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Fundamentos Psicológicos da Educação Psicologi@s no Contexto Educacional Profª Rosária I. Sperotto Mestrandos: Ana Paula Margarittes Bruno Vieira Joao Hirdes Outono de 2010 UFPel –FaE A PSICOLOGIA CIENTÍFICA status de ciência é obtida a partir do momento que se liberta da filosofia, produção de novos conhecimentos que passam a definir: ◊ Objeto de estudo: o comportamento, a vida psíquica, a consciência; ◊ Campo de estudo delimitado: diferenciado-o de outras áreas do conhecimento: filosofia e fisiologia; ◊ Formular teorias enquanto um campo consistente de conhecimento na área. Escolas: suas características e vigência.ESCOLA VIGÊNCIA LUMINARES TEMÁTICA MÉTODO Estruturalismo 1880-1920 Wundt; Tichener Mente; Consciência Experimentação Introspecção Funcionalismo 1900 Dewey; Carr; Woodwort Adaptação ao meio; Reações funcionais dos comportamentos Intr Introspecção Experimentação Behaviorismo 1915-1960 Pavlov; Watson; Skinner Comportamento Experimentação Psicanálise 1900-1950 Freud Jung Erikson Motivação inconsciente; sexualidade; desajustes Associação de idéias; análise dos sonhos Gestalt ou Psicologia da forma 1915 -1960 Werthemeir Koffka Koehler Percepção Fenomenológico Observação UM POUCO DA HISTÓRIA DAS ESCOLAS PSICOLÓGICAS • Da fundação da Psicologia como ciência em 1879, por Wilhelm Wundt, até em torno de 1960, os primeiros 80 anos da Psicologia como ciência, caracterizam-se como o período chamado de época das escolas. Período das escolas • O chamado período das escolas foi até em torno de 1960, quando a pretensão de cada escola de ser uma explicação completa e coerente para os fenômenos mostrou-se inviável: a quantidade de informação produzida questionando cada uma das escolas era tamanha, que produziu o “rompimento” das escolas. • Isto levou a uma abertura em relação ao diálogo entre as correntes, ao contrário da posição vigente anteriormente, fechada e “absolutista”. • Em alguns casos, levou à visão de complementaridade entre correntes de pensamento; •construtivismo, que vigora em Psicologia da Educação, sobre o que falaremos adiante. Esta posição de diálogo das escolas, pode ver refletida em novas maneiras de se olhar o momento atual, dando lugar para teorias que tentam enfocar a questão da Pós-modernidade como por exemplo, na Teoria da Complexidade de Edgar Morin; •ou através dos autores como Deleuze, (1925-1995) nasceu em 1925 onde viveu sua juventude até a invasão dos alemães. Quando isto ocorreu estava na Normandia em férias. Após a guerra estudou Filosofia na Sorbonne; • Guattari e Deleuze que desenvolveram o importante conceito de rizoma, que ressalta a importância do pensamento não linear para se entender a atualidade. Estes autores afirmam que não há hierarquia entre os conhecimentos, já que eles se aproximam e se afastam entre si, mas se tocam em alguns pontos. • A relação entre os conhecimentos é pensada através de uma metáfora, em que os conhecimentos são comparados à grama que cobre o solo e com diversos pontos onde nascem, mas quando se espalham pela superfície do campo, acabam por se encontrar e se tocar. A Psicologia vive em crise permanente: • diversidade de posições teóricas e metodológicas - complexidade - objeto de estudo – o homem. A instabilidade epistemológica da Psicologia faz com que siga em ziguezague em termos de modas psicológicas ; • as escolas mais clássicas se desdobram, e além disto há o surgimento de novas correntes: Etologia; Psicologia Ecológica; Psicodrama; Construtivismo; Psicologia Histórico-Cultural; Abordagem Cognitiva- Comportamental; Existencialismo; Abordagem Reichiana; Psicologia Analítica de Yung, etc. Dentro da Psicanálise, por sua vez, existem subdivisões como por exemplo: Psicologia do Ego; Psicanálise Lacaniana, entre outras... ; Concepção de homem e concepção de mundo • Após uma apresentação destas escolas, dois fenômenos centralizam nosso estudo: desenvolvimento e aprendizagem. • Algumas escolas psicológicas contribuíram de modo mais significativo para pensarmos os processos de desenvolvimento e aprendizagem dentro da área da educação. • Nenhuma destas abordagens é completa; cada corrente têm se dedicado a temas específicos; o conhecimento produzido já é de início, incompleto na medida em que não contempla o homem como um todo. • No momento em que vivemos, em que há esta perspectiva de um conhecimento mais integrado da Psicologia, cabe ressaltar que a realidade está em constante movimento e assim, é preciso estar sempre em um processo de construção deste conhecimento, que ele não é um conhecimento absoluto, mas relativo, um recorte da realidade; • 1.1 Objeto: elementos da consciência; os estados de consciência. • 1.2 Método: analítico; introspectivo (denominado por Wundt de percepção interior) experimentação. • 1.3 Contribuição: Wundt, Titchner e outros importantes seguidores do estruturalismo contribuíram para a constituição da Psicologia como ciência, separando-a da metafísica e da Filosofia. Estruturalismo Estruturalismo • 1.1 Objeto: elementos da consciência; os estados de consciência. • 1.2 Método: analítico; introspectivo (denominado por Wundt de percepção interior) experimentação. • 1.3 Contribuição: Wundt, Titchner e outros importantes seguidores do estruturalismo contribuíram para a constituição da Psicologia como ciência, separando-a da metafísica e da Filosofia. 