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Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL – CFOAB¸ serviço público independente, dotado de personalidade jurídica nos termos da Lei nº 8.906/94, inscrito no CNPJ sob o nº (....), por seu Presidente, ____________, vem, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infraassinado, com instrumento procuratório específico incluso e endereço para intimações na ________________, com base nos arts. 102, § 1º, e 103, inciso VII da Constituição Federal, c/c art. 1º, caput e parágrafo único, inciso I, e art. 2º, inciso I da Lei nº 9.882/99, propor:
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL COM PEDIDO CAUTELAR
em face do GOVERNO DE PERNAMBUCO , por intermédio de seu GOVERNADOR, com endereço para comunicações (....), CEP: (....), tel: (....), RECIFE/PE, em virtude dos seguintes fundamentos, o Sr Governador violou preceitos fundamentais previstos no Art 5º, LIII e XXXVII da CF/88.
DA LEGITIMIDADE ATIVA
O Artigo 2º da Lei nº 9.882/99 aponta como legitimados para propor a ação de descumprimento de preceito fundamental os mesmos sujeitos aptos a propor a ação direta de inconstitucionalidade. Assim, podem propor a Ação Direta de Inconstitucionalidade são os mesmos previstos no artigo 103, inciso de I ao IX, da CF/88:
 Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
        I -  o Presidente da República;
        II -  a Mesa do Senado Federal;
        III -  a Mesa da Câmara dos Deputados;
        IV -  a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
        V -  o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
        VI -  o Procurador-Geral da República;
        VII -  o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
        VIII -  partido político com representação no Congresso Nacional;
        IX -  confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
 Desta feita, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil tem legitimidade ativa no caso em tela, nos ternos do inciso VII, do artigo 103 da Constituição Federal de 88.
DO CABIMENTO 
É patente que a Constituição Federal previu, já em sua redação original, que “A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei” (Art. 102, parágrafo único, transformado em parágrafo primeiro pela emenda constitucional nº 03/93). No entanto, somente com a edição da Lei nº 9.882/99 é que houve efetiva regulamentação desse novo instituto jurídico processualconstitucional, que definiu os seguintes pressupostos para o seu ajuizamento, na modalidade direta: 
a) existência de ato do Poder Público;
b) caracterização de lesão a preceito fundamental da Constituição; e 
c) subsidiariedade. 
Ou seja, o objetivo precípuo da ADPF é evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição, resultante de ato do Poder Público. No caso em análise, o que se pretende é a declaração de incompatibilidade do DECRETO Y/2019, com a Carta Maior, de modo a reparar a lesão aos preceitos fundamentais referentes ao Juiz Natural.
 Em consequência, objetiva-se impedir, assim, a nomeação do Sr Martiniano Santos para o cargo de Secretário de Meio Ambiente, pois objetivo protegê-lo, pois enquanto ocupante do citado cargo teria a prerrogativa do foro privilegiado. Cabível, assim, o manejo da presente ADPF por se tratar de ato do Poder Público sendo oportuno a sua apreciação por esta Suprema Corte a fim de restabelecer a harmonia com a Constituição.
Dito isso, resta apontar que estão presentes, no caso, os pressupostos acima indicados para o cabimento da presente ADPF, que passarão a ser demonstrados a seguir.
2.1 ATO DO PODER PÚBLICO – O CONTROLE ABSTRATO
Dispõe a Lei nº 9.882/99, em seu Art. 1º: 
Art. 1o A argüição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (grifou-se). 
Como bem se percebe, o âmbito de cabimento da ADPF é mais abrangente que o da Ação Direta de Inconstitucionalidade. Isso porque essa última só é cabível em face de lei ou ato normativo (Art. 102, inciso I, “a” da Constituição Federal), enquanto a primeira é cabível em face de qualquer ato do Poder Público. 
Assim, embora leis e atos normativos também se incluam na categoria de atos do Poder Público, é fácil inferir que existem outras espécies de atos do Poder Público que não se enquadram na espécie de lei ou de ato normativo.
 No caso em exame, não há qualquer dificuldade nesse ponto, eis que o objetivo é a declaração de incompatibilidade do Decreto Y/2019 com a Constituição Federal de 1988.
DO ATO IMPUGNADO
O Governo do Estado de Pernambuco editou um ato normativo, o Decreto Y/2019, pelo qual nomeia o Sr. Martiniano Santos para o cargo de Secretário Estadual de Meio Ambiente, tendo sua posse prevista no dia 15/02/2019.
Ocorre que, nos dias que antecederam a posse, foi publicamente veiculada a informação de que o Sr. Martiniano estava sendo investigado pela prática de crimes durante a vigência do seu mandato como Deputado Estadual, nos anos de 2013 a 2017, os quais até então estavam sendo apurados em sigilo, dos quais somente o Governador do Estado estava ciente.
Após a informações virem à tona surgiu desconfiança total da população local de que o Decreto Y/2019 tem por objetivo proteger o Sr. Martiniano, pois enquanto ocupante do cargo de Secretário de Estado teria a prerrogativa do foro privilegiado. Tal Desconfiança que foi confirmada pelo vazamento da gravação de uma ligação entre o Governador e o Sr. Martiniano Santos, onde o Chefe do Executivo dizia: “Fique tranquilo, meu amigo, vou dar um jeito de lhe tirar dessa. Seu julgamento vai ser por gente grande! ”.
