 1776, com a publicação de A Riqueza das Nações, onde ele explicava que o comércio internacional pode beneficiar as nações em geral a partir da especialização e da Divisão Internacional do Trabalho, os quais elevam o nível geral de produtividade de um país, e, desse modo, aumentam o produto mundial.
Para justificarem este ponto de vista, Adam Smith elabora a Teoria da Vantagem Absoluta e David Ricardo a Teoria da Vantagem Comparativa, as quais se complementam e juntas constituem as bases da política econômica liberal.
Em sua obra A Riqueza das Nações, Adam Smith aponta que o sistema de mercado é composto do mais eficaz veneno ao bem estar da sociedade, mas que ao mesmo tempo, também lhe oferece o antídoto. Isto é, atendendo às suas próprias necessidades, os produtores tendem a elevar os seus preços ao máximo, a fim de obterem o maior lucro possível. Entretanto, se algum outro produtor do mesmo produto mantiver seu preço abaixo daquele outro, o mercado deixará de comprar do produtor que impôs um preço mais elevado, e comprará do produtor que oferece o preço menor. O mesmo acontece com os salários: se um produtor resolve reduzir os salários, logo os trabalhadores buscarão outra empresa, que ofereça salários maiores, para nela trabalharem. Ou seja, dessa maneira, o sistema de mercado se auto-regula.
5.2. François Quesnay (França: 1694-1774) - Fisiocracia
No século XVIII, uma escola de pensamento francesa, elaborou alguns trabalhos de grande relevância. Entre eles, havia um em especial, elaborado pelo médico dos membros da Corte francesa, François Quesnay (autor de Tableau Économique), que acreditava que o fluxo da riqueza entre a sociedade deveria fluir de maneira semelhante à do fluxo sanguíneo, ou seja, para todas as partes. Em seu Tratado de Economia, ele propunha que a economia deveria ser dividida em setores e apresentava a relação entre eles. O setor mais importante da economia, o único responsável pela criação da riqueza, envolvia as atividades relacionadas à agricultura, à pesca e à pecuária. As demais atividades compunham os setores meramente complementares, como finanças e comércio, enquanto que outros até mesmo desnecessários.
Isto é, para os fisiocratas, a riqueza sempre estaria relacionada a questões naturais, determinadas pela Providência Divina. Assim, atividades como a agricultura, a pesca e a pecuária eram as únicas capazes de produzir riquezas, e, deste modo, sugeriam que as atividades complementares, como o comércio e as finanças, fossem reduzidas ao mínimo necessário. Dessa maneira, a maior parte dos trabalhadores poderiam se dedicar às atividades agrícolas ou extrativistas, que são, segundo seu ponto de vista, as únicas capazes de produzir riqueza. Aparentemente, na França daquela época, num mundo cuja população que cresce a cada dia, na qual a atividade primordial era a agrícola e cujos recursos para a sobrevivência são naturalmente escassos, nada mais normal.
5.3. Adam Smith (Inglaterra: 1723-1790) – Teoria da Vantagem Absoluta
Adam Smith se opunha aos pressupostos da Fisiocracia e defendia a existência do livre-comércio, baseando-se no fato de que o comércio promove a divisão internacional do trabalho. Com o livre-comércio, as nações poderiam dedicar-se à produção dos bens que pudessem produzir de maneira mais barata, com todos os benefícios resultantes da divisão do trabalho.
Basicamente, há dois tipos de diferenciais que propiciam as condições necessárias à produção com baixo custo. O primeiro tipo diz respeito às condições naturais, como fontes de matéria-prima e condições climáticas, enquanto que o segundo está ligado às condições técnicas, como tecnologia e eficiência da mão-de-obra. Juntas, essas características determinam o grau de eficiência do país para a fabricação de um bem, o que, consequentemente, determinará seu grau de competitividade.
Quando Adam Smith aborda a questão “custo”, afirma que o custo de um produto deve ser determinado pela quantidade de trabalho necessária para a sua produção (Teoria do Valor-Trabalho). Assim, o país onde a quantidade de trabalho necessário para produzir um determinado bem é menor, produz o bem de menor custo, mostrando-se mais competitivo.
