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Lei Penal no Espaço

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Teoria da Norma Penal
Prof. Gustavo Barbosa de Mesquita Batista
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Lei Penal no Espaço
1. Teoria para o Lugar do Crime
Art. 6º. Considera-se praticado o crime no lugar onde ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
 Assim, a teoria adotada pelo Código Penal brasileira é mista, ou teoria da ubiqüidade. Veja que, o art. 6º do Código Penal, trata inclusive da hipótese de tentativa, quando refere-se ao lugar em que deveria produzir-se o resultado. A teoria do lugar do crime é de natureza objetiva: ação ou resultado.
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1. Teoria para o Lugar do Crime
Conflito entre o art. 6º CP e o art. 70 do CPP
O art. 70 do CPP fixa a competência levando em consideração o lugar em que se consumar a infração (teoria do resultado). Entretanto, não há conflito quando observamos que o art. 6º destina-se, exclusivamente ao denominado direito penal internacional, ou seja, à aplicação da lei penal no espaço, quando um crime tiver início no exterior e produzir resultado no Brasil, ou vice-versa. Para os delitos cometidos no território nacional, continua valendo o art. 70 do CPP.
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1. Lugar do Crime
“No tocante ao crime continuado, segue-se a regra do art. 71 do CPP, isto é, praticada (a infração) em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção” (Nucci, 2006, p. 92)
“A teoria da ubiqüidade não tem acarretado, na prática, grandes problemas (v.g. duplicidade de julgamentos, no país e no estrangeiro), visto como exigência de entrada, ou permanência no território nacional, ou de extradição, bem como a possibilidade de detração penal (art. 8º), afastam os possíveis inconvenientes da adoção desta teoria (TOLEDO, 2001, p. 49)
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1. Lugar do Crime
Vale lembrar que: “Basta que uma porção da conduta criminosa tenha ocorrido em nosso território para ser aplicada a nossa lei. Daí, as palavras de grande significação técnica de Nelson Hungria, com que expunha um critério de solução da questão: imprescindível é que o crime tenha tocado o território nacional (...) Excetuam-se, porém, os atos preparatórios e os posteriores a consumação, que não pertençam a figura típica.” (JESUS, 2003, p. 129)
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1. Lugar do Crime
“Em se tratando de crimes conexos, não tem aplicação a teoria da ubiqüidade, uma vez que estes não constituem um fato unitário. Assim, se o furto é praticado no estrangeiro e a receptação no Brasil, a competência da jurisdição penal somente abrangerá o segundo delito, praticado no território nacional.” (JESUS, 2003, p. 131)
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2. Princípios que regem a Lei Penal no Espaço
 a) Territorialidade;
 b) Nacionalidade;
 c) Defesa;
 d) Justiça Penal Universal;
 e) Representação;
 f) Personalidade.
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3. Territorialidade
Art. 5º “Aplica-se a Lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.”
Território, enquanto termo jurídico, trata-se do espaço terrestre, marítimo e aéreo em que o Estado exerce a soberania, fixando a obrigatoriedade de sua ordem jurídica.
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3. Territorialidade
Composição do território:
a) solo ocupado pela corporação política, sem solução de continuidade e com limites reconhecidos;
b) regiões separadas do solo principal;
c) rios, lagos e mares interiores;
d) golfos, baías e portos;
e) parte que o direito internacional atribui a cada Estado, sobre os mares, lagos e rios contíguos;
f) a faixa de mar exterior denominada mar territorial;
g) espaço aéreo e
h) território por equiparação legal: navios e aeronaves (JESUS, 2003, P. 125)
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3. Territorialidade
Problema 1: Soberania sobre os rios
Rio Nacional (interior – não problematizado)
Rios Internacionais (contíguos ou sucessivos)
Caso os rios internacionais sejam sucessivos, os Estados soberanos exerceram sua soberania sobre a parte do rio que atravessa o seu território.
Caso sejam contíguos, a linha divisória poderá ser marcada pelo ponto eqüidistante das margens (linha mediana do leito do rio); ou pelo “talvegue”, linha que acompanha a maior profundidade da corrente. Pode ainda, o rio ser indiviso, exercendo soberania sobre todo ele os países limítrofes; ou pertencer apenas a um país, caso em que a fronteira passará pela margem oposta, onde haverá outra soberania.