Ante ao exposto e querendo salvaguardar a ordem jurídica constitucional é que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil ajuizou a presente ação afim de buscar a tutela jurisdicional para o caso em tela.
DA LESÃO A PRECEITO FUNDAMENTAL
Conforme exposto a cima a nomeação do Sr. Martiniano Santos visa exclusivamente conceder a este a prerrogativa do foro privilegiado, descumprindo assim os preceitos fundamentais do Art. 5º LIII, e XXXVII.
Nota-se claramente que na conversa gravada entre o Governador e o Sr. Martiniano “Fique tranquilo, meu amigo, vou dar um jeito de lhe tirar dessa. Seu julgamento vai ser por gente grande! ” Que o objetivo do Governador é que o sr. Martiniano seja julgado pelo STJ, haja vista, que em decorrência de prerrogativa de função a competência seria deste Órgão Julgador.
Da mesma forma, a nomeação iria retardar as investigações, pois, provavelmente serão interrompidas e esse material todo será remetido ao Supremo Tribunal de Justiça.
Ainda neste sentido, o juiz natural para o julgamento do fato é o foro de primeira instância, que teve a sua competência abstraída por um motivo constitucional que não subsiste. Imperioso é reconhecer esse foro existe somente em razão da função desempenhada e não como privilégio, assim já se posicionou o STF, em caso de pessoa que cometeu infração penal antes de ser nomeada.
Esse também e o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça:
 "Ação Penal. Ex-Prefeito Municipal. Tentativa de Homicídio. Foro Privilegiado. Lei 10.628/2002. Incidente de Inconstitucionalidade. Controle Difuso. Apresenta contornos de inconstitucionalidade, merecendo a manifestação do Tribunal, lei ordinária que, em clara usurpação da competência fixada pela CF (art. 125, §1º) e em desrespeito aos princípios da hierarquia e verticalidade das normas e da igualdade, cria aos ex-exercentes de funções públicas tratamento diferenciado em relação aos demais cidadãos. Incidente acolhido." (Ação Penal 539-9/212, Tribunal de Justiça de Goiás).
 Na visão de Ada Pellegrini Grinover, em obra conjunta com Antônio Scarance Fernandese Antônio Magalhães Filho:
 ”o juiz natural é verdadeira garantia constitucional-processual estabelecida em razão do interesse público, restando a mácula da nulidade em julgamentos realizados por juízes incompetentes. O juiz natural visa em primeiro lugar ao interesse público na condução do processo segundo as regras do devido processo legal”.
Dito isto, cabível é, portanto, a Arguição para reparar lesão aos preceitos fundamentais do Art 5º LIII, e XXXVII.
DO PEDIDO LIMINAR 
No caso presente, a concessão da cautelar é medida que se impõe, estando presentes seus pressupostos autorizadores. 
De fato, as Resoluções ora questionadas quebram preceitos fundamentais, porquanto visam beneficiar com foro privilegiado o Sr. Martiniano. E a matéria, no mais, envolve diretamente riscos segurança jurídica, sendo indispensável a concessão de medida cautelar para a proteção de tal instituto.
A concessão de cautelar revela-se, pois, como a forma mais eficaz de proteção ao conceito do juiz natural (necessidade), presta-se adequadamente ao propósito (adequação) e representa medida dotada de manifesto e legítimo interesse público (proporcionalidade em sentido estrito), pois a um só tempo resguarda a segurança jurídica como também o interesse público. 
Neste contexto fático, além de presente a conveniência da suspensão liminar da eficácia do Decreto impugnado em face da relevância qualificada e profiláctica, atrelado à plausibilidade jurídica do direito invocado, faz-se presente o preceito fundamental.
 Impõe-se, assim, a concessão de cautelar, na forma do § 3º do art. 5º da Lei nº 9.882/1999 („... ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, ...‟), para suspender a eficácia da íntegra do Decreto Y/2019.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil requer:
 a) a notificação do Sr. Governador do Estado de Pernambuco para que, como órgão responsável pela elaboração do Decreto impugnado, manifeste-se, querendo, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre o pedido de concessão de medida cautelar, com base no art. 5, § 2º, da Lei nº 9.882/99; 
b) a concessão de medida cautelar, com base no art. 5º, § 3º, da Lei nº 9.882/99, para suspender a eficácia da íntegra do Decreto Y/2019, impedindo assim, a nomeação do Sr. Martiniano Santos a Secretario Estadual de Meio Ambiente.
c) a notificação do Exmo. Sr. Procurador-Geral da República, para que emita o seu parecer, nos termos do art. 103, § 1º da Constituição Federal; 
d) a procedência do pedido de mérito para declarar a incompatibilidade do Decreto Y/2019 e da ofensa aos preceitos fundamentais da Carta Magna de 1988, conforme acima aduzido; 
Nesses termos, 
pede deferimento
Local e data.
(Assinatura do Advogado)
(Número de Inscrição na OAB)

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