LIVRO DE ECONOMIA RURAL Utilizado na UFRAACS - Livro gtz[1]

Economia Rural

UFRA

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ELEMENTOS DE ECONOMIA, AGRONEGÓCIO
E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Série Acadêmica, 01
ANTÔNIO CORDEIRO DE SANTANA
Professor da UFRA
ii
MINISTÉRIO DA EDU CAÇÃO
Ministro: Tarso Genro
UNIVERSIDADE FEDERAL RU RAL DA AMAZÔNIA
Reitor pro tempore: Manoel Malheiros Tourinho
Vice-reitor pro tempore: Waldenei Travassos de Queiroz
INSTITUTO SOCIOAMB IENTAL E DOS RECURSOS HÍ DRICOS
Diretor: Raimundo Aderson Lobão de Souza
Professor: Antônio Cordeiro de Santana
CAPA: Antônio Cordeiro de Santana
EDITORAÇÃO: Graphitte
AGÊNCIA ALEMÃ DE COOPERA ÇÃO TÉCNICA – GTZ
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE DRESDEN - TUD
Esta publicação foi financiada pela Agência Alemã de Cooperação Técnica – GTZ,
no âmbito do Convênio entre a UFRA e a TUD.
Santana, Antônio Cordeiro de
Elementos de economia, agronegócio e desenvolvimento local / Antônio Cordeiro de Santana.
Belém: GTZ; TUD; UFRA, 2005.
197 p. il.
1. Agronegócio. 2. Arranjo produtivo local. 3. Desenvolvimento local. I. Título.
CDD – 338.1
iii
AGRADECIMENTO
Esta Apostila Didática foi desenvolvida com o apoio financeiro da Agência Alemã de
Cooperação Técnica (GTZ), mediante convênio de cooperação envolvendo a Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA) e a Universidade Técnica de Dresden (TUD). O apoio embora pequeno
para o objetivo pretendido de publicar um livro, permitiu disponibilizar parte da literatura empregada
nos cursos de graduação e pós-graduação da UFRA. Trata-se, pois, de um texto transversal, em que
a distinção entre a graduação e a pós-graduação é o aprofundamento da análise. Com isto,
disponibiliza-se temas de fronteira para toda a comunidade de estudantes e professores da UFRA.
Agradecemos ao professor Fernando Mendes pela leitura do capítulo 4 desta apostila e a
Raimunda Lima pela revisão do texto.
Agradecemos ainda aos estudantes do doutorado, Ismael Matos da Silva e Iracema Cordeiro
pelo fornecimento de algumas planilhas de custo de atividades produtiva.
Finalmente, agradecemos ao Max e a Izildinha pelo empenho para que este apoio financeiro
se tornasse efetivo.
iv
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ............................................................................................................................................ 1
CONCEITO DE ECONOMIA RURAL ......................................................................................................1
1.1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.2 FATORES DE PRODUÇÃO .........................................................................................................2
1.3 PRINCIPAIS TIPOS DE UNIDADES DE PRODUÇÃO ................................................................ 7
1.3.1 Agricultura tradicional ou de baixa renda .............................................................................. 7
1.3.2 Agricultura sustentável ou ecológica ..................................................................................... 9
1.3.3 Agricultura integrada ou moderna ....................................................................................... 10
1.3.4 Agricultura de precisão ........................................................................................................ 11
1.4 QUESTÕES ECONÔMICAS....................................................................................................... 13
1.5 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM .......................................................................................... 15
1.6 REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 16
CAPÍTULO 2 .......................................................................................................................................... 17
MERCADO DE PRODUTOS RURAIS .................................................................................................. 17
2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 17
2.2 MERCADO: FUNDAMENTOS E APLICAÇÕES ........................................................................ 17
2.3. FORÇAS DO MERCADO: DEMANDA E OFERTA ................................................................... 18
2.3.1 Conceito de demanda .......................................................................................................... 18
2.3.1.1 Análise e aplicação da demanda ...................................................................................... 22
2.3.1.2 Análise da demanda, incluindo a renda. .......................................................................... 25
2.3.1.3 Análise da demanda, incluindo a renda e um produto substituto..................................... 27
2.3.2 Oferta: conceito, análise e aplic ação ................................................................................... 28
2.3.2.1 Análise da oferta ............................................................................................................... 31
2.3.3 Equilíbrio de mercado .......................................................................................................... 32
2.3.3.1 Aplicação e análise do co nceito de equilíbrio................................................................... 34
2.4 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E DA OFERTA .......................................................... 37
2.4.1 Elasticidade-preço da demanda .......................................................................................... 37
2.4.2 Elasticidade-preço da oferta ................................................................................................ 40
2.4.3 Elasticidade-renda e elasticidade-cruzada da demanda ..................................................... 43
2.5 MERCADO E EFICIÊNCIA ECONÔMICA .................................................................................. 45
2.5.1 Excedente do consumidor – EC .......................................................................................... 45
