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RESUMO AV1 Constitucional

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Classificação das Constituições 
Quanto à origem 
Observa-se a forma de colocação da constituição no Estado, se será imposta ou democrática. 
Promulgada, democrática ou popular: é elaborada com a participação do povo, por meio da democracia direta ou representativa.
Outorgadas ou impostas: elaboradas sem a participação popular, imposta pelos governantes ao povo. Manifestação unilateral daqueles que exercem a gestão do Estado.
Cesaristas: fruto de uma elaboração autoritária pelo Estado, mas passam por aprovação popular posterior por meio de plebiscito.
Quanto à forma 
Escritas: materializadas em um documento escrito a fim de se buscar instrumentalizar e garantir a obediência de suas determinações. 
Não escritas: não são codificadas, portanto, não se materializam de forma específica como constituição. Baseiam-se nos costumes, são utilizadas em Estados com consuetudinárias.
Quanto ao modo de elaboração 
Dogmática: elaborada em um único período, de uma só vez, sofrendo influências da época e do momento em que foi elaborada.
Histórica: elaborada aos poucos, pois surge com o passar do tempo e com a evolução da sociedade.
Quanto à extensão 
Prolixas ou analíticas: constituições extensas, que além de versar sobre os conteúdos básicos de uma constituição, optam por abordar outros assuntos no texto constitucional, e por isso ficam bastante estendidas. A CF/88 é extremamente extensa, pois o regime anterior à constituição era ditatorial e o constituinte entendeu ser mais seguro defender e determinar como seriam as relações estatais no Estado Democrático, por meio do texto constitucional, norma suprema do Estado. Tendem a ser menos estáveis, pois como tratam de assuntos diversos acabam precisando com mais frequência de uma adaptação legislativa do texto à evolução humana. 
Concisas ou sintéticas: possuem um conteúdo restrito ao que é estritamente necessário de ser tratado pela constituição. Ex.: a Constituição dos EUA é composta de apenas sete artigos originais e vinte e sete emendas. 
Quanto à finalidade 
Constituição garantia: a que pretende garantir os direitos fundamentais frente ao Estado, determinando limites para a atuação do mesmo.
Dirigente ou programática: quando seus artigos definirem os objetivos para o futuro e para a atuação estatal. O legislador constituinte “dirige” a atuação futura dos órgãos governamentais. Possuem as chamadas “normas programáticas”, que requerem uma atuação futura do governo para serem efetivadas. 
Quanto à estabilidade 
O nível de estabilidade de uma constituição leva em conta o grau de facilidade que se encontra para modificar o texto da constituição de um Estado. Entende-se que a colocação da constituição como norma suprema de um Estado exige uma proteção especial para que esse texto seja modificado. A rigidez constitucional decorre do princípio de supremacia do texto constitucional, que coloca a constituição como norma suprema do Estado.
Constituições imutáveis: não admitem qualquer tipo de modificação. Não é popular, devido à dificuldade que ela coloca para a atualização do texto constitucional às novas demandas trazidas pela evolução da sociedade.
Constituições rígidas: admitem a modificação de seus textos, mas que exigem que a alteração ocorra somente após um processo legislativo mais dificultoso do que o utilizado para a elaboração de leis ordinárias. 
Constituições semirrígidas: estabelecem um processo legislativo mais complexo para a modificação da constituição somente para parte de seu texto constitucional, sendo o restante modificado nos mesmos critérios de modificação de lei ordinária. Ex.: Constituição Brasileira de 1824. 
Constituições flexíveis: permitem a mudança do texto constitucional, por meio do mesmo processo ordinário de elaboração e modificações de leis. 
Quanto ao conteúdo 
Material: as constituições que possuem apenas conteúdos essencialmente constitucionais são chamadas de ‘materiais’, pois cuidam somente de matérias, assuntos constitucionais, e reservam à legislação infraconstitucional os outros conteúdos. 
Formal: além do conteúdo material, tratam de assuntos extras, colocados na constituição por escolha do legislador constituinte, mas que poderiam estar previstos em outras normas. A CF/88 é uma constituição formal, pois por ser prolixa, além de possuir o conteúdo materialmente constitucional também trata de assuntos que poderiam ser tratados por leis infraconstitucionais. 
Quanto à sistemática 
Codificadas: quando estão contidas em um só texto, em um só código. 
Variadas: são compostas por mais de um texto normativo, sendo formadas por um conjunto de leis. 
Normas Constitucionais: aplicabilidade e eficácia 
Normas Constitucionais de eficácia plena 
As normas constitucionais de eficácia plena têm a possibilidade de produzir efeitos desde o momento em que são editadas e entram em vigor, pois não dependem de outras normas para serem efetivadas. Elas já são completas e estão aptas a serem seguidas de imediato.
Normas Constitucionais de eficácia contida 
As normas constitucionais de eficácia contida tiveram sua abrangência restrita após a sua entrada em vigor, pois eram de eficácia plena e foram restritas em sua aplicabilidade. As normas de eficácia contida poderão ser restritas: 
•  pelo legislador infraconstitucional. (Ex.: art. 5º, VIII; art. 5º, XIII; art. 37, I da Constituição de 1988); 
•  por outras normas constitucionais. (Ex.: arts. 136 a 141 da Constituição de 1988); 
•  por conceitos jurídicos consagrados na doutrina e na jurisprudência. (Ex.: conceito de ordem pública na aplicação do art. 5º, XXV da Constituição de 1988). 
Normas Constitucionais de eficácia limitada 
São o oposto das normas de eficácia plena, pois, no momento de entrada em vigor do texto constitucional, não possuem a possibilidade de serem aplicadas, por dependerem de regulação específica do legislador ordinário para serem regulamentadas. José Afonso da Silva divide as normas de eficácia limitada em dois tipos: 
NORMAS DE PRINCÍPIO INSTITUTIVO (ORGANIZACIONAIS): Nas quais o legislador constituinte indica que é necessária a estruturação posterior do órgão estatal, previsto na constituição, por atuação do legislador ordinário. As normas de princípio institutivo podem ser impositivas (obrigatórias) ou facultativas. Ex.: Art. 33: “a lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios” (art. 33).
NORMAS DE PRINCÍPIO PROGRAMÁTICO: Tratam de programas institucionais a serem cumpridos pelo governo em prol do interesse social. Ex.: Art. 6o (direito à alimentação, art. 196 (direito à saúde) etc.
Hermenêutica das Normas Constitucionais 
A hermenêutica é a ciência da interpretação, e por meio dela interpreta-se melhor e entende-se quais princípios podem ser utilizados para a compreensão das normas jurídicas. A Hermenêutica Jurídica possui uma subespécie conhecida como Hermenêutica Constitucional, consagrada pelo ideal do Neoconstitucionalismo. Pela importância suprema da constituição é importante que ela seja abordada por técnicas de interpretação específicas. Além disso, a constituição é dotada de uma série de princípios e normas de caráter político que desafiam a compreensão e exigem abordagens específicas de interpretação, por meio da Hermenêutica Constitucional. Conclui-se que interpretar a constituição é diferente de interpretar as leis infraconstitucionais. A primeira posição da Hermenêutica Constitucional é o chamado “Interpretativismo”, que determina que o intérprete se limita pelo texto e pelos princípios explícitos na constituição.
A segunda abordagem é a do “Não Interpretativismo”, na qual o intérprete vai além da norma e defende a aplicação dos valores constitucionais para a compreensão da constituição. 
A Hermenêutica Constitucional questiona, também, se o intérprete da constituição deve buscar interpretar de acordo com a ‘vontade da lei’ (mens legis) ou de acordo com a vontade do legislador (mens legislatoris). Os autores subjetivistas entendem que deve-se buscar a vontade do legislador. Entretanto,a doutrina majoritária entende que deve-se buscar interpretar de acordo com a ‘vontade da lei’, a que está no texto, de forma objetiva. Em especial porque a lei é mais inteligente que o legislador, sendo capaz de se adaptar a situações não imaginadas pelo legislador. O Método Hermenêutico Jurídico Clássico (ou método de Savigny), no qual o intérprete utiliza-se dos métodos tradicionais de interpretação das leis, como o método gramatical ou literal. Outro método utilizado nessa perspectiva clássica é a interpretação histórica, que verifica a genealogia da lei, que se preocupa com o momento histórico de criação da lei. O método lógico utiliza-se de raciocínios lógicos para entender a lei e também faz parte dessa perspectiva clássica. O método teleológico, que analisa os objetivos pelos quais a lei foi criada, também está nesse contexto de método hermenêutico clássico. Portanto, o método hermenêutico jurídico clássico utiliza-se dos mesmos métodos de interpretação das leis para interpretar a constituição. Os principais métodos de interpretação da Hermenêutica Constitucional são: 
•  O Método Tópico Problemático, que parte do problema para chegar na interpretação adequada na norma.