Para balancear os ganhos dos países através do comércio internacional, Adam Smith defende a idéia de que se cada país se tornar mais competitivo na produção de um bem, poderá vendê-lo a menores custos que seus concorrentes, e com as receitas dessas exportações poderão comprar os bens produzidos por outros países, que possuem vantagem absoluta em sua produção.
De acordo com essa teoria, o país que necessitar de uma quantidade menor de fatores de produção (terra, capital, mão-de-obra, insumos agrícolas, tecnologia, etc.) para produzir um bemespecífico, apresentará Vantagem Absoluta em relação aos seus concorrentes. Portanto, ele será mais eficiente, pois terá condições de produzir o bem com menor utilização de trabalho, o custo de obtenção de matéria-prima será menor, etc.
5.4. Thomas Malthus (Inglaterra: 1766-1834) - Crescimento da População e Produção de Alimentos
Filho de um grande proprietário de terras inglês, Thomas Malthus foi o primeiro economista a sistematizar uma teoria geral sobre a população. Ao analisar o crescimento populacional, constatou que esse crescimento dependia rigidamente da oferta de alimentos. A partir dessa confirmação, Malthus passou a dar apoio à Teoria dos Salários de Subsistência.
Para Malthus, a causa de todos os males da sociedade residia no excesso populacional: enquanto a população crescia em progressão geométrica, a produção de alimentos seguia em progressão aritmética. Dessa forma, o potencial de crescimento da população excedia em muito o potencial de produção de alimentos.
De acordo com Malthus, a capacidade de crescimento da população é dada pelo instinto de reprodução, mas encontra um conjunto de obstáculos que a limitam, tais como a miséria, o vício e a contenção moral, que atuam sobre a mortalidade e a natalidade. Entretanto, embora eventualmente se consiga implementar melhorias na qualidade de vida da massa populacional, ao passo que ela cresce e se deteriora, essas melhorias são anuladas, exigindo, portanto, novo esforço econômico. Em função disso, Malthus defendia o adiamento dos casamentos, a limitação voluntária de nascimentos nas famílias pobres, e concebia as guerras como uma solução para interromper o crescimento populacional. Porém, Malthus não previu o ritmo e o impacto do progresso tecnológico na agricultura, nem nas técnicas de controle da natalidade que se seguiram.
Uma das grandes contribuições teóricas de Malthus está relacionada à sua concepção de que o nível de desenvolvimento econômico de uma nação é razão do nível de demanda de sua população (mais tarde, Keynes viria a utilizar-se desse pensamento em suas teorias). Desse modo, deixando aflorar sua origem Protestante, justifica os elevados gastos das camadas mais ricas da população, justificando que tais gastos fariam com que a economia se aquecesse, desenvolvendo a nação. Contudo, como filho de proprietários de terras, não defende a industrialização da Inglaterra, pois acreditava que ao não se dedicar à produção de alimentos, as pessoas estariam contribuindo para a elevação nos preços desses produtos.
5.5. Jean-Baptiste Say (França: 1767-1832) – Lei de Say
Filho de mercadores te tecidos, foi muito influenciado pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa. Também foi influenciado pelo pensamento de Adam Smith, que defendia o livre comércio. Como filho de comerciantes, nada mais natural que J. B. Say defender esse pensamento.
Sua grande contribuição teórica para a economia consiste na Lei de Say, segundo a qual, ao contrário de Malthus, é a oferta que determina a demanda. Ou seja, é a oferta que cria a demanda. E vai mais além, afirmando que a oferta de um produto acaba gerando a demanda por outros produtos.
Com uma visão cosmopolita, acreditava que o desenvolvimento da humanidade levaria ao surgimento de um comércio universal, ou até mesmo uma República Universal, onde o livre comércio predominaria e configuraria todas as relações econômicas existentes em meio a toda humanidade, contudo não foi capaz de vislumbrar processos de união político-econômica, como as que presenciamos há algumas décadas, como a formação de blocos econômicos (ex.: União Europeia).