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3. Territorialidade
Problema 2: Lagos e Lagoas separando Estados Soberanos
“Não havendo disposição em contrário, ficou convencionado que, nestes casos, a fixação da soberania territorial será feita no sentido da linha mediana, eqüidistante das margens.” (JESUS, 2003, p. 126)
Problema 3: Mar Territorial
“Atualmente, pelo disposto no art. 1º da Lei n. 8.617/93, o mar territorial brasileiro abrange uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir do baixa mar do litoral continental e insular brasileiro, adotando-se, como referência, as cartas náuticas brasileiras.” (JESUS, 2003, p. 126)
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3. Territorialidade
Problema 4: Espaço Aéreo
“No tocante ao espaço aéreo, vigora a regra de compreender todo o espaço acima do território, inclusive do mar territorial, até o limite da atmosfera. Não existe, nesse caso, o direito de passagem inocente e tudo é regulado por Convenções e Tratados (...) Obviamente, para derrubada de uma aeronave estrangeira por invasão do espaço aéreo, houve uma mitigação deste poder do Estado, por intermédio do Protocolo de Montreal de 1984, fixando não ser ilimitado o uso da força para proteger o espaço aéreo, devendo ser respeitado, em primeiro lugar, a vida humana.” (NUCCI, 2006, p. 88 – 89 )
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3. Territorialidade
Problema 4: Espaço Aéreo
A lei n. 7.565/86 que constitui o Código Brasileiro de Aeronáutica (CBA), adota a teoria da absoluta soberania do país subjacente. 
Problema 5: Território por Equiparação
1) Embarcações e aeronaves brasileiras de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, onde estiverem (Embarcações Públicas: Naves de Guerra; Navios em Serviço Militar ou Público (alfândega; polícia marítima) e os postos a serviços de soberanos, chefes de Estado ou representantes diplomáticos).
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3. Territorialidade
Problema 5: Território por Equiparação
2) Embarcações e aeronaves brasileiras, de propriedade privada, que estiverem navegando em alto mar ou sobrevoando águas internacionais.
Por sua vez, os navios estrangeiros em águas territoriais brasileiras, desde que públicos, não são considerados parte de nosso território. Em face disto, os crimes neles cometidos devem ser julgados conforme a lei da bandeira que ostentam. Se, porém, forem privados aplica-se a nossa lei.
 
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3. Territorialidade
Problema 5: Território por Equiparação
QUESTÃO 1: Onde deve ser processado marinheiro que, pertencendo a navio público, desce em porto de outro Estado e pratica um crime? Se desceu a serviço do navio, fica sujeito à lei da bandeira que o mesmo ostenta. Se desceu por motivo particular, fica sujeito à lei local.
QUESTÃO 2: E, se alguém, cometendo crime em terra, abriga-se em navio público estrangeiro? Tratando-se de crime político ou de opinião, o comandante não está obrigado a devolvê-lo a terra; entretanto, tratando-se de crime comum, deve entregá-lo, mediante requisição do governo local.(JESUS, 2003, p.127)
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3. Territorialidade
Competência para Julgamento de Crimes Cometidos a bordo de embarcações e aeronaves
É da Justiça Federal do local onde primeiro pousar a aeronave, ou atracar o navio, após o delito (art. 109 da CF/88 C/c art. 90 do CPP)
Como a Constituição Federal de 1988 menciona a palavra navio, o STJ vem dando uma interpretação restritiva ao termo embarcação, compreendendo na espécie navio apenas as
embarcações de grande porte, autorizadas e adaptadas para viagens internacionais. Assim, os crimes praticados em lanchas, iates, botes, e embarcações equiparadas, conforme o STJ, serão da competência da Justiça Estadual. No tocante à aeronaves, não existe esta interpretação restritiva.
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3. Territorialidade
No caso em que o réu, vítima e navio ou aeronave sejam estrangeiros, não sendo públicas, sendo crime praticado em território nacional (mar territorial; rio navegável ou espaço aéreo), será competente a justiça federal brasileira do porto ou aeroporto brasileiro onde primeiro tocar a aeronave ou navio após a prática do crime.