O Método Científico Espiritual, que busca o espírito, a vontade da constituição, para compreendê-la. 
•  O Método Normativo Estruturante, no qual o interprete deve buscar o real sentido da norma constitucional, que não se confunde com o texto constitucional. 
•  O Método Hermenêutico Concretizador de Konrad Hesse, no qual o intérprete parte de uma pré-compreensão da norma para depois fazer um círculo hermenêutico indo do fato à norma e da norma ao fato quantas vezes for necessário para sua compreensão. 
•  O Método Comparativo, no qual o intérprete compara o texto da constituição do seu Estado com a constituição de outros Estados. Além dos métodos de interpretação constitucional, ao se estudar a Hermenêutica Constitucional é importante tratar dos princípios que norteiam a compreensão e interpretação da constituição. 
Os princípios fundamentais da Hermenêutica Constitucional são: 
•  Princípio da Unidade: Estabelece que quando houver conflito entre normas constitucionais elas devem se compatibilizar, ou seja, esse conflito não deve ser solucionado como critérios de medição de qual seria a norma mais importante. A constituição é um todo harmônico e a interpretação deve levar essa máxima em consideração. 
•  Princípio da Máxima Efetividade (ou Eficiência): Determina que o intérprete deve extrair das normas constitucionais a maior eficácia, eficiência, possível, mesmo que sejam normas programáticas. 
•  Princípio da Força Normativa da Constituição: Idealizado por Konrad Hesse e estabelece que a constituição deve durar o máximo possível, evitando-se ao máximo as reformas constitucionais, o que gera uma estabilidade e segurança jurídica. 
•  Princípio da Concordância Prática (ou Harmonização): Trata do conflito de direitos fundamentais, afirmando que eles devem se harmonizar na sua aplicabilidade. 
•  Princípio da Justeza (ou conformidade funcional): Afirma que o intérprete não pode alterar as competências constitucionais. 
•  Princípios da Integração (força integradora): Nos casos de conflitos de normas constitucionais, o intérprete deve prestigiar a norma que busca uma maior integração política e social do Estado. 
•  Princípio de Presunção de Constitucionalidade das leis: As leis presumem-se constitucionais até que haja prova em contrário. `
Destacam-se dois dos mais importantes princípios que regem a Hermenêutica Constitucional: Princípio da Razoabilidade e Princípio da Proporcionalidade. O princípio da razoabilidade tem sua origem nos Estados Unidos, decorrendo do devido processo legal substantivo (substantive due process of law). Segundo a razoabilidade, analisa-se se o ato praticado pelo poder público é razoável, ou seja, se o ato não é razoável ele não será constitucional. O Princípio da Proporcionalidade é diferente, tendo sua origem no Tribunal Constitucional Alemão e trata da verificação da limitação dos direitos fundamentais, por meio da legislação. O princípio da proporcionalidade utiliza-se de vários critérios para ser observado, como o da necessidade, adequação e, em especial, o critério da proporcionalidade em sentido estrito, que coloca na balança dos direitos constitucionais em conflito.
2.2 Espécies de poder constituinte 
2.2.1 “Poder Constituinte Originário”, “Poder Constituinte Inaugural” ou “Poder Constituinte Genuíno”
É o poder constituinte que tem a capacidade de criar uma constituição, documento que organiza juridicamente um Estado. A constituição é um documento jurídico normativo que fará nascer um novo Estado do ponto de vista jurídico-formal. Ou seja, o exercício desse poder faz surgir, inaugurar, um novo Estado. O Estado nasce do documento editado pelo poder constituinte originário. A organização da sociedade, realizada pelo poder constituinte originário, não deriva de uma norma jurídica, mas sim de um fato social que exige a elaboração de uma nova constituição. Portanto, a natureza do poder constituinte originário é fática ou extrajurídica; somente a consequência do exercício desse poder que é jurídico ou normativo, pois produz uma nova constituição. Na verdade, portanto, o poder constituinte é um poder fático, pois não se baseia no direito, mas em fatores político, sociais e econômicos. O Poder Constituinte originário estabelece a Constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. Tanto haverá Poder Constituinte no surgimento de uma primeira Constituição, quanto na elaboração de qualquer Constituição posterior. A ideia da existência de um Poder Constituinte é o suporte lógico de uma Constituição superior ao restante do ordenamento jurídico e que, em regra, não poderá ser modificada pelos poderes constituídos. É, pois, esse Poder Constituinte, distinto, anterior e fonte da autoridade dos poderes constituídos, com eles não se confundindo. 
Quando o poder constituinte originário se manifesta surge, portanto, a constituição. Do ponto de vista jurídico-formal, um novo Estado surge do exercício do poder constituinte originário. O Estado nasce juridicamente do exercício do poder constituinte originário. As características desse poder constituinte originário são:
INICIAL: É o ponto de partida do regramento de um Estado, ou seja, inaugura a existência do ordenamento jurídico e o Estado do ponto de vista jurídico-formal.
SOBERANO: Não reconhece nenhuma força superior a si próprio, nem no âmbito interno ou internacional.
AUTÔNOMO: Pode estruturar a constituição como bem entender, de forma autônoma.
INCONDICIONADO: Não se vincula à ordem jurídica anterior, por ser um poder político e não jurídico. Não se limita por lei.
ILIMITADO JURIDICAMENTE: Não encontra limite temático, pode tratar dos temas que desejar.
2.2.1.1 Espécies de poder constituinte originário 
O poder constituinte originário histórico (ou fundacional) será aquele que cria a primeira constituição do Estado, no caso do Brasil efetivou-se com a elaboração da Constituição Imperial de 1824. Todas as demais constituições serão criadas por meio do poder constituinte originário revolucionário, que é o poder que cria uma nova constituição, em substituição à anterior, gerando uma profunda ruptura com a ordem jurídica anterior do Estado. 
2.2.2 Poder constituinte derivado ou instituído, secundário, de 2º grau ou remanescente 
Tem esses sinônimos porque tecnicamente ele não é um poder constituinte, mas um poder constituído, uma vez que no momento da elaboração da constituição o legislador constituinte irá determinar juridicamente como o poder constituinte derivado será exercido. Portanto, a própria constituição estabelecerá como deverá ser exercido, daquele momento em diante, quando se desejar alterá-la. É exatamente por essa característica que recebe o nome de poder constituinte “derivado”, pois deriva do exercício do poder constituinte originário, que traça suascaracterísticas na constituição. 
2.3 Espécies de poder constituinte derivado 
Se divide em três espécies: Decorrente, Reformador e Revisor. As três espécies de poder constituinte derivado são previstas e estipuladas pelo próprio texto da constituição, tendo características próprias.
As características do poder constituinte derivado são: 
SUBORDINADO: Sujeita-se a uma ordem jurídica implementada, na constituição, justamente porque é instituído, juridicamente, pelo poder constituinte originário. É, portanto, um poder jurídico e não de fato. 
LIMITADO: A constituição impõe limites para a modificação da constituição, que são os limites de seu exercício. Ex.: Limitação de conteúdo (cláusulas pétreas). 
CONDICIONADO: Está vinculado a condições para fins de seu exercício. Seu exercício é limitado e possui condições pré-estabelecidas.
Portanto, na edição original da constituição (poder constituinte originário) não há limites, mas todas as alterações feitas a esse texto serão limitadas no aspecto formal e material e estarão condicionadas a situações e regramentos estabelecidos originariamente no texto constitucional. 
2.3.1 Poder constituinte derivado revisional 
A revisão é ampla e genérica, sendo exceção, pois é via extraordinária de modificação da constituição. A revisão constitucional se dá por meio de emendas constitucionais amplas, chamadas de revisionais, que possuem o intuito de analisar a adaptação do novo texto constitucional à sua aplicação prática, fazendo-se ajustes. A revisão constitucional está prevista no artigo 3o do ADCT: “Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral”. Assim sendo, a revisão só pode ocorrer 5 anos após a edição da constituição (limitação temporal) e em sessão unicameral do Congresso Nacional, sem distinguir Câmara dos Deputados de Senado Federal. Além disso, o quórum de aprovação da emenda constitucional revisional deve se dar pela maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, ou seja, "mais que a metade" do número total de indivíduos que compõe o Congresso Nacional. 