5.6. David Ricardo (Inglaterra: 1772-1823) – Teoria das Vantagens Comparativas
Uma das mais importantes teorias que se referem ao desenvolvimento da capacidade produtiva dos países é a Teoria da Vantagem Comparativa, elaborada por David Ricardo, segundo a qual o comércio entre dois países pode ser benéfico, mesmo quando um deles é mais produtivo que o outro, pois o que importa não é o custo absoluto de produção, mas a razão de produtividade que cada país possui.
De acordo com a Teoria da Vantagem Comparativa, o que importa não são os custos absolutos da produção, mas os relativos, ligados à capacidade de especialização. Assim, os países deveriam especializar-se na produção daquilo que fazem melhor, a fim de adquirirem maior Vantagem Comparativa (competitividade) que os demais. Então, conseguiriam produzir mais, produzir melhor e com custos mais baixos, o que propiciaria as condições favoráveis ao abastecimento de seus mercados internos e possibilitaria a comercialização dos excedentes no mercado internacional.
Utilizando-se desse princípio nos dias atuais, podemos dizer que se um país é grande produtor de um determinado bem, a produção em massa faz com que seu custo caia. Consequentemente, a população desse país terá fácil acesso a este produto, gerando receita para as empresas produtoras e mantendo os níveis de emprego no país.
Além disso, se a produção do bem superar a quantidade demandada pelo mercado interno, esse excedente poderá ser exportado, novamente gerando receita, e promovendo melhores condições para que se possam importar outros produtos que não são produzidos internamente. Desta forma também se mantém os empregos na indústria interna, uma vez que as empresas necessitam de mão-de-obra suficiente para atender às demandas do mercado internacional.
Países que exploram sua vantagem comparativa em relação a outros países, ou seja, países que direcionam seus recursos e esforços para a produção daquilo que realmente são bons, conseguem se destacar em relação aos outros na produção e oferta desses bens. A aplicação de recursos na produção de bens em que as empresas de uma nação são competitivas, afeta diretamente a qualidade de vida da população do país.
Imaginemos que temos dois países, “A” e “B”, e que o país “A” possui Vantagem Absoluta para a produção de vinho e tecido (por exemplo), conforme o quadro abaixo:
			PRODUÇÃO POR HORA
	PAÍS
	VINHO
	TECIDO
	A
	40 garrafas
	40 metros
	B
	20 garrafas
	10 metros
Suponha que na produção de vinho, o país “A” tem mais Vantagem Absoluta que o país “B” em uma razão de 2/1 e que na produção de tecidos essa vantagem cresce para 4/1. Ou seja, o país “A” tem maior Vantagem Absoluta na produção dos dois produtos.
Mesmo que o país “A” possua Vantagem Absoluta na produção desses dois bens, se o país “B” reduzir os custos relativos (Vantagem Comparativa) de sua produção de vinho, aumentando a produtividade, melhorando a qualidade e reduzindo os custos com salário, poderá obter maior Vantagem Comparativa que o país “A”, tornando-se, o mais indicado para a fabricação de vinho.
Ou seja, a Vantagem Comparativa é um componente que pode ser transferido de um país para outro. Isto é, se uma nação “A” tem Vantagem Comparativa na produção de um bem, mas o país “B” consegue fazer com que a produtividade desse bem cresça, enquanto que a produtividade do país “A” continua estática, pode-se dizer que o país “B” adquiriu Vantagem Comparativa em relação ao país “A”.
David Ricardo, com sua Teoria da Vantagem Comparativa, indica que a especialização e o comércio podem conduzir a ganhos para ambas as nações, quando existe vantagem comparativa. Sua teoria, no entanto, dependia da hipótese restritiva da teoria do valor adotada para o trabalho, não qual supunha-se que a força-de-trabalho fosse o único fator de produção. Na prática, contudo, a mão-de-obra é apenas um entre vários fatores de produção.
Reconhecendo as limitações da teoria do valor-trabalho, a teoria comercial moderna proporciona uma teoria da vantagem comparativa de âmbito mais amplo, empregando a Curva de Possibilidades de Produção.
A Curva de Possibilidades de Produção indica várias combinações alternativas de dois bens que uma nação pode produzir quando todos os seus fatores de produção (terra, mão-de-obra, capital, etc.) são utilizados de maneira mais eficiente. Portanto, ilustra

Outros materiais