Obviamente, isto ocorre apesar do Brasil ter sido signatário a Convenção de Tóquio que cuida dos crimes praticados a bordo de aeronaves.
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3. Territorialidade
Entretanto, devido a criticável posição do STF acerca da incorporação das regras internacionais pelo ordenamento jurídico nacional, sendo tais regras equiparadas a uma lei ordinária, tratando-se a Convenção de Tóquio de uma regra de 1963, vem entendendo o Supremo que a Lei n. 7.210/84, posterior a ratificação da supra-referida Convenção, revogou os seus dispositivos, fixando a competência territorial brasileira de forma absoluta na hipótese de aeronave privada sobrevoando o nosso espaço aéreo.
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3. Territorialidade
Segundo esta Convenção nenhum Estado poderia interferir num vôo para fazer incidir sua jurisdição penal em relação à infração praticada dentro da aeronave. Haveria exceção apenas no caso da infração produzir efeitos no território deste Estado; a infração ser cometida contra nacional deste Estado ou a infração afetar a segurança deste Estado. No mais, cabe ao Estado de matrícula da aeronave punir o infrator, quando esta, sendo de propriedade privada, estiver somente de passagem pelo país.
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3. Territorialidade
Exceções a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
A) Imunidades Diplomática e Consular – art. 5º caput, do CP (convenções, tratados e regras de direito internacional)
As Convenções de Viena de 1961 (sobre relações diplomáticas) e de 1963 (sobre relações consulares), aprovadas pelos decretos 56.435/65 e 61.078/67, respectivamente, conferindo imunidade penal absoluta aos agentes diplomáticos e aos agentes consulares.
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Lei Penal no Espaço
3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
Há muitas diferenças entre o direito diplomático e o direito consular. O primeiro refere-se a Representação única do Estado Acreditante, sobretudo nas discussões e atribuições de caráter político. Quando a missão diplomática tem caráter permanente, funda-se uma sede denominada embaixada. Por outro lado, os funcionários consulares possuem atribuições administrativas e notariais de caráter civil ou comercial. Pode-se romper relações diplomáticas, sem suspender os serviços consulares prestados em favor dos estrangeiros protegidos por estes serviços e dos nacionais que requisitarem tais serviços.
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Lei Penal no Espaço
3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
Os privilégios dos agentes diplomáticos, implicam imunidade penal absoluta, estando ou não o agente no exercício de sua funções no momento da conduta delituosa (Convenção de Viena de 1961). Somente o Chefe de Estado estrangeiro (Estado acreditante), poderá renunciar esta imunidade para que o agente, pessoa física, responda criminalmente perante o Poder Judiciário Local (Estado Acreditado). A imunidade destes agentes, estende-se aos familiares.
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
Entretanto, os privilégios dos agentes consulares são mais restritos, implicando imunidade penal apenas em fatos relativos às suas atividades de ofício(Convenção de Viena de 1963). Somente o Chefe de Estado estrangeiro (Estado acreditante), poderá renunciar esta imunidade para que o agente, pessoa física, responda criminalmente perante o Poder Judiciário Local (Estado Acreditado). A imunidade destes agentes consulares, não se estende aos familiares.
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
Para Carreira diplomática, a imunidade é ampla, alcançando imunidade processual civil e tributária. Logicamente, existem exceções a esta regra da imunidade civil no tocante às ações sucessórias, de alimentos e às ações reais sobre imóvel particular. Tampouco ele poderá invocar imunidade no caso de, tendo proposto ação civil perante o poder judiciário do Estado Acreditado, vir a sofrer reconvenção. Quanto a imunidade tributária, esta não alcança os impostos indiretos , normalmente incluídos nos preços dos bens e serviços, bem como os incidentes sobre bens imóveis particulares que possua no território nacional onde exerça suas atividades.