2.3.2 Poder constituinte derivado reformador 
O poder constituinte derivado reformador estabelece a via ordinária de alteração da constituição, tendo caráter pontual e específico, tratando de temas particulares do texto constitucional, em obediência aos limites impostos na própria constituição. A reforma se faz por meio de ‘emendas constitucionais’. O artigo 60 da constituição prevê a reforma constitucional, por meio de emendas constitucionais específicas, o que não se confunde com o exercício do poder constituinte originário revisor. 
Não há limitações de tempo para fins de reforma da constituição, somente para a revisão, como determinado no item anterior, o prazo de 5 anos. Entretanto, a reforma da constituição sujeita-se a outras limitações circunstanciais e materiais. Os limites circunstanciais são aqueles que impedem, diante de situações sociais excepcionais, a alteração do texto constitucional. O objetivo desses limites é preservar a integralidade do Estado Democrático de Direito quando esteja passando por momentos de instabilidade social, que possam impedir a livre manifestação do poder constituinte derivado. Nesse caso, quando o Estado está passando por um período de Estado de Legalidade Extraordinária, não poderão ser discutidas e aprovadas emendas constitucionais. As situações que não permitem a reforma do texto constitucional são: Estado de Defesa (Art. 136), Estado de Sítio (Art. 137) e Intervenção Federal (Art. 34). 
Algumas provas da OAB e de concursos já questionaram se estado de calamidade pública impede a alteração do texto constitucional. NÃO!!! Estado de calamidade pública não é circunstância limitadora da reforma prevista na constituição. As limitações materiais referem-se a temas (matérias) que a constituição protege e as coloca como impossíveis de serem restritas ou abolidas pela reforma constitucional. O legislador constituinte, em regra, permitiu a alteração da constituição, mas alguns conteúdos afirmaram que não podem ser restringidos ou abolidos da constituição. Esses temas são intitulados pela doutrina de Cláusulas Pétreas. 
Muitos doutrinadores afirmam que as cláusulas pétreas são imutáveis, mas há um erro técnico nessa afirmativa, pois há a possibilidade de termos emendas constitucionais sobre temas de cláusulas pétreas, desde que não se restrinja ou extinga esses direitos, ampliando-os. É possível, portanto, a existência de emendas para ampliar e melhorar a defesa das cláusulas pétreas. Art. 60 – § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Importante chamar atenção para o Art. 60, § 4º, inciso IV, que fala de direitos e garantias individuais e não dos direitos fundamentais, pois a doutrina majoritária tem entendido que sua interpretação deve ser restrita ao exato texto constitucional. Exemplo de emenda constitucional que tratou de cláusula pétrea, para ampliá-la, foi a emenda 45 de 2004 que incluiu no Art. 5o os parágrafos 3o e 4o , tratando de direitos e garantias individuais. Portanto, é permitida a mudança trazida pelos parágrafos 3o e 4o do Art. 5o da constituição, pois os direitos e garantias individuais não foram restritos ou abolidos, mas ampliados. Essa conclusão decorre do entendimento de que direitos e garantias fundamentais não são taxativos, restritos somente ao que já foi positivado, mas exemplificativos, pois a evolução das relações humanas faz surgir novos direitos fundamentais a serem protegidos. Em relação ao inciso II do § 4º, do artigo 60 da constituição, é importante ressaltar que os aspectos que são cláusulas pétreas do voto são: voto direito (o povo escolhe exatamente a pessoa que vai exercer o cargo), secreto (não há a obrigação de se revelar o voto), universal (todos podem votar e seu voto tem o mesmo peso) e periódico (é obrigatória a consulta a cada período de mandato estipulado na constituição). 
O voto obrigatório é cláusula pétrea? Não! É possível uma emenda à constituição para colocar o voto como optativo, pois não está previsto na cláusula pétrea. Entretanto, não são somente as regras do Art. 60, § 4º da constituição que são cláusulas pétreas, pois a doutrina conclui pela existência das chamadas cláusulas pétreas implícitas. Essas cláusulas decorrem de um raciocínio lógico. Assim sendo, o próprio artigo 60 é considerado pelo sistema constitucional como uma cláusula pétrea implícita, pois caso ele fosse alterado por uma emenda constitucional, as cláusulas explicitas poderiam ser desrespeitadas. Além do artigo 60, todos os dispositivos estruturantes e fundamentais do Estado brasileiro são vistos como cláusulas pétreas, em especial o Art. 1o (fundamentos da República Federativa do Brasil), Art. 3o (objetivos da República Federativa do Brasil) e Art. 34, VII (princípios constitucionais sensíveis). 
2.3.2.1 Poder constituinte derivado reformador: limitações formais 
O Poder Constituinte Derivado Reformador possui limitações formais que se dividem em limitações subjetivas e objetivas. As limitações formais subjetivas tratam de “quem” pode propor um Projeto de Emenda Constitucional (PEC). São 3 os legitimados para propor uma ‘PEC’: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
Em relação ao inciso III do artigo 60 exige-se mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, ou seja, maioria absoluta! Hoje seriam 27 unidades federativas, 26 estados da federação mais o Distrito Federal. No caso,a metade seriam 27 : 2 = 13,5, ou seja, precisa-se de 14 Assembleias Legislativas aprovando para que seja levada a PEC ao Congresso Nacional. Cada Assembleia Legislativa, internamente, precisa se manifestar por maioria relativa de seus membros, ou seja, a maioria dos presentes.
As limitações formais objetivas tratam das outras condições que a constituição impõe para permitir a mudança de seu texto, por meio de emendas constitucionais. A primeira exigência é que a PEC seja discutida e votada, em cada casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), e que em cada uma das duas casas a votação tem que se dar em 2 turnos, ou seja, 4 votações ao todo. Vota-se 2 vezes na Câmara e, se aprovado, vota-se 2 vezes no Senado. Via de regra a PEC começa na Câmara dos Deputados, salvo se proposto por 1/3 do Senado. Ela só será aprovada se obtiver, em ambas as casas, 3/5 dos votos dos respectivos membros (60%) da maioria absoluta. O quórum é, portanto, maior que o da aprovação de leis (maioria simples) e da revisão constitucional (maioria absoluta). 
É possível sanção de emenda à constituição? NÃO!!! A PEC não é submetida à aprovação do Chefe do Executivo!!! Não há participação do Presidente da República na promulgação e publicação de PEC, sendo que não existe sanção ou veto de emenda constitucional. Quem promulga são as mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, órgãos do Legislativo. Art. 60, § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. Além disso, a matéria que constar de uma PEC e que foi rejeitada ou prejudicada não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, ou seja, no mesmo ano, independente do quórum.
