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Amebíase: Causas, Sintomas e Tratamento

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Amebíase
	Equipe Editorial Bibliomed
 Neste artigo:
- Introdução
- Patologia
- Quadro clínico e dignóstico
- Tratamento
- Conclusão
- Referências Bibliográficas
"A amebíase é uma parasitose de alcance mundial, sendo a terceira causa de morte dentre todas as outras parasitoses. Felizmente, mesmo as formas mais graves, como colite ulcerativa e abscessos amebianos hepáticos, não representam um grande desafio diagnóstico-terapêutico na maioria dos casos."
Introdução
A infecção pela Entamoeba é bastante disseminada, com uma estimativa de prevalência mundial da ordem de 10% da população apenas para as espécies Entamoeba hystolitica e Entamoeba dispar. Apesar de apenas uma minoria apresentar a forma sintomática, em números absolutos à infecção surpreende: 50 milhões de pessoas são acometidas a cada ano. Representa ainda uma importante causa de mortalidade em determinadas regiões endêmicas, sendo responsável por cerca de 70 mil óbitos por ano, e é a terceira maior causa parasitária de mortes em todo o planeta.
No Brasil, estima-se que a prevalência média de infecção pela Entamoeba, sintomática ou não, é de aproximadamente 23% da população. No entanto, o país exibe áreas de endemicidade onde esta taxa pode estar dobrada, e regiões onde praticamente não há casos. 
Patologia
Existem três espécies principais de Entamoeba: E. dispar, E. coli e E. hystolitica. As duas primeiras praticamente não se relacionam a nenhum estado sintomático de infectividade. Já a última, pode causar um quadro clínico característico. 
A transmissão pode ser direta ou indireta, sendo a primeira a responsável quase pela totalidade dos casos. A forma direta se dá através da ingestão de água e alimentos contaminados pelos cistos do parasito ou por contato fecal-oral direto. A forma indireta ocorre por intermédio de vetores como moscas e baratas. 
Os cistos são resistentes a condições adversas, como baixas temperaturas, ambientes clorados, acidez gástrica e enzimas digestivas. Assim, são capazes de passar ilesos pelo estômago e chegarem ao intestino delgado, mais precisamente na região ileocecal, e ali eclodirem formando trofozoítas. Estes são organismos móveis, capazes de colonizar a mucosa do intestino grosso, e ainda de formar novas formas císticas que irão ser eliminadas pelas fezes do hospedeiro e poderão infectar outras pessoas, promovendo a disseminação da amebíase. Ao invadirem a mucosa colônica, através de ação enzimática, os trofozoítas da Entamoeba hystolitica destroem o tecido provocando ulcerações e se disseminam de forma lateral, por baixo do epitélio intestinal. Se atingirem o fígado, podem causar lesões semelhantes, que são denominadas abscessos amebianos (mais comuns em adultos).
Quadro clínico e diagnóstico
A infecção por E. dispar e E. coli até hoje não foi responsável por um quadro sintomático. Por outro lado, a E. hystolitica pode causar sintomas em cerca de 10% dos casos e, mesmo assintomática, deve ser tratada devido ao seu potencial de invasão. 
A amebíase é capaz de promover doença intestinal, como colite, disenteria e ameboma, e também extra-intestinal, como abscesso hepático, abscesso cerebral, lesões cutâneas, patologia pleuropulmonar, entre outros. No entanto, estes últimos são bastante raros. 
A sintomatologia da amebíase intestinal inicia após duas semanas de infecção, com dor abdominal tipo cólica associada com diarréia, disenteria e tenesmo. Sinais gerais comumente estão ausentes: apenas 30% dos pacientes apresentam febre. A colite amebiana afeta especialmente crianças entre um e cinco anos de idade. 
Sinais e sintomas mais graves, progressão mais rápida e acometimento extra-intestinal são mais freqüentes em lactentes e crianças pequenas, desnutridos, usuários de corticóides, e imunossuprimidos de maneira geral. 