2.5.2 Excedente do Produtor – EP ............................................................................................... 47
v
2.5.3 Excedente econômico - EE ................................................................................................. 48
2.6 REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 51
2.7 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM .......................................................................................... 51
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................................................... 55
COMERCIALIZAÇÃO E MARGENS DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS ........................................ 55
3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 55
3.2 MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO .......................................................................................... 56
3.3 APLICAÇÃO EMPÍRICA DA MARGEM DE COMERCIALIZAÇÃO ............................................ 58
3.4 REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 60
3.5 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM .......................................................................................... 61
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................................................... 63
ELEMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS RURAIS ....................... 63
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 63
4.2 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DO PROJETO ....................................................... 63
4.2.1 Aspectos técnic os ................................................................................................................ 63
4.2.2 Aspectos econômicos .......................................................................................................... 64
4.3 ENGENHARIA DO PROJETO .................................................................................................... 64
4.3.1 Orçamento unitário .............................................................................................................. 65
4.4 AVALIAÇÃO DO PROJETO ....................................................................................................... 66
4.4.1 Fluxo de Caixa ..................................................................................................................... 67
4.4.2 Critérios de avaliação .......................................................................................................... 68
4.4.2.1 Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................................................... 68
4.4.2.2 Taxa Interna de Retorno (TIR).......................................................................................... 70
4.4.2.3 Relação Benefício-Custo (Rb/c) ....................................................................................... 74
4.4.3 Análise de sensibilidade ...................................................................................................... 75
4.5 APLICAÇÃO A UM SISTEMA AGROFLORESTAL (SAF) ......................................................... 76
4.6 REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 78
4.7 EXERCÍCIO DE APRENDIZAGEM ............................................................................................ 79
APÊNDICE – ORÇAMENTOS UNITÁRIOS.......................................................................................... 81
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................................................... 83
AGRONEGÓCIO, CADEIA PRODUTIVA E CADEIA DE SUPRIMENTO ............................................ 83
5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 83
5.2 CADEIA DE SUPRIMENTO ........................................................................................................ 85
5.3 CONCEITO DE CADEIA DE SUPRIMENTO OU SUPPLY CHAIN............................................ 85
5.3.1 Quem são os clientes? ........................................................................................................ 86
5.3.2 Distribuição: atacado e varejo ............................................................................................. 87
5.3.3 Processamento agroindustrial ............................................................................................. 88
5.3.4 Produtores rurais ................................................................................................................. 89
5.3.5 Fornecedores ....................................................................................................................... 89
5.3.6 Legislação e regulamentação .............................................................................................. 90
vi
5.4 CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO OU REDE DE DISTRIBUIÇÃO .................................................... 91
5.4.1 Sistema vertical dos canais de distribuição ......................................................................... 94
5.5 PLANEJAMENTO DO CANAL DE DISTRIBUIÇÃO ................................................................... 96
5.5.1 Logística de distribuição ...................................................................................................... 97
5.5.2 Fluxos da cadeia de suprimento .......................................................................................... 98
5.5.3 Matriz FOFA (SWOT) de planejamento ............................................................................ 100
5.5.4 Visão global do processo de gestão de uma cadeia de suprimento ................................. 103
5.5.4.1 Visão cíclica do processo de transação comercial ......................................................... 103
5.5.5 Governança ....................................................................................................................... 105