3.1 Teoria dos direitos fundamentais 
O ser humano, para viver em sociedade, utiliza-se de instrumentos de controle social que o possibilita conviver em grupo, através da limitação das relações humanas, em prol de uma “paz social”. Sem esses mecanismos, as relações humanas seriam um verdadeiro caos, uma anarquia, sem regras e respeito às individualidades de cada pessoa. São instrumentos de controle social os valores, a ética, os costumes e o direito. A organização social, por meio do ideal do Constitucionalismo, determina a importância de se estipular limites para a atuação do Estado para que a ordem social não seja mais importante que a proteção dos direitos dos seres humanos, no Estado Democrático de Direito. A história dos direitos fundamentais está diretamente ligada à história do Constitucionalismo. Os direitos fundamentais e os direitos humanos são definidos historicamente pela sociedade de acordo com a evolução do pensamento filosófico, jurídico e político do homem. Os jusnaturalistas defendem que a proteção dos direitos humanos e fundamentais se baseia na crença de que os seres humanos devem ter os seus direitos básicos respeitados pela simples justificativa de serem humanos e os Estados nacionais devem acatá-los. Entretanto, por mais que se conceba o ideal universal, aceito pela humanidade, de proteger o ser humano, sabe-se que, na realidade, os direitos humanos e fundamentais não surgem da natureza, mas de inúmeras lutas históricas que travaram a longo dos séculos. Os direitos humanos são aqueles direitos conquistados historicamente pelos homens e que são protegidos independente da anuência dos Estados, no âmbito internacional e de forma universal, ou seja, sem qualquer distinção de sexo, cor, etnia, raça, classe social, nacionalidade etc. Os direitos fundamentais são os direitos humanos que foram positivados no texto constitucional dos Estados, com o intuito de limitar o arbítrio do Estado e assegurar aos indivíduos a efetividade de sua dignidade humana. A conceituação dos direitos humanos como direitos inerentes àqueles que possuem a condição humana os coloca, em muitos países, como direitos fundamentais da sociedade. O exercício dos direitos humanos, portanto, não dependerá de uma concessão do Estado, já que a condição humana é a causa determinante para a existência desses direitos. O papel do Estado será o de consagrar, garantir e viabilizar o exercício dos direitos humanos, sem distinções de qualquer natureza como de raça, cultura, etnia e nacionalidade. Os direitos humanos, assegurados pela sociedade internacional após a constatação histórica da importância de defesa desses direitos, fruto da Segunda Guerra Mundial, passaram a ser consagrados pela legislação interna de grande parte dos Estados nacionais em seus textos constitucionais. Essa decisão da maioria dos países corroborou a necessidade de efetivação e viabilização desses direitos e os transformou em direitos fundamentais, aqueles assegurados pelas constituições de grande parte dos países-membros da sociedade internacional, como faz o Brasil. Os direitos fundamentais cumprem na nossa atual Constituição a função de direitos dos cidadãos, não só porque constituem – em um primeiro plano, denominado jurídico objetivo – normas de competência negativa para os poderes públicos, impedindo essencialmente as ingerências destes na esfera jurídico-individual, mas também porque – num segundo momento, em um plano jurídico subjetivo – implicam o poder de exercitar positivamente certos direitos (liberdade positiva), bem como o de exigir omissões dos poderes públicos, evitando lesões agressivas por parte dos mesmos (liberdade negativa).
 A definição de quais são os direitos fundamentais consagrados no texto constitucional é o resultado de evoluções e lutas históricas, fato que possibilitou a divisão dos direitos de acordo com as épocas em que eles surgiram e suas características comuns. Os direitos fundamentais inicialmente são definidos, pela doutrina, de acordo com o ideal da Revolução Francesa da ‘Liberdade, Igualdade e Fraternidade’. Esse ideal possibilitou que, na concepção de Norberto Bobbio, eles fossem divididos em três ‘gerações’ de direitos. O melhor entendimento dessas gerações de direitos humanos nos faz as chamar de ‘dimensões’, uma vez que a ideia de gerações nos remete à possibilidade de evolução de direitos e substituição de um direito de uma geração por outra. Na realidade, cada direito fundamental, pertencente a gerações distintas, existirá ao mesmo tempo, sendo, portanto, mais adequado se utilizar do termo ‘dimensões de direitos humanos’ para distinguir esses direitos e dar a ideia de evolução da percepção e concessão de direitos. As várias “dimensões dos direitos fundamentais” nada mais são do que novas facetas de um mesmo direito, o direito à vida, só que em momento histórico diferente. Assim, a expressão “gerações dos direitos fundamentais” pode nos dar, erroneamente, a ideia de alternância, de superação, de descarte. Por outro lado, quando se fala em “dimensões”, se resgata a ideia de expansão, de acumulação, de fortalecimento, de nova visão. As diversas dimensões dos direitos fundamentais foram construídas como respostas às grandes violações, injustiças e estado de insegurança da humanidade. As dimensões são resultados de reações às violações dos direitos. 
A primeira dimensão de direitos fundamentais trata dos direitos individuais e está ligada ao ideal revolucionário francês da liberdade. Na época do surgimento desses direitos, defendia-se o Liberalismo Político acima do interesse social, o que possibilitou a criação de direitos que pressupunham uma igualdade formal, perante a lei, e consideravam o indivíduo de forma abstrata. A primeira dimensão de direitos fundamentais irá, portanto, determinar direitos individuais específicos para limitar a ação do Estado diante do indivíduo, já que eles criam uma obrigação negativa do Estado perante os membros de sua população. O governo terá, deste modo,a obrigação de não agir e não interferir na vida pessoal do homem, além de possibilitar que ele consiga exercer o seu livre arbítrio diante de suas escolhas pessoais. A lei determinará que todos os indivíduos são iguais e lhes dará a liberdade de agir sem a interferência estatal. Os principais textos constitucionais que defendem essa ideologia de defesa dos direitos individuais de forma liberal são: Magna Carta de João sem terra de 1215, Tratados de Westfália de 1648, Habeas Corpus Act de 1679. Bill of Rights 1688, Declaração Americana de 1776 e a Declaração Francesa de 1789.
Segundo Gilmar Mendes: Constituem postulados de abstenção dos governantes, criando obrigações de não fazer, de não intervir sobre aspectos da vida pessoal de cada indivíduo. São considerados indispensáveis a todos os homens, ostentando, pois, pretensão universalista. Referem-se a liberdades individuais, como a de consciência, de culto, à inviolabilidade de domicílio, à liberdade de culto e de reunião. São direitos em que não desponta a preocupação com desigualdades sociais. O paradigma de titular desses direitos é o homem individualmente considerado. 
A primeira dimensão está ligada aos direitos individuais do homem. São eles: direito à vida, integridade física, liberdade (individual, de iniciativa e concorrência, de pensamento e de consciência filosófica e política), propriedade privada, vida privada, intimidade e inviolabilidade de domicílio, sigilo de correspondência, sigilo bancário, dentre outros. A primeira geração dos direitos fundamentais surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII. Esses direitos assentam-se no liberalismo clássico, encontrando, pois, inspiração no iluminismo racionalista, base do pensamento ocidental entre os séculos XVI e XIX. São também chamados de direitos individuais ou direitos de liberdade e têm por destinatários os indivíduos isoladamente considerados e são oponíveis ao Estado. 
As três dimensões dos direitos humanos e o novo conceito de cidadania. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, João Pessoa, v. 12, n. 9, p. 104-108, 2004. A segunda dimensão de direitos fundamentais é marcada pelo questionamento das bases do Estado Liberal e da igualdade formal, aquela apenas determinada no texto da lei. A necessidade de viabilidade desses direitos impõe ao Estado uma obrigação de atuar em prol da satisfação das carências da coletividade. Há, consequentemente, o surgimento dos direitos sociais, culturais, econômicos e coletivos. Os indivíduos deixam de ser vistos dentro do contexto da igualdade formal e a igualdade assume uma perspectiva material (real), ou seja, percebe-se a existência de fatores que podem vir a criar desigualdades entre os homens e a lei busca igualá-los através de tratamentos diferenciados para indivíduos diferentes. O surgimento dessa segunda dimensão de direitos é decorrência do crescimento demográfico, da forte industrialização da sociedade e, especialmente, do agravamento das disparidades sociais que marcaram a virada do século XIX para o século XX. Reivindicações populares começam a florescer, exigindo um papel mais ativo do Estado na correção das fissuras sociais e disparidades econômicas, em suma, na realização da justiça social – o que justifica a intitulação desses direitos como "direitos sociais", não por envolverem direitos de coletividades propriamente, mas por tratarem de direitos que visam alcançar a justiça social. Os direitos sociais e coletivos terão o intuito de defender direitos das coletividades que possuem características específicas que precisam de normas particulares para atingirem uma igualdade real nas relações sociais. Um exemplo é o caso das pessoas portadoras de necessidades especiais que precisam de normas que viabilizem o seu acesso físico a prédios públicos e privados, criando uma igualdade de acesso para todos os indivíduos. Aqueles que possuem uma limitação física terão condições iguais após a construção de rampas, por exemplo, para o acesso de cadeiras de roda. Somente através dessas normas se alcançará a igualdade real. José Afonso da Silva justifica a necessidade de uma igualdade material ao afirmar que "porque existem desigualdades, é que se aspira à igualdade real ou material que busque realizar a igualização das condições desiguais". Canotilho também defende a igualdade material ao afirmar que há igualdade "quando indivíduos ou situações iguais não são arbitrariamente (proibição do arbítrio) tratados como desiguais. Por outras palavras: o princípio da igualdade é violado quando a desigualdade de tratamento surge como arbitrária". Os direitos de segunda dimensão buscam efetivar a igualdade através da tentativa de suprir essas desigualdades para viabilizar a igualdade real.