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
No caso dos cônsules, visto que a imunidade só alcança crimes relativos a seus atos de ofício, resulta claro que crimes comuns podem ser processados e punidos in loco. Assim, somente não seriam punidos crimes como outorga fraudulenta de passaportes, falsificação na lavratura de guias de exportação, registros de casamento falsos etc... Por fim, a imunidade destes refere-se ao exercício de suas funções, no limite geográfico do distrito consular. De regra, eles não podem ser detidos, ou presos, salvo em caso de crimes graves, por ordem da autoridade judiciária. Os adidos consulares e o cônsules honorários não possuem imunidade alguma.
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
É bom lembrar que, a imunidade penal dos agentes diplomáticos e consulares, não se confunde com impunidade. Ficam eles sujeitos a repressão da lei penal do Estado de Origem. Por outro lado, a imunidade é de caráter processual, não impedindo que a polícia local investigue o crime, preparando as informações para que a justiça do Estado de origem, se assim quiser, decida sobre o fato. Os co-autores, investigados e não acobertados pela imunidade, poderão ser punidos conforme o direito local.
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3. Territorialidade
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b) Imunidades Parlamentares
 b.1 Imunidade Material – Por palavras, opiniões e votos proferidos no exercício de suas funções (membros do Congresso Nacional; deputados estaduais/âmbito nacional)
OBS. Os vereadores possuem esta imunidade material, conferida pelo art. 29, VIII da CF/88, mas no âmbito da circunscrição de seu município)
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3. Territorialidade
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual: apenas os membros do Congresso Nacional e os Deputados Estaduais (conforme art. 27, § 1º da CF/88, possuem a imunidade processual). Esta principia-se, desde o momento da titulação, daí aplicar-se suas regras para os crimes praticados após este ato da Justiça Eleitoral.
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3. Territorialidade
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
 Assim, o art. 53, § 2º da CF/88 dispõe que desde o momento da titulação os parlamentares não poderão ser presos, salvo em flagrante delito de crime inafiançável. São crimes inafiançáveis os previstos na Constituição Federal como tal: racismo; tráfico ilícito de entorpecentes; tortura; terrorismo; crimes hediondos previstos em lei e ações de grupos armados contra o Estado democrático de Direito. É preciso cuidado com relação a recepção constitucional ou não do art.
323 do CPP para estipulação da inafiançabilidade dos crimes.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
No caso de prisão pela prática de crime inafiançável, a autoridade deve enviar os autos de prisão para respectiva casa, no prazo de 24 h, para que esta delibere a respeito daquela prisão, por maioria absoluta (quorum qualificado), autorizando ou não a formação de culpa.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
A Emenda Constitucional n. 35/2001, alterou as regras que diziam respeito a imunidade parlamentar, dando oportunidade ao Tribunal competente (STF no caso dos congressistas; TJ, TRF ou TRE no caso dos deputados estaduais, conforme o crime praticado), de receber a denúncia ou queixa oferecida independente de autorização da respectiva casa legislativa. Unicamente existe a possibilidade de, por voto da maioria de seus membros (quorum qualificado), havendo provocação de partido político no sentido de requerer a sustação do processo, determinar esta sustação, que implica em suspensão da prescrição enquanto durar o mandato do Parlamentar. O início da suspensão da prescrição ocorre a partir da decisão proferida pela Casa Legislativa.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
O recebimento da denúncia ou queixa será informado a Casa Legislativa competente e, caso partido político provoque deliberação acerca da sustação do processo, terá a casa o prazo improrrogável de 45 dias para decidir acerca do pedido. Lembrando que a Casa respectiva tem até decisão final da ação penal para decidir pela sustação do processo. O fato é que o pedido de sustação, após ter sido cientificada a casa da existência do processo, pode ser feito até este momento da decisão final. Apenas, para deliberar o pedido interno de partido político, é que terá a Casa 45 dias.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
A votação não mais será secreta, devendo ser feita por voto aberto dos membros da Casa Legislativa interessada. O quorum qualificado da maioria absoluta dos membros da respectiva casa é necessário para decidir acerca da prisão por crime inafiançável e da sustação do processo.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
É interessante lembrar que, para os crimes praticados antes da diplomação, não existe imunidade processual, podendo o foro competente dar continuidade ao processo. Por sua vez, a imunidade processual não impossibilita a investigação criminal, de forma que a Casa Legislativa não poderá sustar curso de inquérito policial aberto contra qualquer de seus membros. 