2. Funcionalismo • 2.1 Objeto: comportamentos e atividades mentais como adaptação. • 2.2 Métodos: comparativo; introspecção e experimentação. • 2.3 Contribuições: podem ser percebidas em diferentes áreas da Psicologia, como a Psicologia social, da aprendizagem, das organizações, ergonomia, educacional e clínica. • Começou com Willian James (1842 - 1910) por volta de 1900. Sua força deriva, em parte, da oposição ao estruturalismo; • o nome psicologia funcional cabe a uma Psicologia que procura responder exata e sistematicamente a “o que fazem os homens?” e “por que o fazem?” Funcionalismo • As três grandes influências sofridas pelo sistema foram: a teoria da evolução de Charles Darwin; os estudos sobre a capacidade humana e diferenças individuais de Galton; e por fim, o estudo do comportamento animal de Romanes e Morgan. Principais Teorias do século XX • Behaviorismo • Gestalt • Psicanálise • Piaget • Vigotsky e a Psicologia Sócio histórica Burrhus Frederic SKINNER (1904-1990) • O Behaviorismo se baseia fundamentalmente na previsibilidade das reações aos estímulos e reforços. Seus objetivos educacionais buscam resultados definidos antecipadamente, para que seja possível, diante de uma criança ou adolescente, projetar a modelagem de um adulto. COMPORTAMENTALISTA/ BEHAVIORISTA • o comportamento é aquilo que pode ser objetivamente estudado; • a personalidade é uma coleção de comportamentos objetivamente analisáveis; • Expressam tipos variados de condicionamento; • o comportamento pode ser modelado através da administração de reforços positivos e negativos, o que implica também numa relação causal entre reforço (causa) e comportamento (efeito); Contribuições para a educação • Professor – Modelador de comportamentos através de reforços positivos e negativos; • Ensino – mudança do comportamento. • O Behaviorismo ignora a consciência, os sentimentos e os estados mentais. Jean PIAGET (1896 - 1980 ) • Sua teoria chamada de Epistemologia Genética ou Teoria Psicogenética é a mais conhecida concepção construtivista da formação da inteligência; em sua teoria, explica como o indivíduo,desde o seu nascimento, constrói o conhecimento. A Teoria Piagetiana Interacionista • Construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação ou, acomodação e assimilação dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou conhecimento. Estágios de desenvolvimento • De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo é um processo de sucessivas mudanças qualitativas e quantitativas das estruturas cognitivas derivando cada estrutura de estruturas precedentes. Ou seja, o indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas que o tornam cada vez mais apto ao equilíbrio. • Essas construções seguem um padrão denominado por Piaget de ESTÁGIOS que seguem idades mais ou menos determinadas. Todavia, o importante é a ordem dos estágios e não a idade de aparição destes. Papel do ensino e da aprendizagem • Professor – desequilibrador e facilitador; • Aprendizagem – acontece por desequilíbrios e equilíbrios sucessivos. Sigmund FREUD (1856 – 1939) • Sigmund Freud inicia seu pensamento teórico trazendo a noção de inconsciente. Cria a Teoria psicanalítica; Teoria Psicanalítica • No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente; Contribuições para a educação • As ações humanas são “guiadas” pela ordenação do caos aparente a partir de três componentes básicos estruturais da psique: Id, o Ego e o Superego. • O Id - contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento – instintos; • O Ego - é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa; se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade; • O Superego – Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego; atua como um juiz ou censor. A perspectiva sócio-histórica - Lev S. Vygotsky (1896-1934) 1. Professor, pesquisador, advogado, filósofo e historiador; com 22 anos dedica-se a neuropsicologia 2. nasceu e viveu na Rússia em 1896; morreu de tuberculose tinha 34 anos; 3. sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio social. 