5.6 CONSIDERACÕES FINAIS ...................................................................................................... 107
5.7 REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 108
5.8 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM ........................................................................................ 109
ANEXO – CONCEITOS BÁSICOS ..................................................................................................... 111
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................................ 115
MAPEAMENTO E ANÁLISE DE ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS NA AMAZÔNIA .................. 115
6.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 115
6.2 CONCEITO DE ARRANJO PRODUTIVO LOCAL - APL ......................................................... 116
6.3 METODOLOGIA ....................................................................................................................... 118
6.3.1 Modelo de análise.............................................................................................................. 120
6.3.2 A técnica de componentes principais ................................................................................ 122
6.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................................. 125
6.4.1 Índice de concentração normalizado ................................................................................. 126
6.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 130
6.6 REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 131
6.7 EXERCÍCIOS DE APRNDIZAGEM .......................................................................................... 132
APÊNDICE – ANÁLISE FATORIAL .................................................................................................... 133
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 133
2. O QUE É ANÁLISE FATORIAL .................................................................................................. 134
2.1 OBJETIVO DA ANÁLISE FATORIAL ....................................................................................... 134
2.2 TAMANHO DA AMOSTRA ....................................................................................................... 134
2.3 SUPOSIÇÕES NA ANÁLISE FATORIAL ................................................................................. 134
2.4 ANÁLISE DE FATORES VERSUS ANÁLISE DE COMPONENTES ....................................... 135
2.5 CRITÉRIOS PARA A EXTRAÇÃO DE FATORES ................................................................... 135
2.6 ROTAÇÃO DE FATORES ........................................................................................................ 135
2.7 MODELO BÁSICO DE ANÁLISE FATORIAL ........................................................................... 136
2.8 EXEMPLO DE APLICAÇÃO ..................................................................................................... 138
2.8.1 Adequação dos dados ....................................................................................................... 138
2.8.2 Análise fatorial de componentes ....................................................................................... 139
2.8.3 Interpretação de fatores ..................................................................................................... 139
2.8.4 Nomeação de fatores ........................................................................................................ 140
vii
2.8.5 Equações do modelo ......................................................................................................... 141
2.9 CONSIDERAÕES FINAIS......................................................................................................... 142
2.10 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 142
2.11 EXERCÍCIOSDE APRENDIZAGEM ....................................................................................... 142
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................................ 143
APL E DESENVOLVIMENTO LOCAL NA AMAZÔNIA: EVIDÊNCIAS .............................................. 143
7.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 143
7.2 O FOCO TERRITORIAL E O CONCEITO DE ARRANJO PRODUTIVO ................................. 146
7.2.1 Arranjos produtivos locais e competitividade sistêmica .................................................... 147
7.3 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS COMUNS AOS APL DA AMAZÔNIA ............................................ 153
7.3.1 Centralização das ações de decisão nas empresas ......................................................... 154
7.3.2 Elementos comuns identificados em estudos prévios ....................................................... 154
7.3.3 Elevado grau de integração vertical intra-empresa regional ............................................. 155
7.3.4 Ampla diversidade de produtos e baixo volume de produção........................................... 157
7.3.5 Fontes escassas de recursos e forte aleatoriedade na aplicação .................................... 157
7.3.6 Mercado de produto restrito............................................................................................... 158
7.3.7 Tecnologia ......................................................................................................................... 158
7.3.8 Capacitação da mão-de-obra local .................................................................................... 159
7.3.9 Infra-estrutura de transporte e comercialização ................................................................ 160
7.4 REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 160
7.5 EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM ........................................................................................ 162
CAPÍTULO 8 ........................................................................................................................................ 163