Os principais instrumentos que protegem essa ideologia são: Constituição do México de 1917, Constituição de Weimar de 1919, Tratado de Versalhes de 1919 e Constituição Brasileira de 1934. 8 A terceira dimensão de direitos surge após a Segunda Guerra Mundial com a necessidade de uma proteção efetiva da pessoa humana, da expansão dos direitos já existentes e do nascimento de novos direitos. Esses novos direitos estão ligados ao terceiro ideal da Revolução Francesa: a fraternidade. Eles pertencem a todos os indivíduos, mas sua realização e seu exercício extrapolam a esfera individual e as fronteiras dos Estados. Esses direitos não defenderão a igualdade entre coletividades distintas, mas direitos suficientemente importantes para toda a sociedade tanto no âmbito nacional como no internacional. A liberdade de ação da primeira dimensão de direitos fundamentais persiste, entretanto, na terceira dimensão alguns direitos serão criados para conceder o mínimo de dignidade ao homem universal. Os direitos fundamentais de terceira geração, também chamados de direitos de fraternidade ou de solidariedade, aparecem com a conscientização de que o mundo é dividido em nações desenvolvidas e subdesenvolvidas ou em fase de desenvolvimento. Decorrem, pois, da reflexão acerca de temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à comunicação e ao patrimônio comum da humanidade. Dotados de altíssima dose de humanismo e universalidade, os direitos de terceira geração não se destinam especificamente à proteção de um indivíduo, de um grupo de pessoas ou de um determinado Estado, pois os seus titulares são, via de regra, indeterminados. A rigor, seu destinatário, por excelência, é o próprio gênero humano, num momento expressivo de sua afirmação como valor supremo em termos existenciais. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. As três dimensões dos direitos humanos e o novo conceito de cidadania. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região, João Pessoa, v. 12, n. 9, p. 104-108, 2004. O direito à paz, ao desenvolvimento, ao meio ambiente sadio, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e à conservação do patrimônio cultural e o direito à comunicação são exemplos de direitos de terceira dimensão Norberto Bobbio divide os direitos somente até à terceira dimensão, entretanto, outros autores falam em mais dimensões de direitos fundamentais, como a quarta dimensão que cuida dos direitos que seriam oriundos da globalização das relações sociais e do desenvolvimento biotecnológico responsável, sendo seus principais exemplos: direito à democracia, à informação e ao pluralismo. 
3.2 Direitos e garantias fundamentais 
A distinção dos direitos e garantias fundamentais é importante para se compreender o papel de cada um desses institutos no Estado Democrático de Direito. Rui Barbosa foi o primeiro no Brasil a distinguir os dois institutos. Os direitos fundamentais são normas de conteúdo declaratório, pois diz quais são os direitos que os indivíduos têm. Por outro lado, as garantias fundamentais são normas de conteúdo assecuratório, pois asseguram o exercício dos direitos fundamentais na sociedade. Os chamados de ‘remédios constitucionais’ são as garantias fundamentais previstas no artigo 5o que visam a proteção de direitos fundamentais, sendo eles o habeascorpus, habeas data, mandado de segurança, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular, que serão abordados em momento oportuno. 
EXEMPLO: O direito fundamental de liberdade de locomoção está previsto na Constituição da República de 1988, no artigo 5o, inciso XV: “XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Esse direito é declarado no artigo 5o, inciso XV, como supracitado, mas é assegurado pela garantia constitucional do habeas corpus, que permite que aquele que tenha o seu direito de liberdade de locomoção violado possa recorrer ao judiciário por meio dessa ação constitucional. Os direitos fundamentais são encontrados na constituição da República em inúmeros artigos. No artigo 5o da constituição são elencados os direitos individuais e coletivos, sendo um dos mais importantes artigos da constituição. Os direitos sociais estão previstos no artigo 6o ao artigo 11 da constituição. Na sequência prevê-se o direito de nacionalidade, no artigo 12. Por fim, estão previstos os direitos políticos, previstos nos artigos 14 e 15. Além desses artigos, em toda a constituição percebe-se a presença dos direitos e garantias fundamentais. Além do texto constitucional, os direitos e garantias fundamentais estão previstos nos tratados internacionais, em especial nos que tratam sobre direitos humanos. Pergunta: Os tratados internacionais teriam força normativa no Brasil para configurarem como normas assecuratórias de direitos humanos? Sim! É importante entender que historicamente os tratados ratificados pelo Brasil têm força de lei ordinária, sendo até a emenda constitucional 45 de 2004 essa a regra. Entretanto, hoje, se o tratado internacional versa sobre direitos humanos e é aprovado pelo Congresso Nacional, com o mesmo procedimento legislativo de aprovação da emenda constitucional (3/5 dos votos, em dois turnos, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal) ele terá status, ou seja, hierarquia de emenda constitucional. Entretanto, segundo decisão do STF, se o tratado de direitos humanos não for aprovado com a hierarquia de emenda constitucional, terá hierarquia supralegal, ou seja, acima da lei e abaixo da constituição. Portanto, conhecer os tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil é extremamente importante, pois é também conhecer os direitos fundamentais que não constam no texto da constituição. 3.2.1 Características dos direitos fundamentais A primeira característica dos direitos fundamentais é que são universais, ou seja, aplicam-se a todos, sem qualquer preconceito de gênero, classe social, etnia, nível de instrução intelectual, raça, origem, nacionalidade etc. Os direitos fundamentais são também dotados de historicidade, ou seja, são históricos, pois são fruto da evolução da história humana. Eles vão se desenvolvendo com a evolução histórica humana. Os direitos fundamentais são também concorrentes, pois são exercidos simultaneamente. Ao mesmo tempo mais de um direito fundamental é aplicado.
Imagine que um indivíduo esteja assistindo um repórter na televisão dando a sua opinião. Nesse caso, o telespectador está exercendo seu direito fundamental de informação e o repórter seu direito fundamental de opinião, de forma concomitante. Os direitos fundamentais são relativos, pois não podem ser aplicados sempre de forma absoluta, ou seja, sempre existem exceções aos direitos fundamentais, por mais importantes que sejam. 
EXEMPLO: O direito à vida é um dos direitos fundamentais mais importantes, entretanto, mesmo assim existem exceções para a sua proteção. No direito brasileiro o direito à vida sofre exceção, por exemplo, nos casos de guerra declarada, quando a constituição permite a pena de morte. Os direitos fundamentais são também irrenunciáveis, inalienáveis, pois ninguém pode abrir mão de seus direitos ou aliená-los com objetivos financeiros; apesar de poder não os exercer se desejar. São também imprescritíveis, pois não possuem tempo de validade, não há intervalo temporal que possa invalidá-los. 
3.2.2 Eficácia dos direitos fundamentais 
A primeira forma de eficácia dos direitos fundamentais é a eficácia vertical, ou seja, a defesa dos direitos fundamentais é um dever do Estado e um direito das pessoas. Há uma relação de verticalidade, pois o Estado é um devedor e os indivíduos são os credores dos direitos. 
EXEMPLO: O direito à vida é garantido pela constituição e as pessoas possuem esse direito, por outro lado, o Estado tem o dever de não interferir na vida humana e de resguardá-la para que seja efetivada.
Além da eficácia vertical, os direitos fundamentais possuem uma eficácia horizontal, ou seja, os direitos fundamentais são também aplicados nas relações entre os particulares. O STF já decidiu nesse sentido, sendo um direito e uma obrigação dos particulares o respeito aos direitos fundamentais. 
EXEMPLO: O STF julgou um caso em que uma pessoa foi excluída de uma associação e disse que, nesse caso, deve ser respeitado entre os particulares o direito à ampla defesa do excluído, não bastando somente a vontade expressada pelos outros associados. 