Em alguns raros casos, observa-se diarréia crônica que pode ser confundida com outra doença inflamatória intestinal, alternada com períodos de constipação. O quadro pode ser acompanhado de náuseas, vômitos, dor abdominal e inapetência. Os amebomas se desenvolvem a partir de quadros crônicos e são formados a partir de processos inflamatórios sucessivos na parede do cólon. 
A hepatomegalia pode ocorrer na doença amebiana intestinal, sem a presença concomitante de abscesso hepático. Este, porém, quando surge, denota quase que invariavelmente doença grave. Um sinal importante que pode sugerir o diagnóstico de abscesso hepático é um estado febril importante, principalmente em crianças. Além, disso, dores abdominais e dor à palpação do fígado também são consideráveis. Situações em que há sinais de peritonite devem chamar a atenção do médico para ruptura da coleção amebiana hepática. Infiltração de base pulmonar direita proveniente do fígado é uma manifestação rara, mas pode surgir com atelectasia, derrame ou outra patologia pleuropulmonar. 
Ao hemograma, podemos encontrar leucocitose leve e algum grau de anemia. A VHS geralmente está elevada, assim como estão aumentados os níveis de enzimas hepáticas, particularmente a fosfatase alcalina. 
O diagnóstico confirmatório se baseia no exame de fezes, sendo colhidas três amostras para o exame. Em casos de fezes formadas, utiliza-se a pesquisa de cistos a fresco ou através de coloração pelo lugol ou pelos métodos de Hoffman, Pons e Janer, ou de Faust. Se as fezes encontram-se diarréicas, deve-se realizar pesquisa de trofozoítas a fresco ou pela coloração com lugol. É importante saber que, em pacientes com abscesso hepático amebiano, o exame de fezes para Entamoeba é negativo em mais da metade dos pacientes. 
Pode-se fazer uso também da retossigmoidoscopia, para a visualização de úlceras intestinais e coleta de material para posterior análise histopatológica. 
Em situações de abscesso hepático, faz-se necessário, muitas vezes, lançar mão de exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética. Ainda, pode-se usar também a cintilografia. 
Pode-se, ainda, fazer o diagnóstico através de reações sorológicas, com pesquisa de anticorpos IgG específicos, mas estes serão positivos mesmo naqueles pacientes portadores do parasita e assintomáticos. 
Tratamento
O tratamento da amebíase deve ser feito tanto em pacientes com sintomas como para aqueles completamente assintomáticos. 
Para as formas assintomáticas, pode-se fazer uso do iodoquinol ou teclozan. Como alternativas, temos a paromomicina e o furoato de diloxanida. 
Para os pacientes com a forma intestinal da amebíase, o metronidazol é, em geral, a droga de escolha. Deve ser dado na dose de 30 a 50 mg/kg/dia, em três tomadas, durante dez dias. Alternativas ao metronidazol incluem o secnidazol e o tinidazol. O metronidazol é uma droga bastante segura, com poucos efeitos colaterais e quando presentes geralmente são de pouca importância como gosto metálico, náusea e desconforto abdominal. 
As formas extra-intestinais são tratadas basicamente com os mesmos esquemas de drogas amebicidas da forma intestinal, porém em doses maiores. O metronidazol deve ser utilizado na dose de 50 mg/kg/dia. 
O controle de cura é feito com exames de fezes seriados, a partir da primeira semana após o tratamento e repetidos semanalmente até a sua negativação. 
Conclusão
A amebíase é uma doença de alcance mundial, sendo mais comum em países em desenvolvimento e assintomática na maioria dos casos. A forma sintomática da doença é ocasiona pela Entamoeba hystolitica. O acometimento pode ser exclusivamente intestinal ou disseminado (p.ex.: abscessos amebianos no fígado). O diagnóstico é feito com exames de fezes colhidos em três amostras. Alguns pacientes com suspeita de invasão hepática podem necessitar tomografia computadorizada, ressonância magnética ou cintilografia. Em todos os casos, a droga mais utilizada é o metronidazol. O controle de cura é feito através de exames de fezes semanais. 
Palavras-Chave: amebíase, abscesso amebiano hepático, Entamoeba hystolitica. .

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