MATRIZES DE INSUMO-PRODUTO E DE CONTABILIDADE SOCIAL ............................................ 163
8.1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 163
8.2 MODELO ESTÁTICO ABERTO DE INSUMO-PRODUTO ....................................................... 164
8.2.1. Exemplo de aplicação do modelo ......................................................................................... 166
8.3 MATRIZ DE CONTABILIDADE SOCIAL .................................................................................. 167
8.3.1 O modelo algébrico da matriz de contabilidade social .......................................................... 169
8.3.2. Aplicação do modelo de MCS .......................................................................................... 174
8.4.3 Efeitos multiplicadores e setores-chave da Região Norte ................................................. 178
8.4.4 Considerações finais ......................................................................................................... 181
8.5 REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 182
8.6 EXERCÍOS DE APRENDIZAGEM ............................................................................................ 184
APÊNDICE – ÁLGEBRA MATRICIAL ................................................................................................. 186
1. TERMINOLOGIA DA ANÁLISE MATRICIAL .............................................................................. 186
2. MANIPULAÇÃO ALGÉBRICA DE MATRIZES ........................................................................... 187
2.1 IGUALDADE DE MATRIZES .................................................................................................... 187
2.2 MATRIZ TRANSPOSTA ........................................................................................................... 187
2.3 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE MATRIZES ................................................................................ 187
3. MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES .............................................................................................. 188
viii
3.1 MULTIPLICAÇÃO POR UM ESCALAR .................................................................................... 188
2.2 MULTIPLICAÇÃO DE MATRIZES ............................................................................................ 188
4. DETERMINANTE DE UMA MATRIZ .......................................................................................... 189
4.1 REGRA GERAL DE LAPLACE ................................................................................................. 190
4.2 PROPRIEDADES DO DETERMINANTE.................................................................................. 191
5. MATRIZ INVERSA ...................................................................................................................... 191
5.1. SOLUÇÃO DE SISTEMAS LINEARES ................................................................................... 193
6. SOLUÇÃO DE MATRIZES NO EXCEL ...................................................................................... 194
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 195
8. EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM .......................................................................................... 195
CAPÍTULO 1
CONCEITO DE ECONOMIA RURAL
1.1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo, apresenta-se o conceito de economia rural como uma aplicação do conceito
de economia ao setor rural. A possível origem da economia rural deve estar vinculada à Escola
Fisiocrata, que marcou seu espaço entre 1750 e 1775 quando nasceu a Escola Clássica. Neste
tempo, o maior representante da Escola Fisiocrata, Dr. François Quesnay, filho de agricultor e médico
de Luís XV, atribuiu grande ênfase ao setor rural ao defendê-lo como único capaz de gerar riqueza.
Deste momento histórico em diante, a produção rural marca cada vez mais, sobretudo na
economia brasileira, importância para o desenvolvimento intersetorial da economia. Até os anos 30, o
Brasil dependia praticamente da economia do café, depois iniciou a diversificação da produção e da
agroindustrialização dos produtos rurais, de modo que na segunda metade do século XX, a pauta de
exportação de produtos rurais se ampliou consideravelmente para café, açúcar, suco de laranja,
algodão, soja, milho, pimenta-do-reino, frutas, flores, madeira, papel e celulose, peixe, camarão,
carnes, óleo vegetal, entre outros.
No início do século XXI, o Brasil passou a ser o maior exportador de carnes, suco de laranja,
açúcar, álcool e o segundo maior exportador de soja, por exemplo. Em 2004, o agronegócio brasileiro
exportou US$ 39 bilhões, gerando um superávit de US$ 34,1 bilhões, representando 48,46% das
exportações totais.
O agronegócio respondeu por 21,6 milhões de empregos, cerca de 30% da população
economicamente ativa e 34% do produto interno bruto (PIB), ou US$ 206 bilhões.
Na Amazônia, o agronegócio empregou 1,3 milhão de pessoas, em 2004, 45% da mão-de-
obra ocupada na região, participou como 22% das exportações e com 39% do PIB, cerca de R$ 33
bilhões.
Pelo que se observa, a Economia Rural é um tópico importante dentro da ciência econômica,
merecendo destaque no ensino de graduação e pós-graduação nos principais cursos agrícolas e não-
agrícolas das principais universidades do Brasil e do Mundo.
O conceito de Economia Rural diz respeito ao conjunto dos conhecimentos que envolvem as
relações de produção, processamento, distribuição e consumo das coisas rurais, agora e no futuro. A
definição de Economia Rural se refere ao estudo das formas como o homem escolhe utilizar
tecnologia e recursos escassos (como trabalho, capital, recursos naturais e capacidade de gestão)
em atividades alternativas (agrícola, pecuária, florestal, extrativa) para produzir alimentos e fibras
e distribuí-los para atender às necessidades de consumo das populações presentes e futuras,
sem destruir a natureza.