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Assim, pode-se afirmar não haver mais necessidade de prévio pedido de licença para processar parlamentar, federal ou estadual, e nem haver mais imunidade processual em relação aos crimes praticados antes da diplomação. Estas regras, segundo entendimento do STF, tiveram aplicação imediata, servindo inclusive para os casos de licenças negadas no regime anterior. Por outro lado, para os crimes praticados antes da diplomação, o STF vem aceitando o recebimento da denúncia ou queixa pelo foro competente original, como momento de instauração do processo, de maneira que os autos são remetidos a este tribunal de sobreposição na fase em que se encontrarem no juízo ad quo. 
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Imagine ter havido sustação do processo por crime praticado após a diplomação, em concurso de agentes, por parlamentar e outro indivíduo que não goze da respectiva imunidade. Nesses casos, o STF, por motivo de conveniência, decidiu pelo desmembramento do processo (art. 80 do CPP), em razão do regime de prescrição, visto está suspenso o prazo prescricional apenas para o Parlamentar.
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Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
A Lei n. 10.628/2002 tentou ressuscitar a regra da perpetuatio jurisdicionis, reformando o art. 84 do CPP, para que fosse mantida a prerrogativa de foro do Parlamentar ainda que ele tivesse terminado o mandato. Desde 1999, com o cancelamento pelo STF da Súmula 394, que dispunha sobre a matéria, este tribunal não mais continua competente se acaba o mandato e o parlamentar ainda esteja sendo processado, devendo os autos serem encaminhados para justiça de primeiro grau competente.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Entretanto, a Lei n. 10.628/2002 foi julgada inconstitucional, de acordo com o juízo proferido pelo STF na decisão das ADIN’s n. 2797 (ajuizada pelo CONAMP) e n. 2.860, ajuizada pela AMB, decidindo o fato por maioria de votos (7X3). Assim, findo o mandato, caso o processo não tenha terminado, encerrar-se-á a competência do STF, devendo o processo retornar para o juiz natural.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Na vigência de Estado de Defesa ou de Sítio, como regra geral, os Parlamentares não perdem a sua imunidade, ressalvada a hipótese de Estado de Sítio, quando mediante o voto de 2/3 da Casa respectiva, estas imunidades poderão ser suspensas.
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b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Importante notar que o STF, cf RTJ 135/509, permite prisão do parlamentar em decorrência da decisão judicial transitada em julgado, embora com a discordância da maior parte dos constitucionalistas pátrios, entendendo que deve ser feita uma interpretação restritiva do art. 53, § 2º da CF/88, admitindo-se apenas a prisão por flagrante de crime inafiançável, comunicada a Casa respectiva no prazo de 24 h.
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Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
b) Imunidades Parlamentares
 b.2 Imunidade Processual
Vale frisar que, se o Congressista que estiver respondendo por processo criminal for definitivamente condenado, poderá perder o mandato, conforme o art. 55, VI da CF/88, cabendo decidir sobre a perda do mandato, por voto secreto da maioria absoluta de seus membros, a Casa Legislativa respectiva. 
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c) Imunidade do Advogado
Esta não é irrestrita, devendo atentar para os limites definidos no Estatuto da OAB – Lei n. 8.904/94, tratando apenas de prerrogativas inerentes ao pleno exercício de suas funções. Além disto, em ordem liminar, parcialmente concedida em ADIN intentada pela AMB, o STF entendeu está fora da imunidade o crime de desacato a autoridade e a prerrogativa do acompanhamento de membro da OAB, no caso de sua prisão em flagrante por crime praticado em ato de ofício. 
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
c) Imunidade do Advogado
Observe o disposto no art. 7º, § 2º do Estatuto da OAB preceituando que: “o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício da atividade ou fora dele, sem prejuízo de sanções disciplinares da OAB, no caso de cometimento de excessos.”
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
c) Imunidade do Advogado
A imunidade judiciária prevista no art. 142, I do Código Penal que afirma: não constitui injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte, ou por seu procurador, também é aplicável ao advogado, de maneira a excluir a incidência de tais crimes contra a honra. 