3.2.3 Destinatários dos direitos fundamentais 
No artigo 5o , caput, encontra-se expressamente quem são os destinatário dos direitos fundamentais: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes... BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Importante salientar que os destinatários previstos são aqueles que fazem parte da população brasileira, ou seja, brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. Entretanto, questiona-se se os que não estão abrangidos no artigo 5o, caput, também poderiam invocar direitos fundamentais, como os estrangeiros não residentes no Brasil e as pessoas jurídicas. A ideia do constituinte é a de que se deveria outorgar direitos fundamentais aos que estão vinculados ao seu território, portanto a previsão a nacionais e estrangeiros residentes. Entretanto, ao tentar aumentar a abrangência, o legislador constituinte acabou restringindo, pois, o Brasil não pode consagrar direitos ao estrangeiro que está residindo em outro Estado, por uma questão de respeito à soberania do outro Estado. Contudo, em relação aos estrangeiros não residentes que estejam de passagem no Brasil, o STF decidiu que esses estrangeiros podem gozar de seus direitos e garantias fundamentais. O ideal seria que a previsão constitucional fosse relativa aos “estrangeiros em território nacional” e é essa a interpretação dada pelo STF. É certo que o caput do art. 5° da CF/88 somente referência, de modo expresso, os brasileiros – natos ou naturalizados – e os estrangeiros residentes no país enquanto titulares dos direitos fundamentais. Nada obstante, a doutrina mais recente e a Suprema Corte têm realizado interpretação do dispositivo na qual o fator meramente circunstancial da nacionalidade não excepciona o respeito devido à dignidade de todos os homens, de forma que os estrangeiros não residentes no país, assim como os apátridas, devam ser considerados destinatários dos direitos fundamentais. Em relação às pessoas jurídicas o STF entende que toda a proteção é aplicada dentro dos limites possíveis para a natureza da pessoa jurídica. Em resumo, são destinatários de direitos fundamentais todas as pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou estrangeiras, desde que estejam dentro do território nacional. 3.2.4 Aplicação e aplicabilidade dos direitos fundamentais A aplicação dos direitos fundamentais está prevista no artigo 5o,§1º, da constituição, sendo imediata: “Art. 5o ,§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”16 . A aplicação imediata significa que os direitos e garantias fundamentais são dotados de meios e instrumento que efetivam a sua aplicação,mesmo que não estejam ainda devidamente regulados (ex.: mandado de injunção). Em conformidade com o teor do art. 5°, § 1°, CF/88, as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata, o que retrata a preocupação dos modernos sistemas constitucionais em evitar que as posições firmadas como essenciais para a identidade da Constituição não passem de retórica, ou então que sejam dependentes da atuação legislativa para que tenham eficácia. Procurou-se, com isso, superar a concepção de Estado de Direito formal, no qual os direitos fundamentais apenas ganham expressão quando regulados por lei. 
Entretanto, a aplicabilidade não se confunde com a aplicação, pois a aplicabilidade dependerá de uma análise da eficácia das normas e não de sua obrigatoriedade. As normas de eficácia plena e contida possuem aplicabilidade imediata. Todavia, as normas de eficácia limitada têm eficácia mediata, ou seja, dependem de instrumentos que viabilizem o exercício desses direitos. Existem, assim, direitos fundamentais de eficácia imediata, pois têm aplicabilidade imediata por serem normas de eficácia plena ou limitada, sendo geralmente direitos individuais. Os direitos fundamentais de eficácia limitada terão aplicabilidade mediata e são, na sua maioria, direitos sociais, econômicos e culturais. 3.3 Direitos e deveres individuais e coletivos – art. 5o O título II da constituição consagra os direitos e garantias fundamentais como instrumentos de proteção do indivíduo frente à atuação do Estado. São os direitos que garantem o mínimo necessário para que o indivíduo exista de forma digna dentro de um Estado. O princípio da dignidade da pessoa humana está previsto no artigo 3o , inciso III, da constituição de 1988, quando se discorre sobre os fundamentos da República Federativa do Brasil. O princípio da dignidade da pessoa humana, portanto, além de ser um alicerce do Estado brasileiro, é trazido como parâmetro para fins de consagração dos direitos fundamentais. Os direitos fundamentais não estão previstos de forma exaustiva no texto constitucional, tanto que o artigo 5o da constituição, prevê: “Art. 5o ,§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”17. Assim sendo, o rol de direitos e garantias fundamentais expressos na constituição não exclui outros direitos da mesma natureza, que tenham o mesmo propósito de proteção do indivíduo diante do Estado para garantir sua dignidade humana. Conclui-se que os direitos e garantias fundamentais previstos na constituição são um rol somente exemplificativo (rol numerus apertus) e não taxativo. O caput do artigo 5o da constituição expressa os direitos que intenciona resguardar em seus incisos, quais sejam: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes... 
3.3.1 Direito à vida 
O direito à vida, previsto no artigo 5o , deve ser analisado em conjugação com o artigo 1o, inciso III, que trata da dignidade da pessoa humana. O direito à vida prevê o direito de não ser morto e de se ter uma vida digna nos termos constitucionais. Assim como todos os direitos constitucionais, o direito à vida também é relativo, pois limita-se por outros direitos. Os direitos convivem e um direito sofre limitação dos outros (princípio da convivência das liberdades públicas).
 A relativização do direito à vida é feita no artigo 5o , inciso XLVII, quando a constituição autoriza a pena de morte no caso de guerra declarada18. Outros desdobramentos da relativização do direito à vida: 
•  O primeiro caso é o da pesquisa com células-tronco, discutida na Ação Direta de Inconstitucionalidade 3510, que questionava a constitucionalidade do artigo 5o da Lei de Biossegurança (Lei 11.105 de 2005) que autorizava a pesquisa com células-tronco embrionárias fruto da reprodução assistida (embriões excedentários), desde que congelados por no mínimo três anos e obtida autorização dos donos do material genético. Questionou-se se essa pesquisa violaria o direito à vida. O STF entendeu que não, desde que obedecidas as determinações legais. A ideia é a de que já que o embrião pode ser descartado, não haveria dano utilizá-lo para pesquisa científica de suas células-tronco.   O segundo caso é o dos fetos anencefálicos, no qual o STF decidiu, na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 54 de 2012, que o aborto de anencefálico não tipifica a conduta penal quando se realiza a interrupção da gravidez. Permite-se que a gestante decida sobre a interrupção da gravidez, não podendo se caracterizar a conduta como um aborto. 
3.3.2 Direito à igualdade 
O segundo direito que está previsto no artigo 5o , caput, combinado com o artigo 5o , inciso I, é o direito à igualdade. O caput afirma a igualdade formal, perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, e o inciso I afirma que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”19. Questão interessante e polêmica, debatida na atualidade, fala da não necessidade de distinguir homens e mulheres, com o tratamento de todos os indivíduos como pessoas que poderiam denominar-se como se sentirem mais confortáveis, independentemente de suas características físicas. A igualdade pode ser vista sob dois aspectos: a igualdade formal e a igualdade material. A igualdade formal é aquela perante a lei, que estabelece que a norma jurídica não pode estabelecer tratamento desigual, sem uma justificativa efetiva. Isso porque adota-se o conceito de igualdade descrito por Aristóteles que afirma que: “Devemos tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade. ” A afirmativa de Aristóteles parte da observação de que se tratarmos pessoas desiguais de forma igual não se obtém igualdade, mas sim mais desigualdade. 
EXEMPLO: Afirmar que todos têm o direito de ir e vir de fora igual, sem dar condições para os deficientes físicos se locomoverem de acordo com suas necessidades. A consagração da igualdade só se dará com o tratamento diferenciado para as necessidades específicas. A igualdade formal é, portanto, voltada para o Estado e é determinada na lei. O Estado não poderá, portanto, consagrar na lei desigualdades ou situações que gerem tratamentos iguais a desiguais. 
Entretanto, na prática, isso não ocorre de verdade e é por isso que há o enfoque da igualdade material, real. Todas as medidas que buscam a efetiva igualdade dos indivíduos no Estado são medidas que consagram a igualdade material. São as atuações que o Estado deve realizar para efetivar a igualdade entre as pessoas. Desse conceito surgem as chamadas ‘ações afirmativas’ ou ‘descriminações positivas’. As ações afirmativas são todas as medidas realizadas pelo Estado que tratam de forma desigual para fins de consagrar a igualdade na prática. EXEMPLO: Cotas raciais, PROUNI e Lei Maria da Penha.
 É importante se analisar o princípio da igualdade nos concursos públicos. O STF admite limitações nos editais dos concursos públicos em relação ao sexo, idade, altura, dentre outros. A condição será a exigência de uma previsão legal do tratamento diferenciado e a distinção tem que decorrer do exercício da função ou cargo. 