4. Propõe o interacionismo, que é baseado em uma visão de desenvolvimento apoiada na concepção de um organismo ativo, onde o pensamento é construído gradativamente em um ambiente histórico e, em essência, social – cultura molda/determina a maneira de pensar; 1. Significados básicos de palavras adquiridos funcionarão como embriões para a formação de novos e mais complexos conceitos. 2. Quando falta a palavra para nomear um novo objeto, a criança recorre a quem pode auxiliá-la. 3. Preocupado com a formação da mente, com os estágios de desenvolvimento dos seres humanos, com a linguagem, com o pensamento em diferentes culturas e com a relação sujeito-ambiente-trabalho; 4. Quando falta palavra para nomear um novo conceito, nós recorremos a quem? 1. O desenvolvimento : relacionado ao contexto sócio-cultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e dialética) através de rupturas e desequilíbrios provocadores de contínuas reorganizações; 2. Impossível considerar o desenvolvimento do sujeito como um processo previsível, universal, linear ou gradual; 3. Com a interação de membros mais maduros da comunidade, as crianças assimilam ativamente aquelas habilidades que foram construídas ao longo de milênios: sentar, a andar, a controlar os esfíncteres, a falar, usar talheres, a tomar líquidos em copos; 4. A língua é histórica e o pensamento reflexo da linguagem; 5. A linguagem vem antes e determina o pensamento, representa a realidade e o contexto social; 1. O desenvolvimento do sujeito humano se dá a partir das constantes interações com o meio social em que vive, já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social. 2. O desenvolvimento do psiquismo humano é sempre mediado pelo outro, que indica, delimita e atribui significados à realidade. 3. Por intermédio dessas mediações, os membros imaturos da espécie humana vão pouco a pouco se apropriando dos modos de funcionamento psicológico, do comportamento e da cultura, enfim, do patrimônio da história da humanidade e de seu grupo cultural. 4. Quando internalizados, estes processos começam a ocorrer sem a intermediação de outras pessoas. 1. o processo não pode ser reduzido à atenção, à associação, à formação de imagens, à inferência, ou às tendências determinantes - são indispensáveis, porém insuficientes sem o uso do signo, ou palavra, como meio pelo qual conduzimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção à solução do problema que enfrentamos; 2. Capacidade de generalizar e abstrair nos liberta dos limites da experiência concreta; 3. O significado da palavra transforma-se ao longo do desenvolvimento do sujeito; 4. O desenvolvimento conceitual não se dá de forma definitiva, mas gradual; Relação entre Desenvolvimento e Aprendizagem em Vygotsky competência lingüística interage entre dois processos, já que é por meio da apreensão e internalização da linguagem que a criança se desenvolve; a diversidade nas condições sociais promove aprendizagens; a aprendizagem cria a “zona de desenvolvimento proximal”; o „ bom aprendizado ‟ é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento. o processo de apropriação do conhecimento se dá no decurso do desenvolvimento de relações reais, efetivas do sujeito com o mundo. os conceitos "cotidianos" e os conceitos "científicos". ▪cotidianos aqueles que durante seu processo de desenvolvimento, a criança vai formulando na medida em que utiliza a linguagem para nomear objetos e fatos, presentes em sua vida diária. ▪quanto mais interage dialogicamente com seus semelhantes, mais vai se distanciando de uma fase em que o conceito está diretamente ligado ao concreto, para tornar cada vez mais abstrata a forma de generalizar a realidade. ▪científicos, formados a partir da aprendizagem sistematizada e, portanto, a partir do momento em que a criança se defronta com o trabalho escolar. todo ser humano é capaz de criar. arte não monopoliza a criatividade. há necessidade de um ambiente que estimule a criatividade, que procure aguçar a curiosidade, fazendo com que a criança avance nos seus conhecimentos. maiores experiências irão proporcionar maiores idéias, que serão fontes de um trabalho criativo. o ato de criar A atuação de Vigotsky em relação à educação especial ▪"A educação para estas crianças deveria se basear na organização especial de suas funções e em suas características mais positivas, ao invés de se basear em seus aspectos mais deficitários." ▪Uma prática pedagógica que tome como ponto de partida a deficiência em si, previamente, determina o que a pessoa portadora de deficiência não pode alcançar. ▪Ao procuramos com ele as "vias de acesso" à constituição de conhecimentos e valores, estaremos possibilitando que aprenda e se desenvolva, apesar da deficiência, sem previamente determinarmos até onde terá condições de caminhar.
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