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Lei Penal no Espaço
3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
d) Prefeitos municipais têm imunidade?
Os prefeitos municipais não possuem imunidade, apenas têm prerrogativa de foro, no caso deles trata-se do TJ’estadual. Por sua vez, os Presidentes da República não estão sujeitos à prisão antes de sentença condenatória por crimes comuns, e têm como foro privilegiado, nestes casos, o STF. Os Governadores de Estado o STJ.
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3. Territorialidade
Exceção a Regra Geral de Aplicação da Lei Penal no Espaço (Territorialidade)
e) Extraterritorialidade: é a aplicação da lei brasileira ao crime cometido no exterior – art. 7º do Código Penal. 
Sendo, exceção a regra da territorialidade, serve-se de princípios próprios para estabelecer a fixação da lei nacional.
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Lei Penal no Espaço
4. Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I – os crimes contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (Proteção ou Defesa);
II – contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, de sociedade de economia mista, autarquia ou fundação, instituída pelo Poder Público (Proteção ou Defesa)
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4. Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (Proteção ou Defesa)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro, ou domiciliado no Brasil (justiça universal combinado com personalidade ativa e domicílio)
Nestes casos, previstos no inciso I do art. 7º, a lei brasileira aplica-se ainda quando o sujeito tiver sido julgado (absolvido ou condenado) no estrangeiro, retratando hipóteses de extraterritorialidade incondicionada. Cabe apenas a atenuação do art. 8º dos efeitos de uma dupla condenação.
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4. Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
II – os crimes de:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (Justiça Universal);
b) praticados por brasileiro (personalidade ativa);
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados (pavilhão ou bandeira) 
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Lei Penal no Espaço
4. Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
As hipóteses previstas no art. 7º, II do Código Penal são de Extraterritorialidade Condicionada, aplicando-se a lei brasileira, se reunidas as condições previstas no § 2º do mesmo artigo: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles que a lei brasileira autoriza a extradição (crimes comuns punidos com pena superior a 01 ano. Vedada a extradição de crimes políticos e de opinião); não ter sido julgado o agente no estrangeiro; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro, ou, por outro motivo, não está extinta a punibilidade do agente, segundo a lei mais favorável.
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Lei Penal no Espaço
4. Extraterritorialidade
Art. 7º Ficam sujeitos a lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
O § 3º do art. 7º do CP adota, excepcionalmente, o critério da personalidade passiva afirmando: a lei brasileira aplica-se também ao crime praticado por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições do parágrafo anterior: I - não foi pedida, ou foi negada a extradição; II – houve requisição do Ministro da Justiça.
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4. Extraterritorialidade
LEMBRETE: É vedada a extradição de brasileiro nato. Contudo, o brasileiro naturalizado poderá sofrer extradição, por crime comum praticado antes da naturalização, ou por comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
REQUISITOS PARA CONCESSÃO: 1) Exame prévio pelo STF; 2) Existência de Tratado ou Convenção firmado com o Brasil, ou, em sua falta, declaração de reciprocidade por parte do Estado requerente; 3) a pena a ser aplicada no Estado recebedor não contraria as disposições constitucionais brasileiras acerca de penas admissíveis; 4) existência de sentença penal condenatória, prisão preventiva (ou outra modalidade de prisão cautelar) decretada por parte da autoridade competente do Estado requerente; 5) o fato imputado deve constituir crime e não mera contravenção; 6) acordo para que o extraditando somente seja julgado pelos motivos relatados no requerimento de extradição (especificidade do fundamento)
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Lei Penal no Espaço
4. Extraterritorialidade
Caso exista mais de um pedido de Extradição, a ordem de preferência conforme o disposto pelo STF será:
País cujo território consumou-se o crime;
País onde ocorreu o crime mais grave, segundo a lei brasileira;
País do domicílio do extraditando;
Critério das convenções internacionais assinadas pelo Brasil (o Brasil assinou convenção de combate a tortura, comprometendo-se em extraditar pessoas acusadas por tal crime; assinou convenção de combate à corrupção no funcionalismo público etc...)

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