3.3.3 Princípio da legalidade 
O princípio da legalidade está previsto no artigo 5o da Constituição que afirma: “Art. 5o , II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Portanto, o Estado não pode obrigar ninguém a fazer ou deixar de fazer algo se não estiver previamente documentado em um dispositivo elaborado pelos representantes do povo (lei). A ideia é a de que os membros da sociedade autorizaram essa limitação em prol da viabilidade do convívio social. É importante entender que o princípio da legalidadedos particulares do artigo 5o não se confunde com a legalidade do artigo 37, caput, da constituição que trata da legalidade do administrador público. O artigo 37 estabelece que o administrador só pode agir ou realizar um ato se houver previsão expressa em lei, pois o administrado público não tem margem de escolha, só pode agir de acordo com o dispositivo legal. Em resumo: o particular pode fazer tudo aquilo que a lei não proibir e o administrador público só pode fazer o que a lei determina.
3.3.4 Vedação da prática de tortura e ao tratamento desumano ou degradante 
O artigo 5o , inciso III, afirma que “Art. 5o , III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. Assim não se permite a utilização da tortura ou qualquer tratamento desumano violador da dignidade da pessoa humana. Essa colocação do impedimento da tortura, logo no início do artigo 5o , é uma herança histórica da ditadura militar brasileira. O inciso XLIII do artigo 5o também estabelece que: Art. 5o , XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
Cuidado, o dispositivo acima afirma que os crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os crimes hediondos não são suscetíveis de fiança ou graça ou anistia. Entretanto, eles não se confundem com os crimes que são chamados de imprescritíveis e inafiançáveis, sendo eles o racismo e a ação de grupos armados contra o Estado Democrático de Direito. Importante citar também a súmula vinculante: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. STF, Súmula vinculante 11.
Portanto, a súmula vinculante 11 estabelece limites também à atuação do Estado no uso de algemas, em prol da dignidade da pessoa humana. 
3.3.5 Direito à liberdade de manifestação de pensamento 
Outro direito fundamental importante é a liberdade de manifestação de pensamento, previsto no artigo 5o , incisos IV e V da constituição. ART, 5O, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem. A liberdade de manifestação de pensamento não é absoluta, pois nenhum direito é absoluto. Ter um direito é respeitar os deveres. Todos têm direito de manifestar seu pensamento, entretanto, não se pode desrespeitar o direito alheio nessa manifestação. É importante esse cuidado em todas as manifestações, sejam elas orais, escritas ou virtuais. O anonimato é vedado, para que se possa exigir do manifestante o ressarcimento do dano realizado por outrem, assegurando o direito de resposta. 
3.3.6 Direito à liberdade de credo 
A liberdade de consciência, crença e culto está assegurada nos incisos VI a VIII do artigo 5o da constituição: Art. 5o, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias; VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. 
A constituição, ao proteger a liberdade de crença no inciso VI do artigo 5o está assegurando também a liberdade de não crença, ou seja, o ateu ou agnóstico têm o direito de pensarem dessa forma. A liberdade de crença está assegura a todas as religiões, desde que as práticas religiosas respeitem um mínimo social. Por exemplo, uma religião que pratique rituais de sacrifício ou tortura de seres humanos não seria aceitável e constitucionalmente protegida. Essa proteção se estende aos locais de culto e suas liturgias. O inciso VII do artigo 5o fala da assistência religiosa em entidades civis e militares de internação coletiva, como, por exemplo, presídios. Esse dispositivo permite a presença, nas instituições de internação coletiva, de pastores, padres e praticantes religiosos que levam aos presos o acesso à religião. A escusa de consciência está prevista no inciso VIII do artigo 5o da constitui- ção que defende a ideia de que ninguém poderá ser privado de direitos pelo que crê no aspecto religioso, filosófico ou político. A única exceção está nos casos em que se utiliza dessa convicção para não cumprir uma obrigação que todos devem cumprir e não se aceita cumprir prestação alternativa. Existem alguns casos importantes de serem abordados para se entender a laicidade do Estado brasileiro:
MENÇÃO DE DEUS NO PREÂMBULO DA CONSTITUIÇÃO Não há violação do Estado laico, pois o preâmbulo não tem caráter de norma constitucional, funcionando apenas como vetor interpretativo às normas constitucionais e representa um sentimento histórico do momento de elaboração da constituição.
“ART. 210, § 1º O ENSINO RELIGIOSO, DE MATRÍCULA FACULTATIVA, CONSTITUIRÁ DISCIPLINA DOS HORÁRIOS NORMAIS DAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO FUNDAMENTAL”. O artigo afirma que, nas escolas públicas, a matrícula é facultativa no ensino religioso, para que se garanta o pluralismo religioso.
CRUCIFIXOS NAS REPARTIÇÕES PÚBLICAS O Conselho Nacional de Justiça decidiu que é permitido, por se tratar de um símbolo cultural e histórico e não necessariamente religioso. 
3.3.7 Direito à liberdade intelectual, artística, científica e de comunicação O artigo 5o , inciso IX da constituição, assegura o direito de liberdade intelectual, artística, científica ou de comunicação: “Art. 5o , IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. O que se vê como indicação de idade para programas televisivos não é censura, apenas indicação etária para a programação para que os pais possam identificar conteúdos que julgam impróprios para seus filhos. A liberdade é total, em qualquer tipo de comunicação, entretanto o direito também é relativo, pois não podem violar os outros direitos fundamentais. Exemplos de aplicação dessa liberdade estão na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no 130 de 2009, que entendeu que a Lei de Imprensa não foi recepcionada pela constituição, e na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4451 de 2010, que julgou constitucional a Lei Eleitoral sobre o humor, que vedava a atividade humorística com políticos que estivessem em processo eleitoral.
3.3.8 Direito à inviolabilidade domiciliar 
O artigo 5o , inciso XI, trata da inviolabilidade domiciliar: “Art. 5o , XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”23. Esse dispositivo afirma que a ‘casa’ é asilo inviolável, mas ‘casa’ é interpretada de forma extensiva pela jurisprudência, entendendo-se que se refere a qualquer local onde se exerça suas atividades particulares, como, por exemplo, escritório, quarto de hotel, consultório, apartamento etc. A regra é que ninguém pode entrar na casa de outrem sem sua autorização, tendo como exceções, a qualquer hora e sem autorização judicial, os casos de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. Durante o dia, quem pode determinar a entrada é somente o juiz de direito, ou seja, só se entra sem a autorização particular comdeterminação do juiz; é o que se chama de cláusula de reserva de jurisdição. 
3.3.9 Direito à intimidade e sigilo bancário 
O artigo 5o , inciso X, afirma: “Art. 5o , X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”24. A norma constitucional deixa claro que a violação da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas pode ensejar na cobrança de indenizações pelos danos moral e material sofridos. Entretanto, mais uma vez afirma-se que os direitos fundamentais não são absolutos e, portanto, existem exceções que permitem essa violação. A jurisprudência tem se apoiado nos princípios da ponderação e razoabilidade para analisar a possibilidade de imputação de danos. 3.3.10 Sigilo de correspondência e de comunicação O sigilo de correspondência e comunicação está previsto no artigo 5o , inciso XII e afirma que:
Art. 5o , XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília: Senado, 1988. Na norma, em questão, quatro sigilos são protegidos: o sigilo de correspondência, comunicações telegráfica, de dados e as comunicações telefônicas. Entretanto, todos os sigilos podem ser relativizados por leis infraconstitucionais, exceto o telefônico, que só pode ser relativizado por ordem judicial para investigação criminal ou processo penal, nos termos do inciso da constituição. Questão importante de ser discutida é a quebra do sigilo bancário que foi debatida pelo Recurso Extraordinário 389808 de 2010, no qual se questionou se a quebra do sigilo bancário é ou não privativa do juiz. Entendeu-se que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s) podem realizar a quebra de sigilo bancário, pois não há a restrição no texto constitucional como nos casos de quebra de sigilo telefônico. Portanto, o STF afirma que pode-se quebrar o sigilo bancário por determinação judicial, ordem do plenário da câmara e do senado ou por decisão de CPI. A quebra do sigilo bancário prevista pela Lei Complementar 105/2001 coloca mais um impasse na definição das hipóteses de quebra do sigilo, pois afirma ser possível a quebra do sigilo bancário por autoridade fiscal, sem ordem judicial. Entretanto, desde 2010 o STF25 nega essa possibilidade, mesmo indo em desencontro com o estabelecido na Lei Complementar. O entendimento é de que administrativamente não seria possível a quebra do sigilo dos dados que são protegidos pela constituição. O auditor fiscal, portanto, não pode solicitar os dados diretamente à instituição financeira, deve ser feito por medida judicial. 3.3.11 Liberdade de profissão O sigilo de correspondência e comunicação está previsto no artigo 5o , inciso XII, e afirma que: “Art. 5o , XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Portanto, no Brasil qualquer trabalho, ofício ou profissão é livre, exceto nos casos em que a atividade é tipificada na lei como algo ilegal. Essa é uma norma constitucional de eficácia contida, pois há uma liberdade que pode ser restringida por norma infraconstitucional, como dispõe o inciso. O exercício da atividade da advocacia, por exemplo, exige, além do bacharelado em Direito, a aprovação da OAB. É por esse motivo que o STF decide de forma reiterada pela constitucionalidade da cobrança da aprovação no exame da OAB. No caso do jornalismo, entretanto, como não há lei específica que regule a profissão, o STF entende pela aplicação da liberdade de profissão, estipulada na constituição, concluindo pela não necessidade do curso superior em jornalismo para o exercício da profissão. 3.3.12 Liberdade de informação A liberdade de informação está prevista na constituição: Art 5o , XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; (...) XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. 
