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Este conceito amplo de Economia Rural carece de compreensão sobre como utilizá-lo na
prática para cumprir as funções socioeconômicas da agricultura e contribuir para enfrentar, talvez, o
maior problema da humanidade neste século que é a fome e a desnutrição. Sabe-se que o setor rural
é o que apresenta a maior capacidade de resposta, a um menor custo e maior dinamismo por:
a) Utilizar racionalmente os fatores de produção, tecnologia apropriada e reduzir os impactos
ambientais;
b) Produzir alimento e fibra para consumo, processamento e exportação, reduzindo a fome;
c) Criar oportunidade de trabalho e emprego, gerar e distribui renda, ampliar o tamanho do
mercado de produtos e de fatores, reduzindo a pobreza;
d) Contribuir para controlar a inflação e equilibrar a balança comercial, via exportações de
commodities e produtos de maior valor agregado;
e) Colaborar com o desenvolvimento econômico em função das ligações que estabelece com as
atividades a montante e a jusante, formando cadeias produtivas integradas e dinâmicas.
Um dos pontos cruciais da aplicabilidade do conceito de Economia Rural e compreender o
que são os fatores de produção e como são alocados nas atividades rurais.
1.2 FATORES DE PRODUÇÃO
Por fatores de produção, compreendem-se os meios utilizados pelo homem para produzir
bens e serviços, destinados à população presente e futura. Esses fatores possuem as características
de serem limitantes em quantidade, em função do Estado da arte, e versáteis por ter uso múltiplo e
permitir combinações em proporções variáveis.
A classificação mais usual para os fatores de produção é a seguinte: trabalho (T), capital (K)
e recursos naturais (N).
a) Trabalho (T): é a contribuição do ser humano na produção, na forma de atividade física
(trabalho do diarista na agricultura, peão na pecuária, técnico agrícola, funcionários na
agroindústria, etc.) e atividade mental (gestão e controle – contador, administrador,
agrônomo; consultor – veterinário, agrônomo, engenheiro florestal, zootecnista, engenheiro
de pesca, advogado, etc.). O trabalho na unidade de produção rural é identificado por:
emprego permanente (trabalho remunerado e com carteira assinada, consultoria
permanente), emprego temporário (trabalho remunerado com ou sem carteira assinada; mão-
de-obra do diarista ou trabalho eventual), trabalho da família (a grande maioria não é
remunerada), serviço de empreitada (prestação de serviço), mutirão (geralmente ocorre nas
comunidades rurais, mediante a troca de dias de trabalho onde todos participam).
b) Capital (K): o capital pode ser classificado em fixo e variável, de acordo com o tempo de uso.
O capital fixo é o conjunto de ferramentas, equipamentos, máquinas e instalações (armazém,
casa de máquinas, estábulo, conjunto de irrigação, estrada, barragem, etc.), fabricados ou
construídos pelo homem e que contribuem para a produção de bens e serviços. Este tipo de
capital é incorporado lentamente ao processo produtivo e uma vez adquirido, seu custo
independe da quantidade produzida. Assim, se um agricultor adquire um trator por 100
unidades monetárias, cujo uso racional permite arar 300 ha de terra por ano e o agricultor ara
apenas 20 ha e deixa o trator parado o resto do ano, o custo empatado é o mesmo que
trabalhasse os 300 ha. Portanto não há como recuperar o custo investido em capital fixo que
não é utilizado. O capital variável, como o próprio nome indica, varia com a quantidade
produzida. Ele se incorpora ao processo produtivo em um único ato de produção. São
exemplos: sementes, adubo, fertilizantes, agrotóxicos, mão-de-obra temporária, combustível,
sacaria, etc. Se para o cultivo de um hectare são necessários 200 kg de adubo, cinco
hectares necessitam de uma tonelada de adubo. Portanto, o uso do insumo varia com a
quantidade produzida.
c) Recursos Naturais (N): são os elementos da natureza que o homem utiliza para produzir
bens. A terra é o principal fator de produção entre os recursos naturais. A terra oferece o
substrato de sustentação das lavouras (culturas temporárias e permanentes), pastagens para
a pecuária, plantio de florestas, construção de edificações rurais, etc. De acordo com sua
fertilidade e proximidade dos mercados e da infra-estrutura de estradas, alcança maior preço