2
Este conceito amplo de Economia Rural carece de compreensão sobre como utilizá-lo na
prática para cumprir as funções socioeconômicas da agricultura e contribuir para enfrentar, talvez, o
maior problema da humanidade neste século que é a fome e a desnutrição. Sabe-se que o setor rural
é o que apresenta a maior capacidade de resposta, a um menor custo e maior dinamismo por:
a) Utilizar racionalmente os fatores de produção, tecnologia apropriada e reduzir os impactos
ambientais;
b) Produzir alimento e fibra para consumo, processamento e exportação, reduzindo a fome;
c) Criar oportunidade de trabalho e emprego, gerar e distribui renda, ampliar o tamanho do
mercado de produtos e de fatores, reduzindo a pobreza;
d) Contribuir para controlar a inflação e equilibrar a balança comercial, via exportações de
commodities e produtos de maior valor agregado;
e) Colaborar com o desenvolvimento econômico em função das ligações que estabelece com as
atividades a montante e a jusante, formando cadeias produtivas integradas e dinâmicas.
Um dos pontos cruciais da aplicabilidade do conceito de Economia Rural e compreender o
que são os fatores de produção e como são alocados nas atividades rurais.
1.2 FATORES DE PRODUÇÃO
Por fatores de produção, compreendem-se os meios utilizados pelo homem para produzir
bens e serviços, destinados à população presente e futura. Esses fatores possuem as características
de serem limitantes em quantidade, em função do Estado da arte, e versáteis por ter uso múltiplo e
permitir combinações em proporções variáveis.
A classificação mais usual para os fatores de produção é a seguinte: trabalho (T), capital (K)
e recursos naturais (N).
a) Trabalho (T): é a contribuição do ser humano na produção, na forma de atividade física
(trabalho do diarista na agricultura, peão na pecuária, técnico agrícola, funcionários na
agroindústria, etc.) e atividade mental (gestão e controle – contador, administrador,
agrônomo; consultor – veterinário, agrônomo, engenheiro florestal, zootecnista, engenheiro
de pesca, advogado, etc.). O trabalho na unidade de produção rural é identificado por:
emprego permanente (trabalho remunerado e com carteira assinada, consultoria
permanente), emprego temporário (trabalho remunerado com ou sem carteira assinada; mão-
de-obra do diarista ou trabalho eventual), trabalho da família (a grande maioria não é
remunerada), serviço de empreitada (prestação de serviço), mutirão (geralmente ocorre nas
comunidades rurais, mediante a troca de dias de trabalho onde todos participam).
b) Capital (K): o capital pode ser classificado em fixo e variável, de acordo com o tempo de uso.
O capital fixo é o conjunto de ferramentas, equipamentos, máquinas e instalações (armazém,
casa de máquinas, estábulo, conjunto de irrigação, estrada, barragem, etc.), fabricados ou
construídos pelo homem e que contribuem para a produção de bens e serviços. Este tipo de
capital é incorporado lentamente ao processo produtivo e uma vez adquirido, seu custo
independe da quantidade produzida. Assim, se um agricultor adquire um trator por 100
unidades monetárias, cujo uso racional permite arar 300 ha de terra por ano e o agricultor ara
apenas 20 ha e deixa o trator parado o resto do ano, o custo empatado é o mesmo que
trabalhasse os 300 ha. Portanto não há como recuperar o custo investido em capital fixo que
não é utilizado. O capital variável, como o próprio nome indica, varia com a quantidade
produzida. Ele se incorpora ao processo produtivo em um único ato de produção. São
exemplos: sementes, adubo, fertilizantes, agrotóxicos, mão-de-obra temporária, combustível,
sacaria, etc. Se para o cultivo de um hectare são necessários 200 kg de adubo, cinco
hectares necessitam de uma tonelada de adubo. Portanto, o uso do insumo varia com a
quantidade produzida.
c) Recursos Naturais (N): são os elementos da natureza que o homem utiliza para produzir
bens. A terra é o principal fator de produção entre os recursos naturais. A terra oferece o
substrato de sustentação das lavouras (culturas temporárias e permanentes), pastagens para
a pecuária, plantio de florestas, construção de edificações rurais, etc. De acordo com sua
fertilidade e proximidade dos mercados e da infra-estrutura de estradas, alcança maior preço

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