O inciso XIV assegura o direito dos indivíduos de terem acesso às informações no território nacional. Desta forma, as informações que possam ser classificadas como sigilosas devem justificar-se pelo próprio sistema jurídico. Além disso, para que a informação seja divulgada àqueles que a divulgam deve-se resguardar o sigilo inerente ao exercício profissional. Por exemplo, um jornalista não pode ser obrigado a contar a sua fonte de informação, pois caso contrário perderia sua fonte. No inciso XXXIII afirma-se o direito à informação que esteja arquivada em órgãos públicos, seja ela pessoal (personalíssima) ou de interesse coletivo ou geral. Caso não seja oferecida essa informação, como assegurado, o violador do direito será responsabilizado. A única exceção está nas informações cujo sigilo é imprescindível à segurança social ou do Estado. 
3.3.13 Liberdade de locomoção A liberdade de locomoção está prevista na constituição: Art 5o , XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei. 
A locomoção, em tempo de paz, é livre no território nacional para qualquer pessoa com os seus bens. Diante dessa premissa ninguém poderá ter essa liberdade restrita por prisão ilegal ou abusiva, por isso a constituição exige o flagrante delito ou decisão judicial para permitir a prisão legal. A exceção ao caso é somente para os militares que terão regramento próprio da sua restrição de liberdade. 
3.3.14 Liberdade de reunião 
O artigo 5o , inciso XVI, estabelece a liberdade de reunião dos indivíduos, sem armas, em locais abertos ao público. Art 5o , XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente. A constituição garante a liberdade de reunião nos estritos termos constitucionais, ou seja, em locais abertos ao público, de uso comum do povo, pois bens de uso especial não estão na regra constitucional. A reunião deve ter fins pacíficos e, portanto, sem armas. A reunião nos termos constitucionais não depende de autorização, mas deve-se avisar a autoridade pública a fim de se evitar o conflito de reuniões para o mesmo local. O aviso é para fins de organização do próprio poder público. 
3.3.15 Liberdade de associação 
A liberdade de associação está prevista na constituição: Art 5o , XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de cará- ter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. 
A liberdade de associação com objetivos legais é plena. O limite está estipulado apenas para as associações ilegais. A constituição reforça a ideia de que não se permite associação com fins paramilitares,ou seja, não se permite a formação de exército paralelo que possa se voltar contra o Estado Democrático de Direito. A criação de associações é protegida para efetivar o direito pleno às associações, mas deve ser feita nos termos legais. O que o Estado não pode fazer é exigir que ele tenha que autorizar a criação de associações, pois caracterizaria uma intervenção direta, vedada na constituição. As associações poderão ser dissolvidas, de forma compulsória pelo Estado, por meio de decisão judicial transitada em julgado. Nos casos de suspensão das associações também se exige a decisão judicial, mas não é necessário o trânsito em julgado.
A participação da associação é uma liberdade, não se podendo obrigar a entrada ou permanência em uma associação. Os associados dão legitimidade para as associações representarem seus associados no âmbito judicial e extrajudicial. A constituição exige apenas a autorização expressa de representação no Estatuto da associação ou por meio de autorização especial. 3.3.16 Direito de propriedade O direito de propriedade está previsto na constituição nos seguintes termos: Art 5o , XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá à sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento. 
Garante-se, no inciso XXII, o direito de ter bens no território nacional. Esse direito também não é absoluto e é limitado, em especial, pelo inciso XXIII que estabelece que a propriedade deve cumprir sua função social. O inciso XXIV trata da desapropriação ordinária, instituto estudado no Direito Administrativo. Exige-se que ela só possa ocorrer nos casos de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. Desapropriar significa retirar a propriedade alheia, mas de forma retribuída, ou seja, por meio de uma compra compulsória feita pelo Estado. A indenização ordinária deve ser feita de forma justa, prévia e em dinheiro. Não se confunde com o confisco, que é a retirada do bem, mas sem a retribuição pela propriedade perdida. O inciso XXV trata do instituto da requisição que permite a possibilidade do Estado de requisitar propriedade privada para seu uso, caso seja necessário, para atendimento de iminente perigo público. Exemplo: uso de escada no caso de inundação. Nesse caso só há indenização, ulterior, se houve dano. Por fim, o inciso XXVI prevê a proteção da pequena propriedade rural e o tamanho é estabelecido por legislação infraconstitucional. Além disso, exige-se que essa propriedade tenha atividade produtiva familiar e a proteção é apenas relativa aos débitos decorrentes de sua atividade produtiva, a fim de se financiar o desenvolvimento rural familiar. 
3.3.17 Direito de petição e obtenção de certidões 
O direito de petição e obtenção de certidões perante os órgão públicos é assegurado a todos, independentemente do pagamento de taxas. Art 5o , XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. O direito de petição nada mais é do que o direito do indivíduo de apresentar pedidos, em defesa de seus direitos. Se algum órgão ou repartição pública se negar a receber pedidos, essa ação seria inconstitucional e abusiva. Se há ilegalidade ou abuso de poder os indivíduos têm o direito constitucional de apresentar um pedido que deve ser apreciado e respondido pelos órgãos públicos. Caso isso não seja garantido na prática, devem ser tomadas as medidas jurídicas cabíveis. A obtenção de certidões em repartições públicas é um direito, independentemente do pagamento de taxas. A intenção será a busca de defesa de direitos ou esclarecimento de informações de interesse pessoal. A repartição pública tem o dever constitucional de emitir a certidão. As taxas geralmente cobradas são pelo trabalho para a emissão da certidão e não pela própria certidão, além disso, é possível se obter a isenção, nos termos legais.
O inciso XXXV do artigo 5o da constituição prevê o princípio da inafastabilidade da jurisdição, que se relaciona diretamente com o direito de petição. “Art 5o , XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”27. Esse princípio afirma que nenhuma lei pode afastar da análise judicial qualquer lesão ou ameaça de direito. Isso porque o Judiciário tem o dever de dizer o direito no caso concreto e de forma definitiva, sendo vedada a autotutela. 3.3.18 Limites à retroatividade da lei O inciso XXXVI do artigo 5o estabelece limites à retroatividade da lei: “Art. 5o , XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. O direito adquirido é todo aquele que o indivíduo já incorporou, ou seja, já pode invocar perante alguém, pois já cumpriu os requisitos legais para exercê -lo. Esse direito não pode ser prejudicado pela lei, ou seja, se a lei for modificada não poderá se alterar o direito já adquirido no tempo. 
EXEMPLO: Adquire-se determinado direito no dia 1o de agosto e a lei se modifica no dia 2 de setembro. Nesse caso, a lei nova não se aplica para aqueles que já adquiriram o direito que não poder ser mais retirado do indivíduo. O ato jurídico perfeito é aquele ato praticado nos termos da lei e atendendo todos os requisitos estabelecidos na lei. Portanto, em regra, se o ato foi praticado nos termos da lei vigente no momento de sua prática não tem sentido ele ser modificado por lei posterior. No caso da coisa julgada preservam-se todas as decisões judiciais que já estão decididas de forma definitiva (trânsito julgado), não se podendo alterar por lei posterior, exceto nos casos estabelecidos na lei. Assim sendo, a lei deve produzir efeitos do momento em que ela foi editada para a frente. Se ela atinge situações pretéritas, não é possível a violação do direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada, em nome da segurança jurídica.

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