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Transtorno de Personalidade Borderline

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Borderline
A crescente popularidade do diagnóstico de borderline nas duas últimas décadas fez dele um “saco de gatos” da psiquiatria – tanto por ser utilizado de forma excessiva quanto errônea.
Os pacientes com diagnóstico confuso podem receber o diagnóstico de borderline à revelia. 
Evolução do termo
No final da década de 1930 e ao longo da de 1940, os clínicos (psiquiatras) começaram a descrever certos pacientes que não eram suficientemente doentes pare serem rotulados de esquizofrênicos, mas que também eram perturbados demais para o tratamento psicanalítico clássico. Num esforço de captar o estado intermediário típico destes pacientes, Hoch e Polatin (1949) referiram-se a este grupo como apresentando uma esquizofrenia pseudoneurótica.
Estes primeiros colaboradores estavam observando uma síndrome “confusa” que não se adaptava bem às denominações diagnósticas pré-existentes.
Grinker e cols (1968):
1) Raiva como principal ou único afeto,
2) Defeitos nos relacionamentos interpessoais,
3) Ausência de identidade consistente,
4) Depressão difusa.
Uma das contribuições mais significativas deste estudo empírico foi o achado de que a síndrome borderline é claramente distinta da esquizofrenia.
Os pacientes borderline não deterioram para uma esquizofrenia franca, mas apresentam uma instabilidade estável ao longo do curso de sua doença.
Gunderson e Singer (1975):
1) Afeto intenso de natureza predominantemente depressiva ou raivosa,
2) impulsividade,
3) Adaptação superficial a situações sociais (o que ajudou a diferenciar esses pacientes dos esquizofrênicos), 
4) Episódios psicóticos transitórios,
5) Tendência a pensamento frouxo,
6) Padrão oscilante de relações que vai da extrema dependência à superficialidade transitória. 
Características discriminantes do TPB segundo Zanarini e cols (1990)
Pensamentoquasepsicótico
Exigência/achar-se especial
Automutilação
Tentativasdesuicídiomanipulativas
Regressõesnotratamento
Preocupaçõesdeaniquilação
Dificuldadescontratransferenciais
Abandono/fusão
Os pacientes borderline estão totalmente envolvidos no estabelecimento de relacionamentos individuais exclusivos.
Eles podem exigir relacionamentos deste tipo com um ar de direito que sobrecarrega e isola os outros.
Quando eles se aproximam de outra pessoa, uma dupla ansiedade é ativada: por um lado eles começam a se preocupar com o fato de poderem fundir-se com a outra pessoa e perder sua própria identidade.
Por outro lado, eles vivenciam ansiedade que chega quase ao pânico, relacionada à convicção de que virão a ser rejeitados ou abandonados a qualquer momento. 
Para evitar a solidão, os pacientes borderline podem recorrer a cortar os seus pulsos ou a gestos suicidas, esperando obter proteção da pessoa a qual estão ligados.
As distorções cognitivas, como o pensamento quase psicótico, também pode ocorrer em relacionamentos interpessoais.
Percepções quase delirantes de abandono por pessoas amadas são comuns, e podem surgir regressões transferenciais psicóticas quando os pacientes ligam-se a seus terapeutas.
Otto Kernberg (1967, 1975), utilizando uma abordagem combinada de psicologia do ego e relações objetais, cunhou a expressão organização de personalidade borderline para englobar um grupo de pacientes que apresentavam padrõescaracterísticos de fragilidade do ego, operações defensivas primitivas e relações objetais problemáticas. 
Kernberg observou uma variedade de sintomas nestes pacientes, incluindo ansiedade livremente flutuant, sintomas obsessivo-compulsivos, fobias múltiplas, reações dissociativas, preocupações hipocondríacas, sintomas conversivos, tendências paranóides, sexualidade polimorfa perversa e abuso de substâncias.
O conceito deste autor de organização de personalidade borderline inclui muitos transtornos de personalidade diferentes.
No seu ponto de vista, os pacientes com transtorno de personalidade narcisista, anti-social, esquizoide, paranoide, infantil e ciclotímica, caracterizam-se por uma organização de personalidade subjacente.
O TPB foi acrescentado ao DSM III (APA, 1980), antes disso, os pacientes borderline eram usualmente diagnosticados na categoria do DSM II de esquizofrenia, tipo latentes.
Pelo menos três quartos dos pacientes que recebem o diagnóstico de TPB são mulheres (Gunderson e cols., 1991).
Critérios diagnósticos do DSM-IV para TPB
Um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, uto-imagem e afetos e acentuada impulsividade, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos, como indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:
(1) Esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Nota: não incluir comportamento suicida ou automutilante, incluído no critério 5.
(2) Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
(3) Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentido de self
(4) Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (ex.: gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, dirigir de forma imprudente, comer compulsivamente). Nota: não incluir comportamento suicida ou automutilante, incluído no critério 5
(5) Recorrência de comportamentos, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento auto-mutilante
(6) Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor
(7) Sentimentos crônicos de vazio
(8) Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (ex.: demonstrações frequentes de irritação, raiva constante, lutas corporais repetidas) 
(9) Ideação paranoide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos.
Bibliografia
GABBARD, Glen O. Psiquiatria Psicodinâmica: Baseado no DSM-IV. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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